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sábado, janeiro 30, 2010

A saúde mental de Lula

lula

 

Vaidade:

1  Valorização exagerada dos próprios atributos; PRESUNÇÃO; IMODÉSTIA: "...Pois grande foi a tua vaidade, Copacabana, e fundas foram as tuas mazelas..." (Rubem Braga, Ai de ti, Copacabana)
  2  Preocupação com a própria aparência, por desejo de ser admirado: "...o que nem mesmo a morte conseguira, e que seria chocar e gelar aquelas pobres vaidades humanas..." (Lúcio Cardoso, Crônica da casa assassinada)
  3  Qualidade ou condição do que é vão, fútil, ilusório
  4  Vanglória, ostentação
  5  Presunção, fatuidade

Egocentrismo:

  1  Qualidade ou característica de egocêntrico; EGOÍSMO.
  2  Comportamento ou procedimento próprio de indivíduo egocêntrico; EGOÍSMO

[F.: egocêntrico + -ismo, seg. o mod. gr.]

Egocêntrico:

1  Diz-se daquele que toma a si próprio como referência para tudo ou que se preocupa unicamente consigo mesmo.; EGOCENTRADO
  2  Que denota egocentrismo (comportamento egocêntrico).

sm.
  3  Indivíduo egocêntrico (1).; EGOCENTRADO

Megalomania:

1  Psiq.  Mania de supervalorizar, engrandecer e embelezar tudo que diz respeito a si mesmo
  2  P.ext.  Gosto exagerado ou obsessão por tudo que é grandioso, valioso, imponente, majestoso, que leva o indivíduo a supervalorizar ou a idealizar as coisas de modo a perder a noção da realidade; mania de grandeza
  3  Ambição desmedida.

 

Não sou psicólogo e nem muito íntimo dos conceitos freudianos, embora casado com uma excelente psicanalista. Além de pesquisar nos dicionários, também andei caçando em outras literaturas alguns conceitos referentes às personalidades díspares dos indivíduos, tudo porque me deu um estalo de que Lula terá sérios problemas psicológicos depois que descer do trono do Planalto se não tiver a mesma frequência de flashs e câmeras ao seu redor.

Já que o presidente é tão chegado às metáforas futebolísticas, vou usar de uma para tentar me fazer mais inteligível nessa explanação.

Não são poucos os exemplos de ex-boleiros, assim como artistas de cinema, televisão e teatro, que entram em depressão, buscam caminhos autodestrutivos depois que somem das mídias, caem no ostracismo, somem dos olhos sempre curiosos e dispostos a aplaudir, mesmo sem motivo, quem torna-se famoso. Imagino que Lula passará por um processo semelhante, daí o risco de o vermos procurando as câmeras como a mariposa procura a luz, depois de 1° de janeiro de 2011, quando o novo presidente assumir o comando do país.

Desde 1980 que ele está no centro da mídia, quando nasceu o líder sindicar semi-analfabeto que guiava massas de seus iguais, até hoje, quando torna-se um dos mais populares líderes políticos mundo a fora, que ele fez de tudo para ser o umbigo do mundo e tem contado com um sem número de luas pardas ajudando-o nessa missão.

Se era importante ter um representante dos operários nas altas rodas de discussões político-econômicas do país na década de 80, depois que mostrou carisma passou a ser usado, ele próprio, como peça de manobra, do mesmo jeito que manobrava as massas. A semelhança maior é que, se as massas não percebiam que eram manobradas, a princípio para serem alcançadas melhoras para toda a classe, depois para a consolidação da liderança individual de Lula, ele próprio tornou-se, sem perceber, a marionete de indivíduos e grupos que alimentavam seu ego a pão-de-ló para que ele fizesse o que seus manipuladores queriam, mas sempre com a sensação de fora ele a peça que impunha respeito, o líder que conseguira tudo sozinho, que peitara os poderosos, que ele teima em chamar de elite. Ele, lula, era o exército de um operário só que mudava o Brasil e hoje deseja mudar o mundo em busca do Nobel da Paz que José Dirceu, um de seus titereiros, lhe prometera um dia.

Ao entregar a faixa presidencial a seu sucessor, sua estrela tende a apagar-se paulatinamente, como é praxe. Alguns preparam-se para o ocaso, outros acham que podem evitá-lo fazendo de tudo para que a luz não se apague. no futebol pode-se comparar Pelé a Romário. O primeiro soube aposentar-se e manter a majestade, o segundo teima em acender a lamparina depois que o querosene do lampião acabou.

Na política poço citar os exemplos de FHC e de Collor. O primeiro, respeitadíssimo sociólogo e estadista, encara com parcimônia a sombra que cresce em seu palco; o segundo, ferido profundamente em seu ego, gasta seus milhões e dos amigos (diga-se lobistas) para voltar à cena nacional, mesmo sem o respeito da população – o medo que espira é maior . Um sabe retirar-se paulatinamente, o outro tenta perpetuar-se, assim como Pedro Simon, Michel temer, Paulo Maluf e muitos mais.

Lula, sem dúvida, fará parte do segundo time. Seu ego, muito maior que sua inteligência ou sua competência, não permitirá que fique quieto nos bastidores quando outro protagonista tomar a cena. Algo me diz que sua doença psicológica o fará dançar samba sobre uma bola na corda bamba, se for necessário, para aparecer mais nos jornais do que seu sucessor, mesmo ou talvez por isso mesmo, que seu sucessor seja sua candidata. Que Deus nos livre desse flagelo.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, janeiro 26, 2010

De onde vem a fortuna do Lula?

prazer

 

Não são poucos os exemplos que deu, principalmente nesses últimos sete anos de discursos improvisados, vazios, autobiográficos, vaidosos, por vezes mentirosos, dúbios, impensados, mas todos muito transparentes. Vai ficar difícil lembrar de todas as vezes.

Aliás, desde quando candidatou-se à presidência pela primeira vez, várias vezes ex-colegas metalúrgicos falaram que Lula havia decepado o dedo para ganhar indenização e aposentadoria. Se é verdade ou apenas maldade dos ex-companheiros, não ouso dizer, mas lembro de ter ouvido histórias assim e, poucas vezes, lido em alguma mídia.

Se esse episódio é fato ou inveja, não vem mais ao caso, afinal de contas a indenização que recebeu e a aposentadoria como metalúrgico, profissão abandonada aos 27 anos graças às tetas do sindicalismo, que não obriga trabalhador a trabalhar, facultando-lhe o direito de ficar integralmente à disposição do sindicato a que representa, são apenas duas vantagens pecuniárias das muitas outras que deve ter recebido no decorrer de sua vida adulta.

Aposentadoria como metalúrgico, indenização por ter perdido o dedo, pensão vitalícia da bolsa-ditadura, esta já depois de rico, famoso e cheio de seguidores. A pensão veio também sucedendo a indenização de, se não me engano, R$ 100 mil. Ou seja, por ter passado 30 dias em cana e por ter insuflado a população metalúrgica contra o governo, Lula recebeu 100 mil de indenização e mais uma pensão vitalícia. Foi premiado pelo resto da vida por conta de uma prisão de um mês. Ele e seus fiéis seguidores acham isso justo e justificável, mesmo que quem pague por isso seja o mesmo povo que ele diz se encontrar na merda e dela ele a resgatará. Paradoxalmente, retira do povo atolado a dinheirama que o enriquece e promete a salvação eterna das almas daqueles a quem espolia.

Esses cem mil, mais os sete mil de pensão e mais a aposentadoria de metalúrgico não seriam suficientes, mesmo somadas, a dar-lhe a declarada fortuna de R$ 800 mil, constante na declaração de bens apresentada ao TSE quando da sua candidatura em 2002. A pergunta inevitável, portanto, é “de onde veio tanto dinheiro? Do trabalho todos sabemos que não foi.

Vejamos os bens declarados, não esquecendo que falta na lista o duplex em que vive em São Bernardo, avaliado em, pelo menos, R$ 250 mil, pela imobiliária Rudge Ramos:

Apartamento 102, no Edifício Kentuchy, em São Bernardo do Campo — R$ 38.334,67 mil
Apartamento 122, no Prédio Green Hill, em São Bernardo do Campo — R$ 189.142,50 mil
Apartamento 92, no Edifício Kentuchy, em São Bernardo do Campo — R$ 38.334, 67
Aplicação financeira no Banco do Brasil — R$ 86.794,73
Caderneta de Poupança na Caixa Econômica Federal — R$ 54.762,02
Caderneta de Poupança no Banco Bradesco — R$ 1.398,67
Caderneta de Poupança no Banco Bradesco — R$ 1.124,36
Six Especial Plus no Banco do Brasil — R$ 156.146,83
Fif Plus Di Banco Bradesco — R$ 111.055,40
Fundo de ações da Petrobras — R$ 1.866,39
Fundo de ações da Vale do Rio Doce — R$ 497,97
Fundo de ações do Banco do Brasil — R$ 1.108,87
Fundo de Investimentos no Bradesco — R$ 63.304,16
Participação em Cooperativa Habitacional (apartamento em construção no Guarujá, São Paulo) — R$ 47.695,38 — já pagos
S10 Cabine Dupla, diesel 98/99 — R$ 42 mil
Terreno no Sub-distrito de Riacho Grande, em São Bernardo do Campo — R$ 5.466,90

Diz o jocoso ditado popular, “quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro”.Lula prova isso na prática.

Ao declarar, ontem, em São Paulo, que gostava de enchente para não ter que ir trabalhar, Lula, além do péssimo exemplo, mais um, dado às gerações que aspiram por um posto de trabalho numa época em que a violência gratuita grassa solta, é de uma insensibilidade absurda vinda justamente da autoridade máxima da nação castigada. O mesmo homem que manda R$ 375 milhões para o Haiti, mas que até então não havia dado as caras no estado que vem sendo castigado com chuvas e mortes há mais de um mês.

 

©Marcos Pontes

domingo, janeiro 24, 2010

A guerra do Guerra

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Tudo começou com a declaração impensada de Sérgio Guerra afirmando que o PSDB acabaria com o PAC, que este não passa de propaganda eleitoreira do governante-mor em prol da candidatura de sua pupila, que se transforma à sua imagem e semelhança feminina, ou o mais perto disso que consegue chegar.

Todo o mundo já percebeu que o PAC é uma propaganda gigantesca, uma mistura entre a mentira que se repete até virar verdade, máxima eternizada com a política de Göebels para o III Reich, e o Brasil Grande criado pelos militares pós-golpe de 64, pegando carona nos 50 anos em 5, do Kubitscheck. Até mesmo os jornais ingleses, que vivem paparicando Lula, já começam a listar as propagandas políticas extemporâneas da dupla Lula/Dilma. Até a Velhinha de Taubaté, se fosse viva e de carne e osso, perceberia, desde o Fome Zero até o filme fracassado do Fábio Barreto, o que mais esse governo tem feito, é propaganda. Quando não são apenas divulgação do tamanho do ego presidencial, necessária para que os verdadeiros presidentes do país trabalhem na sombra do ego inflado de Lula, são propagandas de programas furados (Fome Zero, Primeiro Emprego, Minha Casa Minha Vida, Espetáculo do Crescimento, Bolsa Escola (que não melhora a educação e nem diminui a evasão escolar) e tantos e tantos mais), para fazer cortina de fumaça para que o eleitor menos informado, característica da maioria dos eleitores de Lula não consiga ver a nudez dessa administração calamitosa, incompetente, irresponsável e mentirosa.

Guerra errou. Não por mostrar a mentira que tem sido o PAC, como menos de 10% das obras propostas, executadas. Mas por alegar que o PSDB acabaria com essa farsa. Tem certas coisas que político não deve falar nem no leito de morte ao ouvido da pessoa amada, uma delas é dizer que irá desfazer o que seu adversário pode até não ter feito, mas que o populacho acredita ser a salvação da pátria.

Isso parece ser falta de escrúpulos, mas não o é. Não dizer que vai acabar não obriga o sucessor a manter. O problema é que depois que fala, o eleitor espera que seja cumprido e o adversário anota em seu caderninho para cobrar mais tarde. Depois de falado, Guerra autorizou a turma petista e seus aliados a cobrarem o fim do PAC se os tucanos ganharem a presidência. Guerra colocou, portanto, uma possível administração de José Serra entre a cruz e a espada.

Imaginemos Serra vencedor da eleição. Se ele acabar com o PAC (parece contraditório acabar com o que não existe, mas, queiramos ou não, vivemos num mundo virtual, onde a propaganda tem mais peso que a realidade), o PT e sua gang poderão fazer o maior estardalhaço, e farão, cobrando do governo a destruição de um dos maiores e promissores programas sociais jamais imaginados no Brasil; se Serra não acabar com o PAC, PT e asseclas alardearão a falta de compromisso com a verdade, com os compromissos assumidos e blá-blá-blá. E qual a saída? Mudar de papo.

Serra terá que fazer de conta que o dito não o foi e conversar sobre outras coisas, inventar outras promessas e atacar com força aquilo que não deu certo – e o que não deu certo nesse governo dá pra encher cadernos e cadernos.

Depois da declaração de Guerra, a guerra ficou franca. Lula, com discurso fácil, embora vazio, xinga daqui, fala palavrão de lá e promete jogo limpo, de alta classe. Impossível crer, afinal, o que menos Lula sabe é o que é alta classe. Hospedar-se em hotéis 5 estrelas (ao invés de nos palácios que são as embaixadas brasileiras na Europa), andar de avião-hotel para cima e para baixo, jantar no Palácio de Bukingham ou andar nos tapetes vermelhos da Casa Branca não são demonstrações de que ele tem classe. Isso ele não tem. Nem classe, nem traquejo, nem educação e nem respeito aos miseráveis a quem diz que vai “tirar da merda” enquanto gasta absurdos em despesas secretas com seus cartões corporativos, com direito a cartões-dependência para seus filhos.

Que o Guerra aprenda: Pior do que malhar o malfadado PAC seria prometer o fim das bolsas-esmolas. Que ele não caia na besteira de prometer isso.

 

 

©Marcos Pontes

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Dilma mente e eu já sabia

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A política eleitoral brasileira tem uma característica nada agradável: a constante campanha. Basta um vencedor assumir seu cargo, que logo começa a campanha para a próxima eleição de quatro anos no futuro, ou oito, no caso dos senadores.

Enquanto vemos o presidente Obama convocar seus dois antecessores, um do mesmo partido e outro a quem fez dura oposição, para formarem uma frente de combate às mazelas provocadas pelo terremoto do Haiti, e ver atendidos seus pedidos, numa demonstração de civilidade e compromisso de homens públicos com a melhoria da qualidade de vida de seus concidadãos e dos seus vizinhos globais, por aqui costumamos ver a mesquinharia, o egocentrismo e o vale-tudo para perpertuar-se no poder, mesmo que por vias indiretas, como é o investimento de Lula nesse momento.

Ao verem naufragar os planos de petistas e lulistas, hoje quase opositores, de lhe darem um terceiro mandato imediato, o presidente investiu na ilustre desconhecida das massas, sua ex-ministra de Minas e Energia e atual ministra chefe da Casa Civil. Precisava fazer de tudo para emplacá-la no incosciente popular e no consciente coletivo de seus potenciais eleitores. Tem suado um bocado.

Os meios usados nem sempre são lícitos, pelo contrário. Começa-se entortando a legislação eleitoral e vedando os olhos dos juízes das istancias superiores. Para piorar, conta com uma oposição medrosa, excessivamente cautelosa, que não é agressiva na mesma proporção com que a campanha extemporânea do PT agride o país acintosamente, nos enfiando, goela, olhos e ouvidos, à força, a imagem e a pré-fabricada por mentiras e marqueteiros biografia da ex-terrorista.

Começo a desconfiar, aliás, que terrorista é como pedófilo, não existe “ex”. Uma vez terrorista, sempre terrorista. Ela nos aterroriza com sua agressividade, com suas mentiras, com a faísca revanchista e vingativa que emite no olhar furioso. Até sua simpatia, seus constatntes choros em palanque e inaugurações, são emntirosos.

Os eleitores da oposição, principalmente dos tucanos, acham um erro estratégio a lentidão do lançamento oficial de sua campanha. Eu sempre achei a estratégia correta. Num país em que o palanque é mais importante e constante que a autoridade que os cargos determinam, lançar a candidatura com muita antecedência, além de ser ilegal (coisa que a dupla Dilma/Lula fez sem constrangimento moral ou legal) expõe o candidato a toda sorte de ataques, verdadeiros ou fictícios. Esperando o tempo certo, Serra previne-se de ataques mais virulentos e inescrupulosos. Aliás, PT e Lula já demonstraram que seus escrúpulos perderam-se na campanha de 1989. Por outro lado, Dilma deixou à mostra suas mentiras constantes, sua transformação marqueteira.

Além das mentiras citadas, enfim, por Sérgio Guerra, na nota lançada no último dia 20, outras são mais sutis e com efeito mais profundo no inconsciente coletivo. Sabendo que ao falar errado e besteiras aos montes Lula atingiu o eleitorado menos letrado que espera por um Messias com sua mesma biografia do miserável, Dilma passou a imitá-lo, provavelmente orientada por algum marqueteiro rasteiro. Ela, que mentiu sobre seus diplomas de pós-graduação, passou a falar errado, assassinar a gramática e deslizar nas concordâncias, e a usar de analogias comparáveis às metáforas futebolísticas de seu chefe. É a eterna campanha eleitoral em seu curso imoral.

Que a oposição não fique batendo no peito orgulhosa depois da nota de Serra, muito há para ser feito para desmascarar a Terrorista, não se pode dormir no ponto. Lançada o primeiro contragolpe, que seja dada continuidade à altura. PT/Lula/Dilma não terão escrúpulos, por isso não será crime atacá-los À altura.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, janeiro 18, 2010

O Capoeira

capoeira

 

A capoeira, segunda dança brasileira mais conhecida mudo a fora, nem sempre teve o glamour com que conta hoje. Ao redor do mundo, principalmente na Europa, a capoeira brasileira prolifera com a exportação de “mestres”, alguns sem o reconhecimento dos mestres de verdade, que montam suas escolas na Holanda, Dinamarca, Fraca, Espanha, além de EUA, Japão e Canadá. A luta-dança é conhecida e admirada pela sua plasticidade.

Já é por demais conhecida a história da capoeira no Brasil. Veio com os escravos, era dançado nas senzalas como um balé para esconder dos capitães-do-mato e dos senhores seu caráter marcial, depois da abolição foi proibida e perseguida pela polícia e tudo o mais. A clandestinidade, criou mitos, ídolos e heróis, como Mestre Pastinha e Mestre Bimba, os dois maiores expoentes.

Característica associada aos capoeiristas desde sempre, é a malandragem, o jogo de corpo, a ginga. Não era à toa a perseguição por parte da polícia. Os “capoeiras” não se valiam só dos pés, cabeça e mãos para se imporem e ganharem as lutas, usavam também de armas brancas (navalha praticamente fazia parte do uniforme), de cassetetes e de comparsas. Romanticamente o capoeirista é desenhado como o bom malandro que se vestia de branco, cor do santo, e encarava sozinho dez inimigos, colocando todos no chão. Mas a verdade é um pouco diferente. Os capoeiristas gostavam de grupo, de gangue.

Estamos falando, lógico, do período pós-escravatura até os anos 60 do século passado, quando a capoeira começou a ser aceita nos salões da classe média, conseqüência da baianização da música popular brasileira, obra de Os Ticoãs, Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi e de “baianos” de outros estados, como João do Vale, Luiz Gonzaga e muitos outros. A malandragem, porém, mantinha-se associada à figura do atleta-dançarino.

Aliás, o próprio disfarce de uma luta como sendo uma dança é o maior exemplo da malandragem que envolve a capoeira.

A tal malandragem, traço fixo na personalidade nacional brasileira, deixou, há tempos, de ser uma qualidade para tomar um caráter pejorativo. Desassociando a malandragem esportiva da capoeira da malandragem cotidiana dos espertalhões que atravessam o sinal vermelho, furam a fila do banco, vendem terrenos que não são seus, compram e não paga... A malandragem já não é mais coisa de quem precisava enganar pra sobreviver e melhorar de vida, tornou-se a quintessência da vagabundagem de caráter.

O fato do presidente dizer-se um capoeirista, nos leva a associá-lo à idéia de quem tem jogo de cintura, algo que ele mostrou que tem, já que saiu da esquerda assustadora que ameaçava FEBRABAN e FIESP e tornou seu maior aliado; à combatividade, algo que não podemos negar, uma vez que esteve em todas as campanhas para a presidência desde o fim do regime militar, insistiu até eleger-se; e à malandragem.

Aí eu preciso de outro parágrafo.

A boa malandragem, aquela da sobrevivência, ele nuca teve. Quando era sindicalista, não se sujeitava à negociação, prática controversa, mas legal, que levou figura como Tancredo Neves à imortalidade. Não transgredia, independentemente de concordar ou não com suas idéias e ideais, é inevitável a admiração pela sua postura firme na defesa do que pensava. Seu PT não admitia coligar-se fosse com que partido fosse, precisava manter puras suas características esquerdistas. Isso mudou. Duda Mendonça mudou isso. Não foi a idade e a sabedoria que ela traz, a experiência, o reconhecimento dos próprios erros, foi o marketing político e seu marqueteiro contratado a seu peso em dólares.

Das características histórias e lúdicas do capoeirista, a Lula só restou a malandragem ruim dos que levavam a navalha escondida nas dobras dos dedos para atacar a jugular do adversário no susto, a surpresa; a vagabundagem de quem se fia na pantinha de malandros que o acompanha para atacar em bando, por todos os lados, covardemente; a malandragem da dissimulação para mostrar a boa cara enquanto cutuca o adversário com “tostão” na coxa ou dedo nos olhos.

Embora pudesse ser ofensivo aos capoeiristas que mostraram-se indiferentes com a comparação, dessa vez Lula acertou ao dizer-se um capoeirista, embora encampe em sua personalidade apenas o lado desoneste, mordaz e traiçoeiro dos capoeiristas punguistas de antanho.

©Marcos Pontes

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Haiti

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Não há mais atuação do Estado, que encontra-se desmantelado, desorientado. Virou território internacional, um cemitério internacional. Terra destruída, devoluta de 50 mil a 100 mil almas. Cenário inimaginável para nós, no conforto de nossos sofares aquecidos ou refrigerados.
Nobilíssimos cidadãos de todo o mundo afluem para socorrer aos miseráveis que sequer sonhavam conhecer um dia. Além dos 5 mil soldados enviados pelo governo brasileiro e os 1300 já baseados naquele país, os voluntários de ONG como o Viva Rio ou a Pastoral da Criança, já são de muitas nacionalidades os voluntários que se apresentam. Principalmente as equipes especializadas em resgate de mortos e feridos em catástrofes.
Mas a parte negra da humanidade sempre cerca. Dos marginais haitianos que cercaram o quartel brasileiro, minutos depois do terremoto na tentativa de saquear armas e alimentos, nessa ordem, aos governantes de países ao redor do globo que usam essa ou qualquer desgraça para se promoverem como benfeitores e salvadores da humanidade, é grande o número de urubus em volta dos cadáveres.
Lamentável, por exemplo, a postura do ministro da Relações exteriores, Celso Amorim, em sua primeira entrevista coletiva, aproveitando-se da oportunidade em que anunciaria os socorros enviados pelo Brasil, para fazer propaganda do governo e comparar nossa ajuda com a de outros países, como a Jordânia, como se fôssemos melhores do que quem doa menos que nós. Lamentável.
Reprovável, embora inteligível, as ações dos saqueadores locais que viram as costas para feridos e mortos ao redor para priorizarem a coleta, legal ou violenta, de alimentos, dinheiro e qualquer objeto de mínimo valor que seja. Poderiam ser apenas crimes famélicos, perdoáveis por justificarem-se por terem como objetivo saciarem a fome ou preservarem a vida dos miseráveis, mas nem todos são assim. Há um grande número de bandidos contumazes que saqueiam para auferirem lucro mais adiante.
Condenável a postura de imbecis como o cônsul haitiano em São Paulo, Gerge Samuel Antoine, que numa demonstração de insensibilidade, discriminação social, religiosa e “racial” (numa alusão minha à cor da pele, uma vez que não acredito em raças além da raça humana) fala mal de seu próprio povo e ainda comemora a oportunidade que a desgraça de um país lhe deu de “ficar conhecido”. Nojento este vídeo:



Tentando não parecer cínico, vejo, porém, nessa catástrofe a grande oportunidade de se construir um país melhor do que o que restou desde o fim da colonização francesa que terminou caindo na ditadura hereditária dos Doc, Papa Doc e Baby Doc. A conseqüente guerra civil ao fim da ditadura, gangs ideológicas em busca do butim da ditadura.
Até o momento as doações internacionais, por volta de US$ 350 milhões, supera um terço do PIB do país. Se bem aproveitado, esse montante será essencial para a reconstrução ou a construção de um novo país. Mesmo que Organismos internacionais, como a OEA, nem tenham mostrado a cara para ajudar.
A participação das tropas e especialistas brasileiros é essencial nesse momento. Além de contar com o respeito da população, conquistado a duras penas, pode ser o centro das determinações das tropas estrangeiras e dos especialistas das diversas áreas que afluírem a Port-au-Prince. Infelizmente, o governo brasileiro fará proselitismo político com a dor alheia, como já demonstrou o Amorim, mas, no final das contas, será um efeito colateral menor diante da catástrofe e de sua conseqüente minoração e da premente reconstrução do país.

©Marcos Pontes

domingo, janeiro 10, 2010

Revanchismo por decreto

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Não é difícil perceber que países com governo ditatorial, como forma sub-reptícia de conquistar a simpatia do mesmo povo que prende em caixas de fósforos de opções e liberdades, costumam colocar em seu nome termos que incluem esse povo, como, por exemplo a República Popular da China ou República Democrática Alemã, que era justamente a metade alemã sob o jugo soviético.

Não é à toa, portanto, que o Item I do Parágrafo 2° do Decreto N° 7.037 ou Eixo Orientador do dito cujo: Interação democrática entre Estado e sociedade civil.

Onde está a interação democrática se o tal decreto foi costurado nos escurinhos dos gabinetes do subchefe de assuntos jurídicos da Presidência da República e da ministra da Casa Civil? Se houve a tal “ampla discussão com a sociedade”, como diz o mui mal intencionado Vanuchi, ela se deu em foros da esquerda, sem a ampla participação popular e sem que em seus programas tenha ficado explicitado que das discussões românticas, utópicas e revanchistas sairiam os artigos, parágrafos e alíneas de uma constituição feita por meia dúzia para subjugar duzentos milhões.

Ao utilizarem os termos “democrático” e/ou popular, os ditadores sabem que seu autoritarismo não se coaduna com o modus vivendi de cidadãos do século 20, quando esse expediente entrou em moda, e nem do século 21, em que a Venezuela de Chávez sofre um paulatino golpe de estado, sistematicamente copiado e aprimorado por seus vizinhos.

Aproveitando-se da vaidade do presidente, seus assessores e conselheiros mais inteligentes vêm fazendo do Brasil seu quintal. Não são poucas as vezes, nesses sete anos de governo, que o presidente diz desconhecer medidas tomadas pelo seu governo. Do mensalão até este decreto, a desculpa da ignorância apareceu muito mais vezes do que poderia ser considerado razoável, em se tratando do mandatário que é comandado pelos a quem deveria comandar.

José Dirceu, Greenhalgh, Marco Aurélio Garcia, Dilma – cada vez mais – e o Göebels poderoso e vingativo, redivivo na figura despótica de Franklin Martins, são algumas das luas pardas que agem como titeireiros do boneco Lula. Manobram com sua ladainha escorregadia o gosto pelas câmeras e pelos jornais que inflam o ego do presidente e o fazem assinar o que bem desejam. A ignorância, a burrice política e histórica de Lula o deixam à mercê de seus manobristas, como reféns das vontades dessa tropa, ficamos nós, cidadãos desunidos.

Com a pecha de democracia representativa, também defendida no tal decreto, usa-se de uma redundância para dar forma às más intenções autocráticas. A democracia, definida como regime “do povo, para o povo e pelo povo” é, per si, representativa, óbvio. Os eleitos o são para nos representar. Não há democracia representativa, ou ela é democracia ou não. O sendo, já é representativa. Mas o enriquecimento lingüístico da expressão é uma outra mania desses legisladores do Executivo para incluírem “o povo” em decisões das quais ele foi excluído.

Entre os muitos absurdos que prega o decreto, um que vem chamando muito a atenção, é a terceira ou quarta tentativa desse governo de calar a imprensa que não lhe agrada. Já na primeira semana depois da posse, criou-se, pela imprensa amiga do Palácio do planalto, a terminologia PIG, Partido da Imprensa Golpista, para incluir qualquer veículo ou jornalista que se opusesse ao todo ou em parte às decisões do governante-mor ou de sua curriola. Até simples blogueiros passaram a ser incluídos nesse PIG pela imprensa amiga-remunerada, pelos partidários idiotas úteis, pelo próprio presidente ou pela turma que ouve o galo cantar, mas não sabe onde, como definia os Maria-vai-com-as-outras o grande Stanislaw Ponte Preta.

As tentativas anteriores frustradas, não foram suficientes para acalmarem a fúria de Dima, Martins, Dirceu e o próprio Lula, em calar que ousasse levantar a voz contra a ditadura que se estabelece paulatina e vagarosamente. Pois o tal decreto prevê o fechamento de jornais e revistas e a cassação das concessões de exploração de canais de rádio e televisão quando determinado veículo transmitir programa ou notícia que contrarie a vontade do poder central, fantasiado de “interesse público”. Lembra a marcha da Tradição, Família e Propriedade que apoiou profundamente o golpe de 64 e que foi muito criticada por essa mesma esquerda que a repete.

Por mais que negue o revanchismo - e falar a gente fala o que quiser, se há verdade nas palavras, é outra história – ele está explícito no documento e dá-se justamente por ter Lula provado da aprovação popular. A população começa a confundir - depois de muito esforço do ministério e da imprensa amiga - PT, Lula e governo. Tendo Lula 80% de aprovação popular, misturaram os três no mesmo caldeirão e utilizam-se dessa confusão popular para aplicarem seu socialismo. Se Brizola já falava no socialismo marrom, referindo-se ao socialismo que queria criar aos moldes brasileiros, a equipe inteligente, porém mal intencionada, traçou sua linha programática.

Num país em que até assassinato prescreve, pelo Código de Processo Penal em vigência, como justificar que a esquerda raivosa tente prescrever a Lei da Anistia e ressuscitar atos ilegais por parte dos governos de então, mais antigos que a própria Lei que os anistiou? Pior, por que só determina a investigação de crimes praticados pelos agentes do governo e não pelos praticados pela própria esquerda? Essa, aliás, tem sido uma característica muito forte no governo petista: a discriminação, o separatismo, a cisão entre classes, cidadãos e ideologias. Já jogaram pretos contra brancos; índios contra citadinos; pobres contra ricos... E assim tem-se mostrado nas sublinhas do decreto, criando discriminações contra seus opositores e os situacionistas. Um governo eleito para presidir para todos os brasileiros, teima em separar a população entre brasileiros e golpistas. Dá-nos um golpe atrás de outro e se fantasia de vítima.

Haviam várias esquerdas no período de exceção e hoje ela se divide em três: a que está contra o revanchismo, portanto vista como traidora pela situação; a completamente ignorante que vai para o lado que a maré bater, repetindo palavras de ordem e os discursos dos mandatários; e a que elabora o golpe à sociedade, capitaneada por Vanuchi e Dilma.

Não existe revolução essencialmente popular. Ela não ocorreu na Rússia de 1917, nem na China de Mao, nem em Cuba em 1959 e nem na marcha dos caras pintadas contra Collor em 1992. Todas as revoluções foram orquestradas por pequenos poderosos que ansiavam pelo grande poder. Aqui se desenha uma revolução socialista sob a batuta dos socialistas maquiavélicos, inteligentes, raivosos e vingativos. Usa-se a massa de manobra popular, alienada e ignorante e os donos do capital que sustentam qualquer governo, independentemente de ideologia, desde que mantenha o lucro (ironia os socialistas usarem os mais capitalistas para imporem sua revolução) para massacrar qualquer opinião contrária. Não se assustem se, depois de estabelecida essa república sindicalista ditatorial, voltarmos a falar de política a portas fechadas com medo dos alcaguetes e da polícia política que se formará (aliás, ela já existe desde que o PT é PT, apenas não foram lhes dadas as braçadeiras negras que lhe dão poder de prender, bater, cassar e matar a oposição).

O plano vem em forma de um decreto, ferramenta ditatorial tão combatida por todas as esquerdas quando eram oposição e os generais o utilizavam para comandar o país.

Os governistas lançaram o balão de ensaio de uma constituinte há alguns meses. Muito provavelmente esse projetão já estivesse montado e pronto para ser apresentado aos parlamentares como esboço da nova Constituição Federal. Como a idéia de uma Assembléia Nacional Constituinte foi, de pronto, rechaçada por boa parte da imprensa e pela parte da população que pensa e, por isso mesmo, viu desenhado o golpe que se armava, a camarilha parda que se esconde sob a saia da ministra-candidata resolveu fazer sua própria constituinte e conseqüente constituição, socialista, irada e revanchista.

 

 

©Marcos Pontes

 

P.S.: Esse texto será enviado por e-mail a todos os senadores.

P.S. 2: Quem se interessar em ler o Decreto na íntegra, o endereço é este.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Lula chegou com atraso

Estrela

 

Ficou famosa a ameaça de Mário Amato, então presidente da FIESP e de grande influência nas decisões políticas brasileiras na campanha presidencial de 89. Amato dizia que se Lula se elegesse, centenas de empresários deixariam o país e levariam suas empresas. Os efeitos devastadores de uma bomba se espalharam na campanha do “sapo barbudo”, como Amato chamou Lula.

Passaram-se os anos, Lula se elegeu e a previsão de Amato passou a ser motivo de chacota, o mundo mudou, o socialismo já havia provado ser um erro, a União Soviética, nave-mãe dos comunistas do paneta, havia implodido levando à derrocada do sistema em todo o leste europeu. Os poucos países que mantiveram o socialismo repressivo marcavam passo, passavam fome, mendigavam migalhas ao resto do mundo. Até a China mudou, tornando-se um “socialismo de mercado”, cedeu ao capitalismo sem dar o braço a torcer. A Coréia do Norte só existe porque a Rússia e a China a sustentam para fazerem contrapartida ao poderia ianque.

O socialista Luiz Inácio também quietou o facho. Tornou-se “paz e amor” a pedido do marqueteiro chegado a rinha de galos, saboreava o sabor da fortuna, mesmo tendo amealhado a dita cuja depois de suspender o macacão aos 27 anos de idade, provando a máxima popular de que quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro. Os capitães de empresa e grandes empresários, se acalmaram, relegaram a um lugarzinho esquecido no passado as ameaças de Mário Amato.

Durante sete anos de mandato o governo mostrou ser um capitalista feroz, embora estatista, um trapalhão estratégico que alimentava os vizinhs miseráveis dando hidrelétrica pro Paraguai, refinadoras de petróleo para Equador e Bolívia, dinheiro para o louco venezuelano e por aí adiante. Banqueiros lucraram como nunca na históriadessepaís, o crédito ficou mais fácil, levando a pobretalha ter a sensação de que era rica, criando uma bolha que ainda não estourou porque a classe média tem bancado o consumismo desenfreado. Não havia o que temer.

Mas eis que uns alopradinhos, achando o presidente muito à direita, resolveram lembrá-lo de que ele era um comunista juramentado, não podia trair a clase. pior, tinha que compensá-los por ter presidido sete anos para seus amigos milionários, dividindo a grana da classe média para os mais pobres a título de justiça social e distribuição de renda, sendo, de fato, uma expropriação da poupança dos remediados, em forma de impostos, para bancar os regalos dos ricos e as esmolas-compra-votos dos pobres.

A candidata e um aspone, o tal Vanuchi, botaram na mesa da anta bípede o tal decreto, ferramenta que nossa democracia já dava por falecida, criando a tal Comissão da Verdade, desencavando questões sepultadas pela Lei da Anistia, um ranço de revanchismo que essa malta azeda há 24 anos, desde a entrega da faixa presidencial por Figueiredo para o highlander Sarney.

Os mentores da lei criada bem ao estilo absolutista stalinista, na calada da noite e escondidos pelos barulhos de fogos do Natal, ainda não foi devidamente assimilada pela população, talves nem mesmo pela esquerda, também pega de surpresa. Mas os produtores rurais e os militares já perceberam o perigo pesado e escuro que nos ameaça. Ameaça a todos.

Frustrada mais uma vez a tentativa de calar a imprensa, um esforço milionário do Franklin Martins e sua Confecon, o viés autoritário disfarçado com um sorriso nos lábios e brincadeirinhas futebolísticas do presidente volta a mostrar os caninos sedentos. Os jovens desavisados, os sectários analfabetos políticos seguidores da UNE em sua empáfia de juventude são a grande massa de manobra usada para apoiar a medida. A mesma juventudo que a 30 anos estava lutando pela liberdade de expressão. São o que Alexandrovich Bezmenov, espião soviético dissidente da KGB, chama de idiotas úteis. Vejam este vídeo, muito interessante e esclarecedor.

Demorou sete anos, conquistou a simpatia do povaréu e a confiança dos capitalistas e aí deu o bote. Com sete anos de atraso, o sapo barbudo temido por Mário Amato mostrou a garras e a liberdade tão comemorada com o fim do regime militar mais uma vez se vê ameaçada de mordaça e grilhões.

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Segredos

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Esse hábito que o Ilusionista tem de cochichar ao ouvido é sinal de que tem muito a esconder?

terça-feira, janeiro 05, 2010

Estou com medo da juventude

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Me dirijo à caixa da padaria e aguardo enquanto um garotinho de uns dez anos escolha a bala que deseja na vitrine do balcão. A atendente, uma senhora, também aguarda pacientemente o pequeno freguês se decidir. Provavelmente o menino tinha dificuldade em escolher entre tantas tentações, mas as duas moedas em sua mão limitavam a seleção.

Por fim, já resoluto, o menino aponta pra algum papel colorido, “duas dessa”. A atendente se dobra e pega uma bala. A criança, já saboreando o doce por antecipação, exaltado a corrige “essa não, a outra”. Novamente a senhora erra de doce. Quase possesso a criança esbraveja, “essa não, sua burra! Eu disse aquela!”.

Educado sob normas rígidas daquelas em que os pais repetiam diariamente para respeitarmos os mais velhos, e não esquecer as palavras que abriam qualquer porta: por favor, com licença e muito obrigado, me espantei com a ira da criança, o desrespeito com que se dirigiu à nobre trabalhadora, a agressividade em suas palavras.

Reações desse tipo de jovens e crianças têm-se tornado corriqueiras, por incrível que possa parecer. Não são poucas as notícias de estudantes que agridem professores, de jovens motoristas que resolvem questões de trânsito com agressões físicas, de bandidos menores de idade, de filhos dando ordens e até sabão nos pais cada vez menos disciplinadores.

Os netos da geração de 68 foram educados pelos rebeldes que não confiavam em ninguém “com mais de trinta anos”, que ouviram seus pais serem reprimidos pela televisão, pelas revistas, pelo cinema e por outros amigos quando davam uma palmada ou levantavam a voz para colocar a criança “no seu lugar”. Criou-se uma culpa coletiva nos pais mais rígidos, mas não os orientaram como fazer a transição da disciplina da peia para a disciplina do diálogo. Os pais, que antes eram orientadores, se viram perdidos, sem parâmetros, não sabiam mais educar.

Hoje falar em disciplinar os filhos pode ser doloroso para os ouvidos dos mais liberais, como se disciplinar fosse sinônimo de surrar, sendo, tão somente dar disciplina, que, por sua vez, significa, segundo o dicionário Aulete, “Instrução, ensino dados por um mestre a seu discípulo; submissão do discípulo à instrução e orientação do mestre; Respeito e obediência a regras, métodos, autoridade superior etc.; Conjunto de princípios e métodos estabelecidos para o funcionamento adequado de qualquer instituição, atividade etc.; Ordem, arrumação, organização”. Não pode-se considerar errado, portanto, disciplinar um filho, um aluno ou qualquer outra criança, o erro estaria se a maneira de se fazer isso for desrespeitosa para com a criança, para com sua integridade física ou psicológica.

Disciplinar é impor os tão famosos limites, é ensinar-lhe o que ensinavam os “antigos” como, por exemplo, que o seu direito termina onde começa o direito do próximo; a coisa pública deve ser respeitada porque não tem um dono, todos somos donos; os mais velhos podem até errar, mas devem ser respeitados, assim como devem ser respeitados os irmãos, os colegas, os vizinhos... São muitas as regras da boa convivência e do respeito mútuo, difícil, parece, está sendo os pais e responsáveis saberem como colocar esses limites sem sentirem a famigerada culpa.

Nada do que foi dito até aqui é novidade, pode até parecer piegas para muitos dos que lerem, mas, mesmo sendo sabido por todos, algo de novo está proibindo que esses princípios sejam retransmitidos para as gerações seguintes. Estamos formando gerações dos detentores de todos os direitos e poucas obrigações, o que dá ainda mais medo das gerações seguintes.

Já vi filho de treze anos dar esporro no próprio pai, um doutor médico, na frente de seus professores e colegas; já vi jovem empurrar idoso em fila de banco e ainda proferir o odioso “sai pra lá, velho”; já vi filha de doze anos mandar a mãe para lugares anatomicamente inadmissíveis; já li em jornal menor assassinar casal de velhinhos aposentados a pauladas porque esses teriam revidado a um assalto, sendo o senhor mutilado nos membros; já vi filhos, não poucas vezes, mandarem os pais calarem a boca e, pior, os pais obedecerem.

Confesso que estou amedrontado com a juventude que nos cerca. Medo de chamar a atenção do motoqueiro que passa com sua moto sobre a calçada do comércio sem medo de atropelar alguém, de pedir ao rapaz para voltar ao final da fila por que nós chegamos antes, de comunicar a um aluno que ele reprovou na escola.

Ficar refém desse sentimento de insegurança diante da juventude que deveria ser preparada para nos substituir melhor do que nós fomos em nossa geração é um dos sentimentos mais frustrantes, já que engloba em si a incompetência de minha geração que não soube melhorar o mundo a partir de seus descendentes e a sensação de que, por conta de nossos erros na educação, o mundo será menos seguro e gradável na próxima geração.

©Marcos Pontes

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Culto à personalidade

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Diz a Wikipédia: é uma estratégia de propaganda política baseada na exaltação das virtudes - reais e/ou supostas - do governante, bem como da divulgação positivista de sua figura. Cultos de personalidade são freqüentemente encontrados em ditaduras, embora também existam em democracias. O termo culto à personalidade foi utilizado pela primeira vez por Nikita Khruschov no "Discurso secreto" para denunciar Josef Stalin. Khrushchov citou uma carta de Karl MArx, que critica o "culto do indivíduo". Um culto da personalidade é semelhante ao apoteose, exceto que ele é criado especificamente para os líderes políticos.

Numa pequena reforma política e durante as discussões da Lei de Responsabilidade Fiscal, no Brasil passou a ser proibida a divulgação dos nomes dos governantes em obras públicas, em fachadas de prédios públicos, em timbres de documentos oficiais, enfim, tentou-se diferenciar a coisa pública das propriedades privadas. Aspirava-se, com isso, desassociar as obras dos administradores que as realizavam.

Não era raro ouvir o cidadão referir-se à escola do prefeito beltrano, a avenida do deputado fulano de tal, o estádio do governador “raimundinho” e por aí a fora. Ainda persiste o hábito, embora em menor volume. Resquícios do país que acostumou seus cidadãos a viverem comodamente silencioso e à sombra do Estado e dos pseudo-estadistas.

Tudo ia bem, até a administração atual se instaurar.

Com marqueteiros e jornalistas à mancheia em sua folha de pagamento, seja dentro do país, seja nos escritórios montados na Europa, à bagatela de R$ 750 mil mensais, o governo federal não perde a oportunidade de ligar qualquer realização pública federal à imagem do beócio presidente, ou presidente beócio, como preferir, dá na mesma. Até mesmo aqueles projetos que fizeram água ou nasceram mortos, como o Fome Zero, tinha a barba da Anta Bípede estampada no fundo dos pratos vazios.

Os sectários seguidores do líder (não direi nosso líder porque me recuso a ser liderado por ele e porque ele governa para os seus, não para o país), qunado não têm argumentos para defenderem a administração e suas realizações ou como negar as denúncias de incompetência, desmandos, viés ditatorial, corrupção ativa, passiva ou de alguma nova modalidade que seu grupo é capaz de criar, desconversa e cita a personalidade do chefe.

Como cortina de fumaça para as besteiras da gang, exaltam-se as qualidades do capo. Assim agiram os aseclas de Lênin, de Stálin, de Mao Tsé-Tung, de Papa Doc, de Hitler, do Padre Cícero, de Peron, de Idi Amin… Os déspotas, ditadores, caudilhos, assasinos oficiais, desde os tempos imemoriais, tiveram sua imagem mais divulgada e até divinizada do que os roubos, a incompetência, as mortes que provocavam.

O Brasil passa por isso. Lula não é um assassino, lógico, mas a corrupção lhe impregna as vestes. Impossível se justificar, por exemplo, a fortuna amealhada em 20 anos se nesse período ele jamais trabalhou oficialmente. Como presidente de sindicato ou deputado federal, os únicos expedientes que deu, não seria fazer fortuna limpamente. Mas ele o fez. E a qualquer ameaça de se cavucar sua vida, de verdade e não nessa brincadeirinha milionária de sua pseudo biografia filmada pelo Barreto, a claque faz barulho, alega discriminação pelo homem de infância pobre (os mais tolos alegam sua pobreza atual), pregam a ira contra os que criticam sua pouca escolaridade, colam em nós, opositores, a pecha de preconceituosos, elite branca ( sendo elite, em qualquer lugar do mundo aquele que detém o poder, e um crioulo como eu só não se ofende em ser chamado de branco porque esse negócio de cor de pele é uma das maiores imbecilidades humanas).

O governo pode até ter opositores, isso a base assalariada admite, mas seu líder é intocável. Criticar o presidente é motivo para a execração pública daquele que ousa levantar argumentos contra o quase divino dirigente sindicalista, antes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, hoje do Sindicato de Ladrões de Brasília, São Bernardo e alhures.

Para os seguidores do divino líder, o governo e Lula não têm oposição, mas golpistas. Opositores não são apenas seguidores de outras ideologias e ideais, são golpistas. É um caminho perigosíssimo.

São muitos os exemplos de líderes ao redor do globo e no decorrer da história que, em sua vaidade suprema, preocupavam-se mais em endeusarem suas imagens do que dirigirem com competência e responsabilidade. Em todos os casos, de Átila, o huno, a Saddam Hussein, nós sabemos bem como a história acabou.

 

©Marcos Pontes

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Quando perdi o respeito por Boris Casoy

Acm e boris 

ACM havia renunciado ao seu cergo de senador para não correr o risco de ser cassado, o que lhe traria prejuízos enormes. Primeiro a imagem de um senador cassado por tantos senadores tão ou mais devedores do que ele; como já não era mais um jovem, ficar oito anos sem poder candidatar-se seria sua morte política; a Bahia, que ele comandava com mão de ferro, mesmo à distância direta do Palácio de Ondina, corria o risco de ficar ainda mais longe dos seus dedos, como veio a acontecer mais tarde, para seu desgosto, com a eleição do sindicalista bêbado e irresponsável Jaques Wagner.

Afastado temporariamente do poder, ACM era procurado por todos os veículos de informação para uma entrevista, mas ele se reclusara por trás dos muros da TV Bahia, propriedade de sua família (diretamente não é seu, porque ele não era bobo para terr qualquer negócio em seu nome, pertence tudo, oficialmente, a laranjas). Mas sabia que deveria falar em público, de preferência num programa de credibilidade, com um entrevistador sério e num horário nobre. O escolhido, Boris Casoy, que tinha um programa de entrevistas na Rede Record, nos domingos à noite e era líder de audiência no segmento.

Assim como milhões de brasileiros, ei também me coloquei diante da televisão pra ouvir as explicações do cacique baiano, temporariamente sem o cocar de cacique nacional.

No primeiro bloco do programa, Casoy foi duro nas perguntas, insistia quando ACM tentava desconversar e sonegar alguma resposta; mexeu em questões nada agradáveis ao ex-senador. Fiquei impressionado com a coragem com que ele enfrentava um homem que mantinha mais de 90% dos prefeitos baianos sob sua asa, muitos deles apenas pelo temor. ACM era vingativo e não perdia a chance de espinafrar seus adversários.

Lembro bem de um episódio contado na Veja, nesse mesmo período, numa reportagem em que a revista tentava levantar o perfil de ACM. Conta-se que na Costa do Sauípe, sempre cercado por dezenas de baba-ovos, ACM entrou na água do mar e aquele séquito de homens sem o mínimo senso de ridículo e ombridade o seguiram. uma vez dentro d’água, ninguém sairia antes do “velho” (seria esse um tratamento carinhoso, caso alguém tivesse coragem de chamá-lo assim na sua frente. Em toda a Bahia ele era conhecido simplesmente como “o velho” ou “cabeça branca”, mas duvido que alguém alguma vez tivesse usado esses epítetos diretamente com ele).

Pois bem, dentro do mar, ACM contava piadas, mostrava sua empáfia, ouvia pedidos, dava ordens, e aquele pelotão dentro d’água com ele. A tarde ia embora, já tinha neguinho com os lábios roxos, outros tiritando de frio, mas ninguém ousava virar as costas ao seu dono, como faziam os súditos aos senhores feudais na Idade Média. Mesmo sofrendo, a cambada só saía do mar depois que ACM saísse.

Casoy, muito provavelmente, sabia dessas características autoritárias e inibidoras do baiano, mas não se fez de rogado, o encarou e o desafiou repetidas vezes.

Nessa época havia um comercial sobre turismo na Bahia que só era apresentado nas emissoras da Rede Globo, cadeia da qual a Tv Bahia, da família Magalhães, era afiliada. Embora circulasse em todo o país, só passava nas emissoras da Globo.

Estranhei que no intervalo entre o primeiro e o segundo blocos da entrevista, a dita propaganda circulou na Record. Confesso que fiquei surpreso e até comentei, na mesma noite, por telefone, com um amigo com quem sempre discutia política e as questões nacionais.

Na volta dos comerciais, Boris Casoy voltou outro. Não desafiava mais, não afrontava, parecia um cãozinho amestrado diante da tigela de ração servida pelo dono. Para exemplificar a situação, posso citar o trecho em que Boris Casoy perguntou a ACM como ele se manteria agora que não tinha mais os vencimentos de senador. No maior cinismo que eu poderia esperar de um político, ACM disse que era um homem pobre e que viveria de sua aposentadoria de pouco mais de quinhentos reais que tinha direito como ex-professor da universidade Federal da Bahia, onde, oficialmente, atuara como professor da Escola de Medicina, embora só tenha atuado um ano na função, mas essa é outra história.

Associei a apresentação do comercial do governo da Bahia com a mudança de postura de Boris Casoy. Posso estar completamente enganado, embora nãoa credite em certas coincidências. Ficou em mim a impressão de que Casoy ou cedera a alguma ameaça da direção da emissora ou vendera-se a ACM em troca de uma comissão no contrato de veiculação do comercial. Ali ele perdeu meu respeito, jamais o vi com o respeito que ele tenta demonstrar trasmitir.

Esse vídeo que agora mostra seu lado socialmente preconceituoso, deselegante e irresponsável não me surpreende como a muitos.

 

 

©Marcos Pontes