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terça-feira, março 15, 2011

Ministérios à profusão

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Notem como há espaço para constuirem muitos outros p´rédios

Deu trabalho, mas o tema sugerido pelo @ivomarcelino, além de bastante curioso é oportuno. De fato, ele propôs três subtemas referentes à quantidade de ministérios existentes no Brasil hoje e desde o governo petista anterior, ou matriz do atual. A pesquisa foi grande, mas valeu a pena pela riqueza de surpresas que trouxe.

Não vi porquê me prender na composição de gabinetes de republiquetas como Bolívia, Zimbábue ou Venezuela. Já que o ex-presidente apelou para o rodriguiano conceito de complexo de vira-lata para tentar desmerecer a seus opositores e era diretamente assistido pelo megalômano Celso Amorim, nada mais justo que nos comparar com grandes potências, a começar pelos Estados Unidos. Embora odiados pelos vermelhinhos, embora não dispense jeans e produtos eletrônicos vindos da maior potência do mundo, o que lhes enche de recalque e inveja, os EE.UU. não se tornaram o que são sem o mínimo senso de organização governamental.

Eis que descubro que o gabinete é formado por apenas 15 ministérios, dentro dos quais alocam-se as diversas agências. Não há uma determinação legal rígida sobre o limite numérico da quantidade de ministérios ou quais seriam eles, mas o bom senso faz com que governo após governo este número pouco oscile, seja o partido ocupante da Casa Branca Democrata ou Republicano.

Não bastasse os Estados Unidos terem praticamente a mesma extensão territorial do Brasil, uma população 50% maior e diversificação de serviços e indústrias de fazerem o Brasil parecer o Ver-O-Peso, o país verte o traje de xerife mundial e cuida de todos os seus interesses com apenas 15 ministérios. E mais: com o mínimo de cargos comissionados. Estes, sim, são limitados por lei e fiscalizados pelo Congresso. Longe de ser essa farra de nomeações de amiguinhos sem o mínimo preparo administrativo para tomarem conta das pastas em que se apegam como carrapicho em rabo de gato. Quem manda nas pastas são os profissionais de carreira, vida privada fiscalizada e produtividade como determinante para manter-se nos cargos, sem essa farra de estabilidade que mantém moscas mortas se sentindo intocados.

E que tal o Japão? Numa área do tamanho de Pernambuco, mas uma população próxima à do Brasil, uma das três maiores economias do mundo, mesmo depois da catástrofe do mega-tsunami, os nipônicos são gerenciados por apenas 8 ministérios, mais o gabinete do primeiro-ministro. E aí temos muito o que aprender como, por exemplo, com o Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pesca, ao contrário de nosso governinho vermelho que cria um ministério para a agricultura e outro para a pesca quando poderia criar uma só pasta para ocupar-se de toda a produção de alimentos e subsistência interna, além de cuidar das exportações da área.

A Alemanha, outro país que tem história conturbada e ainda teve que reorganizar-se depois da reunificação, após a queda do Muro, em 1989, conta com 16 ministérios. Vários deles contam com mais de uma ocupação que, porém, se complementam, o que deve dar celeridade nas decisões, planejamento multidisciplinar e evita guerrinhas internas.

Por exemplo, o Ministério da Economia é também da Tecnologia; há o Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais, sem esse aglomerado de Agricultura e Desenvolvimento Agrário; Educação e Pesquisa, sendo que o segundo, no Brasil, seria inócuo, uma vez que pesquisa por aqui é coisa pífia.

A França, berço dos vermelhinhos modernosos, não é exemplo para esta suruba ministerial brasileira. A mãe da república moderna também conta, entre seus 14 ministérios, os de múltiplas funções, como o da Indústria, Comércio e Cooperativas, o da Educação, Juventude e Desportos, o do Ambiente, Terras e Desenvolvimento Agrário e o de Finanças e Desenvolvimento Econômico, além de outros. Dentre todos, existe um que cuida de suas possessões estrangeiras, o das Ilhas Phoenix e Line, algo parecido com o que ocorre no Reino Unido, que, entre seus 23 ministérios, incluídos os gabinetes do Primeiro Ministro e o do Vice-Primeiro Ministro, tem as patas para a Irlanda, para a Escócia e para o País de Gales.

Os governos petistas demonstram seu despreparo e incompetência em administrar a coisa pública desde essa sopa de letrinhas que constituem a Esplanada dos Ministérios. Não bastassem os muitos ministérios, ainda cria secretárias com status dos mesmos, além de direção de órgãos federais, como o Banco Central, uma manobra de Lula para blindar o Henrique Meireles, dando-lhe foro privilegiado, outra aberração democrática em que cidadãos são separados numa casta superior, como se seus eventuais crimes fossem de menor importância, quando deveriam sofre penalidades agravantes, caso algum um dia fosse condenado pela Justiça, outro reino de portas cerradas para os párias que formam o grosso da sociedade.

Não sei quem criou a terminologia “aparelhar o estado”, numa referência à prática petista de colocar companheiros desempregados em cargos comissionados a torto e a direito, mas faz muito sentido. “Aparelhos” eram outro nome dados às células comunistas nos anos 60 e 70. Aparelhar o Estado nada mais é do que criar células ocupadas por ex-terroristas armados com fuzis e que hoje se armam com o talão de cheques e cartões corporativos para fazerem reféns todos os cidadãos desse surrupiado país.

 

©Marcos Pontes

sábado, março 12, 2011

Do carvão ao carvão?

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Nenhuma mudança de tecnologia é tão pacífica, sempre há o contraditório, os profetas do apocalipse e os prejudicados pelas mudanças para colocarem gosto ruim no que está por aparecer. Foi assim com a primeira Revolução Industrial, foi com a substituição das carruagens pelos trens que ligavam as costas dos Estados Unidos e até, recentemente, com as mensagens por e-mail, quando muita gente se posicionou contra por, potencialmente, causar a bancarrota dos correios e o fim da poesia das cartas.

No campo da energia comercial a coisa é ainda bem mais tensa. Saímos da tração animal para a máquina de vapor e desta para os motores a combustão; as residências saíram dos fifós e lamparinas para a lâmpada incandescente e dessa para as fluorescente; os alimentos saíram da salmoura para os congeladores. Por trás desses avanços, longe dos olhos incautos dos consumidores, guerras ferozes se travaram e travam-se numa disputa sobre qual o melhor tipo de geração de energia, quem tomará conta dessa geração, as questões ambientalistas contra a necessidade de progresso das cidades e campo para que sejam gerados alimentos e trabalhos sem mexer nos recursos não renováveis e na paisagem.

O potencial hidrelétrico do Brasil foi enaltecido por décadas, mas hoje qualquer usina, para ser construída, gera batalhas furiosas entre técnicos, consumidores mal informados, governos, ecologistas e lobistas, além das indústrias que ficam sem pés ou mãos sem energia para produzirem. Se hoje houvesse plano par construir Itaipu, Tucuruí ou Paulo Afonso o trânsito de recursos, processos e batalhas judiciais inviabilizariam essas obras. Angra I, II e II seriam simplesmente vetadas pela pressão de ONGs. Os alvos atuais são Belo Monte e Teotônio.

De um lado, todos reclamam dos apagões, da falta de previdência e projetos dos governos federais, do lado oposto, os mesmos que pedem mais energia e planejamento se opõem a novas usinas.

Carlos Minc, num daqueles seus delírios marijuanenses, pregou a instalação de termelétricas por elas serem mais “ecológicas” do que as hidrelétricas. O mesmo Minc que defendia o etanol como combustível mundial, outro megalômano sonho de Lula de que ninguém mais ouve falar. O ex-ministro não deve saber que as termelétricas funcionam com a queima de combustíveis fósseis, os mesmos acusados de responsáveis por boa parte do tal aquecimento global, como se a Terra, por alguma vez, teve seu clima estável.

Bom, mas o Brasil é um país ensolarado por quase todo o ano, por que não fazermos grandes plantas de energia solar? São muitos os fatores, desde o preço altíssimo dessas instalações quanto a dificuldade de armazenamento dessa grande quantidade de energia.

Mas o Nordeste, além de muito sol tem também vento. O Porto do Mucuripe, em Fortaleza, por exemplo, tem boa parte de sua energia gerada em cata-ventos. Ironicamente, a fábrica desses dínamos, perto de Fortaleza, funciona com energia hidrelétrica. Por que será?

O custo de geradores de energia eólica também é altíssimo pelos padrões atuais e os ecologistas condenam a implantação desses parques eólicos por gerarem poluição visual e sonora. Pode não parecer, mas aquelas pás enormes geram um ruído ao cortarem o vento, multiplicando-se isso por centenas funcionando ao mesmo tempo causa muito barulho. Além do mais, para que seja economicamente viável, o vento deveria ser constante, algo que nem o mais otimista meteorologista pode assegurar que assim o é. Mesmo no litoral nordestino os ventos variam nas diversas estações.

Com a catástrofe que ocorreu no Japão esta semana, gerando um alerta atômico em Fukushima, depois de uma explosão numa usina nuclear. Nada indica que este acidente vá gerar uma catástrofe como a de Chernobyl. Aliás, muito longe disso. A usina japonesa foi construída com a tecnologia americana e a disciplina japonesa, não aquele samba do crioulo doido que era a tecnologia atômica soviética.

O único acidente mais grave com usina atômica americana deu-se em Three Miles Island, no longínquo 1979, que deu origem ao apocalíptico Síndrome da China, estrelado por Jack Lemon e Jane Fonda. Quem não assistiu, deveria, é um ótimo filme. Embora sério, este acidente não chegou sequer perto do pânico que foi gerado pela imprensa da época.

Fala-se muito em mudança da matriz energética, mas falas-e mais mal dos projetos propostos ou em andamento do que em propostas viáveis de reposição dos modelos atuais.

Na Argentina faz-se campanha contra o uso do carvão mineral, no Brasil condenam-se as hidrelétricas, as nucleares, as termelétricas e as eólicas, no mundo inteiro condena-se a queima de combustíveis fósseis ou qualquer outra queima para a geração de eletricidade... E aí, qual a solução?

Desliguemos nossos aparelhos eletrônicos, voltemos às cavernas, esperemos os raios queimarem as árvores para utilizarmos o fogo. Nem pensar em queimar deliberadamente a madeira, o Ibama e as organizações não governamentais podem nos prender e nos imputar penas mais duras do que as dadas a homicidas.

Eu já pensava em escrever sobre este tema, aí, coincidentemente, a @morandiani o sugeriu.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, março 08, 2011

Há vida depois de cotas e bolsas?

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O IFBA, Instituto Federal de Educação da Bahia, antigo Cefet, antiga ETFBA, Unidade de Eunápolis, tem 50% das vagas destinados a bolsistas oriundos de escolas públicas, negros, índios e filhos de funcionários. Coincidentemente ou não, este ano contou com 50% de reprovação no primeiro ano dos cursos básicos. O concurso vestibular destinava-se ao preenchimento de 40 vagas para cada curso (Edificações, Meio Ambiente e Enfermagem), mas teve que chamar 60 aprovados. Ou seriam montadas turmas com 60 alunos, o que é impraticável do ponto de vista de qualidade de assimilação dos conteúdos, ou duas de 40, chamando 20 alunos a mais, mantendo turmas do tamanho proposto. A segunda proposta foi vencedora.

Embora se diga ao contrário nos jornais, em relação aos cursos superiores nas universidades federais que usam o dispositivo de cotas, em se tratando de números oficiais, é de se duvidar da veracidade do que nos é apresentado. Faço um paralelo entre a realidade do sistema de cotas com as vidas dos brasileiros que resolvem se aventurar em subempregos na Europa, Estados Unidos ou Japão: só ouvimos falar dos bons resultados, sabendo que muita gente termina se prostituindo, ficando pelas ruas sem renda para poder voltar ou voltam escorraçados. Os jornais e universidades só nos falam dos cotistas que estão entre os primeiros colocados de suas turmas, jamais ouvimos falar dos reprovados, dos desistentes e dos jubilados, se é que há jubilação na maioria das universidades.

Em se tratando de cotas, o caso mais antigo que me lembro é da obrigatoriedade de 20% de mulheres nas coligações partidárias em eleições. Existem 20% de mulheres em cargos eletivos? Dos 27 governadores, 2 são mulheres, menos de 10%. São 12 senadoras, entre os 81, 14,81% do total. Prefeitos das capitais contam com apenas 2 mulheres, o mesmo percentual das governadoras. Entre deputados estaduais e federais e vereadores o percentual de mulheres eleitas também está nesse intervalo. As cotas servem para a candidatura, mas a vontade popular não concorda com a vontade dos legisladores, que criaram as cotas num rasgo de politicismo correto.

Me vem à cabeça as bolsas sociais. Quem está na miséria e tem filho tem direito a Bolsa Família. A contrapartida seria a necessidade desses filhos menores estarem matriculados e frequentando a escola. Mas quem fiscaliza isso? E mais, quanta gente que não teria direito a esse benefício o recebe por conta de mandraquiagens dos órgãos municipais? Até filhos de vereadores Brasil a dentro aparecem entre os beneficiários. Em nome da justiça social, uma falácia esquerdista que dá em nada, a desonestidade latente toma forma e cada brasileiro paga por isso.

E o que acontecerá com essas crianças depois que fizerem dezoito anos? Sabendo que as escolas que elas freqüentam, via de regra, são sucatas cheias de livros doados pelo Estado, com professores desmotivados e mal preparados, mobiliário e equipamentos aos cacos e aprendizado comparável ao que há de pior pelo mundo, essas crianças que viraram fonte de renda de famílias despreparadas podem aspirar destino melhor que a de seus pais ou já contam com um casamento precoce, filhos prematuros e bolsa social hereditária?

Quem precisava de dinheiro para comprar gás, recebia sua cota. Quem tinha filho pequeno, recebia ajuda para comprar leite. Quem vivia em favela recebia grana para a energia e para a água. Quem tinha filho em idade escolar, recebia a Bolsa Escola. Jogaram todas essas esmolas numa bolsa só e todo mundo recebe. Não vou insistir no meu ponto de vista já cansado de explicitar nesse blog, mas, pela última vez, espero, declaro que não sou contra as bolsas desde que sejam medidas emergenciais, mas completamente contrário à idéia de que seja benefício permanente.

Esperaremos quantas gerações para analisarmos os efeitos negativos de cotas e esmolas sociais no desenvolvimento sócio econômico do raiz, a começar pelas regiões mais pobres em que tais benefícios viraram fonte de sustento? Já passou da hora de universidades e ONG não comprometidas com as mentiras oficiais pesquisem a fundo os efeitos que essa política de passar a mão na cabeça trará para os filhos dos esmoladores de hoje.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, março 07, 2011

Caruaru ou FIESP?

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O @ivomarcelino é um sergipano porreta que vive me municiando de informações importantes sobre o Brasil. Mesmo sendo bombardeado pelo seu governador petista, não se deixa derrotar e segue na luta diária contra os desmandos dos incompetentes vermelhinhos que governam o país pelo gosto do poder, não pela competência, planejamento a médio e longo prazos e análise.

De olho nessa gente cuja a língua é muito mais rápida que o cérebro, meu amigo tuiteiro sugeriu que eu falasse do tal Ministério da Pequena Empresa, que a presidente anunciou que criaria, justamente num discurso em Sergipe, lá pelos vinte e um de fevereiro.

Me lembro que no dia do anúncio desse cabide, desculpem, ministério, tuitei: “se já existe o Ministério da Indústria e do Comércio, para quê a criação de um para a pequena empresa?”. E ainda acho isso. Mas para não parecer injusto ou desinformado, fui pesquisar a função do MIC e eis que descubro que não é mais MIC. Em 4 de fevereiro de 2010, por meio do Decreto 7.096, o então presidente transformou o Ministério da Indústria e Comércio, que sustentava esse nome, ao que me lembro, desde os governos militares, em Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A nova estrutura desse ministério, porém, mantém entre suas competências, no Artigo 1o, Incisos “VIII - formulação da política de apoio à microempresa, empresa de pequeno porte e artesanato; e IX - execução das atividades de registro do comércio”. Em outras palavras de leigo, já existe ministério para cuidar da pequena e média empresa.

A estrutura do Ministério da Pequena Empresa ainda não foi revelada, o que inviabiliza uma análise de sua estrutura. Nos prendamos, portanto, naquilo que já conhecemos.

Se eu pensei na existência do MIC, o Ivo lembrou-se do SEBRAE. Muito bem, pesquisemos, então, sobre o SEBRAE.

No seu site está escrito “O Sebrae, uma entidade privada e de interesse público”, portanto fora da alçada direta do Ministério, talvez por isso funcione.

Contudo, mesmo sendo uma entidade privada, está sujeita às determinações governamentais e a demais órgão oficiais e legislação no tocante à abertura de empresas, questões fiscais, legislação contábil e tudo o mais referente à administração do comércio. Não cabe ao governo, pelo menos em primeira mão, determinar seu funcionamento interno, objetivos e estrutura administrativa. Tem de haver um respeito do SEBRAE ao que determina o “governo central”, como gosta de chamar o governo federal os órgãos de imprensa ajoelhados.

Juntando-se o órgão federal e a iniciativa privada, pode-se deduzir que as pequenas, médias e microempresas já têm respaldo legal e política de fomento bem definidos, o que falta é interesse específico para o incentivo, inclusive fiscal, para seu funcionamento sem grandes atropelos e sem taxas excessivas que tornam seu funcionamento perigoso.

É sabido que quase a metade dessas empresas fecha as portas em seu primeiro ano de funcionamento, mas esses índices têm melhorado nos últimos anos, desde o governo tucano. Em parte devido à diferenciação legal das empresas de maior porte, em parte pelo crescimento econômico do país, a despeito das mentiras de que a Bolsa Família seja responsável por esse crescimento.

Graças a empreendedores o Brasil cresce. Costumo dizer que quem faz o Brasil crescer não é a FIESP, mas a Feira de Caruaru. Com uma economia quase 50% informal, essas empresas familiares empregam e geram tanta renda quase tanto quanto as empresas formais. Os fabricantes de panelas em fundo de quintal não deram tantos impostos quanto uma Panex ou Tramontina, mas geram quase tantos empregos quanto tais. Se não contribuem para o enchimento das burras oficiais, colocam arroz e feijão na mesa de milhares de famílias.

A estrutura do antigo MIC poderia contar com secretarias e organismos que estudassem políticas específicas para as pequenas empresas, como era e foi durante muito tempo. O SEBRAE trabalhou junto àquele ministério desde sua criação, elevando as empresas de pequeno porte à condição de estrelas do emprego e renda nos anos 80 e 90, demonstrando que se deixar a iniciativa privada trabalha, ela é capaz de realizar feitos mais consistentes, duradouros e importantes do que qualquer governozinho mequetrefe e mal preparado.

Criar um segundo ministério com a mesma finalidade, a meu ver, tem um objetivo escuso e tende a resultados duvidosos.

Um interesse não revelado é colocar mais “companheiros” em emprego público em cargos comissionados, empregando amiguinhos petistas e coligados na folha de pagamento que sangra o erário sem a necessidade de concurso. Aliás, isso vem de encontro, como um trem desgovernado, à necessidade de se cortar gastos no governo federal. Não foi esse o anúncio da presidente, cortar R$ 50 bilhões nos gastos? E quanto custaria uma nova pasta?

O resultado catastrófico seria a discórdia entre o novo e o velho ministérios, colocando entre ambos os empresários e o SEBRAE, que passariam a responder a dois senhores incompetentes.

Baseado em quê eu posso afirmar que ambos os ministérios são incompetentes se o novo sequer foi criado?

1. Pelo fato de a presidente achar necessária a criação do novo, significando que o antigo não faz suas atividades a contento; 2. Pelo histórico de briguinhas entre ministros muito comuns nos governos petistas, amplamente divulgado na imprensa. Não são raras as ocasiões em que um ministro faz uma declaração para, logo em seguida, ser desdito por outro ministro.

 

©Marcos Pontes

domingo, março 06, 2011

A defesa capenga

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O @jensenbrazil sugeriu que eu escrevesse sobre a defesa do governo que o jornalista Luis Nassiff fez em seu blog. A missão não é difícil, a princípio, uma vez que o jornalista, em sua função remunerada de porta-voz oficioso do PT e seus governos, distorceu os dados e números para dar credibilidade e sustentação às muitas mentiras divulgadas pela assessoria de imprensa da Presidência e de seus ministérios.

O senhor Nassiff leva tão a sério sua função de defensor do indefensável que chega ao ponto de expor os nomes, endereços e dados pessoais daqueles que dele discordam, como aconteceu comigo há alguns meses, mas entendendo que as questões nacionais são mais importantes e urgentes que a vida dos cidadãos, guardadas as devidas proporções e interesses, aceitei a sugestão, mesmo que isso possa levar a mais uma agressão, algo que duvide que sua covardia o leve a isso, uma vez que sequer deu-se ao trabalho de responder ao meu post, devidamente enviado a ele.

Rebater ponto por ponto do texto por ele escrito me levaria a escrever demais e valorizar o que não tem qualquer valor, por outro lado, não posso me furtar à culpa de ficar calado diante de tantas fantasias.

Nassif começa seu texto queixando-se do “pensamento único da blogopauta”, como se todos os blogs fossem oposicionistas, contrariando sua oração imediatamente anterior em que fala dos “blogs progressistas”, numa referência aos aliados do governo e do petismo. Aliás, não são poucos os que têm essa posição, alguns remunerados como o de Le próprio, o do Paulo Henrique Amorim, o do Luís Favre e o “da Dilma” e outros tantos de amiguinhos, tendo inclusive blogs que, por falta de dinheiro oficial que os sustentem, partiram para campanha de arrecadação de fundo através de doação de seus leitores, demonstrando ser deveras petistas, do tipo que usa a ideologia apenas para arrebanhar recursos de leitores incautos.

Passa então a desfiar interpretações oportunistas e benévolas ao jeito incompetente, desonesto petista de ser.

Em contraponto aos ditos “progressistas”, entre os quais se inclui, Nassiff usa o velho, desgastado e vazio conceito do P.I.G., mesmo não havendo registro de qualquer golpe dado contra o governo e seus projetos miraculosos. A não ser, segundo palavras do próprio Emir Sader, a queda do próprio Sader de uma assessoria já tida como fechada, que daria à “autista” Ana Hollanda, na definição do filósofo que, além de professor titular da UFRJ, ainda ganhará uma graninha extra no Instituto Lula, depois de descartado pela ministra da Cultura.

Ao dizer que “o poder dificilmente muda de mãos”, em parte eu concordo, uma vez que a maioria das autoridades políticas nacionais são as mesmas de 30 anos atrás ou seus descendentes diretos, mas vejo, conhecendo o PT e seu projeto de poder, que é um canto velado de vitória. O jornalista fala de mudanças futuras. Em outras palavras, dificilmente “deixaremos o poder” nos próximos 50 anos, sonho do probo e ético Zé Dirceu, a maior eminência parda do petismo moderno.

Saiamos das análises das personalidades e entremos nas desculpas esfarrapadas para as mentiras, contradições e incompetência do governo capitaneado pela senhora Roussef.

1. Injustificável o aumento de juros, principalmente vindo de um partido/governo que criticava essa prática ortodoxa nos tempos em que era oposição. Se a intenção é conter o consumo e conseqüente inflação, por outro lado é contradizer o que disse o próprio governo ao incentivar a população a se endividar a longo prazo. Manter os mais altos juros do planeta e, ainda por cima, aumentá-lo é assumir que não sabe o que fazer para mudar o já estabelecido e por isso mantém a velha política que odiava. E ainda tem o cinismo de dizer que ouvia a então candidata prometer que baixaria os juros a índices internacionais, mas não a ouviu dizer que seria em 2011. Quando será, então? No último dia de 2014? Sem falar que não é o governo federal quem decide a taxa de juros, mas o Banco Central, que tem autonomia para isso;

2. Como jornalista de economia, algo que foi durante muito tempo antes de tornar-se porta-voz do PT, Nassiff esquece-se de explicar que a valorização do real dá-se apenas em parte pela política econômica do governo, embora esta seja mais pautada na fabricação de números do que em índices reais, mas também pela crise por que passam estados Unidos e Europa, mercados muito voláteis nos últimos tempos. E que os ditos investimentos internacionais são mais especulativos que reais. Dinheiro que pode sumir no tempo de um suspiro, bastando um espirro do Mantega;

3. Apresenta um contraponto àquilo que ele demonstra ser positivo, a queda real de juros (algo que quem vive a vida real e não a dos papéis manipulados pelo governo sabem que não é verdadeira): a queda no rendimento da poupança. Pior, ele arrisca o palpite de que os rendimentos serão negativos em 2011. Para três governos seguidos que arvoram-se de governar para os pobres, tornar negativo o único investimento financeiro da população pobre é mais um estelionato petista. Depois do rombo no caixa deixado pelo último governo, na ânsia de cobrir o buraco, não basta aumentar os impostos e criar novos, como a CPMF que promete voltar raivosa, já que a política econômica corre para ser decidida por decreto (outra prática condenada pelo antigo PT) e que o governo conta com o Congresso e o queijo nas mãos, retira-se dinheiro dos baixo assalariados para fomentar os falsos investimentos federais e mentiras oficiais como o PAC, natimorto ou moribundo desde o nascimento.

As fantasias mal intencionadas de Luís Nassiff justificam-se pela grana que ele recebe da Petrobrás, sem declaração pública que esse esse gasto por parte da empresa com um blog lido apenas pelos companheiros. Além disso, resumem-se às taxas de juros e suas razões, mas confesso que gostaria que ele tentasse explicar também os cortes no orçamento e aumento na Bolsa Família, a descontinuidade da compra dos caças franceses, a declarada privatização dos aeroportos (aliás, privatização era outra coisa que causava irritação, urticária e campanhas petistas), a exportação de matéria-prima e importação de bens manufaturados ao feitio do Brasil Colônia, a caixa preta de sua financiadora Petrobrás, o engavetamento do projeto do etanol como combustível mundial, a manutenção do Haddad na Educação mesmo depois dele ter desmoralizado o ministérios e suas ações, a maldita “autoridade olímpica” que dá carta branca aos agregados para mandarem e desmandarem nos fundos e decisões para a organização da Olimpíada e da Copa do Mundo... Enfim, muito mais mentiras o jornalista poderia tecer para justificar, ou defender, como ele prefere, as trapalhadas de governo tão jovem. Quanto mais histórias ele inventar, melhor para nós oposicionistas, que estamos de olho e não nos deixamos enganar tão facilmente.

 

@Marcos Pontes