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terça-feira, maio 31, 2011

Maconha, porquês do não II, a resposta

MACONHA NAO2

 

No meu último post lancei o desafio aos favoráveis à descriminalização da maconha para que lançassem novos argumentos defendendo sua posição, em troca eu os rebateria. Pois, bem, parece que o desafio foi “mais ou menos”aceito. Abaixo listo seis dos comentários deixados nono blog e, em itálico, respondo-os. Mas antes gostaria de deixar aqui uma impressão empírica que tenho em relação ao comportamento dos adictos e sugiro que os nobres leitores façam suas observações nas suas ruas, e círculos de conhecidos e vejam se não tenho razão.

É muito comum o adicto andar de cabeça baixa, usar da agressividade defensiva, como se quisesse afrontar a sociedade “falsamente moralista”, os “conservadores” e os “reacionários”, ou seja, todos os que se colocam contra seus vícios. Há uma falsa timidez quando em ambientes sociais, como se demonstrassem forçosamente uma “normalidade”. A que se deve isso? À culpa, à consciência de que seus hábitos e comportamento são ilícitos.

Esse meu comentário dá-se não à toa, mas pela quase totalidade de anônimos entre os que comentaram. Escondem-se covardemente nas sombras, motivo que me levaria a ignorá-los, não antidemocraticamente, como já me acusaram diversas vezes ao rejeitar comentários agressivos, mas embasado na própria Constituição Federal que faculta a todos os cidadãos liberdade de expressão, opinião, credo etc., porém veta o anonimato. Anônimos, portanto, são ilegais, assim como traficantes o são. Mas vou dar uma colher de chá a esses maconheiros dando-lhes o prazer de uma resposta.

Deixo também a observação que os erros de ortografia, gramaticais e de digitação dos comentários aqui reproduzidos são dos próprios autores. Mantive-os como digitados em minha caixa de comentários.

 

Anônimo 1 - Como não costumo comentar em nada que leio, estou como anônimo para ser mais rapido. Meu nome é Arthur. Quero dizer que, apesar de respeitar muito a tua opinião, gostaria de expôr a minha, em relação ao teu post, e não ao assunto em si. Primeiramente, posso afirmar que tenho um vasto conhecimento na área, principalmente em termos científicos. Realmente me decepcionei FORTE com os teus argumentos, pois eu queria que fizessem sentido. Dizer que maconha MATA NEURÔNIOS é uma coisa MUITO ultrapassada! admito que deu vergonha de ler isso, coisa que minha vó diria. te desafio a me mostrar o TRABALHO CIENTÍFICO que traga tais resultados. Aproveito para te falar que essa história surgiu a partir de experimentos com macacos, que eram submetidos a mais de 6h à fumaça da maconha (sem oxigênio), então o que acontecia era que eles sofriam com a ASFIXIA e não com o THC ou os outros componentes da maconha. Outra coisa BEM importante de salientar: COMO CULPAR E JULGAR CRIMINOSO O USUÁRIO DE UMA PLANTA MILENAR QUE NASCE NA TERRA SEM QUE SEJA PRECISO A INTERVENÇÃO HUMANA? Também acho que ignorar o fato, ou melhor, argumentar em cima do fato de defensores da legalização compararem com o Alcool/tabaco um ABSURDO. É a MAIOR PROVA da FALTA DE CRITÉRIO. Por último, mesmo querendo me alongar mais, gostaria de fazer outra pergunta: sabe quantas mortes foram ASSOCIADAS A MACONHA na HISTÓRIA DA HUMANIDADE? pois então, a resposta é ZERO. Compara com os números de Alcool/tabaco. Espero ter sido claro e não desrespeitoso. Um abraço.

Arthur, algo me diz que você não é tão anônimo como gostaria de parecer, mas, devido à sua notoriedade na vida política nacional, prefere esconder-se no pseudo-pseudônimo. O “mata neurônios” que você repudia, o faz com razão. De fato, a ciência comprovou que neurônios não morrem devido ao uso da maconha, mas têm seu funcionamento químico comprometido, o que explica a lerdeza que torna-se crônica no usuário contumaz, sua crescente dificuldade de concentração e cognitiva. O fato de ser “do tempo da sua avó”, não significa que é inverídico, apenas aprofundado em pesquisas recentes.O fato da planta ser milenar, desculpa, meu caro, mas esse, sim, é argumento chulo. O trigo também é milenar, assim como a coca e o arroz, a beladona e a cevada. Não é por ser milenar e “orgânica” que é boa. Usar a folha de coca não é crime entre povos andinos que a mascam, mas é crime mundialmente reconhecido entre os que a utilizam para produzir entorpecentes, e aí? Quanto às mortes relativas à maconha, realmente, são raríssimos os casos de overdose, mas menos raras são as mortes causadas por males de uso a longo prazo, fora as mortes entre donos de boca de fumo, traficantes em guerra por território, devedores das “bocas”, pequenos produtores enxotados por plantadores da droga, principalmente no Paraguai... Morrer de maconha não significa necessariamente morrer de overdose.

O lance das mortes é uma armadilha. Quem lidou com um filho usuário ou com pacientes sabe e presencia(ou) crises psicóticas aliadas a estados depressivos com tendências suicidas. Se a maconha não provoca mortes diretamente pode, sem dúvida, provocá-las indiretamente, pelos efeitos do uso prolongado e/ou concomitante com outras drogas. Por isso, à maconha não deve ser debitada a exclusividade de um índice maior de suicídios entre seus usuários. Os usuários misturam tudo, liberando a maconha vêm as outras drogas...e os coquetéis vão ficando bombas atômicas contra o cérebro. Mistura de crack com maconha, o mix que compõe “o produto” leva solvente, ácido, talco, mármore e outros componentes menos nobres ainda. O uso de maconha com álcool é comum e conhecer os processos usados pelo organismo para metabolizar a droga é suficiente para saber porque o corpo vai à lona e pode não se levantar mais: alguns canabinóides deprimem o centro do vômito que, como se sabe, é uma espécie de defesa do indivíduo alcoolizado para eliminar o álcool do organismo; ora se o vômito não ocorre, por estar deprimido o seu centro pela ação da maconha, é lógico que o risco de morte é muito mais pronunciado.

Anônimo 2 - não consegui ler, texto muito parcial.

O que seria um texto imparcial? Aquele que defendesse a descriminalização ou um texto essencialmente científico? Este blog não tem caráter científico e em momento algum eu defenderia a droga. Desde o título já deixei claro que sou contra a droga e sua descriminalização sou, portanto, parcial, sim. Imparcialidade é para jornais e covardes, sendo que no primeiro caso ela já não mais existe.

Anônimo 3 - O problema não é se faz mal ou não...
A questão é eu poder fazer o que eu quiser, já que Deus me deu livre arbitrio...
E pesquise melhor pois a Holanda beneficiou-se com a legaliação das drogas..Se você se informar melhor, ao invés de ctrl+c ctrl+v, saberia que lá se tem a menor taxa de overdose do mundo...

Deus lhe deu o livre arbítrio para usar e a mim o livre arbítrio de repudiar o uso, o comércio e a descriminalização. Teu livre arbítrio é melhor que o meu? Fumar ou não fumar é uma questão individual, moral, mas é também uma questão ética, voltada para o coletivo: em qual sociedade o consumidor de drogas escolheu viver? No tocante à Holanda, leia isso, meu caro: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache%3Akpd7sTheqLwJ%3Awww.drugtext.org%2Flibrary%2Farticles%2F902106.htm+Dirk+Korf+against+legalizatio+of+marijuana&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br

Anderson - Artigo e opinião lamentáveis. Sem embasamento, repleto de preconceitos e diversas tentativas frustradas de conduzir o assunto por meio de argumentos sem fundamento. Só interessa ao traficante ver a droga na ilegalidade. Tenho vários amigos que usam maconha, e já cansei de ouvi-los dizer que se fosse vendida legalmente comprariam-na, sem medo de subir um morro ou entrar em uma favela perigosa só para comprar algo que nunca fez mal a eles ou a outros. Regular o uso e a venda da maconha é retirar uma quantia gigantesca de dinheiro das mãos dos traficantes. Enfraquecer o crime organizado, retirando sua principal fonte de renda pode evitar que o meu ou os seus filhos futuramente estejam na mira da arma de um bandido comprada com o dinheiro do trafico. Será que ninguém vê isso?
Tem mais: droga usa quem quer. Não vai ser a regulação que vai criar mais dependentes. Isso é tarefa dos pais fazer. Ensinar a seus filhos o que podem ou não fazer. A tarefa do governo é combater a violência.

Volto a usar da mesma arma do interlocutor: comentário e opinião lamentáveis. Se meus argumentos não têm fundamento, mostre-me fundamentos que rebatam os meus, argumente com fatos, dados científicos, pareceres de profissionais que tratam de drogados e estudem as conseqüências do uso da deusa cannabis. Pelo que parece, seu ambiente é prenhe de consumidores da droga, o que me leva a crer numa defesa cega dos amigos e, quiçá, de seus próprios hábitos. A “quantia gigantesca” de dinheiro das mãos dos traficantes é um exercício de futurismo sem qualquer antecedente que o comprove. Um dos achismos a que me referi no texto anterior. Não se esqueça do nosso sistema policial, judicial e carcerário viciado. Traficantes continuariam agindo ou migrariam para crimes mais violentos, jamais dariam seus lucros de mãos beijadas para o estado,e as autoridades sócias do crime continuariam cobrindo-lhes as costas. Isso aqui não é Suíça e nem tem quem regule devidamente agentes públicos bandidos.

Anônimo 4 - Por mais que os conservadores queiram "acabar" com a maconha, isso nunca vai acontecer. A milhares de anos todas as culturas das mais variadas partes do mundo usam algum tipo de "droga" para alterar a consciência.

Acabar com a maconha não é possível, isso é sabido, mas permitir que ela ocupe espaço lícito em nossa sociedade é dar o braço a torcer, é admitir a incompetência dos poderes públicos em combater sua ação nociva.As drogas ritualísticas utilizadas há milhares de anos não precisam e nem podem ocupar as ruas, não precisamos desses rituais urbanos de batalhões de gente sequelada. Ilegal e oprimida a maconha já causa muitos estragos, liberada não há qualquer estudo que tais problemas seriam minimizados.

Anônimo 5 - Marcos, vc tem uma grande parcela de razão no que disse. Porém, ao comparar o álcool a maconha e o tabaco, e igualá-los em relação ao grau nocividade, é ignorância pura.
Não há estatísticas, muito menos pesquisas que provem que a maconha dá câncer de pulmão.
E nunca ouvimos falar de alguém que bateu o carro ou espancou a mulher por causa de maconha. Não estou defendendo a maconha, pois todas estas substâncias são drogas!
Concordo que deveriam liberar tudo ou proibir tudo. Porque, sejamos realistas, o álcool e o tabaco só são lícitos, devido ao tamanho da indústria que gera bilhões e bilhões. E se o álcool fosse proibido, todo mundo iria discriminá-lo.
Não vai ser um governo através de leis, ou algum texto intelectual que vai formar minha idéia e dizer o que é certo ou errado. A vida é o melhor e maior professor!

Comparar maconha a álcool e tabaco não foi invenção minha, muito pelo contrário, é um dos principais argumentos de quem defende a legalização da droga. Não me impute a responsabilidade da argumentação alheia. A citei como resposta e não como defesa antecipada. Quanto à agressividade no organismo quem pode afirmar são os cientistas, não correrei esse risco, mas, fato, nunca vi um bêbado assaltar, matar ou furtar as coisas da própria família para comprar uma garrafa de cachaça, já para comprar um “beck” ou uma “carreirinha”, isso é mais comum do que nevar nos Alpes. Também não creio que o governo e as leis devam se meter nas decisões pessoais, se o cara quiser fumar maconha, problema dele, mas optar por isso, deve estar ciente que é crime, que em nada contribui para o engrandecimento da sociedade, de sua própria família, da cultura, da erradicação dos outros males do planeta.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, maio 30, 2011

Maconha, porquês do não

maconha

 

Aludo a uma parábola futebolística, de que é grande adepto o ex-presidente (que continue ex para todo o sempre), para reafirmar minha posição em relação à volta de Fernando Henrique Cardoso na mesma semana em que ressuscitaram o ex de triste memória.

Pelé soube a hora de parar, embora só o tenha feito após a quarta despedida. Depois dele a despedida de jogadores de grande nome tornaram-se grandes acontecimentos, com jogos de seleções, amistosos de amigos de fulano contra inimigos de sicrano e tal e coisa. Alguns não souberam parar, como Romário, que esperou o corpo dizer que não conseguia mais dar dois passos sem ser vítima de contusão. Pois na política também há de saber o momento de parar.

FHC é respeitadíssimo dentro e fora do Brasil, inclusive pelos asseclas de Lula, que, por recalque, inveja ou coisa melhor a fazer não perdem a oportunidade de comparar os dois, como se fosse possível comparar carneiro com camelo, mas perdeu a boa oportunidade de calar-se no que se refere à descriminalização da maconha, idéia que ele já defendia quando ainda ocupava o Palácio do Planalto e adjacências.

Em 2009, numa blogagem coletiva no dia 26 de junho, Dia Internacional de Combate às Drogas, postei o texto abaixo em que justificava minha posição, que, a despeito dos muitos e mesmos argumentos dos defensores da descriminalização, não mudou um milímetro. Pelo contrário, achei até novos argumentos que acrescento no final do texto.

Completamente Contra

Na história é comum encontrarmos mentiras repetidas tantas e tantas vezes e com mais convicção e detalhes a cada vez, que acabam se tornando verdades. Principalmente porque preferimos receber as informações mastigadinhas, de modo a não termos que pensar, e cheia de detalhes e argumentos, que não tenhamos que pesquisar. Mesmo que os tais argumentos sejam falaciosos.

Qual a cidade que não tem a “loura do cemitério”? A fórmula da Coca-Cola contém cocaína; Hitler está vivo e morando na Argentina; Elvis também está vivo e escondido, cansado do assédio dos fãs e da imprensa; qualquer coisa que passe pelo Triângulo das Bermudas é transportado para outra dimensão; João Paulo II assassinou João Paulo I ou algo do gênero; a CIA assassinou Marilyn a mando dos mafiosos; Xuxa viu duendes... Aliás, é capaz de aparecer gente por aqui que acredita em, pelo menos, uma das lendas acima. Normal.

Em relação Às drogas, seu consumo. Comercialização e efeitos, também não são poucos os mitos e achismos, alguns defendidos com convicção por ignorância ou interesses pessoais, repetidos e aumentados até que se tornem verdades irrefutáveis. Algumas dessas teorias, sempre acrescidas de “profundas bases científicas”, são usadas pelos defensores da legalização e/ou da descriminalização do uso e/ou do tráfico de substâncias psicotrópicas. Como sou careta das antigas, cheio de princípios éticos e morais herdados de uma educação mais ou menos conservadora, me oponho tanto à descriminalização quanto à legalização e me permito rebater vários argumentos dos droguistas, mesmo que sejam apenas com meus próprios achismos, já que eles vêm cheios de achismos alheios.

A propósito, sou contra também a descriminalização do usuário. Se eu comprar um relógio roubado, legalmente sou receptador e tão criminoso quanto o ladrão. Pois se a produção, tráfico comercialização de várias drogas é ilegal, ilegal também é que as consome e banca os crimes anteriores. O consumidor das drogas ilegais e o receptador do relógio roubado.

1. A maconha é uma droga leve.

“O THC tem uma propriedade bem curiosa, gruda em algumas moléculas das paredes dos neurônios de animais, até mesmo do homem, tais moléculas são conhecidas como receptores de canabinóides, quando ocorre a ligação o receptor opera sutis mudanças químicas dentro da célula, mas não se sabe dizer ao certo quais são elas.“(http://www.brasilescola.com/drogas/maconha.htm)

O THC se liga aos receptores neuronais responsáveis pelo controle da dor e se influencia diretamente no sistema nervoso central, não pode ser considerada uma droga leve, pra início de conversa. E por não ser leve, já é sabido que ele destrói neurônios de forma irreversível por serem justamente os neurônios que não se regeneram (alguns se regeneram, ao contrário do que se cria até há alguns anos).

Como se isso tudo fosse pouco, a Cannabis sativa tem passado por um processo de “melhoria” genética que a tornou potencialmente muito mais perigosa do que aquele fumada nos anos 60 como símbolo de renovação da mentalidade mundial. Bah!

2. A legalização diminuiria a violência porque os traficantes querem a legalização.

Cascata. O traficante pode ser a favor da legalização pró forma porque esta legalização seria um salvo conduto do governo para que ele continuasse praticando o que antes era crime, só que com a chancela do Estado. Todos os crimes praticados antes da legalização seriam anistiados, o que faria do traficante de ontem um honrado cavalheiro pagador de impostos hoje.

Mas voltemos à violência. A parte legalizada recolheria impostos, como todo negócio legal, mas o governo ficaria com uma parte muito grande do negócio, o que levaria a um mercado negro em que o traficante ficaria com todo o lucro. Isso já ocorre hoje com o tabaco e o álcool, por exemplo, obras legalizadas, mas que contam com um enorme tráfico, principalmente via Paraguai.

O Estado permitiria a comercialização e a produção das drogas ou seriam criados laboratórios e plantios também legalizados? É para isso que o cidadão que não consome drogas, um percentual esmagadoramente maior do que os consumidores, pagam impostos, para ser criada um “ministério dos bacanas”? Isso causaria protestos e, provavelmente, não passaria no Congresso.

Paralelamente a isso, os policiais, juízes, parlamentares e demais autoridades que se corrompem para darem cobertura a traficantes, e elas são muitas, não ficariam satisfeitas com a perda desse ganha-pão e partiriam para outro tipo de crime. Isso ocorre hoje, por exemplo, como ocorreu em São Paulo e Rio de Janeiro, onde as polícias investiram pesado contra os sequestros. Os sequestradores viraram cidadãos legais? Não, migraram para outro tipo de crime, como tráfico de drogas e assaltos a bancos ou assaltos a condomínios de luxo. A legalização e consequente fim da corrupção por esse motivo, levaria os bandidos a partirem para outra modalidade de crime ou ao próprio mercado negro.

3. Na Holanda os crimes diminuíram com a legalização.

Bobagem. A Holanda nunca esteve nas estatísticas de violência ou produção de drogas. O país era fim de linha, um país de consumidores, não de produtores. Aliás, hoje é um país produtor de ecstasy, que é uma droga sintética e não produto “natural” ou substrato direto como o haxixe, o ópio e outras drogas manufaturadas diretamente de um vegetal.

A Holanda não é comparativo econômico ou social para o Brasil. Vivemos realidades diferentes em todos os campos. Independentemente disso, o que se vê na Holanda atual é um questionamento sobre os ganhos e perdas que a legalização trouxe. O país virou destino dos bichos-grilos europeus, o que tem causado sérios problemas na rede de saúde pública e no tratamento dos adictos.

Há muita coisa na internet sobre isso, basta procurar um pouquinho para se informar. Seria cacete colocar tudo aqui.

4. Maconha não vicia.

Isso nem merece comentários mais alongados. Qualquer um com mais idade que um préadolescente conhece pelo menos uma pessoa que “fuma socialmente” seu charo. Que seja. Então, desafie esse xinxeiro social a ficar três dias sem dar um tapa e vai ver um sujeito subindo de costas pelas paredes.

Os especialistas que o digam, tem gente muito mais capacitada a descerrar o assunto, mas que a bicha vicia, vicia.

5. Maconha é natural, por isso é saudável

Poderia listar aqui algumas dezenas de substâncias 100% naturais que matam sem muito trabalho: curare, veneno de viúva negra, "todesstuhl" (a toxina de cogumelos venenosos), tetratoxina. Oxalato de cálcio, toxialbumina, alguns alcalóides, glicosídeo cianogênico (encontrado na mandioca brava), saponino (encontrado em hera), … O THC não mata, mas é veneno, é substância tóxica, é peçonha. Se pode aliviar as dores de doentes como cancerosos, por exemplo, pode causar ainda mais males em quem não precisa dele como remédio. É remédio que mata a longo prazo.

São muitos os argumentos dos defensores das drogas e todos eles são refutáveis, menos aquele do usuário que, defendendo causa própria, defende a legalização porque acha as drogas boas. Se é uma questão de gosto, não há como discutir. Assim também não aceito que refutem esse meu argumento: droga não presta, é uma merda e deve ser coibida de todas as formas, inclusive por repressão policial, criminalização do usuário, mesmo ele sendo considerado um doente, mas é também o financiador do crime, e proibição total, geral e irrestrita de qualquer substância psicotrópica, a não ser as utilizadas como medicamentos legalizados e com controle rígido da vigilância sanitária, ministério da Saúde e todos os organismos públicos responsáveis pela farmacologia e medicamentos nacionais.

6. Haveria superlotação de presídios se se mantivesse a criminalização do usuário

Não é necessário que o usuário seja colocado em mesmo presídios que traficantes e assassinos. Já que os defensores da descriminalização titulam os usuários de doentes, pois que se lhes dê tratamento. Que sejam criadas colônias penais e laborais, bem ao feitio das clínicas particulares, em que o interno tem de trabalhar, seja na roça, em carpintaria, em oficinas de arte ou artesanato, produzindo para manter-se ocupado com algo útil e para ajudar a manter os custos da internação.

Não são poucos os crimes que o usuário financia, do tráfico aos assassinatos de gangues em guerra pelo domínio de territórios ou na cobrança de dívidas dos usuários mal pagadores. Indiretamente, já por conta do vício, não são raros os usuários que praticam roubos e furtos para se autofinanciarem.

Ah, diriam os meus opostos, está aí mais um motivo para a descriminalização, acabariam os traficantes. Bom, a isso eu já respondi no item 2.

7. O álcool e o tabaco são tão ou mais nocivos do que a maconha

Aí acontecem dois fenômenos típicos da falta de argumentação e do relativismo esquerdista: a relativização em si e a justificativa de um erro com a prática de outro. O próprio governo de FHC, em que José Serra era ministro da Saúde, houve guerra cerrada contra o tabagismo, que persiste ainda hoje e não digo que esteja errada, e campanhas sólidas contra o alcoolismo, a venda de bebidas para menores e várias outras medidas efetivas ou subliminares relativas à questão. Grande ganho para o país, mas enquanto o ministro remava num rumo, o presidente ia na contra-maré.

Quanto a qual droga ser mais nociva, não há qualquer estudo científico comparativo, o que a ciência afirma é que as três drogas são nocivas, matam, causam prejuízos pessoais, sociais e familiares, além dos já amplamente conhecidos prejuízos financeiros. Essa argumentação é típica de crianças que chamadas de feias rebate, “feio é tu” ou “tu é mais feio que eu”. Se são todas nocivas, que sejam banidas todas.

Um caráter que jamais aparece nas pesquisas científicas e na sua divulgação alarmante pela imprensa é o caráter genético da predisposição, talvez por ser algo ainda muito difícil de mesurar, mas os cientistas sérios, mesmo sabendo da existência da pré-disposição genética à adicção, não se arriscam a determinar seu percentual de influência. É mais ou menos como dois amigos encontrarem-se diariamente após o expediente para tomarem uma cervejinha. Um dia um deles percebe que esta rotina está lhe fazendo mal e para de beber enquanto o outro não domina aquilo que tornou-se vício e já não consegue ser dominado. O segundo tem a predisposição à dependência que o outro não tem.

Mais itens poderiam ser acrescidos a esta lista, mas, se é que alguém chegou até aqui, ninguém teria paciência de ler tanto, mas, aos contrários aos meus argumentos, desafio: coloque nos comentários seus pontos a favor da descriminalização que terei prazer de rebater um a um. Já perceberam que minha posição é irremovível, né? Pois vamos ao debate, pois. Abrir as pernas para viciados e traficantes é, antes de qualquer coisa, assinatura de atestado de incompetência em enfrentar os males prévios e posteriores ao vício pelos governos, governantes e apaniguados.

Ah, antes que eu me esqueça, maconheiro é um bicho chato pra caralho!

 

©Marcos Pontes

sábado, maio 28, 2011

Você é vitima, coitadinho


Certo dia eu e o Almirzinho fomos visitar um amigo comum, o Mário, que tinha um filho com dois anos e pouco de idade, o Pedro. Mário e Almirzinho eram músicos e eu arriscava escrever algumas letras de vez em quando. Sentados em cadeiras na varanda discutíamos música, cantávamos alguma coisa enquanto o Pedro brincava ao redor, pulando, correndo, gritando, coisas de um quase bebê. Num determinado momento o Pedro tropeçou e caiu aos pés do Almirzinho. De pronto levantou-se e já se preparava para voltar às suas peraltices, mas o Almirzinho, com aquele tom de voz que costumamos usar com as crianças, meio tatibitati, como se o consolasse, começou com um “tadinho do Pedrinho. Chora não, bebê, não foi nada, só um tombinho”. O Pedro não ameaçava chorar, pelo contrário, queria era voltar às brincadeiras.

Sem tocá-lo, o Almirzinho continuou: “ô, dodói, Pedrinho. Num chora, se der um beijinho passa, logo, logo para de doer. Ai que peninha...”. E insistia que o garoto havia se machucado. Aos poucos vimos o sorriso sumir do rosto do Pedro, sua boca arqueando-se para baixo, as lágrimas vindo aos olhos. Quanto mais o Almirzinho a consolava, mais a criança passava a sentir pena de si. Não demorou, Pedrinho abriu o berreiro, se jogou no colo do Almirzinho e o deixou afagá-lo para consolar a dor que não sentia.

A cada tentativa da esquerda de vitimizar partes da sociedade, me lembro desse episódio. Que no Brasil sempre houve desequilíbrio social, racismo, discriminação contra velhos, deficientes físicos, índios, macumbeiros e outros muitos grupos, isso é sabido, embora disfarçado ao longo da história. Para minimizar isso algumas leis foram criadas, outras aperfeiçoadas, a mais famosa delas a Lei Afonso Arinos que tornou crime o racismo – volto a dizer que não concordo com essa terminologia por não reconhecer raças nos seres humanos. Raça é a humana, o resto são etnias.

Há décadas é permitido ao cidadão recorrer à justiça sempre que se sentir ultrajado, discriminado, ofendido, caluniado, difamado ou injuriado, mas não basta à esquerda conscientizar as potenciais vítimas, cada um de nós, de seus direitos legais, tem de vitimizar-nos, de preferência em grupos, para que seu intento tenha mais notoriedade e os resultados massificados. É como se chegasse a um negro, por exemplo, e insistisse na idéia de que ele é discriminado, mesmo que o indivíduo jamais tenha sentido-se excluído. “Meu querido afroamericano, a sociedade o discrimina”, aí o cara diz “não, jamais fui discriminado. Sempre fui bem tratado, estudei na mesma escola em que muitos outros negros e brancos estudaram, tive as mesmas oportunidades e tentei minha ascensão social em igualdade de condições”. Porém, a esquerda insiste, “não, querido, isso é apenas o que a elite branca permite que você ache. Hoje você é apenas um diretor da empresa, por que não é o presidente, ao invés daquele branco europeu? Porque ele é favorecido pela cor da pele”. O negro ainda não vê assim, insiste, “o currículo dele é melhor que o meu, ele tem doutorado em Harvard, tem vinte anos mais de experiência que eu, está há dez anos a mais que eu na empresa, é justo que ele presida, um dia talvez eu chegue lá”. Mas a coitadização ideológica não se deixa vencer com essa argumentação e continua insistindo, tanto argumenta e mostra seus fatos que o negro começa a duvidar de que o processo é transparente, passa a crer que por trás das aparências há uma manipulação conspirativa para usá-lo como escada para que a elite branca se promova às custas de seu suor negro. Por fim, cede. Percebe que jamais será alguém sem o respaldo humanitário da esquerda maravilhosa e torna-se mais um militante do socialismo redentor.

Esse exagero fictício repete-se deveras no dia a dia. Dividindo a sociedade em guetos, negros-vítimas, índios-coitados, mulheres-ultrajadas, pobres-explorados, gays-massacrados, crianças-bulinadas, wiccas-incompreendidos e dezenas de outras minorias são cooptadas com a argumentação de que são todos vítimas dos que estudaram, se esforçaram, aproveitaram as oportunidades que o sistema lhes deu e, meritocraticamente, assumiram a gerência das empresas, da produção e do país.

Com esse exército à paisana, mas uniformizados como os coitadinhos, a esquerda avança galgado na empatia que demonstra pelos fragilizados.

Termos como “releitura” e “desconstrução” tornam-se populares por meio de artistas cooptados, jornalistas e lideranças comunitárias, mas nada mais são do que a demonstração de que o que já existia tem de ser destruído para que a nova ordem se fixe. As minorias que, somadas, tornam-se o quase todo, são o apoio do qual é retirada a capacidade de análise imparcial, lobotomizada, crédula por ter suas fraquezas e inferioridade expostas na insistência do coitadismo de que fizeram com que acreditassem serem vítimas.

Mas nem só com idéias compram-se consciências, há a necessidade material, e aí surgem os programas sociais, as bolsas, os empregos, as assessorias, as ONG, o apoio estatal, as leis discriminatórias às avessas, o poder não meritório dado às vítimas que, revanchistas e raivosas, tornam-se elite, mas continuam no discurso vazio contra as elites. Palavras de ordem são plantadas na mídia e gente que se diz tão culta e capacitada as repete como verdades absolutas.

Usando da força da insistência dos discursos repetitivos, a esquerda ganha simpatia e manda e desmanda. Seus chefes fazem fortuna usando a igualdade social, contando com a desculpa repetida pela sua convicção delirante e desonesta na ilusão de que as palavras mudarão a realidade. Premissa que não sustenta um minuto de suas vidas que ao contrário do que afirmam não se encarna em discurso mas na experiência vivida.

©Marcos Pontes e Beatriz Mecozzi Moura



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terça-feira, maio 24, 2011

Revolução ofídica

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A Revolução Francesa tinha como objetivo destruir a monarquia e instalar a república, Isso qualquer estudante do ensino médio sabe, ou deveria saber, dada a péssima qualidade da educação nacional.

Para chegar lá, os republicanos teriam como primeira etapa destruir toda a simbologia monarquista. O propósito era o bem comum? Teoricamente, sim, mas o populacho foi o exército gratuito utilizado para levar a cabo os desejos da burguesia ambiciosa que jamais chegaria ao comando da nação.

Contra a monarquia também fez-se também a revolução bolchevique, em 1917, e várias outras revoluções em tempos e locais distintos ao redor do globo. Em alguns casos a figura imperial foi deveras substituída pelos presidentes e primeiros ministros, em outros o monarca de coroa foi substituído por oligarcas com faixa presidencial. Em comum havia a guerra civil e a mortandade de compatriotas. Em nome de uma causa, a manipulação dos insatisfeitos por meio de propaganda, promessas e uma imagem de sensíveis na luta contra a opressão, a miséria e a obsolescência da máquina estatal divulgadas pelos candidatos a assumirem o poder.

Os Estados Unidos e seus aliados, insatisfeitos com a postura do Eixo destruíram o Japão e o reconstruíram à sua imagem e semelhança, o mesmo na Coréia do Sul, Alemanha Ocidental, Vietnã do Sul, também em épocas diferentes, mas utilizando o mesmo método: a guerra.

Pacientemente, seguindo a nova tática gramsciana, a esquerda também preparava sua revolução, hoje em pleno curso, silenciosa e paulatina, sem sangria, mas com a semelhança da destruição de símbolos antigos e pré-estabelecido propósito de reconstruir o mundo ao seu jeitinho.

Todos os líderes mundiais estão de acordo com essa tática, têm conhecimento dos tentáculos vagarosos, longos e múltiplos que, à imagem dos filmes de terror B dos anos 50, passam por baixo da porta para estrangular suas vítimas na surdina? Não. A maioria deles são apenas instrumento de mentes bem mais argutas, preparadas e calculistas. Lula e Dilma, por exemplo, não têm a malícia e nem a prepotência de Putin, que restabelece mansamente a república soviética, sem comunismo, mas com todos os vícios que o antigo regime tinha em que havia uma pirâmide encimada pela casta política e economicamente privilegiada, algo completamente oposto à pregação de Marx.

Zapatero é outro exemplo de esquerdista ofuscado pelo brilho do poder, mas apenas uma ferramenta nas mãos daqueles que, à imagem de Greenhalgh, Mangabeira Ünger, Frei Betto e outros muitos cérebros pensantes da esquerda brasileira, mexem os cordéis que fazem seu títere andar, pular, falar ou fingir de morto.

Pregar contra as instituições religiosas seculares, levantando a bola das novas teologias e inúmeras religiões é uma faceta muda para as grandes massas desse avanço gramsciano da nova ordem que vem se estabelecendo calcada no politicismo correto.

As forças armadas, mundo a fora são outras vítimas de campanhas contumazes; o ensino tradicional é bombardeado pelas novas pedagogias como, por exemplo, o tão enaltecido construtivismo dos anos 90, hoje já demonstrado ser uma farsa. Destruir a escola tradicional ao invés de aperfeiçoá-la não é à toa, mas parte do plano.

Teoria conspirativa? Não, conspiração de fato.

Destruir as gramática, como o episódio amplamente divulgado e discutido dos livros espalhados pelo MEC em mais de 4000 escolas públicas em que se encontram erros absurdos de regras gramaticais também não é à toa. “Destruamos o que é velho para construirmos tudo novo, inclusive a gramática, que deve ser escrita pelo povo, não por letrados, cultos e acadêmicos estudiosos. O estudo é coisa pequeno burguesa, elitista, não serve para nós, povo oprimido e vítima dos senhores da indústria”, pode ser assim traduzido o discurso desses senhores e se os olhos e ouvidos lerem as entrelinhas, é exatamente isso que vai encontrar.

Estudo, ciência, tradicionalismo, mérito, ética, moral, religiosidade e o que mais houver de estabelecido na cultura mundial há de ser arruinado, assim, sem valores, metas e lideranças, os esquerdistas revolucionários aparecerão em cena fantasiados de salvadores do planeta, braços dados com as minorias que vêm cooptando, sejam negros, gays, evangélicos, ecologistas, feministas e qualquer outra classe ou categoria que aceite vestir a carapuça de vítimas e oprimidos históricos. Não será de estranhar que a nova revolução francesa nasça em França, esquerdista de longa data e primeiro refúgio de ditadores depostos no decorrer das várias décadas do século 20, e de comunistas banidos por ditaduras de direita.

Como a primeira revolução francesa, a revolução bolchevique, a reconstrução japonesa, a nova revolução começa pela destruição dos símbolos dos regimes atuais, a diferença é que não se faz isso pela força das armas, mas com a força da pena, que é muito mais forte e permanente do que a força da espada, como já ensinara Voltaire e Gramsci assimilara muito bem, transmitindo essa assimilação e seu emprego prático e paciente aos dissimulados que aplicam isso ideologicamente hoje. Se o sangue jorrar, será no final do processo, quando a maioria de hoje estará tão fragmentada que as “minorias” unidas a esfacelarão facilmente.

O novo não significa necessariamente o melhor, aliás, muita coisa nova é infinitamente inferior em qualidade e conteúdo do que seus similares de algumas décadas atrás. Toda a vigilância contra a manipulação individual e das massas é porca diante da ardilosa revolução tácita que avança sorrateiramente.

 

©Marcos Pontes

domingo, maio 22, 2011

Mudar para ficar igual

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O que será mudado na reforma política? Muito pouco e somente aquilo que não prejudique os políticos, em primeiro lugar; seus partidos, na sequência; o governo federal, que tem o apoio da maioria do parlamento; os governos dos estados, porque assim os políticos poderão discursar que ajudaram seu estado quando na verdade estarão ajudando seus governadores; e, se sobrar tempo, argumento e alguma pouca vergonha, os eleitores.

Ricardo Berzoini colocou-se contra o voto distrital. Por que? Porque na capital, onde ele está domiciliado politicamente, a concorrência eleitoral é enorme, uma briga de foice no escuro. Aí ele pode ir pedir votos no terreiro do vizinho, lá pelos interiores, onde a concorrência se dilui e candidato que não tem grana não consegue fazer campanha. Com a máquina petista se alastrando e ele, Berzoini, galgado à condição de um dos cardeais do partido, lhe sai barato fazer campanha em todo o estado, do litoral a Lins, da fronteira com Minas à divisa como Paraná. Passando o voto distrital, Berzoini teria que ficar restrito à capital e seus trezentos mil candidatos, diluindo sua influência.

Citei Berzoini, mas o mesmo vale para todo coronel político de qualquer estado. Na Bahia, por exemplo, José Carlos Aleluia, deputado federal não eleito senador na última campanha e hoje sem cargo eletivo, jamais colocou os pés no sul do estado, salvo como papagaio de pirata de ACM, vez por outra, mas, mesmo derrotado, teve muitos votos na região entre Camacã e Teixeira de Freitas. A força da televisão, números fáceis de decorar e cabos eleitorais espalhados fazem com que a propaganda fixe-se na cabeça do eleitores mais desavisado, aquele que não pesquisa sobre o passado dos candidatos,e assim Berzoini e Aleluia são votados por eleitores que sequer sabem que apito eles tocam.

Explica-se porque PT e DEM defendem alguns mesmos pontos que em nada ajudariam o cidadão. Podem não ajudar o eleitor, mas não arranha o status quo dos políticos e é isso que vale, no final das contas.

O mais absurdo dos absurdos é o ressuscitamento do voto vinculado, tão criticado pelo PT, MDB e as oposições do final da ditadura. Percebendo que perderiam as eleições nos últimos estertores dos generais, a situação de 82 criou o voto vinculado que consistia na obrigatoriedade do eleitor em votar em candidatos do mesmo partido, do rabo às tetas, de governador a vereador. Se não procedesse assim, o voto seria cancelado. O PDS contava com o grande número de anulações como aliado para não levar a lavagem que, mesmo assim, ocorreu. Pois o mesmo PT, em mais uma demonstração de sua arrogância, dissimulação e falta de moral política, lançou a idéia do voto em lista e a defende na reforma política. Pois o tal voto em lista nada mais é do que o voto vinculado em sua versão muito piorada.

O voto vinculado da ditadura era mais democrático que o voto em lista do PT que, graças a Deus, ainda conta com a discordância de parte dos seus aliados. No voto vinculado o eleitor poderia escolher seus candidatos, desde que fossem do mesmo partido; no voto em lista defendido pelo PT, o candidato não escolheria os candidatos, mas a lista. Por gostar do candidato A, teria de levar todos os demais na carona da lista em que o candidato A se encontra. É muito pior do que o tal suplente a senador, um sujeito que não recebeu um voto sequer, mas pode assumir o cargo se o titular for impedido. A propósito, isso também não deverá ser mudado. Por que? Basta dar uma pesquisadinha em quem são os suplentes dos manda-chuvas do Senado atual: o senador João Pedro (PT-AM), suplente do senador Alfredo Nascimento (PR-AM), voltou a exercer o mandato no lugar do titular, que assumiu o Ministério dos Transportes; os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) assumiram os Ministérios de Minas e Energia e da Previdência Social, respectivamente. Assim, Edison Lobão Filho (PMDB-MA) exercerá o mandato do pai por ser o primeiro suplente da chapa e Paulo Roberto Davim (PV-RN) substituirá Garibaldi Alves; Aloizio Mercadante (PT-SP) assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia e Ideli Salvatti (PT-SC), o Ministério da Pesca e Agricultura. O suplente de Ideli, Luiz Carlos João (PT-SC), tomou posse na última segunda-feira (3) para completar o mandato da senadora. Já o suplente de Mercadante, José Giácomo, ainda não entrou em contato com a Mesa Diretora para tomar posse (texto retirado do site do Senado). Aqui citados apenas os suplentes que assumiram a titularidade no início dessa legislatura, mas a quase totalidade dos senadores tem um parente, marido, filho, como suplente. Por que eles quereriam mudar as regras em que sempre saem ganhando?

O financiamento de campanha, outro ponto que deverá passar, poderia até ser uma solução para a corrupção, se: 1. Os políticos fossem honestos; 2. Não fosse criado um imposto ara esse financiamento. A bem da verdade, tal imposto ainda não foi cogitado publicamente, mas conhecendo a esquerda, ávida por dinheiro como ela é, não me surpreenderá se o governo, aprovada o financiamento público, crie essa taxa; 3. Não sejam desviados recursos para privilegiar os candidatos que corromperem os responsáveis pela liberação dessa verba ou para privilegiar os próprios responsáveis pela liberação que farão fortuna por conta da candidatura dos outros. Ah, mas aí estou sendo pessimista demais. Sim, estou, mas isso porque já sou vacinado contra a imoralidade e a desonestidade crônicas na administração pública do Brasil, independentemente de quem o esteja administrando.

O financiamento público, que passaria a ser o único financiamento legal, não impediria que algum “amigo” de candidato lhe desse o presentinho de alguns out-doors, uns milhares de panfletos e cartazes, a “simpatia” de algum apresentador de televisão famoso ou um cantorzinho brega e bem popular. Como um dos maiores problemas da máquina estatal é a falta de fiscalização, os desmandos com dinheiro público e caixa dois longe dos olhos dos fiscais tornariam ainda mais podre a política mal cheirosa com que temos que conviver.

E quantos candidatos apareceriam sem qualquer esperança de elegerem-se, principalmente dentro dos municípios, apenas de olho na bolsa-corrupto? E quem proibiria qualquer cidadão filiado de candidatar-se se até fichas podres se elegem sem qualquer empecilho?

A proporcionalidade de votos para vereadores e deputados é outra coisa incompreensível para o eleitor comum e sem explicação democrática. Como explicar que um sujeito que teve um voto se eleger enquanto um outro com 100 votos não? Casos assim não são raros. A cada eleição vemos relatos do tipo. E um voto não é exagero, isso ocorreu com uma vereadora de, não lembro que cidade, de Sergipe. Outro exemplo é o do Tiririca, para pegar um caso bem conhecido. Do alto de seus mais de um milhão de votos, o deputado federal levou mais cinco com ele, candidatos que não teriam se elegido se fossem computados somente os votos absolutos.

E qual o interesse em se manter esse sistema? Simples. Os partidos mais populares, como PT, PMDB, DEM e PSDB elegeriam mais gente, uma vez que os votos em legenda, além do efeito Tiririca, colocariam nas assembléias estaduais, na Câmara Federal e das câmaras municipais os caronistas, gente que se pendura na popularidade de uns e na força da legenda para se elegerem. Não fosse a proporcionalidade, muita gente que está empossada sequer teria chegado perto da legislatura.

Os velhos vícios manter-se-ão e novas aberrações, como o voto em lista, serão incorporados à nova legislação eleitoral. Mexe-se na lei para manter privilégios, aumentar o balcão de negócios e afastar ainda mais o desejo popular das realizações fisiológicas dos eleitos. Muito carnaval para pouco samba é o que se delineia na reforma política que se desenha e que todos discursam ser premente.

 

©Marcos Pontes

quinta-feira, maio 19, 2011

O silêncio dos milicos

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Uma das funções constitucionais das Forças Armadas é garantir a segurança nacional de inimigos externos; outra é fiscalizar o cumprimento das leis federais sendo, logicamente, a maior delas a própria Constituição.

Em relação à primeira, fica a desconfiança de que as FF.AA. não estão cumprindo seu papel. As fronteiras estão abertas e os militares de braços cruzados esperando ordens do ministro, conivente com a invasão da Amazônia por ONG e organizações internacionais pseudo-científicas e falsos religiosos.

Afirmações desse tipo poderiam ser tomadas como paranóia ou teoria conspirativa, tais afirmações, porém, são ratificadas pelas muitas evidências e provas cabais de tráfico de espécimes da fauna e flora para estudos no exterior, tráfico de riquezas minerais, cooptação ideológica de povos indígenas, mineração ilegal, contrabando de entrada de drogas e armas e de saída de carros roubados, ouro, diamante e mogno, apenas para citar alguns crimes corriqueiros e ignorados pelas autoridades.

Inadmissível que o Exército, para ter acesso a áreas indígenas tenha que ter autorização da FUNAI, caracterizando a divisão do país em dois Brasis, um físico e outro das instituições civis que tutelam índios e invasores, como se fosse cidadãos privilegiados em direitos, colocando sob as asas corruptas do governo federal os intocáveis das nações dentro da nação.

Manter a integridade do território nacional é uma das atribuições das Forças Armadas, mas apenas nas letras pequenas da lei. Quando essa missão depende do humor de um ministério burocratizado e inoperante comandado por um ministro prepotente e, ao que tudo indica , inepto para as funções executivas, além de comprometido com esse politicismo correto, as mãos dos militares ficam algemadas e suas funções legais truncadas.

No campo interno, a Constituição vem sendo estuprada quase diariamente há oito anos e meio e os generais matem-se amordaçados, seja por medo, seja por cumplicidade. O último bastião de moralidade com que poderíamos contar está mudo e acuado nos quartéis desaparelhados, Aliás, desaparelhados e sucateados propositadamente por um governo formado por inimigos históricos das Forças Armadas.

Dia desses um general reformado me desabafou: “o mal do Exército é que é legalista demais”. Assim, fora do contexto, tal afirmativa reflete um golpismo velado por considerar que a legalidade pode, em alguma circunstância, ser excessiva. Mas, entendendo-se o ponto de vista desse general, que pediu a reforma por não conseguir ser comandado por um civil despreparado e ex-terrorista revanchistas, com o qual concordo, esse legalismo refere-se à determinação de que o militar só deve agir sob as ordens do comandante geral, o civil de esquerda, sem qualquer vínculo anterior com a caserna. Exigir dele decisão ou descumprir ordens estapafúrdias é insubordinação grave punível pelo Código Disciplinar Militar.

Enquanto o governo e seus miquinhos amestrados rasgam a Carta Magna, Jobim convive com os desmandos e os generais, brigadeiros e almirantes se acovardam atrás de suas estrelas com medo de serem apedrejados pelo esquerdismo que se alastra mais como burrice em acampamento do MST.

No meio desta selva, sem cão e sem espingarda, perdidos, vemos a parada passar em surdina, sem ver qualquer vontade civil ou militar de se colocar a tropa em ordem unida e o país em ordem constitucional, tudo em nome de um progresso de mentirinha.

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, maio 18, 2011

Dia Mundial de Combate à Hepatite C


A gente ouve falar, sabe que existe, mas não tem consciência de certas coisas até ter contato próximo com elas. A partir desse contato tomamos a devida, ou a mais real, noção de sua magnitude, sejam coisas boas ou más.
O Nei é amigo de longa data e embora moremos na mesma rua, nos vemos pouco. Trabalho, família, poucos amigos comuns e as muitas viagens que ele faz não nos permitem contato mais próximo, mas sempre que isso ocorre a conversa rola fácil e, até uns três anos atrás, sempre ficava o convite de parte a parte para um churrasco e uma cervejinha, que nunca se concretizava.
Passamos dois anos sem nos ver, o que parece incrível dada a distância entre nossas casas. Com a filha estudando no interior, o filho no interior de São Paulo, empresa em Porto Seguro, espírito aventureiro e uma boa condição financeira fazem e permitem que esteja sempre dentro de seu jipe nas estradas do país ou em algum avião.
Em meados de 2010 nos encontramos casualmente na rua. Ele magro, envelhecido, muitas olheiras e um tremendo ar de cansaço. Depois dos cumprimentos efusivos, perguntei pela cervejinha que já deveria ter congelado dado o tempo em que a colocamos no freezer e jamais arranjávamos tempo para bebermos juntos. Meio sem jeito, disse que não bebia mais, havia contraído hepatite C e estava havia mais de um ano num tratamento doloroso, cansativo e interminável.
Aquela doença de que já havia ouvido falar me mostrava na aparência abatida do Nei que ela existe,  machuca, abate.
Hoje, Dia Mundial de Combate à Hepatite C, sob sugestão http://www.meglon.blogspot.com/ , resolvi falar do assunto.
Telma e Sônia capitaneiam o blog que trata do assunto com depoimentos, artigos, entrevistas com especialistas, sempre alertas e alertando para os riscos da doença, sua prevenção, as leis que se aplicam ao tema, apoio aos portadores do vírus, enfim, uma cruzada particular que se espalha para a sociedade sem os recursos desviados que as ONG costumam superfaturar para colocarem em prática seus intentos nem sempre nobres.
Estas senhoras fazem uma campanha permanente que deveria caber ao Estado, mas que não recebe a devida atenção, afinal de contas, existem coisas muito mais urgentes com que os governos devem se preocupar e ocupar seu tempo e recursos, como trem bala, lei da palmadinha, kit gay, campanha antitabagismo em contrapartida à legalização da maconha, acobertamento da riqueza instantânea e mal explicada de seus componentes, emprego dos partidários sem concursos públicos, enfim, uma gama de preocupações mais urgentes e necessárias para o bem estar da população.
A hepatite do tipo C não tem vacina, sua prevenção é sanitária e sua principal causa de transmissão é a transfusão de sangue, embora possa ocorrer por meio de outras secreções corporais. Será que uma campanha pelos veículos de comunicação seria tão mais cara do que o José de Abreu anunciar a vacinação contra a gripe? Ou menos importante do que os cinco filmes que a Matisse Planejamento e Comunicação fez para elevar a confiança do brasileiro nas ações do governo federal? Ou não teria espaço entre as 138 licitações abertas pelo governo federal para propagandas somente nesses 5 primeiros meses de 2011?
É, talvez não seja mesmo importante. Depois que a campanha para a doação de medula e sangue veiculada por tuiteiros fez subir mais de 50% as doações, sem sequer a unha do dedo mindinho do pé esquerdo do Ministério da Saúde e nenhum centavo do dinheiro público, as campanhas particulares, boca a boca, e-mail a e-mail, Twitter a Twitter, blog a blog seja mais eficaz e crível.


©Marcos Pontes



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segunda-feira, maio 16, 2011

Montenegro e Palis X Collor e Dilma

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1. Quando o Brigadeiro Montenegro voltou dos Estados Unidos, para onde havia sendo enviado pelo Ministério de Guerra, Comando da Aeronáutica, com a missão de trazer aviões que o Brasil comprado, veio com a vontade de montar aqui um centro tecnológico nos moldes do MIT, Massachussets Institute of Technology, centro de excelência que mais deu prêmios Nobel no mundo. Não foi fácil. Teve que encarar a resistência dos incrédulos e das mais altas patentes militares e políticas da época, sendo o maior de seus entraves nada menos que o Brigadeiro Eduardo Gomes, um dos muitos heróis nacionais pouco conhecidos e, pouco tempo depois, candidato à presidência da República. Note-se que Montenegro era apenas capitão. Não desistiu. Procurou os maiores cientistas do mundo dispostos a virem para o calor tropical dos anos 50/60 e terminou trazendo gênios russos, húngaros, americanos e sabe-se lá de que muitos outros locais. Venceu a quebra de braço e criou o ITA, Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São José dos Campos, um oásis de ciência, estudo e pesquisa cercado pela ignorância Nacional;

2. Ao assumir a presidência, munido de uma só bala para matar a inflação, muitas idéias na cabeça e um canhão chamado Zélia nas mãos, Collor, no auge de sua louca prepotência, criou a reserva de mercado para cientistas nas universidades federais. Muitos dos cientistas estrangeiros que aqui militavam vieram na carona do ITA. A pensar que sabia tudo sobre tudo, Collor não ouviu a comunidade científica, causando a demissão, cassação de vistos de trabalho e conseqüente “deportação branca” de cientistas e pesquisadores das mais diversas áreas. Se por um lado ele acertou ao abrir os portos para as nações amigas, fazendo com que nossa indústria corresse atrás de melhorias tecnológicas para encarar em melhores condições os produtos estrangeiros que poderíamos importar com mais facilidade, embora ainda caros, por outro, ele nos deu um tremendo prejuízo, sabe-se lá em quantos anos isso pode ser contabilizado, ao nos livrar de grandes cérebros pensantes e formadores de outros grandes cérebros. A grita foi geral, levando-o a reconsiderar algumas demissões, mas o estrago já estava feito. Cientistas foram embora, outros aposentaram-se e mais alguns partiram para a iniciativa privada. Sem muito esforço e de uma só penada, Collor empobreceu enormemente nossa área científica;

3. Em seu discurso na abertura do ano letivo de 2011, Dilma, entre várias baboseiras, declarou sua intenção e a importância de enviar 75 mil estudantes para intercâmbio no exterior “principalmente os da área de ciências exatas”, incentivar a pesquisa, área sempre fraca e esquecida em nossas academias e mais blá-blá-blás. Confesso que não dei muita importância aos demais blá-blá-blás, mas o propósito de mandar nossos estudantes aprimorarem-se no exterior me deixou encafifado. Que é um ganho para o país especializar nossos cientistas no que há de mais moderno no exterior (se bem que nesse governo petista, aprimorar no exterior pode significar universidades de Angola, Irã ou Cuba), não resta dúvida, mas, e depois? Depois de especializados, serão absolvidos pelo Estado? Bons como alguns de nossos engenheiros e matemáticos são, como comprovam as Olimpíadas Internacionais de Física e Matemática que os vem premiando ano após ano e dando prêmios internacionais, como o Prêmio Balzan a Jacob Palis, entrevistado da semana nas páginas amarelas da Veja, receberão esses estudantes salários dignos e condições técnicas e ambientais satisfatórias para se fixarem no país ou cederão às propostas internacionais?

A entrevista de Palis me deu a idéia desse post. Não só por ser daqueles homens admiráveis pela sua genialidade, espírito científico no mais completo sentido do termo, mas pelas coincidências com o discurso de Dilma. Teria a presidente um informante dentro da revista ou tem mesmo tal propósito de investir mais do que os parcos 1,2% do PIB atuais em ciência, pesquisa e tecnologia nas universidades? Estariam Haddad, a maior vergonha que o Ministério da Educação já hospedou desde seu ano criação, e Mercadante, o ministro paraquedista e boquirroto da Ciência e Tecnologia, preparados e cientes da importância de maiores investimentos na área? Teria Mantega, o ministro que cuida do dinheiro nacional como um miserável que ganhou na loteria e não sabe se primeiro compra uma casa própria ou dá a volta ao mundo, disposição de retirar dinheiro das bolsas-votos para investir nessas áreas de eleite?

Algo me diz que Palis está para Montenegro assim como Dilma e Collor estão para Eduardo Gomes. Esperemos, torçamos, mas não acreditemos muito para não levarmos mais um tombo doloroso do cavalo da esperança.

©Marcos Pontes

domingo, maio 15, 2011

O PT aprendeu; a oposição, não

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Embora não queira admitir, a oposição tem muito o que a prender com o PT, a começar pela própria maneira de como fazer oposição. Nos seus vinte e poucos anos de principal partido de oposição, o PT jamais, ou quase nunca, apresentava uma proposta em qualquer campo da administração pública, resumia-se a criticar qualquer medida da situação e reivindicar aquele cabedal de absurdos da velha esquerda mundial, nunca atendida em qualquer lugar do planeta, nem mesmo nos países ditos socialistas, comunistas ou “populares”.

Após assumir o poder comprovou-se que o partido não tinha planos de governabilidade. Tirando o armengado programa de combate à pobreza, que vai deixar sequelas num futuro próximo, além do empobrecimento da “antiga classe média”, que é quem paga os benefícios dos pobres e os altos juros dos ricos, além da derrama da classe governante, todo o resto vem em medidas provisórias ou leis mal discutidas. Batendo de olhos fechados como uma criança que não sabe brigar e espana os braços em todas as direções querendo acertar o adversário, O PT conseguiu seu primeiro intento, a faixa presidencial e a maioria no Congresso, não apenas com os seus, mas com a ajuda anabolizada dos partidos amigos.

Deu sorte. Aliás, deu muita sorte.

Não bastasse a política econômica dos governos de Itamar e FHC que encararam crises mundiais como o “efeito merengue”, “o efeito tequila” e o “efeito saquê”, crises pelas quais o governo de Lula não passou, o PT herdou um país com inflação anual de um dígito, algo que havia tempo o Brasil não via, superávit na balança comercial, real valorizado, um esboço de equilíbrio nas contas públicas que, se os tucanos não executaram, o PT terminou de passar a borracha nele. Das crises internacionais o governo Lula só encarou o estouro da bolha imobiliária americana, que já mostrava que levaria algum tempo para chegar aqui, mas chegou.

Mantendo Henrique Meireles no Banco Central, homem forte do governo anterior, Lula deu uma grande cartada. Manteve parte da coerência da administração financeira, aos poucos desfeita por conta das farras com cartões corporativos, verbas desviadas, aumento dos benefícios sociais em detrimento do desenvolvimento, contratação a rodo dos antigos companheiros de sindicatos para cargos importantes de estatais, sem concurso público e diante dos olhos vendados da Justiça.

Sua incompetência em governar foi camuflada pelos números mágicos que hoje têm a senadora Gleise Hoffman, do PT-PR e esposa do ministro das comunicações, sua maior propaladora. A senadora, em seu primeiro mandato, é ferrenha defensora do governo Dilma e mais uma desavisada que vive de amores por Lula. De uma coisa não se pode acusá-la, de despreparada. Casada com um homem que vai completar 12 anos em ministério e alçada à condição de novas estrela da política paranaense, Gleise é formada em Direito e especializada em Administração Financeira. Por anos foi assessora parlamentar no Congresso Nacional e já foi secretária estadual e diretora da Itaipu, o que lhe dá um currículo considerável. A divulgação dos números mágicos não é, portanto, por ignorância, mas pela premeditada intenção de defender um governo que mantém sua popularidade, segundo institutos pagos por ele mesmo, sobre as pernas altas de palafitas de mentira. Mente quem diz que a mentira tem pernas curtas.

Esse tipo de defensor o PT sempre teve, mas o bomocismo de PSDB e a falta de rumo nato do DEM não permite que se repita na oposição de hoje o moleque brigador que foi a oposição petista. Não se vê, por exemplo, a pseudo-oposição de quem falo desde 2007, mostrar que o combate à inflação do Mantega é a cópia amarelada do combate de Sarney ou que o projeto Minha Casa, Minha Vida é o mesmo amontoado de erros, superfaturamento e burocracia que foi o BNH, ambos programas combatidos pelo PT-oposição. Não se vê a oposição mostrar que não faz sentido se pagar tanto seguro desemprego se o emprego formal bate recordes ou que o voto em lista fechada que o PT tenta nos enfiar goela abaixo é um arremedo facista do voto vinculado imposto pelos generais quando viram que perderiam sua última eleição.

O PT aprendeu a como não governar, mas a oposição de hoje não aprendeu com o PT como se faz oposição.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, maio 09, 2011

Paralaxe, burrice e má fé

paralaxe

Quem usou máquinas fotográficas analogias, coisa do século passado, não aquelas que chamávamos de “profissionais” porque eram flex – que eram as que só tinham um visor e um sitema de espelhos direcionava a luz que entrava pelo diafragma diretamente para o olho do fotógrafo – vai entender, se já não souber, o que é paralaxe.

Pois bem, os fotógrafos caseiros enquadravam o objeto a ser fotografado, davam o click e ao revelar as fotos viam que elas ficavam muito à direita, muito à esquerda ou cortavam a cabeça ou os pés do modelo, lembram disso? O visor e o diafragma não eram centralizados, havia uma diferença de alguns centímetros entre eles, o que gerava a descentralização do objeto. Isso é paralaxe. Em óptica, seria, portanto, a diferença entre a posição de um objeto visto por observadores em locais diferentes.

O filósofo Olavo de Carvalho desenvolveu a teoria da paralaxe cognitiva, que seria uma discrepância entre a realidade teórica e a experiência prática. Dispensando aqui os termos técnicos e explicações aprofundadas da dita teoria, por não ser eu um versado em filosofia, cognição e nem íntimo da psicologia, me prenderei no pouco que assimilei das aulas do mestre e sua relação com a práxis esquerdista.

Nesses tempos politicamente corretos em que a esquerda vem afundando o mundo, levando de roldão os direitistas desavisados, os analfabetos políticos e os incautos crédulos, a paralaxe cognitiva fica clara nos discursos, principalmente os ecológicos e os ditos “progressistas”.

Todos os dias vêem-se políticos e pongados – termo baiano referente aos que pegam carona sem querer saber para onde o bonde o levará – criticando as fontes de geração de energia, condenando as usinas hidrelétricas e as nucleares e pregando o uso da energia limpa. Sem conhecimentos técnicos defendem a energia eólica e a solar, sem saberem que são elas muito mais caras do que as que utilizamos. A ignorância é tanta que o ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defendeu as termelétricas, sem se aperceber que elas utilizam combustível fóssil, desprendem carbono à exaustão na atmosfera, causando mais males ambientais que benefícios à população.

Pelo prazer de que criticar o que está estabelecido quem vai na carona desse discurso sem nexo quer mais energia, mas não quer usinas.

Um deputado Felipe Bornier, do PHS fluminense, apresentou um Projeto de Lei que prevê feriado nacional nos dias de jogos do Brasil na próxima Copa. Esse mesmo deputado é adepto da exigência da criação de empregos, mas defende o aumento de feriados, como se já não houvesse um número absurdo de dias não trabalhados. Mais uma discrepância entre a prática e sua defesa de ideais. A exemplo de muitos de seus pares, Bornier tem seu universo paralelo.

Em época de discussão do novo Código Florestal e, paralelamente, o discurso do combate à fome, a esquerda não quer mais que se plante ou se crie gado, mas quer acabar com a fome. Vamos voltar ao velho extrativismo? Mas, como, se, para construir algumas taperas do Minha Casa, Minha Vida o governo federal permitiu a derrubada de 130 castanheiras que davam alimento e renda para 100 famílias? Quer dizer que para plantar arroz, feijão, milho e soja é proibido desmatar, mas para plantar casas pode-se destruir uma mata protegida por lei? Pior, sem que o Ministério público tome qualquer atitude em busca da condenação do Estado.

A propósito, se um serralheiro derrubar uma castanheira sofre multas impagáveis.

A mesma esquerda gasta fortunas para combater o tabagismo, o que a princípio estaria correto por se tratar de prevenção contra doenças respiratórias e cânceres provenientes do cigarro. Mas, em nenhuma discussão sobre o tema foi-se falado sobre alternativas para as centenas de famílias que vivem da agricultura tabaqueira e dos milhares de empregados da indústria do cigarro. Por outro lado, aparece um deputado bicho-grilo propondo o plantio “de subsistência” de maconha. O usuário poderia ter sua hortazinha de fundo de quintal para produzir para seu uso, como se isso não viesse a criar um tráfico legalizado.

A contradição é pré-requisito par ser esquerdista, mas daí a criar projetos sem estudos a longo prazo sai-se do campo dos projetos futuros para entrar na inconsequência das medidas propostas. Cada vez afundamos mais no universo criado pela aberração de mentes despreparadas e não há questionamento profundo sobre nada, deixando claro que o populacho acha muito difícil pensar e, sabendo disso, os vermelhinhos incutem novos conceitos irresponsáveis e criminosos sem  questionamento ou, pelo menos, a discussão ampla.

 

©Marcos Pontes

domingo, maio 08, 2011

Judislativo ou Legisciário?

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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

...

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

...

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União

...

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

II - leis complementares;

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

...

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição

Não sou jurista e, antes que me perguntem quem sou eu para dar pitacos, pergunta que tenho ouvido e lido muito ultimamente, sou um cidadão com direito a livre manifestação de minhas idéias, como reza a mesma Constituição Federal citada acima.

Na semana em que o Supremo Tribunal Federal determinou aos casais homossexuais o direito ao reconhecimento legal das uniões estáveis, com todos os direitos assegurados aos casais heterossexuais, a discussão rolou solta ao redor do Artigo 5º e sobre o STF ter ou não legislado. Na opinião desse humilde cidadão, sim, o Artigo 5º deveria ser respeitado, mas, também, sim, o Judiciário legislou e admitiu isso na defesa do voto do ministro Gilmar Mendes, culpando a inépcia do Legislativo que, por anos, desde a última vez que Marta Suplicy foi deputada federal e criou o projeto de lei que reconhecia o direito dos homossexuais de formarem casais legalmente reconhecidos.

O projeto da hoje senadora jamais foi votado, permitindo que o Judiciário interferisse na questão e a determinasse. Não bastasse essa interferência de um dos Poderes nas atribuições de outro, ainda contou com o silêncio obsequioso e conivente dos senadores e deputados. Sarney, o eterno, preferiu culpar a imprensa pela má imagem dos parlamentares quando bem poderia manifestar-se contra a metida de focinho dos juízes nas atividades que ele, Sarney, e seus pares deveriam fazer.

Não vou entrar na questão moral ou religiosa, prefiro me ater nos pontos legais.

O Parágrafo I do Artigo 5º foi escrito em 1988, época em que sequer suscitava-se em público o casamento gay. Por ser essencial que a legislação adapte-se aos novos rumos e carências sociais, cabe ao Legislativo ampliar ou não as leis, trazer a público a discussão, regulamentar cada artigo da Constituição, algo que não fez. Aliás, mais da metade da Constituição jamais foi regulamentada, nesses 23 anos de sua existência.

Se Ulysses fosse vivo e se os parlamentares não estivessem lá apenas de olho em seus próprio negócios, provavelmente parte da Carta Magna seria rediscutida. Pormenorizada, prolixa e toda remendada como está, o Parágrafo I poderia ter sido acrescentado com “homoafetivos masculinos e femininos”, bem a gosto do politicamente correto Ulysses. Os mais pessimistas com os rumos sociais que a decisão do STF trará, já vêem os pedófilos também alegarem que o STF lhes deu direito, por opção, idealismo e convicção, a molestarem crianças. Caberiam eles também no Parágrafo I do Artigo 5º?

Psicólogos, religiosos e pais tradicionalistas já se preocupam com as crianças que serão adotadas por esses casais com o aval dos juízes legisladores. O medo não é que tais crianças “se tornem” gays por “influência” dos pais/mães. Mas que haverá confusão mental, lá isso acontecerá e, daqui a 14, 15 anos é que saberemos os reflexos dessas adoções. E não me digam que será tudo igual a como é hoje porque essa eu não engulo.

As lideranças gays, de vítimas tornaram-se xerifes e já se arvoram o direito do casamento civil. E lá vem mais briga.

Que o Legislativo fique esperto e comece a discutir a questão, não com um faz de conta, mas ouvindo a sociedade como um todo, todas as vertentes, sejam éticas, religiosas, legais, psicológicas e o que mais houver. Se deixar que os juízes togados criem a ampliação dessa lei, melhor fazerem o que muitos dos brasileiros gostariam que ocorresse: fechem o Congresso, voltem para suas casas e profissões e poupem-nos de sua inoperância, escândalos e queima do erário.

 

©Marcos Pontes

quinta-feira, maio 05, 2011

Ainda “yankees go home”?

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Cada vez que um daqueles crimes que arrepiam até médico legista acontece, de mães a delegados,, de vendedor de picolé ao bispo, todos se revoltam contra os defensores dos direitos humanos que aparecem para exigir respeito aos acusados. Assim foi, para citar dois exemplos de casos de maior repercussão popular, no assassinato da criança Nardoni e no do menino João Hélio, arrastado por bandidos que roubaram o carro da família.

Com a mesma fúria e grita, exigem a presença dos defensores dos direitos humanos para defenderem as vítimas quando um indefeso é vítima de crime violento, como se só os malfeitores fossem defendidos. Se bem que nesse país injusto não são raras as vezes em que os bandidos são melhor atendidos do que as vítimas, mas essa é outra história.

Quando o algoz são os Estados unidos, o antiamericanismo paranóico de que é vítima o brasileiro faz com que esse sentimento de revolta se inverta. Lógico, me refiro especificamente sobre a execução de Bin Laden, assunto do qual venho evitando falar devido à quantidade e enorminade dos absurdos e achismos que tenho lido, ouvido e sabido a respeito.

O brasileiro – tanto os esquerdistas quanto os conservadores de direita -, via de regra, rendem-se à argumentação politicamente correta de condenar o governo ianque, defendendo o bandido Bin Laden e enfiando o dedo no olho da administração Obama, representante legal das vítimas do terrorismo contra as embaixadas americanas na Síria, no Iêmen, no Quênia e na Tanzânia, dos passageiros dos três aviões derrubados em 11 de setembro de 2001, da 3000 pessoas mortas enquanto começavam a trabalhar no World Trade Center, inclusive alguns brasileiros, e no Pentágono, dos bombeiros que sacrificaram-se para resgatar as vítimas daqueles ataques e dos muitos soldados mortos enquanto caçavam os talibãs e os Al-Qaedas no Oriente Médio.

Nas muitas reportagens a que tive acesso sobre a morte do terrorista-mor, em apenas uma vi entrevista com parentes de uma de suas vítimas, os pais de um jovem bombeiro morto no WTC, como se fosse raro ou fictício encontrar gente que sofre por ter perdido parentes e amigos entre os milhares que Bin Laden e seus terroristas executaram friamente. Por outro lado, o que tem de “especialistas” em operações militares, diplomacia, direito internacional, direitos humanos e palpiteiros dando pitacos e fazendo analises que condenam a ação militar, é uma enormidade.

Teorias de conspiração, essas eu já esperava, mas não tantas e tão absurdas como a que diz que Bin Laden já estava morto e congelado há anos, esperando um bom momento político para ser apresentado ao público. No domingo, quando o Manhattan Connection foi interrompido, falei para minha mulher “pode esperar que daqui a pouco aparecerão mil versões e teorias sobre essa morte”. Não precisa ser pitoniza, basta conhecer um pouquinho a mente doentia das massas.

Óbvio que os maus leitores alegarão que estou defendendo a tortura, a “execução sumária” ou a mentira oficial, uma vez que Bin Laden não está morto, e sim fumando charutos na Bodeguita Del Medio, num bate papo animado com Hitler, Gardel e Elvis. Não é disso que se trata, mas da superficialidade argumentativa (quando há argumentação e não apenas a reprodução do “ouvi dizer” com ar de interpretação e conhecimento profundo dos noticiosos que se vê por todas as partes); da hipocrisia de quem curte rock, toma Coca-Cola, veste jeans, calça All Star, passou ou quis passar as férias juvenis na Disneylândia e as adultas fazendo compras na 5th Avenue, não perde os blockbusters hollywoodianos, mas, por inveja, desinformação, má vontade, ideologismo esquerdista ou pura desonestidade intelectual não perde a oportunidade de espinafrar o american way of life.

Voltando ao Bin Laden. Eu que não sou santo e nem Jesus Cristo, que deu a outra face, se tivesse um parente morto por uma ação terrorista orquestrada por aquele monstro, teria ficado muito feliz ao vê-lo destroçado por obuses americanos, russos ou paraguaios. O resto são baboseiras de jornalistas ou reprodutores da imprensa que ouviram o galo cantar mas, por não saberem aonde, inventam suas historinhas de terror.

 

©Marcos Pontes

domingo, maio 01, 2011

Resposta a um leitor vermelho

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No meu último post, sobre a volta do Delúbio à ativa partidária, já que, pelo menos oficialmente ele estava inativo, me referia à sem vergonhice de um partido que expulsa um de seus quadros por conta de suas comprovadas falcatruas quando tesoureiro do partido e o readmite poucos anos depois como se nesse período de exclusão houvesse se regenerado, algo que a revista Época desta semana mostra que não ocorreu. Não me referi, em qualquer momento, à interferência do governo na reinclusão de Delúbio nas hostes petistas, mas um leitor, numa demonstração clara de que saber ler não significa entender o que se lê, na ânsia de defender o governo e encobrir suas responsabilidades, inabilidades e enganações deixou o seguinte comentário:

Lamentável! Qualquer pessoa que se baseia em qualquer assunto pelo o que a mídia publica não merece credibilidade, pois é uma pessoa que demonstra não ter nenhum critério. Você repete que nem um papagaio o que a mídia enfatiza portanto...
Acreditar no que a mídia diz é uma coisa, entender o que Há por trás das matérias que ela veicula é outra. Isto é coisa para sábios, não para você: um mero reprodutor.
Qual a moral que tem você pra falar do 'povão' se você próprio se mostra uma 'maria vai com as outras' do que lê e vê?
Olha, amigo, sinceramente, viver na posição de crítico do governo é uma maravilha, pois nos abstemos da responsabilidade. Agora fazer acontecer como fez este governo (em alguns setores) com responsabilidade é outra coisa. Se você, critico severo, se acha dono de uma proposta para o Brasil (que eu não acredito que tenha) e se acha capaz de fazer este páis andar para melhor, seja o próximo presidente da nação. Vagas para a função não falta, afinal a atual oposição precisa de alguem competente. Vai lá, cara! Para de reclamar e encara o osso! Melhor do que ficar remoendo nos blogs e se sentindo um "doutor" - sem nada saber.
(Os erros de digitação e de português são do autor do comentário).

Esse canavial de sandices merece uma resposta por tópicos, bem explicadinho, para que, talvez, esse senhor consiga entender. Não desenharei porque sou péssimo desenhista, usarei as palavras, embora também não seja lá grande coisa na escrita. Se o senhor Roberto voltar, pode criticar mais argumentativamente, embora não vou querer fazer deste blog um fórum de discussões. Pois vamos lá:

1. A mídia, caro Roberto, tem a função precípua de informar, seja o que for e de que corrente ideológica for. Mais aceitável omitir-se do que mentir, a isso chama-se liberdade de imprensa, algo que o governo de seu ídolo Lua tentou, por três ou quatro vezes, calar, tendo seu ministro Franklin Martins sido o cabeça de ponte nesse intento, graças a deus infrutífero. Leio vários jornais e revistas sempre que o tempo permite e citei no referido post uma reportagem da revista Época. Ah, a Época, para o senhor, deve ser apenas um veículo golpista, imprensa de verdade é a Carta Capital, a Brasileiros e congêneres. Então, tá.

2. Sou qualquer pessoa, realmente, como cada um dos 194 milhões de brasileiros o é, com exceção do coronel Sarney, uma pessoa especial e extraordinária, como o definiu Lula. E como qualquer pessoa tenho o direito de comentar o que quiser do jeito que eu quiser e este é um outro conceito que o senhor, se conhece, provavelmente não respeita, sequer aceita: liberdade de expressão. Mas isso também não é uma coisa muito querida pela esquerda. A liberdade de expressão só é bem vinda quando manifesta apoio ao governo e seus satélites.

3. Eu falo do povão da mesma maneira como falo do povinho que o comanda. Eu posso, o senhor pode e qualquer cidadão pode, para isso Deus me deu voz e o mínimo de inteligência. Mas, se o senhor quer argumentar, mostre-me onde cometo engano ao afirmar que o “povão” não é o alienado político que afirmo ser. Não só o governo petista, mas todos os governos que por aqui passaram desde os tempos do Brasil Colônia contaram com essa alienação popular para fazer seus desmandos sem que a massa-rebanho o incomodasse, salvo raras exceções como a Marcha Pela Família e os caras pintadas, regidos pela imprensa insatisfeita, mas devidamente sem razão, foram às ruas exigindo que o país voltasse aos eixos e seus comandantes mal intencionados fossem afastados.

4. O que “há por trás das matérias que ela (a mídia) veicula” ? Que explicações o PT e seus 42 comandantes que votaram pela volta de Delúbio poderiam dar e a imprensa não divulgou? Por que eu, papagaio de pirata, como o senhor me define, não encontrei nenhuma explicação plausível, moral e eticamente aceitáveis, para a readmissão de um sujeito que fez o que fez com dinheiro público e tráfico de influência?

5. “Viver na posição de crítico do governo é uma maravilha, pois nos abstemos da responsabilidade”. Nisso o senhor tem razão. O próprio Lula falou isso no seu primeiro ano de mandato, lembra? Lembra que ele disse que fazer oposição é fácil, mas governar é bem diferente? Lembra-se que, desde 78 até sua eleição, Lula chutava todas as canelas a ponto de não assinar a Constituição que ele ajudou a escrever como deputado constituinte, embora não tenha dado qualquer contribuição efetiva? Lembra-se que ele criticou o Plano Real, única medida que deu resultados eficazes no combate à inflação? Lembra-se que ele, depois de eleito, tentou derrubar a lei de Responsabilidade Fiscal e o conseguiu informalmente, fazendo com que voltasse a farra com o dinheiro público que havia antes do Plano real? A, mas pelo seu crivo provavelmente somente seu partido, seu eterno líder (a esquerda adora líderes eternos em todo o mundo, talvez por isso esses três governos petistas tenham dado tanto apoio a ditadores) e apaniguados podem criticar, se a grita vem da oposição logo é taxada de golpismo, elitismo e outros substantivos criados pelas mentes gramcianas do comando do partido que o rebutalho humano que as segue repetem sem análise ou autocrítica. Entendo.

6. Senhor Roberto, não se esforce muito para mostrar sua imbecilidade. A presidência da nação não é cargo de técnico de futebol, usando a velha analogia que seu eterno líder gosta tanto de usar. Não me candidatei à presidência por saber de minha incapacidade para tal, o que me difere diametralmente de Dilma e Lula, além de um monte de ministros e correligionários colocados em cargos de comando. Mas posso discernir sobre o que está certo e errado na administração petista, como também fiz muitas e duras críticas quando FHC e seus ministros cometiam erros que eu considerava nocivos ao país. A diferença entre essas duas administrações, a de FHC e a de Lula, é que a primeira colocou o país nos trilhos e fez um esforço danado para colocar a pesada locomotiva em marcha. Se entender um pouquinho de física poderá entender o que quero dizer. Enquanto que o segundo sucateou a locomotiva, entortou os trilhos e faz um esforço grande para que o comboio não descarrile, o que seria resultado da própria atuação do governo.

A propósito, gostaria muito de aprender. Se o senhor diz que nada sei, provavelmente remoendo o ódio que sente ao ler um opositor ao seu governo, agradeço muito se me ensinar, mas sem ideologismo baratos, reprodução de propagandas governamentais ou palavras de ordem enviadas pelo Politburo petista. Até lá, dou-lhe duas opções: afaste-se deste blog, porque ele continuará opositor ao governo, ao PT, a Lula e a qualquer coisa minimante danosa ao Brasil, e aprenda que sem oposição a ditadura vermelha que Zé Dirceu e os poucos que pensam dentro do seu partido gostariam de implantar no país faz muito mais bem do que seu fígado e seu pouco discernimento conseguem assimilar.

 

©Marcos Pontes