No meu último post lancei o desafio aos favoráveis à descriminalização da maconha para que lançassem novos argumentos defendendo sua posição, em troca eu os rebateria. Pois, bem, parece que o desafio foi “mais ou menos”aceito. Abaixo listo seis dos comentários deixados nono blog e, em itálico, respondo-os. Mas antes gostaria de deixar aqui uma impressão empírica que tenho em relação ao comportamento dos adictos e sugiro que os nobres leitores façam suas observações nas suas ruas, e círculos de conhecidos e vejam se não tenho razão.
É muito comum o adicto andar de cabeça baixa, usar da agressividade defensiva, como se quisesse afrontar a sociedade “falsamente moralista”, os “conservadores” e os “reacionários”, ou seja, todos os que se colocam contra seus vícios. Há uma falsa timidez quando em ambientes sociais, como se demonstrassem forçosamente uma “normalidade”. A que se deve isso? À culpa, à consciência de que seus hábitos e comportamento são ilícitos.
Esse meu comentário dá-se não à toa, mas pela quase totalidade de anônimos entre os que comentaram. Escondem-se covardemente nas sombras, motivo que me levaria a ignorá-los, não antidemocraticamente, como já me acusaram diversas vezes ao rejeitar comentários agressivos, mas embasado na própria Constituição Federal que faculta a todos os cidadãos liberdade de expressão, opinião, credo etc., porém veta o anonimato. Anônimos, portanto, são ilegais, assim como traficantes o são. Mas vou dar uma colher de chá a esses maconheiros dando-lhes o prazer de uma resposta.
Deixo também a observação que os erros de ortografia, gramaticais e de digitação dos comentários aqui reproduzidos são dos próprios autores. Mantive-os como digitados em minha caixa de comentários.
Anônimo 1 - Como não costumo comentar em nada que leio, estou como anônimo para ser mais rapido. Meu nome é Arthur. Quero dizer que, apesar de respeitar muito a tua opinião, gostaria de expôr a minha, em relação ao teu post, e não ao assunto em si. Primeiramente, posso afirmar que tenho um vasto conhecimento na área, principalmente em termos científicos. Realmente me decepcionei FORTE com os teus argumentos, pois eu queria que fizessem sentido. Dizer que maconha MATA NEURÔNIOS é uma coisa MUITO ultrapassada! admito que deu vergonha de ler isso, coisa que minha vó diria. te desafio a me mostrar o TRABALHO CIENTÍFICO que traga tais resultados. Aproveito para te falar que essa história surgiu a partir de experimentos com macacos, que eram submetidos a mais de 6h à fumaça da maconha (sem oxigênio), então o que acontecia era que eles sofriam com a ASFIXIA e não com o THC ou os outros componentes da maconha. Outra coisa BEM importante de salientar: COMO CULPAR E JULGAR CRIMINOSO O USUÁRIO DE UMA PLANTA MILENAR QUE NASCE NA TERRA SEM QUE SEJA PRECISO A INTERVENÇÃO HUMANA? Também acho que ignorar o fato, ou melhor, argumentar em cima do fato de defensores da legalização compararem com o Alcool/tabaco um ABSURDO. É a MAIOR PROVA da FALTA DE CRITÉRIO. Por último, mesmo querendo me alongar mais, gostaria de fazer outra pergunta: sabe quantas mortes foram ASSOCIADAS A MACONHA na HISTÓRIA DA HUMANIDADE? pois então, a resposta é ZERO. Compara com os números de Alcool/tabaco. Espero ter sido claro e não desrespeitoso. Um abraço.
Arthur, algo me diz que você não é tão anônimo como gostaria de parecer, mas, devido à sua notoriedade na vida política nacional, prefere esconder-se no pseudo-pseudônimo. O “mata neurônios” que você repudia, o faz com razão. De fato, a ciência comprovou que neurônios não morrem devido ao uso da maconha, mas têm seu funcionamento químico comprometido, o que explica a lerdeza que torna-se crônica no usuário contumaz, sua crescente dificuldade de concentração e cognitiva. O fato de ser “do tempo da sua avó”, não significa que é inverídico, apenas aprofundado em pesquisas recentes.O fato da planta ser milenar, desculpa, meu caro, mas esse, sim, é argumento chulo. O trigo também é milenar, assim como a coca e o arroz, a beladona e a cevada. Não é por ser milenar e “orgânica” que é boa. Usar a folha de coca não é crime entre povos andinos que a mascam, mas é crime mundialmente reconhecido entre os que a utilizam para produzir entorpecentes, e aí? Quanto às mortes relativas à maconha, realmente, são raríssimos os casos de overdose, mas menos raras são as mortes causadas por males de uso a longo prazo, fora as mortes entre donos de boca de fumo, traficantes em guerra por território, devedores das “bocas”, pequenos produtores enxotados por plantadores da droga, principalmente no Paraguai... Morrer de maconha não significa necessariamente morrer de overdose.
O lance das mortes é uma armadilha. Quem lidou com um filho usuário ou com pacientes sabe e presencia(ou) crises psicóticas aliadas a estados depressivos com tendências suicidas. Se a maconha não provoca mortes diretamente pode, sem dúvida, provocá-las indiretamente, pelos efeitos do uso prolongado e/ou concomitante com outras drogas. Por isso, à maconha não deve ser debitada a exclusividade de um índice maior de suicídios entre seus usuários. Os usuários misturam tudo, liberando a maconha vêm as outras drogas...e os coquetéis vão ficando bombas atômicas contra o cérebro. Mistura de crack com maconha, o mix que compõe “o produto” leva solvente, ácido, talco, mármore e outros componentes menos nobres ainda. O uso de maconha com álcool é comum e conhecer os processos usados pelo organismo para metabolizar a droga é suficiente para saber porque o corpo vai à lona e pode não se levantar mais: alguns canabinóides deprimem o centro do vômito que, como se sabe, é uma espécie de defesa do indivíduo alcoolizado para eliminar o álcool do organismo; ora se o vômito não ocorre, por estar deprimido o seu centro pela ação da maconha, é lógico que o risco de morte é muito mais pronunciado.
Anônimo 2 - não consegui ler, texto muito parcial.
O que seria um texto imparcial? Aquele que defendesse a descriminalização ou um texto essencialmente científico? Este blog não tem caráter científico e em momento algum eu defenderia a droga. Desde o título já deixei claro que sou contra a droga e sua descriminalização sou, portanto, parcial, sim. Imparcialidade é para jornais e covardes, sendo que no primeiro caso ela já não mais existe.
Anônimo 3 - O problema não é se faz mal ou não...
A questão é eu poder fazer o que eu quiser, já que Deus me deu livre arbitrio...
E pesquise melhor pois a Holanda beneficiou-se com a legaliação das drogas..Se você se informar melhor, ao invés de ctrl+c ctrl+v, saberia que lá se tem a menor taxa de overdose do mundo...
Deus lhe deu o livre arbítrio para usar e a mim o livre arbítrio de repudiar o uso, o comércio e a descriminalização. Teu livre arbítrio é melhor que o meu? Fumar ou não fumar é uma questão individual, moral, mas é também uma questão ética, voltada para o coletivo: em qual sociedade o consumidor de drogas escolheu viver? No tocante à Holanda, leia isso, meu caro: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache%3Akpd7sTheqLwJ%3Awww.drugtext.org%2Flibrary%2Farticles%2F902106.htm+Dirk+Korf+against+legalizatio+of+marijuana&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br
Anderson - Artigo e opinião lamentáveis. Sem embasamento, repleto de preconceitos e diversas tentativas frustradas de conduzir o assunto por meio de argumentos sem fundamento. Só interessa ao traficante ver a droga na ilegalidade. Tenho vários amigos que usam maconha, e já cansei de ouvi-los dizer que se fosse vendida legalmente comprariam-na, sem medo de subir um morro ou entrar em uma favela perigosa só para comprar algo que nunca fez mal a eles ou a outros. Regular o uso e a venda da maconha é retirar uma quantia gigantesca de dinheiro das mãos dos traficantes. Enfraquecer o crime organizado, retirando sua principal fonte de renda pode evitar que o meu ou os seus filhos futuramente estejam na mira da arma de um bandido comprada com o dinheiro do trafico. Será que ninguém vê isso?
Tem mais: droga usa quem quer. Não vai ser a regulação que vai criar mais dependentes. Isso é tarefa dos pais fazer. Ensinar a seus filhos o que podem ou não fazer. A tarefa do governo é combater a violência.
Volto a usar da mesma arma do interlocutor: comentário e opinião lamentáveis. Se meus argumentos não têm fundamento, mostre-me fundamentos que rebatam os meus, argumente com fatos, dados científicos, pareceres de profissionais que tratam de drogados e estudem as conseqüências do uso da deusa cannabis. Pelo que parece, seu ambiente é prenhe de consumidores da droga, o que me leva a crer numa defesa cega dos amigos e, quiçá, de seus próprios hábitos. A “quantia gigantesca” de dinheiro das mãos dos traficantes é um exercício de futurismo sem qualquer antecedente que o comprove. Um dos achismos a que me referi no texto anterior. Não se esqueça do nosso sistema policial, judicial e carcerário viciado. Traficantes continuariam agindo ou migrariam para crimes mais violentos, jamais dariam seus lucros de mãos beijadas para o estado,e as autoridades sócias do crime continuariam cobrindo-lhes as costas. Isso aqui não é Suíça e nem tem quem regule devidamente agentes públicos bandidos.
Anônimo 4 - Por mais que os conservadores queiram "acabar" com a maconha, isso nunca vai acontecer. A milhares de anos todas as culturas das mais variadas partes do mundo usam algum tipo de "droga" para alterar a consciência.
Acabar com a maconha não é possível, isso é sabido, mas permitir que ela ocupe espaço lícito em nossa sociedade é dar o braço a torcer, é admitir a incompetência dos poderes públicos em combater sua ação nociva.As drogas ritualísticas utilizadas há milhares de anos não precisam e nem podem ocupar as ruas, não precisamos desses rituais urbanos de batalhões de gente sequelada. Ilegal e oprimida a maconha já causa muitos estragos, liberada não há qualquer estudo que tais problemas seriam minimizados.
Anônimo 5 - Marcos, vc tem uma grande parcela de razão no que disse. Porém, ao comparar o álcool a maconha e o tabaco, e igualá-los em relação ao grau nocividade, é ignorância pura.
Não há estatísticas, muito menos pesquisas que provem que a maconha dá câncer de pulmão.
E nunca ouvimos falar de alguém que bateu o carro ou espancou a mulher por causa de maconha. Não estou defendendo a maconha, pois todas estas substâncias são drogas!
Concordo que deveriam liberar tudo ou proibir tudo. Porque, sejamos realistas, o álcool e o tabaco só são lícitos, devido ao tamanho da indústria que gera bilhões e bilhões. E se o álcool fosse proibido, todo mundo iria discriminá-lo.
Não vai ser um governo através de leis, ou algum texto intelectual que vai formar minha idéia e dizer o que é certo ou errado. A vida é o melhor e maior professor!
Comparar maconha a álcool e tabaco não foi invenção minha, muito pelo contrário, é um dos principais argumentos de quem defende a legalização da droga. Não me impute a responsabilidade da argumentação alheia. A citei como resposta e não como defesa antecipada. Quanto à agressividade no organismo quem pode afirmar são os cientistas, não correrei esse risco, mas, fato, nunca vi um bêbado assaltar, matar ou furtar as coisas da própria família para comprar uma garrafa de cachaça, já para comprar um “beck” ou uma “carreirinha”, isso é mais comum do que nevar nos Alpes. Também não creio que o governo e as leis devam se meter nas decisões pessoais, se o cara quiser fumar maconha, problema dele, mas optar por isso, deve estar ciente que é crime, que em nada contribui para o engrandecimento da sociedade, de sua própria família, da cultura, da erradicação dos outros males do planeta.
©Marcos Pontes