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terça-feira, setembro 27, 2011

Quase perfeita

AMBULN~1

A cada dia fica mais evidente a dicotomia entre o discurso e a prática petistas. Salta aos olhos o irritante discurso divorciado da prática, como se vivesse o governo/PT num mundo paralelo, um País das Maravilhas inimaginado em qualquer ficção infanto-juvenil.

Lula havia afirmado que a saúde pública estava perto da perfeição, em mais um espetáculo de escárnio e cretinice, pouco caso com a realidade sofrida de quem buscava o sistema estatal em seus momentos de dor, trauma e desespero. Se nessas horas de emergência o sistema é falho, sucateado, mal assistido, deficitário e desequipado de aparelhos, remédios e pessoal, nada ou muito pouco pode-se falar da quase inexistente medicina pública preventiva.

Sua sucessora fala em 10% de inaceitabilidade da máquina pública de saúde. O que inaceitabilidade para essa gente? Filas absurdas para atendimento emergencial? Meses de espera para uma consulta ou um exame? Hospitais caindo aos pedaços, como bem exemplifica o Hospital do Fundão, da UFRJ? Falta de medicamentos em postos de saúde? Ambulâncias sucateadas em pátios enquanto inúmeras localidades periféricas em todos os estados e em mais da metade dos municípios encontram-se desassistidas desses veículos? Nas fraudes descobertas, nas desconfiadas e na, por enquanto, escondidas?

Se esses e muitos outros problemas resumem-se a 10% de inaceitabilidade do sistema, então Lula tinha razão, estamos perto da perfeição. 90% perto da perfeição. Não é assim, porém, que percebem a realidade as multidões que afluem diariamente aos hospitais e postos de saúde, gente que chega com unha encravada e volta para casa com gangrena na mão, gente que pernoita doente nas calçadas para conseguirem uma senha para exames clínicos.

Morre-se em silêncio nas filas e este silêncio é esporadicamente quebrado quando os Jornais Nacionais da vida flagram a morte de um velhinho à porta de um hospital por falta de assistência enquanto milhares de outros velhinhos sofrem Brasil a dentro e os gerentes do país tratam-se nos Sírios e Libaneses e Alberts Einsteins de excelência, às custas do mesmo erário que engorda e continua deficitário.

Pelo tanto de impostos que pagamos, não queremos “aceitabilidade”, mas qualidade superior.

 

©Marcos Pontes

sábado, setembro 24, 2011

O Brasil no show business


Nos anos 50 e 60 o Brasil era parada obrigatória dos grandes astros do show business americano e os artistas brasileiros eram tratados a pão de ló naquelas bandas acima do Equador. Nat King Cole, Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Orson Wells e tantos e tantos outros passaram por aqui, fosse de férias, fosse para shows ou para conhecer o que é que a brasileira tem. A fama do Hotel Copacabana Palace deve muito a esses astros que se hospedavam ali costumeiramente.
Na mão inversa, o Brasil mandava para lá Carmem Miranda, a mais brasileira de todas as portuguesas, Tom Jobim, João Gilberto, além de outros muitos com pouca fama, principalmente músicos, nas trilhas sonoras de filmes hollywoodianos.
Aí veio a ditadura e, já com o ranço incolor politicamente correto, passou a ser de mau tom visitar o país. Os astros sumiram, Brasília virou capital da Bolívia, nossa arte não passava da esquina e nossos astros não passavam de meteoritos, salvo um ou outro de talento acima da média e que se destacava lá fora sem ser conhecido por aqui, embora a Europa fosse o palco predileto para Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Grande Otelo, Jorge Amado.
Depois de 85, findo o regime militar, as moscas verdes dos dólares voltaram a atrair timidamente as estrelas estrangeiras, muitas das quais jamais havíamos ouvido falar, como Nina Hagen, uma despirocada que veio drogar-se como Janis Joplin já fizera em Búzios com aquela coisa estranha chamada Sergei (um ser gay).
Medina criou o Rock in Rio, lançou dólares aos porcos e voltamos a entrar na rota do entretenimento internacional. Ufanismo à parte, nossa xenofilia, o espírito caipira que acha lindo tudo o que vem do estrangeiro, as praias com muita bunda de fora, a tolerância com embriaguez alheia e os preços baratos para produtos e pessoas foram nos colocando novamente em evidência. De Dire Straits a Silvester Stallone, todo mundo vem tirar uma casquinha. Bandas em final de carreira passam por aqui para ressuscitarem suas contas bancárias cobrando ingressos ao triplo do preço que cobram na Europa ou na Austrália e são tratados como semideuses.
Depois que voltamos a entrar em cartaz, apresentamos a performance moderna do silvícola exótico que fala nossa língua, melhor do que os silvícolas que os franceses levavam para entreter a burguesia do século 17 que apenas faziam mungangos e comiam bananas.
O melhor exemplar que levantou aplausos e ooohhhss da platéia boquiaberta, que falava asneiras com tradutor que as traduzia como a salvação do mundo, como fizeram com o pedófilo Gandhi e o sem teto Dalai Lama; tinha a língua presa, o que deve dar um trabalho danado para o tradutor entender o que dizia, o que aumentava os erros de tradução e concatenação das idéias do louco; usava ternos traçados pelos mais finos alfaiates, quem diria?, europeus e não bebia cauim ou água na moringa de barro, mas finos vinhos.
O povo urbano, desconhecedor dos costumes da colônia ultramar, admirava-se da maneira como um ser analfabetizado falava das coisas do mundo com tanta sapiência, tanto conhecimento de causa, tanta propriedade. Aquele ser não deveria ser brasileiro, mas um espécime extraterrestre que nos trazia a grandeza do pensamento venusiano, só podia.
Se Patativa do Assaré, um analfabeto do interior cearense havia feito tanta poesia linda que os franceses tanto admiravam, e com razão, por que aquele semi-anão pernambucano não poderia encantar todo o planeta com suas ficções político-sociais-econômicas e filosóficas?
Passados oito anos, o encanto da novidade esvaiu-se. Somente o povo português, aquele que ainda vive das memórias do tempo em que era império naval, o trata deveras como doutor, os demais, na bancarrota – não que o português não esteja – começam a perceber que se deram mal justamente por terem tentado seguir a receita socialista fácil ministrada pelo etezinho de Garanhuns. O que era bom para a América, era bom para o Brasil, mas, provou-se, o que é bom para o Brasil – a compra de votos e aceitação tácita do povo através de discursos e bolsas – não pode ser bom para a Europa.
Vencido o prazo de validade das engabelações do pequeno beócio, porém sábio enganador, eis que a mesma empresa que produzia seus shows apresenta sua sucessora. Uma e.t. fêmea, sem estado natal, como o pigmeu cerebral. Ele, nascido em Pernambuco, enriquecido em São Paulo; ela, nascida (?) em Minas Gerais e amamentada pelos gaúchos.
Na escolaridade também uma parecência: ele analfabeto funcional que cursou até a quinta série, ela uma graduada que falsificou um diploma para dar-se um pouco mais de respeitabilidade.
O comportamento moral também apresenta similitudes, ambos mentem com um cara inexpressiva, como bem fazem os psicopatas que acreditam nas próprias mentiras ou demonstram muito bem que acreditam para convencer a platéia a acreditar.
Sua visões sociais são similares: a esmola dignifica o homem e o trabalho sustenta a esmola. Embora uma recente assessora da e.t. fêmea afirme que a compensação financeira para pobres que fazem filhos não incentive a gravidez, não são poucos os pobres que parem de olho na adoção de suas crias por todos os cidadãos do país. Cada brasileiro é mantenedor de centenas de milhares de brasileiros que nascem sob o incentivo da política social.
Mais uma semelhança entre os dois seres estranhos: para apresentar-lhes nos palcos internacionais, ambos contavam com um barbudinho grisalho com visões comunistas e vistas grossas para os erros futuros, demonstrando que seguem bem a receita dos bichos-grilos dos anos sessenta: viva hoje como se não houvesse amanhã, esquecendo-se que para um país e suas relações internacionais o amanhã tem que ser pensado a longuíssimo prazo.
Muito boa a Prestidigitações Tropicais, a empresa que monta os espetáculos, seleciona os astros e os treina e ensaia até que a afinação, que surge a duras penas ou engana bem diante da assistência, torne o espetáculo convincente. À moda de Hollywood,a PT entretenimentos descobriu que as sequências, como Supr Man II, II e IV, Rambo, II, III, IV..., O Planeta dos Macacos, Star Trek, Sabe Com Quem Está Falando e blá-blá-blá só dão certo se alguns elementos dos personagens e das tramas forem mantidos e assim vai engabelando os públicos nacional e internacional, agora também com shows explícitos de mágicas.

©Marcos Pontes

segunda-feira, setembro 19, 2011

Por que a esquerda não vota distrital?

Voto Distrital e bipartidarismo1

 

O nome diz muito e fala pouco: democracia representativa. Já que nem todo cidadão pode expressar suas carências e aspirações aos ouvidos de seus deputados, até pela impraticidade, elege seus representantes. Isso teoricamente, porque na prática nossos pseudo-representantes legislam ou executam de acordo com os ditames de suas lideranças partidárias, dos interesses pessoais ou desejos corporativos.

A esquerda adora pregar a democracia participativa, mas não se furta em ignorar os pedidos dos eleitores, mesmo quando esses se juntam aos milhares em praça pública reivindicando isso ou aquilo.

Ademais, a esquerda também tem memória curta. Esquece-se, entre tantas bandeiras anteriores, dos tempos em que pedia liberdade de imprensa uma vez que passou a interessar às suas lideranças calar a pequena, mas barulhenta, parte da imprensa que lhe faz oposição; olvida-se dos tempos em que pregava o fim da corrupção da esquerda porque pedir o fim da corrupção nos dias atuais passou a ser golpismo contra sua presidente; não lembra-se mais dos tempos em que pregava a mesma democracia participativa citada acima, afinal de contas isso diminuiria o poder dos que seus mandatários absolutistas esperam deter em sua posse, diante do silêncio obsequioso da massa.

A participação popular resume-se ao voto, às gritarias insatisfeitas e inaudíveis dentro dos gabinetes Ou aos apupos de apoio amplamente audível e bem aceita. O resto é ilusão política.

Pegando-se o exemplo da Bahia, dividida em 9 regiões administrativas, algumas das quais muito pouco ou nada representadas no legislativo estadual e nenhuma federal. Como pode-se dizer que essa gente é representada? Seria a multidão dos Sem Políticos. E como dar-lhes alguma representatividade? A resposta é simples: pelo voto distrital. Seria tão simples se não houvessem interesses inconfessáveis como empecilho.

Uma justificativa da esquerda, a mim apresentada pelo tuiteiro @Jack_LeiteP, é que o voto distrital enfraqueceria os partidos uma vez que os eleitores votariam em candidatos, não em partidos. Isso até poderia ser verdade se fosse justificativa para não acabar com o voto ptoporcional, uma aberração que fortalece os partidos, muitas vezes elegendo gente com menos voto em detrimento de mais bem votados, porém necessitados de maior percentual, no mais, não passa de falácia. Ainda vota-se mais em candidatos do que em partidos. Além disso, talvez o voto distrital viesse justamente a fortalecer os partidos que se veriam obrigado a abrir diretórios em maior número de cidades.

De fato, independentemente de ser direita, centro ou esquerda, o que elege a arraia miúda é um ou dois dos seguintes fatores: apadrinhamento político forte, muito dinheiro para a campanha ou carona no percentual dos campeões de voto.

Quem conta com duas dessas três variáveis consegue votos em qualquer distrito. Isso explica porque o senador Walter Pinheiro, do PT, ou o deputado federal ACM Neto, do DEM, políticos que raramente saem da capital, local de nascimento de ambos, conseguem votos em praticamente todas as cidades baianas. Seja lá qual for o seu estado, caro leitor, exemplos semelhantes poderão ser encontrados.

No PT, um verdadeiro saco de sublegendas, a corrente majoritária, aquela comandada por Zé Dirceu, Lula, Greenhalgh, Barzoini, Vaccarezza, Mercadante, Dutra e outros xerifes diariamente dando as cartas na imprensa, além de ser contra o voto distrital, defende o voto em lista, que a memória seletiva da esquerda não lhes permite lembrar que seria nada menos que a reedição do voto vinculado instituído pela ARENA e tão condenado pela esquerda de outrora que hoje o defende.

O voto distrital, o voto não em lista e o fim do voto proporcional não enfraquecem os partidos, enfraquecem seus donos, por isso os totalitaristas da esquerda reprovam os três. Para apoiá-los, aos donos, existe uma massa acéfala que os segue como carneirinhos, ignorada nas verdadeiras decisões partidárias e que não se permite perceber que também não é representada.

 

©Marcos Pontes

domingo, setembro 18, 2011

Tarataruga paraplégica andando de ré

Corrupção-judiciário

Leio na mesma semana que o ex-jogador Edmundo está livre de qualquer punição por conta do acidente provocado por ele, em eu houve gente morta. O processo estava extinto por prescrição; o Superior Tribunal de Justiça tornou sem efeito as provas apresentadas pela Polícia Federal na Operação boi Barrica, que investigava as ações da família Sarney; a família do de Carlos Lamarca quer indenização de mais de R$ 900 mil, além de pensão e promoção do terrorista à patente de coronel e o recebimento de todos os vencimentos retroagidos e o reconhecimento, por parte do Exército, que Lamarca não foi um desertor;

Na mesma semana eu estava intimado pelo tribunal de Júri a ser jurado num julgamento que ocorreria na quarta-feira. Pontualmente, às oito horas, estávamos lá os 25 jurados convocados. Às nove horas fomos chamados ao plenário. O juiz conversava com seus assessores, nós conversávamos na platéia, os advogados de defesa trocavam impressões daquele jeitinho dos advogados, falando baixinho, quase no ouvido do outro, como se estivessem preparando um grande golpe. E nada acontecia.

Às nove e meia o juiz toma o microfone e nos comunica que não haverá julgamento porque o Ministério Público não fora comunicado pelos seus oficiais de justiça.

No caso do Edmundo, tenho certeza que a maioria dos brasileiros deve ter imaginado o alívio do ex-atleta ao ser comunicado da decisão dos juízes, mas quantos pensaram nos familiares das vítimas? Este é um ponto. O outro é o descalabro de ver um caso de morte ser deixado caducar, não bastasse a própria aberração de casos de morte prescreverem. No mínimo é um acinte às famílias das vítimas.

Se Edmundo fosse absolvido em juízo, poderia até causar discordâncias daqui e dali, mas ficaria o alívio de a justiça ter sido feita. O inaceitável é a falta de diligência, o desinteresse com o público. E a imprensa dando a entender que a causa tinha apenas um lado, o da celebridade, esquecendo-se das muitas outras vítimas diretas e indiretas.

Costumo assistir aos programas policiais americanos e uma coisa que sempre percebo nos agentes da lei e a importância que dão em trazer esclarecimentos às famílias das vítimas, a questão humanitária que a se dá importância em casos onde há morte. Por aqui, em que tráfico de influência e que jeitinhos são dados de acordo com o grau de amizade que uma das partes tem com os agentes legais, aos mortais comuns tenta-se dar uma aparência de que o que interessa é a frieza da lei. Um engodo a mais para uma sociedade passiva.

E a Operação Boi Barrica... Jamais saberemos se, do ponto de vista legal, a família Sarney é culpada ou inocente das acusações que a Polícia Federal lhe imputa. Assim como na Operação Satiagraha, os tecnicismos anulam a verdade. Não bastasse o tempo – mais uma vez o grande aliado das injustiças – longo para que os crimes sejam julgados, prefere-se culpar os investigadores do que esclarecer a verdade dos desmandos. Como medo, conivência ou fazendo jus às vendas de sentenças (talvez haja uma quarta possibilidade, mas me recuso a ventilá-la) nosso Judiciário das altas esferas prefere ajoelhar-se diante dos mandatários da nação do que darem satisfações satisfatórias aos cidadãos.

Já que o fato está consumado e não existe mais a Operação boi Barrica, me prenderei a uma questão “menor”. Acabou-se, por conseguinte, a censura ao jornal Estado de São Paulo, proibido de falar o nome dos filho do Zezinho Ribamar, providentemente salvo pelos amigos juízes, ou continuará censurado?

O Lamarca morreu há 40 anos, o regime militar acabou há 16 anos e a sentença sobre seu caso ainda não saiu? O que há de tão difícil nessa questão para que se levem décadas para se chegar a uma decisão?

Apelemos para o Aulete Digital:

Deserção: 1 Mil. Ação ou resultado de desertar.

                 2 Ato de abandonar (um partido, uma causa etc.); DEFECÇÃO

Desertar: 1 Abandonar o serviço militar sem licença

                2 Passar para outro partido, país etc.; BANDEAR-SE (o grifo é do dicionário)

                3 Desistir ou desviar-se de

Pelo Código Militar, se um sentinela, que fica quatro horas na guarita, deixar o posto para tirar uma soneca, é considerado um desertor. Não seria deserção, portanto, o militar abandonar TODAS as suas funções, levar armas (furto) e uniformes, combater o próprio Exército, assassinar os antes companheiros de farda, bandear-se para o lado opositor?

A ditadura foi truculenta em várias ações? Sim. Mas não saiu pelas ruas matando qualquer cidadão. A luta armada foi decretada pela oposição, foi opção dos indivíduos, não deve ser o Estado punido por ações decididas pela consciência dos cidadãos. Lamarca foi para as armas por vontade própria, não por imposição das Forças Armadas.

Sem falar que a luta armada não trouxe qualquer ganho para a sociedade, só fez vítimas de ambos os lados. Nem um milímetro da redemocratização pode ser creditado aos terroristas armados. Se ela, a redemocratização, pode ser creditada à oposição que seja feita na medida certa, aos que lutaram democraticamente, dentro do que a legislação permitia. Nomes como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela fizeram muito mais pelo país, mesmo não se concordando com a essência de seus atos, do que bandidos armados, assassinos indiscriminados que mataram até mesmo companheiros que passaram a discordar das táticas utilizadas.

Seria cômico, se não fosse tão grave, a justificativa da família de Lamarca que o capitão não desertara do Exército, as Forças Armadas é que teriam desertado de Lamarca. Uma inversão de valores tão absurda que é capaz da absurda Justiça lhe dar razão.

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, setembro 14, 2011

Mentiras à mancheia

mentira1

 

“Um iPad para cada aluno”, Fernando Haddad, um governo depois de ter prometido um note book para os mesmos estudantes.

“Quero ser julgado logo”, Zé Dirceu.

“Não me venham com novos impostos para a saúde”, Dilma.

“Eu não sabia de nada”, o ex, imortalizando a desculpa perfeita.

“O PIB vai crescer 3%, mas vou me esforçar para chegar a 4%”, Dilma, de novo.

“Eu não sabia que haviam desvios de conduta no ministério”, Pedro Novais, o virtual ex-ministro do Turismo, repetindo seu ídolo em não deixar rabo preso à mostra (mas deixou).

“Uma legenda não pode se comprometer por causa de uma pessoa”, Waldir Raupp, colocando a cabeça de Pedro Novais numa bandeja de latão para tentar salvar a imagem putrefata do PMDB, já comprometido por milhares de pessoas.

“Vou trabalhar pelo povo”, geral.

“Diminuiu a violência no estado”, Jaques Bêbado Wagner e Sérgio Mitômano Cabral, em uníssono.

“Você são verdadeiros heróis e heroínas. Cada meta atingida é um crime a menos e um cidadão salvo a mais “, o Mitômano na solenidade que deu prêmio de 50% aos policiais pela diminuição mentirosa da criminalidade, meses depois de rejeitar aumento por heroísmo real dos bombeiros.

“Aquecimento global”, Al Gora numa mentira recorrente, como se um dia a Terra tivesse temperatura e clima estáveis.

“A corrupção não é maior no governo petista, apenas passou a ser mais combatida pela Polícia Federal”, um mantra entre todos os vermelhinhos da base acéfala.

MST, uma das mentiras que vem ruindo aos poucos. Percebe-se, devagar, mas constantemente, que esses terroristas rurais querem renda e não terra.

Não são poucos e nem possíveis de serem elencadas sequer pela metade as mentiras da esquerda, dos incolores seus comparsas imóveis e da imprensa que reproduz os releases das assessorias de imprensa sem checarem os dados. Pior, muitas das mentiras proferidas são tidas como verdades pelos seus emissários.

Já dizia Chesterton, “nunca discuta com um louco, ele sempre tem razão”. Não entenda mal, sábio leitor. A razão do louco está em sua própria loucura e não se sustenta na realidade. O filósofo Olavo de Carvalho chama a isso de paralaxe cognitiva.

A diferença entra as “razões dos loucos”, de Chesterton, e a paralaxe cognitiva, de Carvalho, está na intenção. As mentiras de nossos dirigentes e seus asseclas vermelhos podem ser razões de loucos, se o sujeito deveras acredita nas mentiras que fala e aí há uma intercessão com a paralaxe cognitiva. Porém, quando a mentira tem o propósito de enganar, é um engodo previamente planejada e tem propósitos escusos para a massa privada do poder de análise e interesse, deixa de ser razão de louco, mas safadeza de sãos.

Mentir sobre uma prática ideal, como por exemplo a lisura no exercício da atividade pública, enquanto se beneficia da fortuna da viúva é a paralaxe cognitiva em sua essência. E assim se comporta a quase totalidade da esquerda.

Os caras ignoram a realidade, o senso crítico exterior, as diferenças entre o discurso e a prática e tentam proliferar suas mentiras pelo país e pelo mundo – vide Barak Obama, Al Gore, Zapatero, Fidel Castro...- contando com a ignorância coletiva. Pior, conseguem.

Gramscianamente criaram o politicamente correto, levando a massa ignara a tratar aqueles que saem dos trilhos traçados por esse mundo certinho de Hollywood ou das novelas globais, dos democratas americanos e dos petistas brasileiros, da revista Caras e das entrevistas das celebridades nescafé, aquelas que são feitas em três minutos e consumidas de um gole, de maneira mais cruel do que eram tratados os leprosos nos tempos de Cristo. Aliás, não existem mais leprosos, agora são apenas hansenianos.

O grande legado de Maluf, maquiavelicamente justificado, foi o “rouba, mas faz” e esta práxis generalizou-se de cima para baixo e o rebutalho humano que é roubado repete a defesa dos ladrões que o presenteia com uma rua asfaltada ou uma escola pintada de branquinho.

Na era lulista e, queira Deus, pós-lulista em andamento, o “rouba, mas faz” foi substituído por “mente, mas acaba com a pobreza” e o terrível “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

 

©Marcos Pontes

quinta-feira, setembro 08, 2011

Do grito dos excluídos ao protesto contra a corrupção

corrupção-7-de-setembro

Não só a esquerda, também os famigerados incolores minimizam os atos de protesto que ocorreram em todo o país contra a corrupção que grassa em todos os poderes. Os primeiros por motivos óbvios, os segundos por terem medo de assumir qualquer postura e, para isso, arrumam as mais estapafúrdias e insustentáveis desculpas.

Tirando o PSOL, mais conhecido como o PT-de-ontem, toda a esquerda está apoiando a presidente e sua pseudo-faxina, inclusive parte da que deveria ser oposição, o PSDB. Por estar alinhada com a presidente, participar dos protestos significaria que não está satisfeita com a maquiagem que o governo federal está fazendo enquanto finge que combate os corruptos. Seria o equivalente a dizer que quase nada foi feito. Antes ficar bem com os corruptos do que indispor-se com a falsa faxineira.

O PSOL até tentou, em Brasília, desfraldar suas bandeiras vermelhas, intento frustrado pelos demais participantes. O movimento nasceu suprapartidário e assim deverá manter-se, demonstrando que era um movimento deveras popular e não manipulado por siglas. Os vermelhinhos fizeram beicinho e não desfilaram.

Há nove anos a UNE desfilaria, mas a pensão milionária que recebe dos cofres públicos não desapontaria sua comandante-em-chefe. Fingiu-se de morta e até torceu os dedos para que sua ausência não fosse notada. Não deu certo a reza, se é que comunista reza. Quem tem mais de 30 anos tinha certeza que veria os barbudos e cabeludas, de camisetas fantasiadas com a cara do assassino platino-cubano Che ou batinhas indianas, as indefectíveis bolsas a tiracolo e as sandalhinhas de couro de bode empunhando faixas e esgoelando-se em palavras de ordem. Pouparam-nos desse espetáculo démodé.

As desculpas dos incolores: ah, isso vai dar em nada (pode ser, mas só as pitonisas podem adivinhar); isso é coisa de políticos (e é mesmo, políticos com as melhores intenções, pelo menos até o momento. A melhor espécie de políticos que pode existir, aquele que faz política civil, sem o uniforme maculado dos partidos); eu vou lá deixar de curtir meu feriado pra pegar sol na moleira? (A vida é feita de prioridades. Se sua prioridade é chocar jacaré em casa ou encher o rabo de cerveja à beira d’água enquanto os ratos saqueiam o erário, problema seus, mas não chore mais tarde); isso é coisa de reacionários de direita (esta é dos incolores que fingem-se de vermelhos ou que acreditam que toda a direita é conservadora ou vice-versa. Costumam ser emprenhados pelos ouvidos com uma tendência fortíssima, se não já comprovada, de politicamente corretos). E la nave va...

E já que foi mencionada a direita, parte dela recusou-se a comparecer. A mais bem explicada razão que li foi o artigo do Felipe Moura Brasil, no Mídia Sem Máscara. Alega o nobilíssimo autor que afirmou que ficaria em casa, embora refira-se à manifestação marcada para o dia 20 de setembro, no Rio (imagino que tenha ficado em casa no dia 7).

Para Felipe, o movimento popular, para ser mais incisivo, deveria ter alvos nominados, do tipo Jaqueline Roriz, Renan Calheiros, José Sarney, José Dirceu, ou mais amplo como o PT, o governo federal, toda a classe política... Me permito discordar. Desejando apontar seus petardos para alvos específicos cairia a marcha justamente no erro que ele aponta ter sido cometido: acertar uns, deixando outros bandidos de fora.
Para se começar a tal “primavera brasileira” (anotem aí, se ela vier a ocorrer, a imprensa cunhará este epíteto), primeiro tem que se levar o problema diante dos olhos do populacho desinformado para, só então, combater seus agentes. A verdadeira faxina é paulatina, não esse arroubo presidencial de faz de conta que limpou a Esplanada dos Ministérios, populista e de boa imagem para a mídia genuflexa.

©Marcos Pontes

terça-feira, setembro 06, 2011

Carta aberta às autoridades

brasil800

Convido os nobres leitores a copiarem em seus blogs, enviarem por e-mail aos políticos que conhecem, colarem em seus blogs, enfim, levar ao conhecimento de nossas autoridades. Estejam à vontade para melhorarem o texto, algo que sei que são capazes, só lhes resta desejarem.

Cada um de nós pode ajudar com sua forma de fazer pressão e mostrar às nossas autoridades que estamos cansando de tantos desmandos e de sermos ignorados fora dos períodos eleitorais.

Senhores políticos,

Teoricamente vivemos numa democracia representativa, de fato, eleições não fazem uma democracia, a partir do momento vossas excelências não nos representam de fato, salvo raríssimas exceções.

Teoricamente vivemos num sistema republicano presidencialista, mas uma república faz-se com liberdade, igualdade e fraternidade de fato e não apenas no papel. A partir do momento em que vossas excelências elevam-se ao patamar de uma classe privilegiada, a igualdade deixa de existir; se colocam os interesses particulares, corporativistas e partidários acima dos interesses públicos, a fraternidade torna-se apenas um conceito; quando vossas excelências ao menos ventilam a possibilidade de selecionar as informações que devem ser veiculados pelos órgãos de comunicação de massa, limitar o uso de internet pelos cidadãos, a liberdade fica ferida.

Não contem, excelências com a ignorância coletiva e o esquecimento dos eleitores brasileiros. A cada dia cresce o número de cidadãos desgostosos com os rumos dados ao país, matando-se a idéia de pátria, condenando as classes privadas de poder aquisitivo e poder do conhecimento, condenando populações inteiras à ignorância pela péssima qualidade de nossas escolas públicas, matando-se milhares por ano pela falta de equipamentos, profissionais e boa vontade dos nossos agentes de saúde. Este desgosto coloca a classe política no front de uma batalha social que prepara-se aos poucos, paulatina e lentamente. Não subestimem nossa capacidade de união, organização e poder de reivindicações.

Não os ameaço, excelências, apenas os alerto. Não estranhem se um dia as praças encherem-se de brasileiros desgastados em sua dignidade e paciência e não adianta, insisto, em arrumar ferramentas ilegais para nos calar. Saiam às ruas sem seus cabos eleitorais e não tardarão a perceber que a panela de pressão está aquecida e cada brasileiro tem muitas reclamações sobre suas atuações. Não se surpreendam se vossas excelências passarem a receber dedos na cara daqueles a quem sempre trataram apenas como mais um voto na urna eletrônica.

Mudem suas práticas, respeitem àqueles que pagam extorsivos impostos desejando apenas serem tratados como homens, mulheres, jovens e crianças que merecem receber em troca de seu suado dinheiro depositado nos cofres do Estado serviços de qualidade e respeito das instituições.

Não continuem tratando a segurança pública como uma ferramenta eleitoreira. Ao permitirem que o banditismo, seja do ladrão de galinhas, seja do ladrão do erário, cresça com punições amenas, quando elas ocorrem, estão mandando a mensagem que ser bandido vale a pena, que nada ocorrerá a quem desrespeitar a lei e este desrespeito pode bater às suas portas pelas mãos e pela insatisfação daqueles que hoje se sentem agredidos pela sua inépcia.

Parem um pouco de olhar apenas para as caras dissimuladas de seus líderes e olhem nos olhos de seus patrões: o povo que lhes paga os salários, as mordomias, as benesses, as viagens de primeira classe, as diárias em viagens internacionais, os hotéis cinco estrelas, os carros luxuosos, os jantares nababescos, as moradias gratuitas e confortáveis, os planos de saúde ilimitados e extensivos às suas famílias. Na surdina, pelos becos, nos bares ou nas portas da peixaria, já se fala que todos merecemos isso. A tal igualdade de que fala a Constituição Federal, aquela mesma Carta Magna que nossos dirigentes, vossas excelências, desrespeitam como se mandassem cada patrício calar-se e resignar-se.

Respeitem-nos, excelências, antes que percamos de vez o respeito por vossas excelências. Respeitem esta pátria rica que empobrece diante de tanto desvio de verbas, leis casuísticas, desvios de verbas, de princípios éticos e morais, dos furtos impunes à coisa pública.

Somos pacíficos, mas estamos perdendo nossa paciência o que pode nos levar a perder a passividade e cabe aos senhores evitarem traumas sociais. Não a oposição armada que nossos mandatários pregaram um dia e que hoje acham antidemocrática, mas antes da terra assentar-se, excelências, há o terremoto. Este abalo cabe a vossas excelências evitarem.

Não somos poucos e nosso número aumenta na mesma proporção que cresce nossa indignação.

Se de fato vossas excelências nos representam, algo em que não cremos mais, façam de suas atividades aquilo que esperamos que façam: justiça social, segurança jurídica, responsabilidade, eficiência, bom senso, honestidade. Tudo em nome do bem comum e não dos bens seus e dos seus.

Não se acovardem, excelências, mostrem que são homens e mulheres com algum resquício de consciência e levem este nosso sofrido Brasil ao rumo seguro do crescimento calcado na qualidade dos serviços públicos; ressuscitem os princípios republicanos de fato, além do discurso fácil e ensaiado; pensem na honra de seus filhos que devem sofrer por verem seus pais acusados de bandidos na escola, no clube, na lanchonete, dêem-lhe motivos para orgulharem-se de vossas excelências; esforcem-se para entrarem na história como aqueles que colocaram o país na linha e não como coniventes com os bandidos que pouco ligam para os rumos da nação, antes vêem seus egos, seus bolsos e o enriquecimento sub-reptícios dos seus pares.

Estamos vivos, excelências, e inchando de raiva e indignação, mas não precisam temer, desde que não nos dêem motivos, embora até o momento motivos não nos faltem e aumentam a cada dia.

As páginas políticas dos jornais e revistas se confundem com as páginas policiais e é como bandidos ou cúmplices que querem ser lembrados no futuro? Não cabe a nós mudarmos o futuro, mas vossas excelências, eleitas para nos representar. Pois representem, mas com a conduta que desejamos e não com a que têm nos mostrado.

©Marcos Pontes

domingo, setembro 04, 2011

E-mail à Repórteres Sem Fronteiras

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Não recebendo, até o momento, resposta da OEA ao e-mail que lhe enviei sobre o maldito “controle externo da imprensa”, mais uma vez proposto pelo nosso governozinho stalinista mitim e petista, escrevo agora para o Repórteres Sem Fronteiras. Me direcionando diretamente aos jornalistas, talvez venha uma resposta mais rápida não para mim, mas para o país.

Dos nossos quase duzentos milhões de cidadãos, quatos têm noção do perigo que é para todos calarem a imprensa? Temos que nos assustar e ficar atentos ou, próximo passo, proibirão a nós, comuns mortais, de nos reunirmos num boteco para falar de política. Quem cala um jornal e uma revista, pode sonhar em calar cada pessoa. Aliás, a história está cheia desses maus exemplos.

Esperaremos a criação das milícias dos bairros, dos arapongas civis, dos dedos-duros recompensados pelo Estado para darmos conta que nosso silêncio pode ser nossa sentença de subdesenvolvimento eterno ou de morte?

O e-mail:

 

O Brasil já conta com vasta e séria legislação contra crimes de calúnia, injúria, difamação e danos morais, ao alcance de todos os cidadãos e o direito de livre manifestação está assegurada na Constituição Federal, isso, porém, parece ser ignorado pelo nosso governo federal desde 2002 e, volta e meia, o partido da atual presidente, o mesmo do ex-presidente, lança a proposta de censurar a empresa com o nome eufêmico de “controle externo da mídia” ou “marco regulatório da mídia” ou alguma outra forma pomposa de se fantasiar a intenção institucional de calar os meios de comunicação de massa que veiculem notícias contrárias aos interesses desses governos e seus aliados.

Sentimos exaurirem-se paulatinamente as forças de combate a essas propostas imorais dentro do país, daí a necessidade de buscarmos a atenção de organismos internacionais. E-mail neste mesmo teor já enviei para a Organização dos Estados Americanos, OEA, não tendo, porém, qualquer resposta até este momento. E-mails semelhantes foram enviados por centenas de outro brasileiros como mesmo silêncio como resposta.

Sei que não é interesse do Repórteres Sem Fronteira intrometer-se em questões internas de qualquer país, mas seria de muito bom alvitre uma declaração de vossas senhorias dando conta de que estão informados do que ocorre por aqui e das reprováveis intenções de nossos governantes. Uma declaração desta prestimosa entidade talvez fosse suficiente para inibir manobras políticas que tenham a intenção de privar os cidadãos das informações que precisamos saber.

Não lhes enviarei links de notícias para não dar a aparência de que estou sendo parcial, preferindo sugerir-lhes que façam sua própria pesquisa e entrem em contato com órgão de imprensa não governamentais como a Associação Brasileira de Imprensa e Associação Brasileira de Jornais.

Peço-lhes, respeitosamente e com urgência, que nos ajudem a fazer com que as autoridades mudem de idéia nas suas intenções de calarem a boca de nossos jornalistas e taparem olhos e ouvidos de nossos cidadãos. Historicamente sabemos o que acontece depois que o Estado desarma a população e silencia a imprensa, por isso precisamos tomar atitude decisiva agora antes que seja tarde e irreversível.

Saudações democráticas.

 

Marcos Pontes

 

©Marcos Pontes

sábado, setembro 03, 2011

E-mail à OEA

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E-mail enviado hoje para o senhor Paulo Rogério Cavalcanti, Oficial Administrativo da OEA no Brasil. Quem desejar fazer o emsmo, o e-mail é oeabra@terra.com.br . Se não fazemos nada e nossos clamores são solenemente ignorados pelos aprendizes de ditadores que são nossos governantes, comecemos a apelar aos organismos internacionais.

A OEA não tem demonstrado muito respeito pela opinião pública, é verdade, além de andar fantasiada de arauto do esquerdismo latinoamericano, mas de alguma maneira podemos começar a chamar a atenção das autoridades internacionais para o risco de censura institucionalizada.

 

Excelentíssimo Senhor Paulo Rogério Cavalcanti,

Prefiro dirigir-me ao senhor do que diretamente à Secretaria Geral da OEA por ser Vossa Excelência brasileiro, sem dúvida um democrata e atinado com as questões nacionais e, assim como este que lhe escreve, sem preferência político-partidária, senão o bem estar dos cidadãos brasileiros, a defesa da soberania nacional, a independência dos poderes e, principalmente, os direitos dos cidadãos, independentemente de sua coloração ideológica.

Não tenho a mínima pretensão de dar-lhe aula de história, matéria que, indubitavelmente, Vossa Excelência deve dominar bem mais do que eu, mas apenas usá-la para ilustrar as preocupações que me levam a escrever-lhe esta missiva, o passado e mesmo o presente, em alguns países como a Venezuela, Irã, Líbia e Coreia do Norte, que quando o primeiro direito do cidadão é violado, o direito de expressar-se livremente, ficam escancaradas as portas do autoritarismo, das ditaduras, da supressão pelo estado de todos os demais direitos individuais e coletivos sempre que o governo se achar no direito de fazê-lo.

Mesmo às custas de altíssima carga tributária, boa parte da qual dissolve-se sob a pressão da corrupção, o brasileiro comum, honesto e trabalhador, já tem tolhidos seus direitos constitucionais a educação, saúde e moradia, não pode ficar à mercê da vontade de um partido e seus quadros superiores no tocante à liberdade de expressar-se.

Infelizmente, nos últimos oito anos, o governo federal vem demonstrando a intenção de calar as vozes discordantes de suas diretrizes, a começar pela imprensa, a porta voz civil de toda a população. Esta imprensa, aliás, quem vem descobrindo mais desmandos e desvios de conduta e de verbas do que deveriam fazer as polícias; a imprensa que vem exercendo um dos papéis do Poder Legislativo no tocante à fiscalização de atos do governo e à exigência do cumprimento das leis por parte das autoridades; a imprensa que analisa a aplicabilidade das leis, estuda os impactos sociais, ambientais e econômicos das medidas tomadas ou sugeridas por nossos legisladores sem que estes, porém, se reocuparem antecipadamente em realizar esses estudos e análises.

Há uma necessidade urgente que organismos internacionais, como A OEA, Anistia Internacional, organizações internacionais de imprensa e quem mais defenda a liberdade de expressão, alertarem o governo brasileiro, os partidos políticos e a população em sua totalidade dos riscos que correremos se a prática da censura e da retaliação contra jornais, revistas, sítios internéticos e blogs não apócrifos for implantada, como demonstram ser sua vontade autoridades federais nessas duas últimas administrações federais.

Em pleno século 21, é inadmissível que homens públicos, partidos políticos e governos, como o atual governo federal, defendam controle de mídia. Já existe legislação para punir ataques à honra, crimes de calúnia, ofensas, acusações infundadas ou seja lá que abuso for por parte de qualquer veículo de comunicação de massa ou indivíduos, não há, portanto, num estado republicano e democrático, espaço para qualquer tipo de censura, ainda mais que não existe censura leve. Qualquer censura é censura e como tal deve ser condenada.

Rogo, respeitosamente, que a OEA faça estudos e levantamentos das tentativas do governo brasileiro em calar a imprensa e manifeste-se publicamente contra isso. O Brasil e os brasileiros precisam da ajuda da OEA preventivamente porque depois de instaurada a censura, somente uma revolução social para fazer com que o governo e os organismos a ele aliados retrocedam dessa prática absurda e abusiva. Será de suma importância, portanto, que a OEA antecipe-se às celeumas e advirta nosso governo dos riscos que poderão concretizar-se em traumática realidade se o autoritarismo for levado adiante.

Respeitosamente,

Marcos Pontes

 

@Marcos Pontes

terça-feira, agosto 30, 2011

Dirceu, Veja e o tempo

Capa veja
Sendo verdade o que consta no boletim de Ocorrência que Zé Dirceu registrou contra o repórter da revista Veja, que teria tentado invadir sua suíte no seu bunker 5 estrelas, tenho que reprovar a atitude da revista e de seu jornalista, algo, porém, não me leva a crer muito nisso: O tempo.
Por que, somente na véspera da revista chegar às bancas, dias depois da “invasão” do jornalista, o lobista-capo-consultor-traficante de influência-e outros adjetivos nada nobre foi à delegacia? Por que não o fez na data do ocorrido que, sejamos lógicos, não ocorreu na data da queixa policial uma vez que não haveria tempo para que a reportagem fosse escrita, revisada, discutida, diagramada, imprimida e distribuída no exemplar do dia 31 de agosto, sem falar que a primeira foto da reportagem data de 7 de junho, quase dois meses antes.
Uma vez que Dirceu e seu fiel séquito comparam a atitude de Veja com as bisbilhotagens que destruíram um jornal e a credibilidade de Rupert Murdoch, na Inglaterra, não consigo deixar de fazer uma comparação com o caso Strauss-Khan, que tirou da competição o mais provável sucessor de Sarkozy, no eixo Nova Iorque-Paris. Só que em caminho inverso.
Em Nova Iorque uma camareira de moral duvidosa destruiu a imagem de um todo poderoso, em Brasília um todo poderoso de moral comprovadamente enlameada tenta destruir a reputação de uma revista com 43 anos de serviços prestados à democracia e à nação.
Não tenho procuração ou interesse para defender a revista Veja, mas não deixo de lembrar o furor comemorativo da esquerda quando o número 1 de veja foi às bancas com os símbolos comunistas na capa, em pleno 1968, quando eu era apenas um garoto de calças curtas interessado nas leituras do pai, leitor compulsivo.
O tempo, ah, o tempo... Nos esquecemos de muitas coisas à toa e de algumas importantes, mas nos lembramos sem esforço da história acontecendo à frente dos nossos narizes. A esquerda que tinha Veja como aliada, hoje a apedreja como inimiga mortal, dedicando à Carta Capital o status de seu único e confiável porta voz. Contudo, a revista de Mino Carta que fique esperta. É inerente à esquerda, desde Lênin até Celso Daniel, Palocci-Dirceu, Dirceu-Dilma, decapitar os aliados que não têm mais serventia.

©Marcos Pontes

domingo, agosto 28, 2011

Dividir para conquistar - Final

Novos estados

Não há qualquer propósito, nesta série de três artigos que se encerra com este, em convencer quem quer que seja de que estou certo, pelo contrário, muito maior é a importância de se aprender algo com quem discorda deles e rebate meu ponto de vista com dados ou análises diferentes. Muito menos há intenção de ofender quem pensa diferente. Sem querer ser politicamente correto e dar uma de amiguinho de todo mundo, também não quero ser o bad boy que sai dando sossega leão em quem pensa diferente. Pelo menos nessa questão.

Por outro lado, como em qualquer discussão política no Brasil, ânimos se exaltam e de todos os lados surgem os emotivos, os que defendem suas posições como se estivessem numa arquibancada de estádio torcendo pelo seu time. A estes, sinto muito, mas só posso deixar meu desprezo. Em nada acrescentaram à discussão, não acrescentaram dados factíveis, argumentos convincentes e nem simpatia por sua causa, muito pelo contrário, afastaram um amigo em potencial.

Por outro lado, e é este que interessa, nas minhas pesquisas, na leitura de jornais, sites e blogs de várias cidades do Pará e recebendo e-mails e comentários no blog em pelo Twitter, muita coisa interessante foi adida e tentarei aqui rebater as argumentações no tocante à política partidária e às questões econômicas que os integralistas acreditam testemunhar contra uma secessão saudável.

Os custos

Não existem números confiáveis sobre quanto custaria a criação de dois novos estados. Tirando uma média dos valores apresentados nos mais diversos chutes, de vereadores de Belém ao presidente da OAB-PA, de jornais que não citam fontes ao presidente da Assembléia Legislativa, chutaria eu que cada novo estado custaria R$ 2,5 bilhões e mais R$ 1 bilhão por ano para sua manutenção. De fato muito dinheiro. Mas, se levarmos em conta que o país pode jogar R$ 1,2 bilhão apenas para a reforma do Maracanã e sabe-se lá quantos outros bilhões para a realização de uma Copa do Mundo e uma Olimpíada e que esses dois eventos, além de mexer no ufanismo vermelho da nação pouco deixará de palpável para o país, além de isentar de impostos o Comitê Olímpico Internacional e a FIFA, a criação de duas “obras” permanentes que melhorarão a vida de milhões de pessoas, até que os dois estados não saem tão caro. Além do mais, com a carga escorchante de impostos que pagamos, além de uma estimativa de crescimento dessas taxas em 3% no próximo ano, industrializando-se os novos estados e criando órgãos arrecadadores vorazes como o Brasil sabe fazer, logo esses estados se pagarão.

Economistas saberiam fazer esses cálculos melhor e até explicitá-los mais claramente, mas vejo essa dinheirama como investimento, em 60% de seu montante, contra 40% de despesas. Isso valeria a pena em qualquer negócio.

Alegaram que Mato Grosso do Sul ainda não pagou sua dívida de emancipação. E nem pagará, digo eu. Há dois tipos de dívida, a pecuniária e a social. Ambas estão insolúveis, mas a social está menos deficitária do que era antes da divisão. Ou alguém há de negar que a qualidade de empregos, renda, educação e saúde tornaram-se menos sofríveis do que eram antes da criação do novo estado nas localidades mais afastadas?

A corrupção

Não justifica, mas a corrupção é inerente à condição de políticos nacionais, reflexo da população que continua sonegando, “molhando a mão” do guarda para não pagar multa e do fiscal da Receita para não ser penalizado, do médico credenciado pelo SUS que cobra as consultas “por fora” e tantas outras falcatruas cometidas por cidadãos ditos direitos a todo o momento e não seriam estados menores que proibiriam essas práticas danosas.

Lobistas continuariam comprando legisladores, como ocorre em todas as esferas administrativas, prefeitos e governadores continuariam pagando mensalões e mensalinhos como ainda ocorre depois da descoberta do mensalão deo PT, impune até o momento e incentivo para que a prática continue. Juízes daqui e dali continuariam vendendo sentenças e passando a mão na cabeça de réus amigos. Existem, porém, mecanismos legais para inibir essas práticas o que falta, como sempre digo e continuarei dizendo, é fiscalização eficaz e honesta.

Com estados menores e as autoridades mais próximas de seus cidadãos, a vigilância poderia ser mais eficaz, mais facilmente a população poderia manifestar-se contra seus administradores desonestos. Pelo menos teoricamente.

Alguém comentou que se estados menores fossem garantia de estados melhores, Alagoas e Sergipe seriam potências nacionais, mas o inverso também conta. Estados grandes tornam as ações abusivas mais subterrâneas. Como esperar que manifestações em Altamira e Marabá repercutam em Belém sem a cobertura maciça da imprensa, como ocorrem hoje, embora raramente?

Os novos estados teriam, por obrigação legal e necessidade da observância constante, seus próprios órgãos fiscalizadores que teriam menos gente em quem ficar de olho.

Desequilíbrio na representatividade nacional

Uma falácia.

Para que haja equilíbrio, existe o Senado Federal. Com três senadores por estado, todos os estados teriam a mesma quantidade de votos. Pode-se dizer que é gente demais, no que eu tendo a concordar. São 81 senadores e este número elevar-se-ia a 87. Se fossem apenas 2, este número baixaria para 58, o que significaria uma substancial economia ao erário.

O número de deputados federais também é enorme, aliás, “muito mais enorme” do que o de senadores, mas é aí que se dá mais voz e voto para os estados mais populosos, uma vez que o número de parlamentares é proporcional ao de eleitores. Os novos estados, somados, teriam apenas pouco mais do que o Pará tem sozinho, afinal de contas, o número de eleitores seria o mesmo, o acréscimo seria pela determinação constitucional do número mínimo de deputados por estado.

Haveria, aí, sim, um aumento do número de deputados estaduais e um acréscimo nas verbas dos Executivos a serem repassadas para Legislativo e Judiciário. Caberia a esses novos estados limitarem os salários de seus parlamentares e de seus juízes e ninguém, de nenhum estado, tem nada a ver com isso. As populações locais e suas entidades de classe é que deveriam meter o bedelho e limitar esses custos.

Esse aumento de pessoal, se é dispendioso, estará bancando a teórica fiscalização das leis. Por desafogar o Estado do Pará, já valeria a pena.

De qualquer forma, se as leis são ruins, o pessoal dispendioso, a fiscalização capenga, não é o cidadão que paga por tudo isso que deve ser penalizada.

Aliás, muito tem-se falado contra a divisão levando-se em conta as despesas, a corrupção, a lentidão da máquina oficial e tudo o mais que se refere ao estado, seus custos e atribuições, mas pouco tem-se levado em consideração o cidadão e o quanto ele seria beneficiado e esta é minha maior motivação. Não haveria Estado sem o homem, óbvio, ele, o homem, é, portanto, muito mais importante do que o Estado e por isso deve ser privilegiado.

©Marcos Pontes

sábado, agosto 27, 2011

Os fichas sujas contra a divisão

FICHA-SUJA

Fazendo parênteses na série de posts a favor da divisão de Pará, Bahia e Minas para tentar dar uma resposta ao e-mail que está circulando, enumerando aqueles que são a favor, chamando-os de “estrangeiros” – exatamente o pior dos argumentos, como falei no post anterior, que alguém pode usar -, na velha tática esquerdista de desmerecer os adversários antes de defender seus pontos de vista. O relativismo usado pelos mesmos que dizem “ah, mas os outros partidos também roubam”, ou “todo mundo faz, por que não podemos fazer?”.

É fato que alguns dos enumerados no dito e-mail deveras respondem a processos judiciais e outros já foram condenados, mas, utilizando-se das mesmas armas, por que não citam aqueles fichas limpas que também apóiam a divisão?

Pois eu aqui farei uso do mesmo relativismo e tentarei mostrar quem são os “contra” que têm ficha suja ou, pelo menos, práxis política duvidosa.

- Edmilson Rodrigues – Ex-prefeito de Belém, ex-petista, hoje no PSOL, responde a processo por improbidade administrativa quando era prefeito da capital paraense.

- Fafá de Belém – Há alguns anos ela retirou o “de Belém” do nome artístico para que não ficasse eternamente vinculada à cidade em que nasceu. Assim como Edmilson, é de Belém e sem muito contato com o Oeste. Sua argumentação ufanista me faz lembrar da propaganda usada pelos artistas baianos em 1987, quando se falou em dividir a Bahia.

- Augusto Pantoja – Vereador petista de Belém, lógico, defende uma comissão formada por TODAS as câmaras municipais do que vier a ser o Pará, contra a divisão. Isto não é democrático e é utilizar-se da máquina pública pata fazer campanha, como sabemos, nem sempre honesta intelectualmente. Pelo que conhecemos do Brasil, seria feita uma espécie de terrorismo ideológico e material contra os que defenderem a idéia. O vereador é alvo do MP por empregar “companheiros” em cargos comissionados na Câmara em número superior ao de concursados.

- Carlos Bordalo – Deputado estadual do PT, investigado pelo MPF por falta de prestação de contas em sua campanha eleitoral.

- Marinor Brito – Senadora pelo PSOL, nascida em Alenquer, pertinho de Santarém, eleita, porém, com votos de Belém, onde atua politicamente desde 1996, quando foi eleita vereadora. Confirmando minha teoria, boa parte dos políticos contra a divisão assim se colocam por interesses eleitorais, não convicções outras.

- Zenaldo Coutinho – Deputado Federal, PSDB. Também belemita e atual chefe da Casa Civil do governo do estado. Como ele mesmo diz, “belenenses estão contra a divisão”. Ele é o maior articulador contra a secessão. Junto com o governador, Simão Jatene, Coutinho respondeu a processo por “nepotismo cruzado”. Teriam eles nomeado 405 assessores, parentes e amigos de amigos que, por sua vez, nomearam indicados seus em outros órgãos oficiais estaduais. Coutinho é autor do adendo ao PEC 45/1999 que tornaria efetivos os funcionários públicos nomeados sem concurso.

- Celso Sabino – Deputado estadual pelo PR, é um dos cabeça de ponte do movimento integralista. “É alvo de ação de execução fiscal movida pelo município de Belém.”

- Chico da Pesca - Deputado estadual pelo PT, “É alvo de representação movida pelo Ministério Público Eleitoral por captação ilícita de sufrágio.”

- Valdir Ganzer – Deputado estadual pelo PT e secretário de transportes do desastre ambulante chamado Ana Júlia Carepa. Ganzer foi tido como um secretário ausente e ineficaz, além de complacente em sua pasta. Até denúncias de que os carros de sua secretaria eram utilizados em farras alcoólicas de sindicalistas ele enfrentou.

- Edilson Moura – Deputado estadual petista, responde a processo por sonegação de contribuição previdenciária.

- Alessandro Novelino – Deputado estadual, sabe-se lá de que partido. Este jovem político, nascido em 1972, deve estar querendo entrar no Guiness Book como o político que mais trocou de partido em tão pouco tempo. Eleito pelo então PL em 2002, foi reeleito pelo PSC em 2006. Ao longo da legislatura 2007-2011 migrou para o PMDB, retornou ao PSC e por fim filiou-se ao PMN. Dois de seus irmãos foram seqüestrados, mortos e seus corpos lançados na Baía do Guajará. Segundo investigações policiais (das quais, confesso, não sei detalhes maiores), os assassinatos se deram por conta de dívidas com agiotas. Os adversários do então governador Almir Gabriel dizem que tais dívidas foram feitas para bancar parte da campanha eleitoral do governador e que os agiotas eram ricos empresários. Montado na repercussão que os crimes tiveram na imprensa e a comoção popular, Novelino se elegeu. Mas, pelos pulinhos que dá de partido em partido, nota-se que não tem projeto ou linha definida, desde que seja levado ao sucesso pessoal.

- Elcione Barbalho – Deputada Federal, PMDB. Tirando o fato de ser mulher do Jáder, de quem separou-se pró-forma, mas não de fato, portanto, cúmplice, “acusada de apropriação criminosa de dinheiro público junto com seu ex-marido Jader Barbalho. Teriam recebido subsídios públicos para a plantação de seringueiras, que nunca foi realizada (O Liberal, 19.mar.2006).

Acusada de peculato junto com seu ex-marido Jader Barbalho quando este era governador do Pará. Depositavam dinheiro do estado em contas particulares do banco Banpará, retendo os rendimentos (O Estado de S. Paulo, 2.dez.2004).

Utilizava-se de apartamento funcional da Câmara dos Deputados mesmo quando não mais exercia mandato (Folha de S. Paulo, 10.mai.2004).”

- Miriquinho Batista – Deputado Federal, PT. Teve rejeitadas suas contas de campanha de 2002. No que deu isso? Em nada, como sempre.

- PSTU – Precisa explicar?

- PSOL – Idem.

- PT – Vixe!

Não quero, com esta rápida pesquisa, alegar que todos aqueles que são contra a divisão do estado têm ficha suja. Aliás, conheço pessoas de ótimo caráter, algumas amigas pessoais, outras figuras públicas até então impolutas, que são integralistas. Do lado separatista também há gente de todas as índoles. O propósito aqui foi simplesmente rebater o e-mail que dá a entender que todos os separatistas têm rabo preso com a Justiça.

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, agosto 24, 2011

Dividir para conquistar – Parte 2

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A xenofobia é tão inerente à cultura nacional quanto o bairrismo, a outra face da mesma moeda. Como alguém que mudou de cidade e estado diversas vezes, desde os três anos de idade, constatei inúmeras vezes in loco.

Certa vez, numa cidadezinha de pouco mais de 30 mil habitantes, numa discussão pública sobre projetos de pavimentação da prefeitura, tiver que ouvir, não de um, mas de três moradores nativos, que um estrangeiro não tinha nada que meter o bedelho naquele assunto, mesmo eu já morando havia mais de um ano no local.

Ouço o mesmo hoje contra mim e contra qualquer um que defenda a divisão dos estados do Pará, Minas Gerais e Bahia. Como se isso fosse um desmerecimento, os locais usam do artifício na falta de argumentação na tentativa de calarem pela inibição quem tem opinião contrária à sua, mesmo que as populações das áreas que comporão, ou comporiam, os novos estados sejam a favor das divisões. É o mais vazio dos argumentos, se é que o é, a ser utilizado. Para esses, minha ignorância.

O Pará tem dentro de si ao menos três estados distintos. No oeste, Santarém, a segunda cidade mais antiga da Região Norte, mais nova apenas que Belém, e Altamira, que sequer conta com acesso pavimentado, desenvolvem-se a duras penas, para piorar, ambientalistas residentes em Belém alegam que a emancipação destruiria a floresta, dizimaria as nações indígenas, embora estas praticamente não existam mais em áreas isoladas, causariam danos aos rios, e outras falácias. Para evitar isso tudo, que se cumpram as leias ambientais e aparelhem-se Ibama, Funai e seja lá que órgãos que sejam responsáveis pela fiscalização. A argumentação dos políticos da capital e de outras áreas é parecida, embora os interesses sejam outros e inconfessáveis. Sem voto distrital, não abrem mão dos currais construídos ali.

Os cidadãos, desassistidos de saúde, educação, saneamento básico, transporte, vias decentes para escoarem suas produções, empregos, ensino superior não são ouvidos em Belém, distante mais de 800 quilômetros em linha reta, imagine-se pelos rios. A divisão do estado deixaria mais próximo dos moradores os órgãos oficiais, não só para reclamações e reivindicações, mas, também, para retirar certidões e documentos que, via de regra, depende do aval, dos carimbos e das assinaturas dos órgãos localizados nas capitais. E aí já não falo especificamente do Pará. Esses fenômenos podem ser notados em Marabá, Salto da Divisa, Jordânia, Itabela ou Itapebi.

Dividir esses estados tem um viés humanitário, uma vez que facilitaria a vida dos cidadãos hoje tratados como de segunda classe já que não têm os mesmos serviços com que contam os residentes das regiões metropolitanas.

Lembro-me de quando Jericoacoara foi decretada Área Ambiental de Preservação Permanente. Pelo decreto a localidade deveria ficar intocada, manter as características que tinha na ocasião. Para turistas, visitantes ocasionais e ambientalistas que só conheciam Jeri à distância, estava tudo lindo e maravilhoso, mas não para os aldeões.

Formou-se uma comissão que foi a Fortaleza exigir energia elétrica, água encanada, pavimentação das vias, posto de saúde, escola e até sinal de televisão. Por que, por morarem no que visitantes ocasionais chamavam de paraíso, tinham que viver com a falta de infraestrutura com que contavam Adão e Eva no Éden?

Os estados não têm dinheiro suficiente para assistirem a todos os municípios, governadores e prefeitos vivem em Brasília com pires nas mãos solicitando complementação de verbas, alegam alguns integralistas. Pois, digo eu, a questão nunca foi financeira, antes é de fundo moral e ético.

Prefeitos e governadores bancam festas milionárias, mas não equipam hospitais; empregam partidários sem concurso ou terceirizam serviços sem licitação, mas não contratam médicos; gastam fortunas em metrôs que jamais saem do buraco, mas não pavimentas estradas vicinais. Priorizam o que não é prioridade em detrimento de serviços essenciais em regiões menos espetaculares para as lentes da mídia.

Conivente com tudo isso, órgãos fiscalizadores, sob comando dos Executivos estaduais e municipais, não exigem lisura. O Judiciário não pune os perdulários e os desviadores de recursos públicos. A Lei de Responsabilidade Fiscal, talvez o maior avanço legal no governo de FHC é violentada e até o ex-presidente Lula esforçou-se para anulá-la, o que não o fez de direito, mas conseguiu fazê-lo de fato.

Essa falta de fiscalização e de legalidade é outro argumento plenamente repetido pelos defensores de manterem-se os grandes estados. Do meu ponto de vista, porém, não vejo porquê os desmandos dos governantes devem penalizar triplamente os cidadãos: a primeira por pagarem os mesmos tributos escorchantes dos contribuintes das áreas metropolitanas sem, porém, contarem com os mesmos serviços; segundo, por terem que percorrer distâncias centiquilômétricas se quiserem atendidas suas necessidades prementes; terceiro, por terem que viver no esquecimento por culpa dos ladrões que fingem que os representam.

O tema é longo, o que me obriga a uma terceira etapa dessa explanação, o que farei no próximo post.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, agosto 23, 2011

Dividir para conquistar – Parte 1

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“Integrar para não entregar”, Marechal Cândido Rondon

“Dividir para conquistar”, técnica utilizada pelo exército romano, lá pelo século IV a.C.

Os dois lemas acima, do militar brasileiro em defesa da Amazônia e da integridade nacional, e dos estrategistas romanos, parecem lições contraditórias, mas são aditivas se colocadas no contexto desejado.

Rondon forjou seu lema numa época em que a comunicação entre as regiões brasileiras eram praticamente inexistentes. Fincando postes de telégrafos, abrindo caminhos pelas matas e mapeando rios, criava condições para que o governo federal conseguisse ocupar, fiscalizar e unir o país. Ainda no Brasil Colônia, em 1759, acabou-se com o sistema de capitanias hereditárias, que eram apenas 16, num território desse tamanhão e que, por isso mesmo, tornavam o país, rico em recursos naturais, inviável economicamente, além da roubalheira, lógico, nosso primeiro artigo importado da corte portuguesa.

Além dos estados, já praticamente todos definidos no final do século XIX, surgiram quatro Territórios Federais, Rondônia,Roraima, Amapá e Fernando de Noronha, três dos quas, já durante o último regime militar, tornaram-se estados, não mais dependendo da administração federal, mas contando com seus próprios governos locais.

Poucos anos antes, com a transferência da capital federal para o Planalto Central, fundiu-se o ex-Distrito Federal, então Estado da Guanabara, com o Estado do Rio de Janeiro, dando-se à cidade do Rio a condição de sua capital, por contar com melhor infraestrutura do que Niterói. Os cidadãos da Guanabara chiaram, mas não passou de um murmurinho, afinal de contas, em plena ditadura, haviam coisas mais importantes contra o que protestar, além do medo.

No caminho inverso, em 1977, dividiu-se o estado do Mato Grosso, dando origem ao Mato Grosso do Sul. Como efeito, os fazendeiros do Sul, principalmente Paraná e Rio Grande do Sul, continuando o êxodo originado com a construção da malfadada Transamazônica, levando-os a Roraima, Rondônia, norte de Goiás e sul do Pará.

Sua herança de agricultores, fruto do colonialismo alemão e italiano, levou à diversificação de culturas, mais tarde à industrialização, ao profissionalismo e à mecanização e conseqüente enriquecimento de áreas onde se vivia do extrativismo vegetal, da agricultura incipiente, do contrabando de animais silvestres, abate indiscriminado de jacarés e desmatamento ilegal. Criou-se uma nova fronteira para o agronegócio, levando-nos a fazer frente às exportações de China e Estados unidos, algo impensável até poucos anos atrás.

A receita repetiu-se com a cisão de Goiás, onze anos depois, criando-se o estado de Tocantins. Na metade superior do velho estado onde quase nada havia, fez-se Palmas da terra vermelha, como se fizera Brasília. Por duas décadas foi a cidade que mais cresceu no Brasil. Mais uma vez expandiram-se as fronteiras agrícolas, chegando ao oeste baiano, no qual destaca-se Barreiras, cidade de maior crescimento econômico em toda a Bahia, mesmo com a indústria de celulose instalando duas das maiores plantas do mundo no sul do estado.

Mato grosso e Goiás, assim como suas crias, Mato Grosso do Sul e Tocantins, “explodiram”, sem trazer prejuízos significativos Às suas matrizes, seus cidadãos tiveram aumento médio em suas rendas, as cidades mais longínquas puderam ter mais e melhores serviços, embora ainda longe do ideal, mas superiores ao nada que tinham.

Com território contínuo equivalente ao dos Estados Unidos, temos pouco mais da metade do número de estados do país norte americano e quando fala-se em dividir os existentes há uma chiadeira enorme, principalmente dos cidadãos das capitais que, via de regra, não conhecem os interiores e caem na balela simplista dos políticos estabelecidos.

Voltarei a falar, no próximo post, sobre as divisões do Pará, Bahia e Minas Gerais, tentando rebater os argumentos daqueles que pregam contra essas divisões, mas ainda acreditando que pode-se dividir para conquistar e, mesmo com mais pedaços, seria mais fácil integrar o território nacional.

©Marcos Pontes

domingo, agosto 21, 2011

Incolores

Incolor
Vá você dizer que é de direita, que é contra o sistema de cotas, que fulano é gordo e não obeso ou fortinho, que seu amigo é negrão e não afro-americano, que a família começou a dispersar-se quando a mulher emancipou-se e deixou os filhos aos cuidados da babá e que isso não é machismo, apenas a constatação científica do óbvio. Vá você cair na besteira de dizer que não há comprovação científica que o aquecimento global é uma conseqüência do intervencionismo humano na rotina natural e que a Terra jamais teve clima estável. Vá você dizer que o comunismo matou mais de cem milhões de pessoas quando um comunista, em seu relativismo justifica os crimes de seus partidários acusando os adversários de serem bandidos, como se os crimes de uns justificassem os crimes de outros. Caia na besteira de dizer que a natureza deve ser explorada, uma vez que dela depende a sobrevivência humana.
Se você assume publicamente qualquer posição contrária ao senso comum determinado pelas mídias infestadas de socialistas, sexistas, “tolerantes” que não toleram as posições que não coadunem com as suas, logo será taxado de preconceituoso, homofóbico, racista, capitalista selvagem, reacionário ou qualquer outro adjetivo que, mesmo sendo verdadeiro, é tomado pelos seus contrários como insultos, da mesma forma que eles se sentem, mais que insultados, ultrajados e agredidos quando você argumenta contra suas convicções, mesmo quando essas não são de fato convicções, apenas repetição do que seus líderes lhes mandaram repetir, sem análise, pesquisa ou constatação de que são verdades.
Costumo dizer que quanto mais conheço a esquerda, mais à direita me posiciono. Minha ojeriza aos ideais socialistas/comunistas, seja de que matiz for, só aumenta à medida que a argumentação marxista contradiz a prática e vice-versa. Mas respeito os que são socialistas de fato, os que têm embasamento. Já os socialistas ocasionais, aqueles que nunca leram mais do que Paulo Henrique Amorim, Luiz Nassiff e, pior de todos, Luís Favre, os que, sem argumentos, acusam seus opositores de serem repetidores dos artigos da Veja, numa alusão de que informação verdadeira somente a Carta Capital fornece. A esses eu já não chamo mais de vermelhinhos, eles são incolores.
Os incolores não têm ideologia, não leram Marx, acreditam nas mentiras que Guevara é herói, os capitalistas são assassinos, os conservadores são retrógrados e todos nós, seus opositores, somos intolerantes com o que chamam de práticas progressistas, como agredir a igreja, defender o casamento gay, ofender o papa ou qualquer autoridade não socialista, difamar qualquer instituição estabelecida como a família, a escola e as forças armadas.
Os incolores são aqueles que repetem como mantra que devemos defender a Amazônia, ajudar a combater a caça às baleias e financiar ONG que preservam o mico-leão dourado, mas não percebem que jogando papel de bala nas ruas estão destruindo seu próprio ambiente. Eles, em sua falta de raciocínio lógico e analítico, não param para pensar que plantar arroz não significa desalojar índios; que explorar madeiras não significa necessariamente acabar com as florestas; que gerar energia elétrica não é sinônimo de assorear rios e assassinar bagres. Como se vivessem de ar, apenas pregam o fim de todas as práticas acima, mas não conseguem perceber que se têm computadores e energia para colocarem-nos em ação, que se as gôndolas dos supermercados estão lotadas de arroz, farinha, bolachas e chocolates, que os freezers têm a picanha que adoram assar com os amigos ou as alfaces e tomates que os vegetarianos devoram como lagartas é porque parte dos campos, que defendem do discurso para fora, foi explorada para alimentá-los.
Os incolores não são vermelhinhos ou de qualquer outra coloração, nem brancos conseguem ser. São seres translúcidos, sem raciocínio próprio que se deixam levar pela maré que lhes falar bonito, que lêem Paulo Coelho como se escrevesse livros sagrados, mas não lêem a Bíblia porque a mídia atéia não a recomenda. Que devoram auto-ajuda, mas não tem paciência ou interesse em lerem ciência. São a espécie acéfala que nos ataca.
Pois, que vivam as cores e repudie-se o “incolorismo”!

©Marcos Pontes

quinta-feira, agosto 18, 2011

Filósofos e filósofos de botequim

os-homens-filosofos

Não sou nenhum letrado em filosofia e seus ramos, sequer saberia definir um filósofo sem antes ter que recorrer à Barsa (coisa de gente velha) ou à Wikipedia, da molecada modernosa que acha que todas as informações ali são confiáveis. Ultimamente, porém, tenho lido e ouvido mais filósofos contemporâneos, uns poucos com clareza e originalidade de idéias; uns tantos apenas defendendo uma posição político-ideológica com os argumentos mais “brilhantes” e as deturpações mais sutis dos fatos para convencerem os incautos que não conseguem mastigar com o cérebro e engolem inteiras as idéias que lhe são lançadas; alguns outros batendo cabeça em suas próprias contradições e perdendo o fio da meada que eles próprios traçaram sem antes terem conseguido concluir suas teses ou sequer sabendo aonde querem chegar.

No primeiro time me encantam Pondé, Reinaldo Carvalho e Olavo de Carvalho, mas não encantam o suficiente para que os engula sem questioná-los – não no sentido ordinário de discordar, mas no sentido rigoroso -, não que não discorde vez ou outra.

Opa! Reinaldo Azevedo é jornalista. Sim, é, mas tem a leitura e consegue a interpretação própria dos fatos inerente à condição dos filósofos. Nas suas interpretações dos fatos e na sua leitura pormenorizada, daquelas que não se prendem no texto, ao contrário, vai ao fundo do subtexto sem esquecer-se do pretexto, faz filosofia das mais ricas.

Não coincidentemente, os três foram da esquerda, Carvalho foi do Partido Comunista, Azevedo era trotskysta da Libelu, e ambos passaram pelo caminho do que chamo de evolução, para citar outro filósofo político sem formação filosófica clássica, Roberto Campos, que dizia que na juventude todos têm a obrigação de serem socialistas na juventude, depois ficam inteligentes e tornam-se capitalistas (não exatamente nessas palavras, mas com esse sentido, segundo minha livre interpretação). Digo não coincidentemente porque também tive idéias esquerdistas, achava que só o socialismo salvaria o mundo e essas baboseiras que os filósofos e falsos filósofos de esquerda, que ainda não amadureceram, defendem, cada um com sua própria argumentação canhestra, como um mantra revelado pelo próprio Deus Che Guevara ou pelo seus messias Lula.

Se amadureci o suficiente para deixar de ser chamado de imbecil, não sei, mas me arvoro na condição de ser em ascensão. Um dia chego lá, embora sem filosofar, mal mal me dando ao trabalho de interpretar o mundo político que me cerca, entre muitos erros e alguns tiros na mosca.

Não são raros os momentos, deixando a modéstia descansando na cadeira aqui ao lado, em que vejo um dos três interpretar algum episódio da mesma forma com que interpretei alguns dias antes.

Hoje, lendo este artigo do Azevedo, vejo ele dar sentido similar às diretrizes políticas e suas aspirações políticas que eu dei em julho, neste post. Sem falar que ele repete o que falei ontem em conversa no Twitter, corroborado hoje por uma fala da presidente. Disse ela: “A verdadeira faxina que o Brasil precisa é a faxina da miséria”, Ao ouvir isso, comentei aos amigos tuiteiros: “Se ela diz que a faxina que o país precisa é a faxina contra a miséria, então a faxina política foi apenas um acidente de percurso”. Eis que Azevedo fala o mesmo.

A presidente TEVE que faxinar, não por vontade própria ou por pressão e sua base de apoio político, mas porque a imprensa a pautou e ela, no afã de distanciar-se da práxis tolerante de seu antecessor com a roubalheira, os desmandos e as falcatruas contumazes de seus camaradas, assumiu a máscara de paladina da ética, da moral e da honestidade, algo que Lula tentara incorporar, mas se traíra ao fechar os olhos e assumir uma falsa ignorância dos roubos que aconteciam sob sua barba tratada a preço de dólares, depois das desgrenhadas de antes de tornar-se paz e amor.

De quebra, o artigo do Azevedo me traz um filosofozinho de esquerda defendendo a roubalheira como forma de manter a governabilidade, deixando escondidinho seu propósito de ver o ex voltar com força em 2014. Se a imagem de proba colar na presidente, algo que de fato ela não é, a fantasia de probo de Lula enlameia-se e ele perderá força na luta pela sucessão. Aguardemos que o pau está comendo no ninho vermelho.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, agosto 16, 2011

E-mail para os senadores

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O e-mail abaixo acabo de enviar para todos os senadores. Aos que desejam contribuir para acabar com a corupção oficial no país, desjo que façam o mesmo. Criem seus textos ou copiem este, se melhor lhes convier, e mande para todos os senadores ou apenas para os representantes do seu estado. mostremos a essa gente que estamos de olho no que eles estão fazendo, ou melhor, não estão fazendo.

Aqui está o nome de cada senador e o e-mail de cada um. Escreva para eles.

Excelentíssimos(as) Senhores(as) Senadores(as),

 

Falo em meu nome e, ouso dizer, que em nome dos milhares de brasileiros que na última noite fizeram uma passeata nacional clamando pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a corrupção que grassa no serviço público brasileiro em todas as esferas, doença crônica que precisa ser identificada, combatida e punida exemplarmente.

Mesmo sabendo que a quase totalidade, ou a totalidade de Vossas Excelências não me responderão esta correspondência, como cidadão cônscio de suas obrigações e cumpridor integral das mesmas não posso me omitir e fazer de conta que o tão propalado crescimento econômico e social do país compensam o furto monstruoso por que sofre, contumaz, o erário.

Vossas excelências não podem esquecer, um minuto que seja, no exercício de suas funções parlamentares que foram por nós, brasileiros contribuintes e eleitores, eleitos para nos representar, ou seja, fazer na casa de leis o que a população gostaria que fosse feito e que nosso desejo é que sejam tomadas medidas drásticas legislativas, policiais e judiciais contra aqueles que fazem dos recursos públicos uso pessoal estendido a corporações e amigos de negócios ilícitos.

Se o apelo deste cidadão para que ouçam os reclames populares, que pensem, ao menos, em suas famílias. Não lhes causa aflição e constrangimento as reações por que devem passar seus cônjuges, filhos, pais, sobrinhos, demais familiares e amigos, ao verem nos jornais que Vossas Excelências nada fazem de efetivo contra a corrupção que nos assalta? Não lhes aflige saberem que esses amigos e parentes são apontados como amigos e parentes de alguém que é conivente, se não por cumplicidade, por omissão, com o desvio moral e pecuniário que vitimiza toda a nação? Não lhes causa sensação de participação secundária nos roubos de que todos somos vítimas se Vossas excelências não combatem os crimes além do discurso para as câmeras e para as penas dos jornalistas?

Lembrem-se, Excelências, que não foram eleitos e eleitas para administrarem o país apenas para seus amigos e partidários, mas para ajudarem a promover o bem social, o zelo e respeito pelas leis, coibir os desmandos que lesem a pátria e seus cidadãos. Não esqueçam o quanto custa para o erário mantê-los em seus cargos e que os patrões que pagam suas despesas são todos e cada um dos brasileiros e que, na condição de seus patrões, merecemos ser ouvidos, termos nossos desejos atendidos por Vossas excelências dentro dos limites das leis e que os senhores e senhoras são apenas passageiros, guardiães da instituição que é o Poder Legislativo e que este perdurará além de suas e nossas próprias vidas e que Vossas excelências podem evitar entrarem para a história nacional como legisladores que nada fizeram para evitar que os cofres públicos continuassem saqueados insistentemente sem que os gatunos fossem devidamente identificados, processados, condenados e punidos.

Num país em que educação pública em todos os níveis, saúde, educação, transporte e moradia vivem estado de penúria e déficit crescente, Vossas Excelências têm o poder de acabar, ou pelo menos contribuir decisivamente para sua diminuição drástica, bastando para isso que ajudem a lacrar os ralos por onde o dinheiro de nossos impostos esvai-se aos borbotões.

Eu e milhões de brasileiros não esqueceremos daqueles que ajudarem a sanear o país, por outro lado, também lembraremos daqueles que traem seu povo e seus eleitores, em particular, fazendo ouvidos de mercador aos anseios populares.

 

Atenciosa e respeitosamente,

 

Marcos Pontes, um cidadão brasileiro.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, agosto 15, 2011

O uso de algemas

O post abaixo copiei descaradamente do Blog do Ferramula, porque eu não seria capaz de fazer tal pesquisa e nem conseguiria produzir tão fina ironia..

O uso das algemas: No Mundo e no 'resto do mundo' - Brasil . As Diferenças

O uso das algemas

No mundo inteiro, as ALGEMAS são usada de forma corriqueira  e INDISCRIMINADA. Ou seja, não há discriminação de: cor, censitária, classe social, credo, sexo, faixa etária, nacionalidade, profissão, etc.Trata-se, até, de uma das forma de inibir a criminalidade, com a rigidez necessária, especialmente para aqueles criminosos que atacam os cofres públicos. E mais, as algemas exibem o justo exercício da autoridade do estado, sobre a proteção e custódia do acusado. Confira nas fotos a seguir.

Raj Rajaratnam, fundador do Galleon Group, ganhou ilicitamente 36 milhões de dólares na venda e compra de ações usando informação privilegiada. (EUA).ALGEMADO!



O juiz Denny Chin, do Tribunal de Manhattan, decretou a prisão imediata do investidor Bernard Madoff (foto) até a divulgação da sentença, em 16 de junho. Se confirmada a sentença, Madoff pode pegar até 150 anos de prisão (a penalidade máxima para o caso) por uma colossal fraude de US$ 50 bilhões. ALGEMADO!


Robert Rizzo, uma espécie de gerente administrativo da cidade que, com ganhos duas vezes maiores que o do presidente Barack Obama, foi o pivô de um caso de corrupção na cidade de Bell, Califórnia.ALGEMADO!

Scott Sullivan, ex-chefe-financeiro da WorldCom, 47 anos, foi condenado a cinco anos de prisão após ser considerado mentor da fraude contábil de US$ 11 bilhões na empresa (EUA).. ALGEMADO!

Kenneth Lay envolvido numa das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos, na qual se criou sociedades financeiras que serviram para a Enron dissimular a magnitude de suas perdas e fazer o mercado financeiro acreditar que o grupo estava financeiramente saudável. ALGEMADO!

Andrew Fastow, comparsa de Kenneth Lay, considerado o cérebro de uma das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos, foi sentenciado nesta terça-feira a seis anos de prisão, quatro a menos que o máximo permitido, depois de se declarar culpado em um acordo feito com a promotoria.ALGEMADO!


Jeffrey Skilling é comparsa de Andrew Fastow e Kenneth Lay nas fraudes financeiras . (EUA). ALGEMADO!

O congressista Keith Ellison é preso depois de cruzar uma linha de policiais em protestos diante da embaixada do Sudão (EUA). ALGEMADO!


Karl Rove, um dos principais assessores políticos do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, envolvido com a revelação do nome de uma agente secreta americana. ALGEMADO!

Paris Hilton. ALGEMADA

Michel Jackson. ALGEMADO!



Russel Crowe. ALGEMADO!

O. J. Simpson. ALGEMADO! (e depois absolvido...)



                         Até os velhinhos... ALGEMADOS!

Adolescentes? ALGEMADOS!

Mickey Mouse, ALGEMADO!

Homem Aranha, ALGEMADO!



A justiça de Taiwan condenou o ex-presidente Chen Shui-bianà prisão perpétua por corrupção. Ele foiALGEMADO!
Obs. - esta postagem é  antiga, havia  postado  aqui  no  Blogue  no  inicio do  ano, mas como  fui  censurado  acabei deletando tudo até  por  precaução, e essa postagem encontra-se espalhada na web  em vários blogues. Ela é  completada com o pensamento de uns  ministros  iluminados da  nossa  corte que suprimi  dessa  postagem.

 

©Marcos Pontes