Casamento na Inglaterra, canonização de João Paulo II, decisões de campeonatos de futebol, Fórmula Indy em São Paulo e lá no fundinho, na penumbra, o PT, longe dos olhos da multidão em busca de entretenimento barato, decide pela reincorporação de Delúbio aos seus quadros.
Se num dia Berzoini ameaça falar o que sabe das podridões do partido para reconquistar os espaços perdidos na atual administração, nos dias seguintes Delúbio mostra que a chantagem e as negociatas com os comandantes petistas pode dar bons frutos. Para ele, lógico.
Não foram poucos os petistas insatisfeitos que abandonaram o “partido diferente”, como definiu o eterno presidente de honra, Lula. Além dos que, assim como Delúbio, foram expulsos. Na sua quase totalidade, os excluídos foram para o PSOL, partido que auto se define como o PT de antigamente. Aliás, o PSOL foi fundado justamente por ex-petistas. Por que Delúbio não seguiu esse caminho? Nada é explicado pelos envolvidos, lógico, o que permite às mentes doentias, como a minha, tirarem conclusões.
A expulsão de Delúbio mostra ter sido uma farsa, apenas um até logo previamente negociado. Nesse tempo em que se manteve longe das hostes petistas, Delúbio jamais foi deveras incomodado pela Justiça, pela imprensa ou pelo seus ex e atuais companheiros. Foi paraninfo de turma, foi atuante em campanhas do partido, foi cabo eleitoral de Dilma e, como era de se esperar, impune, pelo menos até o momento. Poderá continuar assim se o processo do mensalão não for julgado até agosto, depois do que seus crimes prescrevem e sua ficha continua imaculada como fralda virgem.
Na época de sua expulsão, jornais especularam a possibilidade de ele abrir a boca para a imprensa contando todos os meandros das negociatas que intermediava. Os crédulos e otimistas esperavam que as ameaças se concretizassem, mas não esse golpista que vos fala. A impunidade já me era certa dado o histórico de bandidos de alto escalão jamais punidos e suas relações próximas e estreitas com os dirigentes petistas, a começar pelo próprio Lula, um de seus advogados na caminhada para a sua volta. Até apoio do partido para fazer-se candidato a vereador nas próximas eleições ele já alardeara, por meio de amiguinhos, comparsas e correligionários. Pior, será eleito.
Rui Falcão, presidente do partido nesses tempos de distanciamento também inexplicado do presidente eleito, José Eduardo Dutra, afirma que “Não é anistia. Os erros continuam lá, existiram”. E que erros seriam esses, seu Falcão? O PT, por meio do seu presidente, reconhece os desvios e desmandos de seu companheiro quando este era tesoureiro do partido? Falcão cometeu um ato falho ou, de caso pensado, admitia o que todos sabemos dadas todas as provas e testemunhas? Estaria Falcão dando a entender que um dos 15 votos pela não readmissão de Delúbio, contra os 42 a favor, foi dele?
O povaréu nem sentirá uma coceirinha de indignação ou por já estar anestesiado com as falcatruas petistas e, por tabela, de seus amiguinhos, quer por total ignorância, afinal de contas o vestido da princesa é muito mais bonito que a cara de pau barbudo do Delúbio. Nem precisava o PT decidir a volta do sujeito longe dos holofotes, o efeito é o mesmo.
©Marcos Pontes