Os homens públicos brasileiros não perdem a oportunidade de nos lembrar – a nós reles e mortais eleitores – de como são pobres de espírito, pequenos em ideais, mínimos em moral. Todo o tempo vejo exemplos que, de tão rotineiros, terminam passando desapercebidos diante de nossas preocupações cotidianas e do histórico dessa gente.
A falta de moral e pouco caso com as leis – feitas por gente igual aos que ocupam o poder ou aspiram tal posição – parecem ser prérrequisto para a carreira política/administrativa pública. Dos mensaleiros, o mais amplo e escandaloso exemplo de crimes impunes na atual fase da República, à Erenice, a companheira da companheira, que ocupou algumas manchetes essa semana por conta de seus negócios pessoais-corporativistas-partidários (10% são do partido, esqueceram?) na carona dos negócios oficiais, são infinitos os exemplos de desvios de conduta – eufemismo oficial para roubo – que continuam impunes ou empurrados para traz do horizonte pelas barrigadas dos juízes coniventes e/ou covardes, que montam na lerdeza da Justiça, no excesso de leis e de recursos e adiam suas decisões até não mais poderem.
Todos e cada um dos envolvidos, seja por serem praticantes, seja por serem julgadores, procrastinam, enrolam, mentem, conivem, retiram seu percentual nos desvios, causando no cidadão-contribunte, muito mais contribuinte do que cidadão, um torpor na indignação. Ficamos paralisados, impotentes, acovardados por sabermos que mexer com um é atiçar toda a colméia de marimbondos ferozes contra nós. Nos escondemos no conforto da nossa ignorância.
O presidente fazer campanha para seus cúmplices é previsto pela legislação. Ok, não entrarei nessa seara. Mas a cada deslocamento do presidente, quantos agentes públicos são deslocados? Quantos carros oficiais são abastecidos e disponibilizados, com seus respectivos motoristas? Quantos aviões oficiais também são abastecidos e colocada à disposição toda a sua tripulação assalariada com os recursos públicos? Quantos médicos, ambulâncias, enfermeiros são colocados em prontidão e pagos pelo erário?
É justo que tantos recursos de todos os brasileiros sejam disponibilizados para que seu presidente faça campanha para seus candidatos? Pode-se alegar, e a turma governista alega, que é perfeitamente legal, previsto na legislatura eleitoral e que os deslocamentos do presidente e seu staff são questões administrativas gerenciadas pelos organismos federais responsáveis pela segurança do presidente e blá-blá-blá. Contra isso não tenho argumento, mas tenho a velha pergunta jamais respondidas nessas horas: Legal é, mas é moral?
Quantos e quantos recursos públicos são gastos para o conforto, deslocamento e campanhas desses senhores... Nem falo dos cartões corporativos sem fundo, as diversas bolsas para autoridades (ajuda aluguel, verba de representação, auxílio paletó, verbas indenizatórias... ), mas dos recursos amorais usufruídas, mormente, pelos chefes dos Executivos municipais, estaduais e federal.
Nessa semana, por exemplo, recebi correspondência com papel timbrado da Câmara dos Deputados e carimbo Impresso Especial, uma carta do deputado federal Uldurico Pinto, aquele idiota que fez greve de fome de oito horas há alguns anos, após ter seu nome vinculado a um escândalo qualquer. Se eu tivesse algum negócio com esse senhor, seu partido ou a Câmara, justificar-se-ia o “Impresso Especial”, mas o propósito de sua carta era fazer campanha política para sua reeleição. Assim como ele, todos os seus pares usam recursos públicos para fazerem campanha. E ninguém faz nada!
Nem falo que estou morando nessa casa há menos de um mês, que a casa está no nome da minha mulher, mas a correspondência do deputado veio em meu nome, com a precisão que a companhia de eletricidade não tem para entregar suas contas.
Nessa semana também, o governador Jaques Wagner, do malfadado PT, veio à cidade fazer campanha para si e seus asseclas. Desde a véspera o trânsito de helicópteros dos agentes de segurança e aviões de assessores eram imenso. Numa cidade que sequer tem pista de pouso, essa movimentação não pode passar despercebida, mas passa pela Justiça Eleitoral e pelo Tribunal de Contas. Eles também estão entorpecidos pela contínua quebra da moralidade e da honestidade dos homens públicos, e assim o crime passa a fazer parte da cultura nacional, enquanto que a honestidade torna-se coisa de otário.
©Marcos Pontes
4 comentários:
Depois disso Marcos, eles se justificam:
- Estes homens e empresas que estamos transferindo recursos tem a obrigação moral de contratarem os trabalhadores. Estamos assim investindo no social.
O JW também fez algo parecido aqui na região. O helicoptero dele sobrevoava a cidade duas vezes ao dia.
Tem-se registrado nalguns livros de história a frase de um sujeito que chegou a ser Papa e dizia:
- Eu não pedi para ser! Mas, já que estou aqui, deixe-me gozar!
Marcos,
Perdeu-se o respeito por tudo. Já não existe fronteira entre o público e o privado. Isso vale para o porteiro, a moça do protocolo, o chefete , o diretor e o presidente.
Adeus Brasil.
ZazaSampaio.
Meu esposo tem um jogo de palavra com Moral que é interessante. Do ponto de vista dele, você é um IMORAL, porque afinal das contas, se MORAL é um costume vigente, e o costume atual é como escrevestes:
- "Todos e cada um dos envolvidos, seja por serem praticantes, seja por serem julgadores, procrastinam, enrolam, mentem, conivem, retiram seu percentual nos desvios, causando no cidadão-contribunte, muito mais contribuinte do que cidadão, um torpor na indignação."
Agir contrário a isto é ser IMORAL. Parabens por sua imoralidade, por esta INDIGNAÇÃO justa e correta.
Jaques Wagner não connece a nossa terra! S´connhece a Bahia de helicoptero! Não tem qualquer comprometimento com a Bahia! Faltam saude, educação e segurança! E ainda vem o presidente na TV dizer que Jaques wagner é o melhor para Bahia! Só bobo para cair nessa conversa!
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