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domingo, setembro 30, 2007

Coisas da Corte

O Contador ex-libris do tribunal de Contas - Almada Negreiros - 1947

Em dezembro de 2001, Saulo tinha dezoito anos; Carlos tinha 21. Saulo Morava com a mãe; Carlos morava com a mãe, o padrasto, a esposa e uma filinha de 9 meses. A mulher de Carlos estava grávida havia poucas semanas, mas só saberia em janeiro de 2002.
No dia 22 de novembro, um mês antes do fato que narro agora, a casa da mãe de Saulo havia sido furtada enquanto ela e Saulo se encontravam passando o final de semana no sítio de uns amigos. Saulo, que desde os dez anos vivia se metendo em confusão, envolvido em pequenos furtos, começando a usar drogas e, mais tarde, ele próprio traficando, conhecia todos os malandros do bairro. Pergunta daqui, fuça ali, pressiona acolá, fica sabendo que um dos autores da invasão da casa de sua mãe era Carlos.
Armado de um revólver calibre.38 e acompanhado de um amigo, Saulo vai à casa de Carlos. Entra sem bater e encontra dona Maria José e seu marido, João. Aponta-lhes a arma e diz que quer ver Carlos, que no momento encontrava-se em um dos quartos, ninando o bebê. Ao ouvir a barulheira, Carlos sai para a sala. Há quem diga que eles não se conheciam de antes, inclusive o próprio Saulo; há quem diga que eles já foram vistos conversando em uma pizzaria. Saulo guarda a arma no cinto e pede para Calos vir com ele até a rua, precisavam conversar. O amigo de Saulo, montado em uma bicicleta, fica à janela apressando Saulo. Ao saírem, dona Maria José, nervosa e amparada por João, ainda ouve o filho dizer que não sabia de roubo nenhum, que não tinha nada a ver com o caso, que não tinha as coisas da mãe de Saulo. Caminham pela rua enquanto dona Maria josé é contida por João que não a deixa seguir os rapazes. Durante a discussão entre mãe e padastro, ouvem-se três disparos.
Apavorada, dona Maria josé se desvencilha dos braços do marido e corre para a rua. A quarenta metros de sua casa vê o filho caído na rua, Saulo correndo ladeira acima e seu comparsa no sentido oposto, de bicicleta. Gritando por socorro, corre para o filho que já está morto. Um único tiro na nuca. Aos poucos os vizinhos se aproximam e ela, que nunca havia visto Saulo antes, ouve um dos vizinhos dizer que viu o crime e que fora Saulo, dizendo o nome no assassino.
Saulo já havia sido preso por porte ilegal de armas e respondia a processo por tráfico de drogas, mas continuava à solta, como é praxe num país em que os bandidos têm mais benesses do que penalidades. deposi de cometer mais esse crime, fugira, ninguém sabia seu paradeiro, nem mesmo a mãe.
Em junho de 2002 Saulo foi preso em Santa Cruz Cabrália, depois de roubar uma mercearia e ter tentado dar tr~es tiros contra o dono do pequeno comércio. Wanderlei, o dono da bodega, deve ser um homem muito religioso e ter rezado um bocado naquele dia. Das três vezes que Saulo puxou o gatilho, apontando para a cabeça do comerciante, a arma falhara. Desesperado por encontrar-se desarmado, o jeito foi fugir. Não iria muito longe, porém. Conhecido na área, foi facilmente localizado e preso pela polícia e em seu poder, a arma, do mesmo calibre da que matara Carlos às vésperas do Natal do ano anterior.
Com Saulo preso, dona Maria José e o marido, João, foram chamados para um reconhecimento formal, o que foi prontamente feito.
Pelo roubo e pela tentativa de assassinato contra Wanderlei, Saulo foi condenado a quatro anos e cinco meses de prisão e transferido para a penitenciária de Teixeira de Freitas, paralelamente a isso, corria o processo pelo assassinato de Claúdio.
No presídio, Saulo se envolveu em um motim e foi transferido para o presídio Lemos de Brito, de segurança máxima (pelo meno isso diz a Justiça), em Salvador. A mais de 700 quilômetros da família, o jovem marginal passaraa receber visita somente uma vez ao ano, quando sobrava algum dinheiro nas parcas economias da mãe.
O juiz de Eunápolis deferira a favor do Ministério Público o pedido de julgamento, mas, como as testemunhas do assassinato se recusavam a se apresentar, com medo de Saulo, seu comparsa e suas famílias, seu advogado recorreu, o que terminou por atrasar o julgamento. Em Salvador os desembargadores votaram a favor do julgamento, acatando a decisão do juiz da comarca e o processo voltou. O tempo passava, Saulo cumpria pena pelo outro crime, dona Maria José separara-se de João, que hoje mora no rio de Janeiro, nascia a segunda filha de Carlos, e o caso não tinha solução.
Quase seis anos depois do crime, com Saulo já no último mês de sua sentença anterior, estava sendo recambiado para Eunápolis e, se absolvido, teria somente mais um mês de prisão e estaria livre. Seu novo advogado, um rapaz novo, mas muto bem articulado e dono de uma retórica invejável, argumentava que não havia provas nem testemunhas do assassinato, uma vez que as testemunhas se diluíram no tempo e no espaço. O próprio depoimento de dona Maria josé, a única a ser ouvida na corte, além de Saulo, dizia que ela não vira o crime, apenas ouvira os disparos e Saulo correndo.
Não sei os demais jurados, mas eu me senti encurralado. Me vinha à cabeça todo o tempo o que uma vez disse a um juiz e ele concordou: "existe uma enorme diferença entre verdade e Justiça". Para mim estava claro que Saulo matara Carlos, tanto pelos depoimentos dos autos quanto pelas palavras da mãe do rapaz morto; estava claro que não fora Carlos quem furtara a casa da mãe de Saulo; estava claro que os álibis montados pela defesa de Saulo eram forjados, tanto que as donas do sítio que afirmaram que Saulo estivera com eles dos dias 20 a 30 de dezembro (o crime ocorrera no dia 23), alertados pelo promotor que perjúrio era crime e que elas poderiam sair do tribunal presas, não compareceram e o próprio advogado que as arrolara, abriu mão de seus depoimentos. A dúvida que ficava era justamente a da autoria, uma vez que não havia prova nem testemunha. Ou seja, eu sabia que o rapaz era culpado, mas não havia prova.
Já eram dez e meia da noite quando acabaram os dicursos, réplica e tréplica do promotor e do advogado, quando o juiz perguntou a nós, jurados, se estávamos aptos a julgar o caso. Eu não estava. pensei no desconforto de estarmos há onze horas naquelas cadeiras antes almofadadas e que agora nos pareciam madeira cruas; pensei na antipatia que causaria a meus companheiros de conselho de Sentença, mas eu ainda não me sentia preparado. Era a vida de um garoto de 24 anos que estava em jogo. Criei coragem e pedi ao juiz para dar uma lida no processo, eu ainda tinha dúvidas a tirar. Ouvi dos meus pars um suspro profundo de enfado. Vi no semblante do advogado uma centelha de esperança e na cara do promotor a confiança que ele depositava em mim, meu amigo e sabedor de que tenho um senso de justiça mais profundo que um leigo como eu possa ter, sem querer me vangloriar, que fique claro. Sou professor do seufilho e, por certo, o garoto deve falar para os pais dos meus discursos em sala de aula sobre justiça, honradez, honestidade e cidadania sem pieguice que faço sempre que a situação pede.
O juiz mandou o bedel me entregar os autos e me permitiu meia hora para Lê-los. Suspendeu a sessão, esvaziou o plenário, recomendou a incomunicabilidade dos jurados e, imagino o suspense que cercou os presentes. Tentando não me incomodar com o ódio que alguns deviam estar sentindo de mim, reli calamamente todos os depoismentos: de Maria José, do policial, de Saulo na polícia e em juízo, da mãe do réu, do padrasto da vítima, dos pseudo-álibis, li o documento do reconhecimento do acusado, o despacho da desembargadora que mandara o processo voltar a essa comarca, o laudo do legista...
Terminada a meia hora a jmim concedida, o juiz voltou a perguntar se estávamos preparados para o julgamento, todos estávamos.
Na sala secreta, repondendo aos quesitos objetivos, Saulo foi condenado por cinco votos contra dois, com a agravante de motivo torpe e a atenuante de ser menor de 21 anos na época do crime.
De volta ao plenário, sessão pública novamente, o juiz lê a sentença: 14 anos e cinco meses.
Eu confesso que ainda estava incomodado. O alívio, por incrível que pareça, veio do próprio réu, que pediu a palavra ao juiz, que a concedeu. Saulo disse que estava conformado com a sentença, sereno, sem qualquer ódio ou rancor aparente, apenas pedia que o juiz o enviasse para cumprir pena num presídio mais próximo para que pudesse receber a visita da mãe.
Por ele não ter protestado, não tentar negar a autoria, não dizer-se injustiçado, minhaconsciência deu um suspiro de alívio. Aquilo soara para mim uma confissão de culpa.

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quinta-feira, setembro 27, 2007


Solda, O Estado do Paraná


Eu jurava que era minoria, mas uma pesquisa realizada pela Associação dos Magistrados do Brasil, divulgada hoje, me mostrou que, pela primeira vez em anos, estou entre a maioria absoluta. Dos 2.011 entrevistados em todos os estados:
  • Apenas 11% confiam nos políticos (provavelmente parentes ou apadrinhados de algum);
  • 16% confiam nos partidos políticos (idem e mais alguns possíveis candidatos no próximo ano);
  • 94,3% acham que político processado não deveria poder concorrer a cargos eletivos;
  • 95,4% acham que uma reforma política é necessária;
  • 79,8% são contra o foro privilegiado para quem ocupa cargo público;
  • 41,8%, menos que a metade, portanto, confiam no Poder Judiciário (embora eu ache que as leis são tão ruins quanto os juízes e promotores, venais, em boa parte);
  • 71,8% confiam nos Juizados de Pequenas causas, o maior índice entre todos os órgãos do Judiciário;
  • 45,5% confiam nos juízes. Sou amigo de três e tenho algum contato com outros dois e, confesso, meu índice de confiança é bem menor do que esse;
  • 52,7% confiam no Supremo Tribunal Federal. Pelas cagadas seguidas que os senhores ministros togados vêm fazendo, achei alto esse índice;
  • E o mais perigoso para quem tem medo de uma volta à ditadura. Entre os órgãos públicos, os que têm maior índice de aceitação são a Polícia Federal (75,5%) e as Forças Armadas (74,7%). Muita gente boa, inclusive algumas com mais de quarenta anos, que viveram pelo menos uma parte da "redentora", que viram torturas, seqüestros na calada da noite, desaparecimentos nunca esclarecidos, censura, educação moral e cívica e o.s.p.b. (lavagem cerebral) nas escolas, têm-se mostrado a favor de uma volta dos milicos ao poder. Não percebem que o que está acontecendo agora é, justamente, reflexo dos 21 anos sem participação popular, do revanchismo que os cassados estão praticando, do atraso que a democracia sofreu, ficando estagnada, torniqueteada por tanto tempo. Estamos passando por uma séria crise de autoridade? Sim. Mas não é com autoritarismo que isso se resolve. Estamos passando pela pior crise moral da história do Brasil? Sim. Mas, dentro das sucateadas Forças Armadas, acreditem (nem sob tortura revelaria minhas fontes) a corupção está voando solta. Comandantes estão alugando quartéis para realização de bailes e torneios esportivos, intendentes estão superfaturando alimentos e fardamentos, há um comércio negro de armas e peças de automóveis, ajudando a sucatear a frota... Elas também estão passando por essa mesma crise moral e de autoridade. A cura começaria com leis duras, mas não podemos esperar isso de um grupo de centenas de marginais que fazem as leis.

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quarta-feira, setembro 26, 2007

E-mail que recebi hoje. Gostei da idéia e vou participar. Convido vocês, caros, poucos e queridos leitores, a espalharem a idéia e participem também:


Mutirão de Natal

Favor retransmitir a todos os amigos, para que no Natal deste ano,
mais pessoas possam ter alegrias!


Adorei esta idéia... Vamos fazer um mutirão de Natal? Idéia genial!


Querem fazer algo diferente este ano, no Natal?


Que tal ir à agência dos Correios e pegar uma das 17 milhões de
cartinhas de crianças pobres e ser o papai, mamãe Noel ou mesmo irmão
ou irmã Noel delas?


Fui informado de que tem cada pedido inacreditável.


Tem criança pedindo um panetone, uma blusa de frio para a avó ou
material escolar.


Deixo a idéia lançada. É só pegar a carta e entregar o presente em uma
agência do correio até dia 20 de Dezembro. O próprio correio se
encarrega de fazer a entrega.


Recebi esta mensagem e achei a idéia fantástica, assim que  possível
vou até uma agência dos correios, para fazer a minha parte!


E você, fará a sua?


Pense nisso, pois um simples gesto pode fazer muita gente feliz!





DIVULGUEM PARA CONHECIDOS


Lembrem-se Em nossa vida, passamos por 03 fases:


- a primeira quando acreditamos no Papai Noel,


- a segunda quando não acreditamos e


- a terceira quando somos...

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terça-feira, setembro 25, 2007


Myrria, A Crítica, AM


  • Se a lógica de Ciro Gomes é correta e quem está contra a continuação da CPMF é a elite branca que quer acabar com a Bolsa-Família, das duas uma: ou eu sou elite branca ou quero a restituição de tudo o que já paguei, afinal de contas sou preto e pobre. Santa hipocrisia, Batman!

  • Seundo a revistas Reader's Digest, a Finlândia, que é só gelo, é o segundo país mais "verde", enquanto o Brasil, um país agrário e cheio de matas, está na 40ª colocação. Lógico, a pesquisa não se refere à quantidade de árvores ou à diversidade de especies silvestres, mas à maneira como o meio ambiente é tratado e cuidado. Confesso que fiquei surpreso, imaginei que estivéssemos algumas posições abaixo. O que a gente vê é muito discurso e pouca prática. Como sempre.

  • O partidinho do vice, José Alencar, está gastando ou muita saliva ou muita grana para aumentar seus quadros, roubando parlamentares de vários outros. Entre os que estão afluindo ao PR estão Clodovil e César Borges, o que me surpreendeu. O DEM da Bahia já estava rachado desde antes da morte de ACM. Havia o DEM carlista, o DEM de Paulo Souto e o DEM de José Carlos Aleluia. Com a morte do cacique, o pau deve estar comento em baixo da coberta da doida para ver quem ficaria no comando da legenda no estado. César Borges, que a princípio era do grupo carlista, fazia um namoro com Paulo Souto, mas esse não é de dividir o osso. ACMJ e ACMN não têm cacife para comandar sozinho e Aleluia, que não é bobo nem nada, tem cabeça de engenheiro, o que é uma grande vantagem, deve estar minando o caminho dos adversários. Borges, sem nenhuma representatividade, ainda mais depois que perdeu a eleição para prefeito de Salvador, uma tremenda surra já no primeiro turno, deve ter caído na real e migrado para outro ninho, enquanto ainda tem um mandato.

  • Preparem-se, senhoras e senhores, que um novo apagão elétrico já começa a surgir no horizonte. Se o Brasil crescer os 5% em 2007 e mais 5% em 2008, como prometeu Lula, a oferta de energia não cresce na mesma proporção, o que poderá causar um tremendo prejuízo na indústria e, conseqüentemente, no consumidor em geral. Enquanto isso, no Acre, os ecoxiitas continuam tentando barrar a construção de uma hidrelétrica por causa de um bagre.

  • E as empreiteiras que constroem aqueles palácios da Igreja Universal Brasileira foram responsáveis por 98% do dinheiro arrecadado pelo PRB nas eleições do ano passado. Os caras enganam as pobres empregadas domésticas para alimentar as empreiteiras que, por sua vez, compram os políticos. Em última instância, podemos dizer que as pobres empregadas domésticas estão bancando o PRB.

  • Resposta do Senador Eduardo Azeredo ao e-mail que enviei a todos eles no dia 12, data em que absolveram Renan, eu o repliquei com uma tremenda ironia e indignação, mas cometi a besteira de apagar tanto a reposta dele quanto minha tréplica. Uma pena, gostaria de tê-los postado aqui. O último e-mail veio de Eduardu Suplicy, mas ainda não o respondi. Segue abaixo:



Marcos,

Recebi seu e-mail, envio-lhe cópia da carta de que escrevi para o jornal “Folha de São Paulo” e que foi publicada resumidamente na edição de 3ª feira, 18/9. Quero informar também que aprovamos na quarta-feira 19/09, na Comissão de Constituição e Justiça, o fim das sessões e do voto secreto. A matéria agora será julgada em plenário. Estou lutando para que sua votação seja o mais rápido possível.

O abraço,

Senador Eduardo Suplicy

São Paulo, 15 de setembro de 2007

Prezados Otávio Frias Filho e Renata Lo Prete:

A manchete da 1a. p. de 12.9, a nota "Coreografia" do painel da "Folha" e o registro de parte de meu pronunciamento na sessão fechada suscitaram dúvidas que precisam ser esclarecidas. Numa votação de grande responsabilidade, por exemplo, um ministro do STF jamais revelaria o seu voto na véspera da sessão em que se dará o julgamento antes de ouvir inteiramente os argumentos da defesa.

Os jornalistas da "Folha" que cobrem o Senado sabiam que há varias semanas eu vinha dizendo que queria ouvir os esclarecimentos do Senador Renan Calheiros, se possível em sessão aberta, antes de tomar minha decisão. Garantir o direito de defesa é direito consagrado em nossa Constituição. Ele afirmou inúmeras vezes que dialogaria comigo. Marcou para a terça-feira, dia 11. Fui ao seu gabinete às 19:30 e de pronto me recebeu, chamando o Líder do PMDB, Senador Waldir Raupp, que testemunhou o diálogo de mais de uma hora. Deu longa explicação, respondeu às minhas perguntas de maneira cordial e respeitosa, como sempre foi a nossa relação, e entregou-me o seu memorial sobre os fatos. O jornalista Ranier Bragon da "Folha" veio ao meu gabinete, relatei-lhe do encontro e lhe dei uma cópia do memorial. Disse a ele que iria estudar todos os argumentos ali contidos. O fiz com atenção.

No início da sessão de julgamento no dia 12, ainda aberta, ao cumprimentar o senador Renan Calheiros, disse-lhe que se ele concordasse possivelmente poderia haver uma decisão soberana do plenário para que ela se tornasse aberta. Ele respondeu bravo, dizendo que quem agora presidia a sessão era o senador Tião Viana. Em meio às questões de ordem, na parte aberta da sessão, depois de eu dizer que queria revelar o meu voto, o Presidente Tião Viana alertou-me de que isso poderia anular a sessão. Na sessão fechada fui dos últimos a falar, ocasião em que externei as razões de meu voto. Pouco antes o senador Francisco Dornelles argumentara que, com respeito à não declaração do empréstimo à Receita Federal, só poderia ser considerado como crime depois de conclusão de inquérito pela Receita Federal, o que deu margem para que alguns se abstivessem. Em minha fala, expliquei que a quebra de decoro estava não tanto na não declaração em si, que poderia ter sido, e ainda não foi, objeto de retificação com o pagamento de multa, mas na explicação dada que, "por discrição", o presidente Renan Calheiros tinha deixado de declarar e, segundo, pela apresentação de emenda na LDO de 2005 para obra no cais de Maceió, de interesse da Mendes Jr, onde era diretor o amigo que lhe prestava uma gentileza. Naquele momento deveria ter dito ao Cláudio Gontijo que agora precisava de outra pessoa para levar a pensão à mãe de sua filha. Por isso, votei sim pela cassação. Não houve, portanto qualquer coreografia naquela visita, senão a minha vontade de conhecer, olho no olho, todos os argumentos do presidente do Senado.

Respeitosamente, Senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT/SP

domingo, setembro 23, 2007

Milhões de coisas pra fazer e doente, estou precisando de cafuné e canjinha de galinha. Volto quando melhorar. Abraços gerais.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Amor e Ódio, Extremos em Voga

Um dos maiores mistérios da mente humana, e que a ciência tenta desvendar, inutilmente, é o que é o amor. Cada um de nós tem sua própria definição, assim como se tenta definir Deus, o fato é que ninguém sabe, ninguém jamais viu e apenas acredita. Lógico, existem os que não acreditam nem em um nem em outro e os que apenas não questionam e deixam a vida seguir seu ritmo.

           Cláudio Barradas, um dos meus poucos grandes gurus, definiu o amor como "desejar o bem eterno e incondicional do outro" e é essa definição que costumo usar.

           Definindo o amor dessa maneira não se vê diferença entre tipos de amor. Amor de pai, amor de filho, amor de irmão, amor de namorado e por aí vai, é sempre amor. O que diferencia são o respeito, a paixão, o tesão, a atração... São diversos fatores que andam juntos com o amor e aí, sim, existem sutis e profundas diferenças.

           Com a mania que nós temos de evitar pensar, questionar coisas, como se isso desse câncer no cérebro, costumamos pensar que amor sofre mutações de uma objeto para outro e diferencia-se por si mesmo. Puro simplismo, senso comum.

           Se isso é fato, daí vem o descrédito que cada vez mais temos quando alguém diz que nos ama. Dizer que ama é uma arma antiga para se levar pra cama. Já fui usuário e vítima desse estratagema, sei do que estou falando.

           Dizer que ama está tão fácil quanto dizer que odeia. Odiar substitui o não gostar, não suportar, não sentir-se atraído, não querer, não amar; o amor tornou-se quase a mesma coisa de gostar, querer bem, sentir tesão, desejar, admirar, atração.

           Nosso vocabulário está mais pobre a cada dia e a verdade dos sentimentos segue essa trilha.

quinta-feira, setembro 20, 2007


Pater, A Tribuna, ES


  • Pobre baiano Ângelo de Jesus. Tentou invadir o Palácio do Planalto, depois de passar três dias sem se alimentar, na miséria, mas não foi recebido, nem jamais seria. O pobre ângelo não tem mais nada a oferecer a Lula, o que tinha, provavelmente, já deu duas vezes: o voto.

  • Depois da proposta de Mercadante de se unirem os três próximos processos contra Renan num processo só, o óbvio aconteceu. O senador João Pedro, PT-AM, relator do processo Renan X Schincariol, adiou a leitura do relatório. Está, tranqüila e aliviadamente, esperando a decisão do Conselho de Ética sobre a proposta de Mercadante. Nunca na história desse país, o Senado preparou um pizza três sabores, isso deverá acontecer brevemente.

  • Por falar em PT, vossas senhorias sabiam que a juíza Olga Regina Guimarães, "suspeita" de ter relações "comerciais" com o traficante colombiano tem relações estreitas com o partido vemelho desbotado? Pois é. Ela chegou mesmo a ter um lugar de destaque no palanque, ao lado de Lula, quando da inauguração da Universidade Federal do Recôncavo. Coincidência?

  • Muito tem-se falado sobre a exigência do candidato à Guarde Municipal do Rio de Janeiro ter, pelo menos, 20 dentes naturais. E que tal essa exigência no edital da Polícia Militar do mesmo Rio?; "Será considerado reprovado o candidato que apresentar qualquer anomalia congênita ou adquirida, que comprometa a estética e a funcionalidade do corpo". Oscaras querem policiais ou top models?

  • Passou, em primeiro turno, a prorogação da CPMF, na Câmara. Não deram a mínima para o abaixo assinado contra apresentado pela Fiesp com um milhão de assinaturas, inclusive a minha.

  • Mais cara de pau do que nunca e mais colado em sua cadeira, Renan nega o óvio dizendo que não há qualquer obstrução da oposição. Quer dizer, o que os tucanos e demoníacos estão fazendo não é boicote, deve ser apenas preguiça de trabalhar. Só que na contramão da declaração de Renanzinho, veio o foribundo Agripino Maia: "Não recebo ordens de acusado!" Wooo-hoooo!!! mesmo não gostando nem um pouquinho de Maia ou de qualquer demoníaco, gostei dessa.

  • O Tribunal de Contas da União descobriu um catatu de irregularidades m obras do Governo Federal. São 77 obras com irregularidades, das quais 29 são do PAC. essas irregularidades são, principalmente, superfaturamento, alteração de projeto depois da aprovação (ou seja, aprova-se um projeto e realiza-se uma mais barato e menos seguro pelo mesmo preço), irregularidades nas execuções dos convênios e falhas no processo licitatório (algo que sempre existiu e jamais acabará nessa repúblia de sindicalistas, ladrões e ineptos). As obras do PAC onde a coisa é mais grave são na BR-163 entre Mato Grsosso e Mato Grosso do Sul; integração (assim saiu no jornal, mas eu acho que queria dizer "transposição") do Rio São Francisco, em Pernambuco; Ferrovia Norte-Sul, em Tocantins, uma obra que se arrasta desde o governo de José Sarney e que jamais sai do lugar; o Rodoanel de São Paulo; e a BR-319 entre Rondônia e o Amazonas. Com a diminuição das falcatruas escancaradas nas propagandas, depois de Marcos Valério, os ratos do erário voltaram às boas e velhas empreiteirasque sempre roubaram, pouco fizeram e jamais foram punidas.

quarta-feira, setembro 19, 2007


Fausto, Olho Vivo


  • Estava matutando como responder ao e-mail do senador Aloizio Mercadante que postei ontem. Agora aquele e-mail já caducou e toda a sua "consciência" foi pra lama quando ele propôs na tribuna que os outros três processos contra Renanzinho sejam julgados de uma tacada só. Entenderam a mensagem? Colocam-se três processos numa única sacola, ou se condena ou se absolve, não tem como absolver em um e condenar em outro. Com o João Pedro, relator do processo Schincariol já disse que não vai pedir investigações à Polícia Federal e demonstrou sua intenção de engavetar tudo. Juntando esse relatório pedindo a absolvição aos outros dois que, por mais provas que possam ter como o rei do gado milhonário de Murici, a condenação fica comprometida. essa é a proposta do senadorzinho cheio de consciência. Calhorda! Pelo menos ele já me deu o mote do próximo e-mail que lhe enviarei.

  • Os ministérios já são 38, se bobear mais do que a soma dos ministérios dos outros dois governos. Como se não bastasse, os deputados já entregaram ao Ministro Mares Guia, aquele que esconde as notas do ENEM dos alunos concorrentes do Pitágoras, de que é proprietário e também envolvido no "mensalão mineiro", uma lista de reivindicações de cargos. Ah! A CPMF é importante para o país, como disse Lula, ou é mais uma moeda de troca, como disse Marquinhos de Ogum? CORJA!

  • O Clodovil não se elegeu jurando ética, que colocaria ordem na Câmara, que não faria o joguinho podre dos políticos profissionais? Pois então, como todo bom brasileiro, o cara tem memória curta. Já está negociando sua mudança de partido, irá para o PR, de José Alencar. Nenhum deles resiste a uma propostazinha indecorosa...

  • Não foi à toa que Lula lançou a campanha da inclusão bancária. A Caixa Econômica acaba de lançar a "conta fácil". Para abrí-la basta ter RG e CPF. Quanto mais cidadãos tiverem conta corrente, maior será a arracadação de CPMF; quanto maior a arrecadação de CPMF, mais dinheiro para a "saúde". Saúde financeira do governante e seus asseclas, que fique bem claro.

  • Essa foi ótima! Um casal se traía na net. Ela apaixonada por outro cara, ele apixonado por outra mulher. Se galanteavam com os amantes, falavam mal de seus cônjuges, se apixonavam. Um belo dia, ambos marcaram com seus amantes um encontro "ao vivo". Eis que, ao se encontrarem, eram os próprios marido e mulher que achavam que traíam um ao outro. Resultado? Divórcio! tolinhos, não perceberam que o que lhes faltava era diálogo. A não ser que mentiam pelo MSN também.

terça-feira, setembro 18, 2007



  • Os irmãos gêmeos separados na maternidade, Lula e Chavez, deram uma aula de geografia ontem: O venezuelano disse que vai alterar o fuso horário do país. Isso me faz lembrar da história do político de um pequeno estado que reclama com um assesor o fato de que a Mega-Sena só sai pra apostadores de São Paulo, minas, Rio... Ao que o aspone responde, "governador, lá tem mais apostadores que aqui, é a lei da das probalidades". Inconformado, o governador dá uma ordem: "Chaa o pessoal do jurídico e manda eles prepaparem uma lei para derrubar essa daí".

Já Lula disse que vai reclamar para seu amigo Bush: "Bush, resolve esse seu problema aí. Nós não vamos deixar a crise atravessar o Atlântico e chegar ao Brasil". Essa nem o comandante do Queen Mary sabia. Para vir dos Estados Unidos para cá a gente tem que atravessar o Atlântico, é?


  • O Cacciola foi preso, legal. O ministro da Justiça, tarso Genro disse que vai pessoalmente a Mônaco levar a documentação necessária para a extradição do banqueiro, grande coisa. O ninho tucano deve estar em polvorosa, afinal de contas Cacciola deu um tremendo baque no Fisco durante a administração de FHC. Agora juntemos tudo isso num panelão e vejamos no que vai dar: os tucanos, com seus irmãos siameses, vão procurar o governo e fazer uma proposta. Deixa o Caciola lá, tranqüilinho, construindo as casinhas dele que nós aprovamos a CPMF. Deixemos a coisa acontecer e depois me digam se Marquinhos de Ogum está errado.

  • Mais uma pérola do beócio: comparar o trabalho quase escravo dos cortadores de cana com o arriscado e quase escravo trabalho dos mineradores de carvão. Na lógica do presidente, se uns estão sifu, outros não têm do que reclamar se sifu também. Uma maneira de passar a mão na cabeça dos usineiros, transferindo a culpa para os mineiros europeus.

  • E o primo de Collor, hein? Isso, sim, é saber fazer justiça! Há alguns anos libertou Cacciola e agora liberta 15 acusados na Operação Furacão.

  • O que a oposição está fazendo, alarmando seu boicote para a votação da CPMF usando como argumento a absolvição de Renanzinho é apenas para inglês ver. Renan é apenas pretexto, o que tucanos e demoníacos estão esperando é a graninha e as negociações por baixo dos tapetes vermelhos e verdes. Vão botar um pouquinho de pressão, quando tiverem conseguido o que desejam, esquecem Renan e a CPF passa sem esforço, afinal de contas, esse impostozinho sem vergonha é criação deles.

  • Enviei o e-mail abaixo para o senador João Pedro, do PT-Am, relator do segundo processo contra Renan, o do caso Schincariol:

Excelentíssimo senador, mesmo sabendo que o senhor deva estar recebendo pressão para absolver o senador Renan Calheiros, mesmo ciente que o póprio Palácio do Planalto deve estar tentando de tudo para "convencê-lo" a apresentar relatório favorável ao presidente do Senado, na condição de cidadão sugiro a V. Exa. que peça mais prazo, solicite investigações à Polícia Federal, ouça testemunhas, paute seu trabalho na ética e na seriedade.

O caminho fácil de hoje poderá expô-lo para todo o país, especialmente para seus eleitores do Amazonas, como mais um venal, amoral e nada ético, asim como muitos de seus pares. Não caia nessa armadilha, senador.

Pense em como sua família sofrerá ao vê-lo sendo atacado por todo o país, em como seu nome poderá ser enlameado por sujeiras que o senhor pode produzir para atender a quem não tem coragem de dizer publicamente que está trabalhando pelos corredores do Congresso e do Planalto par livrar de qualquer culpa quem sequer foi investigado. Honre a educação que lhe foi dada pelos seus país na esperança que V. Exa. tenha se tornado um homem de bem e honrado.

Aprofunde as investigações antes de apresentar seu relatório, paute sua decisão na seriedade, em provas e não tão somente na palavra do senador Renan Calheiros. Lembre-se que não é só a absolvição do senador que está em jogo, mas seu próprio nome, senador.



Não tenho qualquer esperança que ele atenda a meu apelo, mas bem que gostaria que outros milhares de brasileiros também fizessem pressão.

  • Atualização! Acabo de receber a resposta do senador Aloizio Mercadante ao e-mail que enviei a todos os senadores na noite do fatídico dia 12, dia da absolvição de Renan Calheiros. Ainda não respondi ao senador, estou deglutindo essa resposta. Tirem sua próprias conclusões:

Espero que leia as razões do meu voto e possa me entender.

Razões do meu voto

"Os juízes devem ser homens de Estado. É necessário que saibam discernir o espírito de seu tempo, afrontar obstáculos que é possível vencer e desviar-se da corrente, quando o turbilhão ameaça arrastar, junto com eles mesmos, a soberania da União e a obediência devida a suas leis". Tocqueville

Percebo e compreendo o sentimento da sociedade, que quer a cassação do Senador Renan Calheiros. Ao longo de mais de 100 dias, diante de tudo o que foi publicado, verdade ou não, é natural que seja essa a vontade e a conclusão das pessoas. Trata-se de um julgamento que não apresenta grandes dificuldades, feito ao sabor da percepção dos acontecimentos veiculados pela mídia.

De minha parte, também seria mais fácil me esconder no voto secreto, como infelizmente tantos fizeram, sem que ninguém sequer soubesse minha posição, ou simplesmente acompanhar o movimento da sociedade e do eleitor, sem preocupar-me com a imprescindível proteção aos direitos e garantias individuais que julgamentos relativos à cassação requerem. Poderia estar, agora, confortavelmente recebendo elogios de todos.

Não foi essa a minha atitude. Fiz o difícil e o necessário. Naquele momento, eu não era simplesmente um parlamentar, mas um juiz diante de uma decisão que poderia tirar da vida pública por mais de 10 anos um senador eleito com aproximadamente 80% dos votos de seu estado. Tais julgamentos não podem ser fáceis, pois incidem diretamente sobre direitos e garantias individuais.

Porém, alguns argumentam que o julgamento no Senado é eminentemente político e não precisa ter o rigor e nem o tempo dos julgamentos jurídicos. Não é verdade. É óbvio que todo processo dessa natureza tem como pano de fundo uma disputa política, principalmente quando está em jogo a Presidência da Casa. Essa disputa, no entanto, não deve contaminar o processo. Julgamentos políticos são típicos de ditaduras. Numa democracia, quaisquer julgamentos, principalmente aqueles que incidem sobre os direitos e as garantias individuais, têm de respeitar princípios jurídicos universais, como o do devido processo legal, o do amplo direito à defesa e, acima de tudo, o de que o ônus da prova para além da dúvida razoável cabe ao acusador. São exatamente esses aspectos formais do processo que garantem o respeito aos direitos e garantias individuais e a lisura dos julgamentos. Não fosse desse modo, os julgamentos seriam, aí sim, meras formalidades.

Coerentemente com esses princípios e preocupado com o desgaste do Senado, defendi na sessão que fosse adiada a decisão, por considerar que não havia ainda no processo provas conclusivas de que os pagamentos à Sra. Mônica Veloso foram feitos pela empreiteira à qual era vinculado o lobista amigo de Renan Calheiros, já que a leitura atenta dos pareceres revelava mais indagações do que certezas. Tampouco havia no processo a tão necessária análise das outras acusações que pesam contra o Renan Calheiros, como seu eventual envolvimento com a compra de emissora de rádio por intermédio de laranjas, a possível intervenção indevida e ilegal em favor da cervejaria Schincariol e o noticiado esquema de beneficiamento de instituição bancária para atuar com créditos consignados. Assim, era impossível, naquele momento e com as informações disponíveis, emitir um juízo de valor conclusivo sobre a culpa do Senador Calheiros.

Considerei, por outro lado, que também não era possível inocentá-lo em definitivo, pois há indícios de crime tributário, que só serão configurados após a devida investigação pela Receita Federal. Outra frente de investigação também está em andamento no Ministério Público Federal, já autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, que tem demonstrado extremo rigor na análise de processos que envolvam parlamentares.

Ante a impossibilidade do adiamento da decisão, vi-me num dilema ético. O voto "sim" significava a culpa comprovada acima de quaisquer dúvidas e a cassação. O voto "não", por seu turno, significava o reconhecimento de uma inocência ainda em questão e o arquivamento do processo. Optei, dessa maneira, pela abstenção. Portanto, não dei esse voto por falta de convicções, mas porque acreditava e continuo a acreditar que todos os processos abertos no Conselho de Ética devam seguir com rigor, até que se possa fazer um julgamento final e conclusivo sobre todas as acusações. Defendo, inclusive, que o Senador Renan Calheiros deva licenciar-se da Presidência do Senado, de forma a assegurar que os processos transcorram com isenção e sem percalços de qualquer tipo.

Não foi uma decisão fácil. Tive de abstrair meus interesses políticos e eleitorais e repelir a sedução do aplauso da opinião pública. Tampouco foi uma decisão coletiva, pois, ao contrário do que foi noticiado de forma maliciosa, não solicitei voto a ninguém e respeitei as convicções de todos.

Foi uma decisão difícil e solitária e o meu voto foi o voto do magistrado que busca pesar cuidadosamente todos os aspectos jurídicos do processo na balança da Justiça e que se rege por lógica e tempo obviamente distintos daqueles utilizados pela mídia.

Estou, é certo, pagando um preço político e pessoal caro por ter tomado essa decisão e não peço que concordem com ela. Mas quero que compreendam que foi uma decisão tomada com transparência e com base em princípios e convicções. Poderia, é claro, ter tomado outra decisão com base apenas nas minhas conveniências políticas e eleitorais. Porém, nesse caso, eu teria de pagar um preço terrível: o preço daqueles que votam contra suas convicções.

E esse preço, podem acreditar, eu não poderia jamais pagar.

Senador Aloizio Mercadante.

segunda-feira, setembro 17, 2007


Simon Taylor, A Charge On Line


  • Lula quer construir armas, revitalizar a indústria bélica brasileira, enquanto isso os militares se mordem dentro dos quartéis, sem aumento, sem direito a FGTS, sem um programa de aquisição de casa própria... Mais uma imitaçãozinha nada barata de Chavez.

  • A deputada federal Patrícia Saboya, PSB-CE, lulista de primeira hora, mandou um ultimato a Lula: ou a Petrobrás fornece gás para a siderúrgica que Lula prometeu para o Ceará ou ela sai da base governista. Para seus eleitores, uma atitude nobre; para a ética, mais uma demonstração de que a ética está moribunda. O poder, os cargos, são, definitivamente, moeda de troca. Não são bons projetos o que interessa, mas a chantagem, as negociatas, o toma-lá-dá-cá.

  • Todo mundo sabe que os cartões de crédito corporativos têm ajudado Lula a enriquecer, o cara não gasta mais seu dinheiro nem em papel higiênico. Só que o Poder Judiciário também faz uso desse mecanismo. De janeiro a agosto, a grana gasta pelos juízes ultrapassa os R$ 1,3 milhão. Me lembra o velho ditado: "o rio só corre pro mar".

  • Deu no Estadão. Onde está o poder de barganha de Renan para conseguir o apoio dos nobres colegas em troca de sua absolvição. Chega a ser ridículo! Na lista abaixo não estão as vantagens dadas pelo governo federal, que devem ter sido mais ricas e atraentes. Se analisarmos direitinho, além de pagamento de favores, existe também uma boa dose de chantagem:

- gastos extra com material de expediente;

- permitir que colegas façam viagens oficiais acompanhados de suas amantes;

- transferência de funcionários dos estados dos senadores para Brasília;

- contratação de parentes;

- gabinetes amplos e bem mobiliados;

- apartamentos funcionais em bom estado ou de frente para o nascente;

- troca de carro velho por um novinho (e provavelmente mais bem equipado e caro);

- estouro da cota de combustível.


  • Em Espanha o torneiro mecânico encontrou-se com o sapateiro.

  • Já pensaram se a titular não perdoasse Renanzinho e pedisse o divórcio? Se para uma única pensão o cara desembolsa R$ 12.000,00 por mês, quanto não gastaria para os filhos do casamento? O cara ia ter que arrumar vaquinhas (a reserva não dá grana, só toma) de R$ 600.000,00 por cabeça.

sábado, setembro 15, 2007

O texto abaixo foi-me enviado pela minha amiga Luz Stolze, coincidentemente (e nesse caso é coincidência mesmo) a revisora do meu livro que será lançado no próximo mês. Mas isso é outra história que contarei daqui a uns dias.


DOUTORADO NA PUC - TEMA: "PREGUIÇA BAIANA"" é faceta do racismo.
Date: Mon, 3 Sep 2007 10:01:23 -0300 (ART)


DOUTORADO NA PUC - TEMA: "PREGUIÇA BAIANA"

"Preguiça baiana" é faceta do racismo. A famosa "malemolência" ou preguiça baiana, na verdade, não passa de racismo, segundo concluiu uma tese de doutorado defendida na USP. A pesquisa que resultou nessa tese durou quatro anos. A tese, defendida no início de setembro pela professora de antropologia Elisete Zanlorenzi, da PUC-Campinas, sustenta que o baiano é muitas vezes mais eficiente que o trabalhador das outras regiões do Brasil e contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de "festa eterna".

Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais trabalha. Como 51% da mão-de-obra da população atua no mercado informal, as festas são uma oportunidade de trabalho. "Quem se diverte é o turista", diz a antropóloga.

O objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu e se consolidou. Elisete concluiu, após quatro anos de pesquisas históricas, que a imagem da preguiça derivou do discurso discriminatórios contra os negros e mestiços, que são cerca de 79% da população da Bahia.


O estudo mostra que a elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista.

A imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado, por meio da elite portuguesa, que considerava os escravos indolentes e preguiçosos, devido às suas expressões faciais de desgosto e a lentidão na execução do serviço (como trabalhar bem-humorado em regime de escravidão?).

Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e Sudeste a partir das migrações da década de 40. Todos os que chegavam do Nordeste viraram baianos. Chamá-los de preguiçosos foi a forma de defesa encontrada para denegrir a imagem dos trabalhadores nordestinos (muito mais paraibanos do que propriamente baianos), taxando-os como desqualificados, estabelecendo fronteiras simbólicas entre dois mundos como forma de "proteção" dos seus
empregos.

Elisete afirma que os próprios artistas da Bahia, como Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Gilberto Gil, têm responsabilidade na popularização da imagem. "Eles desenvolveram esse discurso para marcar um diferencial nas cidades industrializadas e urbanas. A preguiça, aí, aparece como uma especiaria que a Bahia oferece para o Brasil", diz Elisete. Até Caetano se
contradiz quando vende uma imagem e diz: "A fama não corresponde à realidade. Eu trabalho muito e vejo pessoas trabalhando na Bahia como em qualquer lugar do mundo".

Segundo a tese, a preguiça foi apropriada por outro segmento: a indústria do turismo, que incorporou a imagem para vender uma idéia de lazer permanente "Só que Salvador é uma das principais capitais industriais do país, com um ritmo tão urbano quanto o das demais cidades."

O maior pólo petroquímico do país está na Bahia, assim como o maior pólo industrial do norte e nordeste, crescendo de forma tão acelerada que, em cerca de 10 anos será o maior pólo industrial na América Latina.

Para tirar as conclusões acerca da origem do termo "preguiça baiana", a antropóloga pesquisou em jornais de 1949 até 1985 e estudou o comportamento dos trabalhadores em empresas. O estudo comprovou que o calendário das festas não interfere no comparecimento ao trabalho. O feriado de carnaval na Bahia coincide com o do resto do país. Os recessos de final de ano também. A única diferença é no São João (dia 24 /06), que é feriado em todo
o norte e nordeste (e não só na Bahia). Em fevereiro (Carnaval) uma empresa, cuja sede encontra-se no Pólo Petroquímico da Bahia, teve mais faltas na filial de São Paulo que na matriz baiana (sendo que o n° de funcionários na matriz é 50% maior do que na filial citada). Outro exemplo: a Xerox do Nordeste, que fica na Bahia, ganhou os dois prêmios de qualidade
no trabalho dados pela Câmara Americana de Comércio (e foi a única do Brasil).

Pesquisas demonstram que é no Rio de Janeiro que existem mais dos chamados "desocupados" (pessoas em faixa etária superior a 21 anos que transitam por shoppings, praias, ambientes de lazer e principalmente bares de bairros durante os dias da semana entre 9 e 18h), considerando levantamento feito em todos os estados brasileiros. A Bahia aparece em 13°lugar.

Acredita-se hoje (e ainda por mais uns 5 a 7 anos) que a Bahia é o melhor lugar para investimento industrial e turístico da América Latina, devido a fatores como incentivos fiscais, recursos naturais e campo para o mercado ainda não saturado. O investimento industrial e turístico tem atraído muitos recursos para o estado e inflando a economia, sobretudo de Salvador, o que tem feito inflar também o mercado financeiro (bancos,financeiras e empresas prestadoras de serviços como escritórios de advocacia, empresas de auditoria, administradoras e lojas do terceiro setor).


Faça-me o favor de encaminhar este e-mail ao maior número possível de pessoas. Para que, desta forma, possamos acabar com este estereótipo de que o baiano é preguiçoso. Muito pelo contrário, somos dinâmicos e criativos. A diferença consiste na alegria de viver, e por isso, sempre encontramos animação para sair, depois do expediente ou da aula, para nos divertir com os amigos.


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Há uns dias o Ricardo Rayol postou um comentário aqui que dizia que o país vê os políticos do Nordeste como mais corruptos que o resto de país. Depois ele fez um post em seu blog comparando o prefeito de não lembro que cidade do Rio grande do Sul que desviava dinheiro da alimentação escolar com os políticos nordestinos como se houvesse um rancking de corrupção no país.

Desde esse dia venho me remoendo, ofendido, com essa comparação. Pensei em dez maneiras diferentes de responder às alfinetadas do Rayol, mas não consegui achar a forma ideal. Pensei, por exemplo, em listar todos os políticos não nordestinos envolvidos em falcatruas nos últimos anos, mas seria mais separatista do que meus intentos.

Pensei em fazer um discurso anti-discriminação contra os nordestinos, mas o resultado não seria bom, sairia agressivo.

E a coisa continuava me incomodando.

Como não sou de falar com ninguém sobre o que me aflige, provavelmente reflexo de alguém que, desde os 13 anos de idade, resolve seus problemas sozinho, contando somente com sua própria competência, com a sorte e com a ajuda ocasional dos amigos, fiquei me remoendo: Como dar uma resposta ao comentário do Ricardo sem parecer agressivo, ofendido ou, pior, um bebê chorão?

Como por telepatia, Luz me socorreu enviando o texto acima cuja autoria ela não me disse e eu, confesso, não pesquisei. Ainda não é exatamente o que eu gostaria de dizer, mas já é uma grande ajuda.

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Atualização:

Acho que atirei no próprio pé ao escrever o post acima. Tentando responder aos que discriminam os nordestinos, acabei machucando o Rayol que não tem nenhuma culpa, apenas foi o catalizador da minha insatisfação com aqueles que discriminam os nordestinos. O Rayol sentiu-se ofendido, o que não foi meu propósito e terminei ficando altamente desconcertado por ter provocado essa ofensa quando o que eu gostaria de dizer era outra coisa.

Vocês já devem ter percebido que estou altamente desconfortável com a reação que acabei provocando. Bom, vou mostrar a correspondência que acabamos trocando, talvez assim a coisa fique mais clara:

ahahahaha

Caraca Marcos, deixa de sacanagem. Não fiz um ranking de corrupção. O que quis dizer é que, aqui no sul maravilha, todos acham que as mazelas são provocadas pelo nordeste quando a verdade é bem outra. A roubalheira é generalizada. Essa percepção é tão arraigada que o movimento "O Sul é meu país" prega exatamente essa idéia de que o povo nordestino é indolente. Mas vamos aos fatos:

a) Não sou racista.

b) Sou nascido em Brasilia. Minha mãe é maranhense e meu pai, apesar de nascido em São Paulo por acaso, é de família cearense.

c) Os casos de corrupção em Florianópolis são tão ou mais sérios que os que ocorrem no nordeste. O sistema de saude está um caos. E outros quemais.

d) A unica diferença é que houve uma super exposição de esquemas, montados por politicos do Nordeste, por ocasião da formação da SUDAM e SUDENE. Aqui no sul se forem cavar deve sair algo parecido.

Não sei de onde tirou essa idéia e espero que minha explicação seja o suficiente. Peço a gentileza de corrigir o texto ou incluir meu comentário.

O e-mail que ele me enviou:
marcos
não se de onde tirou a idéia que sou racista ou discrimino nordestino. respondi ao teu post no comentário mesmo.
Como o que escreveu dá a impressão que realmente sou racista peço a gentileza de corrigir essa impressão ou publicar meu comentário, ia ser muito chato eu ter que escrever um post sobre isso.
grande abraço

Minha resposta:

Ih! Caramba, então não soube me explicar direito. Desculpe por isso, Rayol.

Deixa eu tentar explicar. Você postou o comentário "mas enquanto a maioria acreditar que as mairoes falcatruas são cometidas por politicos do nordeste isso tende a ser mais desejável. aqui no sul é fato." E foi isso que me incomodou, o fato de a maioria achar que as maiores falcatruas são praticadas pelos nordestinos. Acho que não deixei isso claro.

Não achei que você discrimina, sacou?, não disse isso. Por outro lado, sei que há uma grande discriminação contra o povo nordestino e nortista. O fato de chamarem todo nordestino de "baiano", em São Paulo, ou de "paraíba", no Rio, são formas de discriminar. O que me incomodou não foi você ter feito a comparação, mas ser esse o pensamento dessa maioria citada.

Não nego o grande número de corruptos existentes do Maranhão ao sul da Bahia, aliás, vivo batendo nesses caras, nos oligarcas, nos coronéis políticos e seus asseclas, nos politiquinhos que tentam e,às vezes, conseguem roubar até merenda escolar. O que me deixa possesso é o fato de tanta gente achar que esse tipo de coisa só acontece por aqui.

Seu comentário apenas provocou minha vontade de escrever a respeito, de externar minha insatisfação com os que nos discriminam, como se fôssemos os bobos, os coniventes, os comprados.

Peço desculpas de novo se o ofendi, não houve o propósito. Postarei essa nossa correspondência para que isso fique claro. Ok?

Abraço.



Me desculpo publicamente e espero ter encerrado o assunto entre nós dois, mas não com aqueles que realmente nos ofendem com essa comparação absurda que continuam fazendo.





sexta-feira, setembro 14, 2007

No dia 12 escrevi e-mail para todos os 81 senadores repudiando a absolvição de Renan Calheiros. Alguns poucos deles se dignaram responder. Aqui em baixo estão as respostas que recebi e minhas réplicas.

Senador Paulo Paim, PT-RS:

Entendo sua indignação e reafirmo mais uma vez minha posição: votei pela perda do mandato.

Estou no Congresso Nacional há 21 anos. Como constituinte defendi o fim do voto secreto. Foi meu primeiro pronunciamento quando tomei posse, ainda como Deputado Federal.

Há mais de uma década apresentei projeto para extinção do voto secreto.Aqui no Senado, ainda em 2006 apresentei a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 50 que propõe o voto aberto em todas as situações.

Anunciei há mais de um mês que votaria pela perda do mandato do Presidente do Senado. Essa decisão foi publicada em todo país através da imprensa.

Em inúmeras entrevistas que concedi já havia previsto que o voto secreto apresentaria um resultado diferente da Comissão de Ética, onde o voto foi aberto.

Essa situação já aconteceu por diversas vezes na Câmara dos Deputados e agora no Senado. Por isso aprovei requerimento de audiência pública para discutir o fim do voto secreto no Congresso Nacional.

Espero que esse momento de reflexão nacional sirva para aprovar minha PEC (nº 50/2006).

Minha luta não é de última de hora!!

Saudações respeitosas,

PAULO PAIM

Senador-PT/RS

Minha resposta:

Senador, acompanho sua vida no Congresso nesses 21 anos, acredite. Nem sempre concordei com suas atitudes e posições, mas sempre o respeitei, como a poucos de seus pares. Mas no meomento a crítica não é pessoal, mas à instituição. Ao seu redor existem dezenas de covardes que se escondem na escuridão de sessão secreta e votos fechados. Como podem se dizer nossos representantes se se eescondem de nós na hora de tomar decisões? Como podem querer que acreditemos neles se 40 votam contra a vontade da população e depois aparecem 46 nos jornais dizendo que votaram pela cassação? O painel eletrônico está quebrado? Não. Os senadores são analfabetos que não sabem diferencias as palavras "sim" e "não"? Não. O que, então, podemos concluir? Que há má vontade e covardia de alguns senadores que nos traíram no seu voto e agora mentem descaradamente para s jornalistas, sabedores que são de que sua atitude não nos agradaram, mas cederam a chantagens, pressões, fraqueza e malcaratismo.

Sinto muito a linguagem irascível, excelência, mas não consigo mais me sentar conformado em minha poltrona vendo a imoralidade de algumas autoridades ditarem os rumos de uma nação carente e desejosa de honestidade, transparência e crescimento real.

Senador Arthur Vigílio, PSDB-AM:

Senador Arthur Virgílio sobre os Senadores que votaram pela abstenção de Renan Calheiros:

" Eu não esperava que seis pessoas cometessem o exercício pornográfico de safadeza cívica de votar pela abstenção. Eu não consigo achar respeitáveis as seis pessoas do voto safado da abstenção. Não venham me dizer que não tinham opinião formada."

(Correio Brasiliense - 13/09/07)

Especial
12/09/2007 - 20h12

Arthur Virgílio diz que absolvição de Renan mantém o Senado em crise

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), classificou o resultado da sessão secreta do Senado em que foi votado o projeto de resolução que decretava a perda de mandato do senador Renan Calheiros, e que foi favorável ao presidente da Casa, como "infeliz". Na sua avaliação, o resultado irá manter em crise a instituição.

- A crise vai continuar, porque infelizmente o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi absolvido. O clima é o pior possível. Renan se mantém na Presidência do Senado com os outros processos. A crise venceu - disse.

Arthur Virgílio se disse surpreso com o resultado, já que os seis votos dos que se abstiveram, somados aos 35 favoráveis à perda do mandato, somariam os 41 necessários para o que ele chamou de "regeneração da imagem do Senado".

- Respeito mais os quarenta que votaram contra a cassação do que os seis que estupidamente não se manifestaram nem para um lado, nem para o outro. São covardes - disse.

Afirmando que o clima é de desânimo, Arthur Virgílio adiantou que a bancada do seu partido vai se reunir para definir a posição a ser adotada diante da situação. Na sua opinião, a oposição deve continuar com a obstrução anteriormente em curso no Senado, em protesto contra a permanência de Renan Calheiros na Presidência da Casa, mesmo sendo objeto de dois processos no Conselho de Ética e de um representação, ainda não analisada pela Mesa, por quebrado o decoro.

Elina Rodrigues Pozzebom / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Minha resposta:

Excelentíssimo senador, a crítica nesse momento não é pessoal, mas à instituição. Como cidadão, prefiro a declaração do senador Mercadante que absteve-se do voto, por covardia ou cumplicidade, do que a camuflagem daqueles que se escondem no escuro de sesão secreta e voto fechado para trair a vontade daqueles que os elegeram.

Vejo parlamentares reclamando da imagem feia do Senado, mas como ter uma boa imagem se o que ele, o Senado, faz só é digno de repúdio? A imagem da instituição é exatamente a que ela faz, de alguns sujeitos amorais, venais, covardes que se escondem não permitindo que os eleitores saibam o que seus "representantes" fazem na escuridão dos gabinetes. Infelizmente, pelo próprio resultado da votação, chegamos à triste conclusão que esses amorais são hoje a maioria da Casa.

Senador Sérgio Zambiazi, PTB, RS:

Caro Marcos Pontes, sua indignação e da maioria do povo faz muito sentido, os três senadores do Estado do Rio Grande desde a semana passada já tinha declarado seus votos a favor do relatório do conselho de ética, na imprensa gaúcha, cordiais saudações Sérgio Zambiasi

Minha resposta:

O engraçado, senador, é que os jornais mostram que 46 senadores declararam ter votado pela cassação de Renan Calheiros. Como o painel eletrônico do Senado não está defeituoso, o que posso concluir é que alguns de seus pares, além de covardemente se esconderem em sessão secreta e voto secreto para fazerem exatamente o oposto do que a maioria dos cidadão brasileiros gostaria que eles fizessem, ainda vêm a público mentir e se acorvadar novamente tentando sair como bons moços. Infelizmente não podemos nos sentir representados pelos parlamentares quando eles se escondem não permitindo que acompanhemos suas decisões e ainda aparecem no jornal mentindo. Não vai ser assim que a esperança do cidadão de que a honestidade e a transparência se tornem uma constante seja restaurada.

Senador Marconi Pirillo, PSDB-GO:

O senador me mandou um monte de recortes de jornais, que você pode ler aqui:

Minha resposta:

Desculpe-me, senador, mas esse tipo de notícia não me diz grande coisa, uma vez que é plantado nos jornais pela sua própria assessoria, não pode ser considerado notícia de verdade. Não desejo desrespeitá-lo, mas apenas triar o que é notícia e o que é declaração do próprio gabinete dos políticos.

Como notícia eu vejo, por exemplo, a declaração de 46 senadores que votaram a favor da cassação do senador Renan Calheiros. Não acreditando que o painel eletrônico do Senado estja defeituoso, só posso concluir é que alguns de seus pares aproveitaram-se da escuridão de sessão secreta e votos fechados para depois mentirem para nós, cidadãos, covardemente, não assumindo seu voto contra a vontade daqueles que dizem representar.

Sinto muito, excelência, mas não me sinto representado por um Congresso que diariamente toma resoluções contrárias aos meus desjos e aos de milhões de brasileiros.

Senador Osmar Dias, PDT-PR:

SENADO FEDERAL

GABINETE SENADOR OSMAR DIAS

12.09.2007

Osmar Dias diz que absolvição de Renan desacredita o Senado Federal

O senador Osmar Dias (PDT-PR) considera que a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), coloca instituição num processo contínuo de perda de credibilidade. Para o senador paranaense, as seis abstenções e a influência da bancada governista foram determinantes para livrar o senador alagoano da cassação. "O resultado da votação passa a imagem de que o Congresso e o Executivo têm forma conjunta de atuar. Isso mostra que há a proteção mútua e recíproca entre as partes. Quem mais perde é a população que não vê satisfeita a sua vontade por parte daqueles que foram eleitos pelo povo", afirma.

Para Osmar Dias, quem se absteve de votar na sessão histórica, em que pela primeira vez o presidente do Senado teve a cassação avaliada em plenário, não deveria ter comparecido. "Quem se absteve de votar num processo como este deveria optar pela ausência. A abstenção é uma forma disfarçada de votar não", salienta. O projeto de resolução (PRS 53/07) que recomendava a perda do mandato foi rejeitado por 40 votos não, 35 votos sim e 6 abstenções.

Afastamento

O senador pedetista mantém a posição da bancada do partido no Senado pelo afastamento de Renan Calheiros da presidência da Casa. "Ou o Senado toma um novo rumo e começa a trabalhar para votar as reformas de que o Brasil precisa, ou vai afundar num processo de descrédito. Mesmo absolvido neste processo, o presidente ainda tem outros a responder. Não podemos, mais uma vez, paralisar o País por conta de uma crise política", finaliza Osmar Dias.

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Minha resposta:

Excelentíssimo senador, desculpe-me a franqueza, embora não duvidando de sua declaração de voto, mas na imprensa diz-se o que quer. Hoje lemos nos jornais que 46 senadores afirmam que votaram pela cassação do senador Renan Calheiros. Como não acredito que o painel eletrônico do senado esteja quebrado, só me resta concluir que alguns dos covardes que se esconderam na escuridão de sessão secreta e votos fechados continuam mentindo para a população covardemente, sem a hombridade de assumir que votaram contra a vontade popular.

Como vamos cnstruir um país honesto e progressista se os ditos "representantes do povo" mentem, se acovardam, praticam atos desonestos? Nossa imagem interna e externa está cada vez pior e, tenho certeza, senador, que os principais culpados são as autoridades, sem querer generalizar, que dão o exemplo que a honestidade, a mentira, a covardia, o corporativismo e as camuflagens é que levam o homem a ter sucesso na vida.

Senadora Marisa Serrano, PSDB-MS (Segundo e-mail):

Estou convencida de que o relatório que apresentei em conjunto com o senador Renato Casagrande, recomendando a cassação do senador Renan Calheiros e rejeitado por 40 senadores, não foi uma derrota pessoal nem partidária. Foi uma derrota de toda a sociedade brasileira. Tenho a consciência do dever cumprido. Sei que fiz o melhor que pude e agi conduzida pelos fatos e por documentos comprobatórios. O Senado Federal é uma instituição democrática, fundamental para o fortalecimento do espírito republicano e, nada mais justo do que acatarmos, apesar da perplexidade geral, sua decisão soberana.

Mesmo assim, não devemos esmorecer na luta. A construção de um Estado pautado pela ética é um processo feito de avanços e recuos. Tenho esperança de que o passo que foi dado para trás seja fundamental para que se dê dois para frente em futuro próximo. Vamos continuar defendendo os interesses gerais, sem medo dos arreganhos do poder.

Saudações,

Marisa Serrano

Senadora (PSDB-MS)

Minha resposta:

Os bons cidadãos desse país esperam que isso ocorra, senadora. Vemos agora na mídia que 46 senadores declararam que votaram pela cassação do presidente do Senado, ou seja, além de se esconderem na escuridão de sessão secreta e votos fechados, alguns dos "nossos representantes' ainda se acovardam diante da atitude nada popular e continuam mentindo e tentando nos enganar

Infelizmente, excelência, enquanto o Congresso Nacional, assim como diversas prefeituras, câmaras municipais e assembléis elgislativas forem formadas, em boa parte, por seres sem qualquer traço de boncaratismo, antiéticos, mentirosos, venais e covardes nós, homens e mulheres que lutam por uma melhora do país, não podemos ter esperanças dessa melhora.

Como ensinar nossas crianças e jovens que a honestidade e a transparência são alavancas essenciais para se fazer uma Brasil melhor se aqueles que nos representam no poder mostram a essas crianças e a esses jovens que é o caminho contrário que eleva socialmente o homem?