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sexta-feira, janeiro 30, 2009

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  • Os bolcheviques sul-americanos, paladinos da justiça e da luta contra as desigualdades, senhores do populismo e das pesquisas encomendadas, líderes das massas analfabetas, semi ou especulativas, estão em Belém. Onde a prefeitura encontrará desinfetante para recuperar a cidade depois do Fórum? A cúpula de Davos está pegando fogo e como Lula não foi convidado este ano (nos anteriores eles forçou o convite, mas falou tanta besteira que resolveram escanteá-lo em 2009), preferiram fazer sua festinha vermelha por aqui mesmo. 

Com o consumo de ervas nas alturas durante o Fórum Social Mundial, como já comprovou a Secretaria de Segurança Pública do Pará, é fácil entender a claque dos patetas. Só mesmo emaconhado, alienado ou mal intencionado para aplaudir esse time.

  • O mundo todo fazendo campanha pela preservação da Amazônia, botando pressão para que alguns milhares de índios sejam donos de uma área igual a 11 cidades de São Paulo, criancinhas que nunca viram o mar sendo ensinadas a proteger as baleias no Mato Grosso e a China com 37% do seu território erodido. Quem tem coragem de meter o bedelho por lá? ONGs  outros bichos ganham (grana alta de verdade) mais engabelando os terceiromundistas ignorantes do que encarando outros problemas tão sérios quanto o desmatamento da Amazônia mundo a fora.

 

  • E as eleições do Congresso, quem tem acompanhado? Eu não. Tô de saco cheio desses merdinhas que dizem nos representar. Fiquei um bom tempo cuidando de minha vida, meus problemas e soluções e nem senti a tal síndrome de abstinência de política. Podemos passar dez anos sem ler jornais que, quando voltarmos a ler, veremos as mesmas caras fazendo as mesmas idiotices, roubando o mesmo tanto e com os mesmos discursos de engana-trouxa. Nada muda.

 

  • A propósito, as eleições dos calhordas contará com voto secreto. Ou seja, eles não confiam em si próprios e nem em seus comparsas. Todos sabem que haverá traição daqui e dali e tudo ficará como dantes no qualtel de Abrantes.

 

  • Marolinha, seu Lula? Quem não demite está negociando redução de carga horária e de salários. Marolinha uma pinóia! A coisa está maquiada, mas está feia. Há meses eu venho dizendo “poupe, gente, poupe”…

 

  • Mas como nosso governo é bonzinho, aumentou em 1,3 milhão o número de famílias assistidas com a bolsa esmola. A crise ameaçando a classe média, a classe rica fazendo sua poupança nos paraísos fiscais e o presidente dando esmola com nossa grana. Cortou R$ 37 bilhões de investimentos do orçamento para dar esmola. Como levar isso a sério? Como acreditar nun sujeito que goza com o pau dos outros?

 

  • Estão criando o “seguro emprego”. Tomara que seja algo realmente bom, pensado e planejado, não apenas mais uma “idéia genial” que só mostra os erros depois de implantada, como tantas e tantas outras corriqueiras.

 

  • Tentando voltar à ativa bloguística.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Um assassino sob nossas asas: Cesare Battisti

A comparação nem sempre, ou quase nunca, é um bom padrão de aferimento. O Brasil errou ao dar asilo político a Strossner, ditadorzinho paraguaio de meia pataca, mas Strossner seria, indubitavelmente, assassinado pelos seus opositores se continuasse em seus país; não foi lá muito acertado também, termos dado asilo a Lino Olviedo, outro paraguaio, também projeto de ditador, que foi pego com a boca na botija tentando dar um golpe militar. Mas justificar o asilo a Cesare Battisti, como faz a ministro da Justiça, Tarso Genro, comparando os dois erros anteriores com a bobagem atual é, no mínimo, menosprezar a inteligência, o bom senso e o conhecimento do cidadão brasileiro.

Cesare Battisti, que, segundo Genro, não teve direito a defesa ampla em seu julgamento, não se defendeu porque fugiu, não teve coragem de enfrentar a justiça italiana. Foi em busca de refúgio na França, que contava com o governo esquerdista de François Miterrand. A justiça italiana, mais dura e rígida – mãe dos princípios legais ocidentais, inclusive adotados no Brasil – o julgou à revelia e com advogado de defesa. Houve, segundo juízes italianos ouvidos pelos jornais, amplo direito de defesa, apenas sem a presença do réu que preferiu se acovardar no exterior do que encarar os familiares de suas vítimas.

Batisti
Nascido em 1954, em Semoneta, Itália, Cesare Battisti abandonou a escola aos dezessete anos e a partir daí é preso diversas vezes acusado de pequenos roubos e furtos. Em 1974 foi condenado a 6 anos de prisão por assalto. Na prisão conhece ativistas (leia-se, terroristas) de extrema-esquerda. Para um criminoso nato de pouca escolaridade, a proposta de luta armada e dinheiro sem ter que fazer expediente diário é algo tentador. Ao ser libertado em 1976, muda-se para Milão e faz parte da do grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo, PAC. Nada a ver, a princípio, com o PAC de nosso governo.

Em 1978, seu primeiro crime de morte. Assassina o marechal da guarda penitenciária Antonio Santoro. O crime se deu numa emboscada em via pública, o que demonstra a premeditação.
Em 1979 assassinou o açougueiro Lino Sabbadin, um ativista de extrema-direita. Na lógica de Genro, esse crime pode ser justificado, lembrando a máxima de Millôr Fernandes: "eu mandar em você é democracia. Você mandar em mim é ditadura". Portanto, matar um ativista de direita para Genro e quem lhe dá razão, é um ato de justiça, não assassinato.

Ainda em 1979, ele e mais um "companheiro" assassinam o joalheiro Pierluigi Torregiani. O joalheiro, em janeiro daquele ano, jantava, acompanhado de seguranças, no restaurante Il Transatlântico quando ocorreu um assalto. Os seguranças de Pierluigi reagiram e, durante o tiroteio, morreram um cliente e um dos bandidos. Pouco mais depois de um mês, aconteceu a vendeta. Seis homens armados entraram na joalheria de Torregiani, o joalheiro reagiu e fez um disparo ao mesmo tempo em que era atingido no coração, tendo morte imediata. O tiro que disparara, atingiu o próprio filho adotivo, Alberto, que hoje tem 44 anos e se locomove em cadeira de rodas. O assassino de Pierluigi foi Battisti, julgado e condenado por isso.

Não acara o ano e Battisti cometeu mais um assassinato, desta vez a vítima foi o agente de polícia Andréa Campagna. Este em frente à casa da namorada do policial, também numa tocaia.

A justificativa do grupo terrorista em assassinar o marechal e o policial foram os mal-tratos que ambos infligiam aos companheiros presos. Mais uma vez a lógica esquerdista, provavelmente defendida por Genro: quem nos tortura deve ser morto, nossos assassinos merecem clemência.

Ao ser preso em junho daquele ano, Battisti, em mais um ato covarde, nega a participação nos crimes e alega que afastou-se do movimento armado depois do seqüestro e morte de Aldo Moro, em 1978, pela Brigadas Vermelhas, outro grupo terrorista italiano. Depois da morte de Moro, intensificou-se a caça aos terroristas. Battisti, como é de praxe nesse tipo de gente, não assume seus crimes, o que é a comprovação de que sabem que cometeram atos condenáveis. Se acreditassem que o que fizeram era justo e aceitariam, reconheceriam suas ações e as defenderiam com argumentos.

Só ficou preso dois anos, fugindo da cadeia e pedindo asilo na França socialista de Miterrand. No ano seguinte vai para o México onde passa oito anos, retornando à França em 1990. A Itália entre com processo pedindo a repatriação de Battisti, mas a França rejeita o pedido, isso faz com que os processos contra ele sigam adiante, sendo julgado à revelia e condenado à prisão perpétua.

Ser julgado à revelia não significa que não teve direito a defesa, como alega nosso ministro. Como todos os presos, teve advogado constituído, testemunhas de defesa e provas, se as tivesse. Não esteve presente para depor de viva voz por escolha própria.

A Itália não desistiu de tê-lo e continua requerendo sua prisão, que ocorre em 2004. Mas, lá como aqui, artistas e ativistas protestam e ele é libertado, mesmo com a vontade do presidente francês, Jacques Chirac, querer a extradição do criminoso condenado. Battisti tornara-se escritor de romances de mistério, daí a simpatia de seus pares intelectuais e intelectualóides.

Com o discurso aberto de Chirac apoiando a repatriação de Battisti, ele resolve fugir para o paraíso dos facínoras desde o início do século 20: o Brasil. Melhor ainda, Rio de Janeiro, o mesmo Rio que tratou como rei Ronald Biggs e outros tantos criminosos europeus. Estava em casa.

A Itália continua com seus esforços diplomáticos, levando à prisão de Battisti em 2007. Menos de dois anos depois, ele recebe o salvo-conduto do ministro da Justiça e é considerado preso político, antes de que houvesse seu julgamento pelo Supremo tribunal Federal, contrariando o parecer do Itamaraty a favor de sua deportação e contrariando a decisão do Conselho Nacional para Refugiados, Conare, que rejeitou o pedido de refúgio.

Tarso Genro, com a anuência do presidente Lula, decidiu sozinho pela absolvição do terrorista condenado a prisão perpétua em seu país.

Tarso Genro
Gaúcho de São Borja, 61 anos, Genro é advogado trabalhista, com atuação política na esquerda desde que passou a vestir as calças sozinho. Conta-se fora da grande imprensa que, depois do golpe de 64 e na lista daqueles que seriam presos, Genro contou com a colaboração de um amigo advogado que também era amigo do general Ustra que pediu clemência ao comunista que se exilara no Uruguai.

Ustra ajudou, em contrapartida retirou, através de intromissões outras, os direitos políticos de Genro, mas colocando-o nos quadros do CPOR, Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, do Exército Brasileiro. Sendo isso verdade, Tarso Genro teve a pele salva pelo mesmo general a quem ele hoje persegue e, volta e meia, arruma alguma pendenga para pressionar, assim como a todos os demais militares na ativa no período de exceção por que passamos.

Prefeito de Porto Alegre duas vezes depois de ter ficado em quarto entre quatro candidatos a governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro ganhou de presente o Ministério da Justiça, pasta que lhe tem permitido soltar a língua e falar besteiras vez por outra. Ora defendendo os guerrilheiros pós-64, ora dando indenizações a torto e a direito, como a pensão vitalícia de Ziraldo que passou menos de trinta dias preso (apenas um exemplo), o que não evitou que ganhasse muito dinheiro com cartazes, capas de cadernos e tantas outras ilustrações e trabalhos para o Ministério da Educação durante o regime ditatorial.

Ora defende punição aos torturadores militares, tentando rasgar a Lei da Anistia, mas não permite a punição de terroristas que assassinaram seguranças de banco, seqüestraram e torturaram, numa clara demonstração de que, a seu ver, a justiça não é para todos, apenas para os inimigos; ora se intromete em outras pastas, como no episódio atual em que atropelou o Itamaraty, típico de quem tem poderem em excesso e conta com a anuência do comandante-mor, sem medo de cara feia ou de cair da pasta; por vezes não faz o dever de casa e deixa os subordinados à deriva, sem controle, como ocorreu durante a crise na Polícia Federal que quase lhe custa o cargo, sustentado por teimosia de Lula. É um homem sem o dito "grande conhecimento jurídico", que cargos dessa envergadura exigem, mas, assim como seu amigo Zé Dirceu, está sempre junto a quem manda, exercendo influência política forte junto às altas esferas do poder, seja em qual Poder for.

Não são poucas as vezes em que Tarso deixa patente sua preferência pelos amigos de ideologia e despreparo para conviver com os opostos. Por conta disso, por preferir o poder à retidão de ações, que a própria filha, Luciana Genro, se indispôs com ele a ponto de sequer se falarem.

Luciana que acreditava nos princípios petistas, viu-se traída ao notar que o partido transformara-se num igual aos demais que condenava. Decepcionou-se com a postura politiqueira e sedenta de poder do pai e da camarilha da qual faz parte e abandonou o PT e o pai, debandando-se para o PSTU, dos radicais petistas como ela decepcionados com a nova cara do partido da estrelinha.

A República Sindicalista que se instalou no país reforça a máxima maquiavélica: Aos amigos tudo; aos inimigos a lei.

Política Externa
Mesmo durante a ditadura militar, o Brasil exercia uma política externa pragmática. Mantinha relações próximas com a matriz norte americana, mas não se afastava demasiado da União Soviética ou de Cuba. Quando surgiam grandes conflitos internacionais, sempre procurava a neutralidade e o discurso politicamente correto, procurando não interferir na política interna das demais nações.

Lógico que deslizes foram cometidos, como a terrível Operação Condor, em que ditaduras sul-americanas trocavam informações sobre suas ações e no combate violento aos opositores. Por outro lado, não colocou-se do lado dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã ou na luta contra os sandinistas da Nicarágua.

Houve sempre algum protesto por parte das correntes de esquerda para que o Brasil assumisse postura mais incisiva contra o embargo a Cuba, o assassinato/suicídio de Allende, a Guerra das Malvinas e mesmo na Nicarágua de Ortega. Essa, porém, não era nossa práxis. Éramos bastante "muristas", não nos expúnhamos, o que era bem aceitável, já que não conseguíamos sequer resolver nossos graves problemas internos como fome, desemprego, devastação ambiental, questões fundiárias, reforma agrária, assassinatos políticos, mortalidade infantil...

Aos pouquinhos, mais aqui, menos ali, vamos melhorando esses índices. Não tivemos ainda um grande governo depois da ditadura – essa mesma um grande fiasco nas questões sociais, científicas e políticas -, mas, se compararmos a situação do país com a realidade de 1985, último ano da ditadura, muita coisa mudou e melhorou.

A mortalidade infantil decresceu consideravelmente, aumentou o percentual de crianças nas escolas (embora a qualidade do ensino público continue sofrível), diminuiu o desemprego, o êxodo do Nordeste para o Centro-Sul diminuiu e até apresenta uma pequena inversão em alguns casos, melhorou a especialização de médicos, embora a Previdência Social ainda seja uma tortura... Ou seja, nosso IDH tem melhorado, o número de miseráveis diminuiu, mesmo que seja à base de esmolas públicas e acocho da classe média.

Isso tem feito o governo federal, juntamente com a vaidade do presidente e a ânsia de aparecer de seus assessores, acharem-se no direito de auto proclamarem-se líderes latino-americanos e exemplo de justiça, paz, progresso e boa-vizinhança para todo o mundo. Lula tem metido o bedelho em todas as questões mundiais, mesmo quando não é chamado. Diz ter solução para todos os males terrestres, os líderes mundiais é que teimam em não ouvi-lo. E isso leva o Ministério da Relações Exteriores tomar partido dos palestinos numa guerra de dois mil anos e tratar Israel como um país fascista e genocida; nos permite mandar tropas para o Haiti, mesmo sabendo que a questão daquele país passa muito mais pelas políticas mundiais do que pela força militar da ONU; nos faz comprar mais gás do que precisamos da Bolívia apenas para mandar dinheiro para nosso primo pobre, mesmo eu isso cause um rombo em nossas contas. São muitos os exemplos de intromissões inócuas, desastrosas ou quase hilariantes do nosso governo nas questões internacionais. Lula é visto como uma piada inócua nas grandes rodas, todos o ouvem, mas ninguém o segue. O que o Primeiro Mundo tem a decidir, decide sem nos pedir licença, autorização ou concordância e ponto final.

Hoje o que se vê em todo o mundo, são jornais nos condenando pelo asilo político dado a Battisti. Até mesmo os partidos de esquerda italianos, boa parte dos quais apoiou grupos de oposição armada, estão condenado a decisão unilateral e prepotente de Tarso Genro. Da Alemanha aos Estados Unidos, da Espanha à África do Sul, todos estranhando ou condenando o asilo políti todos estranhando ou condenando o asilo político dado a um criminoso comum.

Quando um ministro resolve interferir nas decisões de outro, como Tarso Genro fez em relação à determinação de Celso Amorim, fica a impressão de um governo deconexo onde cada pasta toma suas decisões sem ouvir as demais. Quando um ministro toma uma decisão contrariando os técnicos de seu próprio ministério, fica a impressão de que há uma ditadura inconsequente onde os humores individuais do chefe da pasta é mais importante e valioso que o traquejo técnico e as boas intenções de seus subordinados.

Parlamentares italianos já pedem o rompimento diplomático entre a Itália e o Brasil e não se pode acusá-los de rompantes e bufões, como podemos acusar os responsáveis pela decisão desastrosa. Ao asilarmos politicamente um assassino, estamos rasgando a legislação e o judiciário de um país autônomo. Ao tratarmos Cesare Battisti como um perseguido político, estamos acusando o governo de um país amigo de arbitrário.

Quando foi preso, Fernandinho Beira-Mar alegou em sua defesa perseguição política. Façamos o exercício de imaginar que o crápula recebesse asilo político da Venezuela. Como reagiríamos como cidadãos brasileiros? No mínimo ficaríamos indignados e chamaríamos Chavez de louco (a bem da verdade, não estaríamos distantes da verdade). Iríamos às ruas fazer barulho epedir punição ao traficante e homicida, exigiríamos a expulsão do embaixador venezuelano. Não esperemos, portanto, que os italianos não se irritem conosco e exijam explicações e retratação do nosso governo.

Arremate
Entre os leitores que chegarem até aqui,
alguns, indubitavelmente, levantarão a questão ideológica deste autor para desmerecerem o conteúdo do texto. Sei que me tacharão de retrógrado, reacionário, direitista e que tais. Não negarei e nem confirmarei tais adjetivações, não nego, porém, a intenção ideológica, pela ideologia do bom caráter, da consequência política e da ética. Não uso, felizmente, o véu da ideologia política, muito menos a partidaria, para ver o mundo através do sectarismo. Assim gostaria de ser visto.

Assim também gostaria que o governo federal e seus componentes vissem as questões nacionais e internacionais, com mais análise e menos ideologia político-partidária. Não nos ajuda em nada tentar interferir na questão Israel-Palestina pendendo para o lado dos árabes, ignorando toda uma história de reivindicações, aspirações e agressões de ambos os lado, os interesses político-militar-estratégicos de agentes externos como os Estados Unidos e a China que vendem armamentos e tecnologias de um lado e de outro da pendenga. Não nos recomenda como mediadores internacionais se nos colocamos frontalmente a favor de um dos lados belicosos.

O pragmatismo está expulso de nossa política externa o que pode trazer bons resultados ou nops colocar, definitivamente, ao lado dos bandidos da história. Assumimos posições simplesmente pelo anti-americanismo alimentado por um governo no qual falta análise política e estratégica de longo prazo. E essa cegueira está nos levando à indisposição com um parceiro antigo em troca do suporte a um homicida julgado e condenado. Nós, cidadãos com um mínimo de bom senso, não podemos aceitar calados e bater palmas para malucos dançarem.

Fontes de informação e pesquisa
- Vivo na Cidade
- Mídia Independente
- Liberdade a Cesare Battisti
- Revista Piauí
- Folha de São Paulo
- Wikipedia
- Paulo Moreira Leite
- Construindo o Pensamento
- Pupia
- Mohamed's Domínios
- A Tribuna MT

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Novo Acordo Ortográfico - Prós e Contras

Os Acordos

Em 1910, pouco tempo depois da instauração da República no Brasil, uma “comissão de notáveis” reuniu-se em Portugal com o propósito de discutir, normatizar e unificar a aplicação da língua através de uma “ortografia simplificada” que passaria a ser usada nas publicações oficiais e no ensino. Nessa primeira tentativa, as normas portuguesas prevaleceram, o que não mudou muito nos lados de cá do Atlântico. Contudo, o povo brasileiro, mais miscigenado culturalmente que o luso, tinha a cada dia novas palavras e influências incorporando-se à língua falada e à escrita. Essa característica de dinamização ainda é mais notada nos dias de hoje, tanto que os outros seis países que falam português costumam adotar gírias e neologismos brasileiros com mais facilidade e freqüência do que nós adotamos deles.

Esse constante enriquecimento da língua portuguesa falada no Brasil levou alguns teóricos a discutirem a existência de uma língua brasileira, originada da portuguesa, mas com independência em sua estrutura. Tal discussão ainda permanece, embora mais apagada nesses tempos tediosamente politicamente corretos. Nos anos 60, 70 e 80 a regra era falar mal da colonização portuguesa, do extrativismo e contrabando de nossas riquezeas. Hoje, com a balela de "resgate histórico", temos a aobrigação de enaltecer nossos ancestrais índios, negros e europeus. Assim deveria ter sido sempre, não por oredem da política mandatária momentânea.

Como não é difícil de se entender, a dita reforma de 1910 não deu em muita coisa. O Brasil recebia, além de portugueses, italianos e japoneses em grande levas, o que tinha reflexos diretos na estrutura da gramática praticada e no léxico. A despeito da vontade dos governos, a população, que é quem realmente usa a língua, não deu bola para os acordos de gabinetes, falava e fala como bem lhe conviesse. Brasil e Portugal continuavam a falar portugueses tão diferentes, ao ponto de parecerem dois idiomas. Mais uma vez os doutos se reuniram, dessa feita em 1924. Membros da Academia de Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras voltaram a discutir a unificação ortográfica. Um dos pecados, entre tantos, dos dois grupos, foi desprezar os demais países lusófonos. Desprezaram também o povaréu, vício que ainda persiste entre as elites econômicas e intelectuais que julgam o homem do povo como gado que tem que seguir as determinações dos ditos “escalões superiores”. As reuniões de 1924 levaram a um acordo firmado em 1931. Portugal impôs as regras e nós adotamos a ortografia decidida em Lisboa em 1910. Tecnologicamente já afirmávamos nosso eterno atraso em relação à Europa. Adotávamos com 21 anos de atraso as normas que Portugal estabelecera. O Brasil de ’31 usava o português que Portugal começou a usar em ’10. Óbvio que a unificação não daria certo, já nascera velha.

Foram necessários oito anos para que os acadêmicos e governantes percebessem que a defasagem ainda existia e havia se agravado. Mais uma reunião dos catedráticos se fazia necessária e esta ocorreu em 1943 e deu origem ao Acordo Ortográfico de 1945. Tal acordo tornou-se lei em Portugal, mas foi desprezado pelo Congresso brasileiro. Nessa época os intelectuais brasileiros davam muito mais importância ao francês e à França do que ao português e Portugal, por isso não fizeram qualquer interferência junto aos políticos para que as unificações ortográfica e gramatical se efetivassem. O que regia a língua no Brasil era o Formulário Ortográfico de 1943, uma espécie de minuta do acordo firmado em 1945. Portugal adotava o acordo final e nós ficávamos com o rascunho.

Em 1971, uma nova tentativa e um novo acordo. Perceberam os estudiosos que a maior discrepância entre os falares e escreveres dos dois países estava na acentuação. Foi, então, a acentuação o alvo maior da reforma proposta. O resultado, pela primeira vez, foi realmente proveitoso. As diferenças foram diminuídas em 70%, índices nada desprezáveis. Desde a primeira tentativa de uniformização, há 61 anos, pela primeira vez acontecia algo de verdade nessa direção. O povo, porém, continuava esquecido e com a “mania maluca” de inventar palavras, criar gírias, subverter as normas doutas. Felizes com os resultados obtidos em ’71, nova cúpula foi reunida em 1973. Novas discussões, novas propostas e novo acordo que deveria ser promulgado nos dois países em 1975. A prova de que tais acordos eram mais políticos do que literários é comprovada com a não adoção oficial do que fora decidido por conta das ditaduras que regiam Brasil e Portugal. Os generais não se preocupavam com o idioma e seus praticantes, mas com o poder.

Em 1986, durante o governo de José Sarney, escritor eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1980, no Rio de Janeiro, são reunidos, pela primeira vez, os sete países lusófonos (Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe – Timor Leste ainda não tinha sua independência reconhecida). Mais um acordo foi firmado, mas não foi levado adiante. Se já era difícil praticar acordos entre apenas dois países, como esperar que com sete seria mais fácil?

Quatro anos depois, em Lisboa, é firmado o Acordo Ortográfico de 1990, que agora se solidifica com as reformas adotadas em todos os países de língua portuguesa a partir de primeiro de janeiro de 2009.

Esse acordo vingará? Provavelmente com parcialidade, como todos os demais. Para nós é meio difícil saber como estão sendo recebidas as mudanças nos demais países, por outro lado, por aqui a imprensa bem que tem tentado esclarecer as dúvidas, resta saber se os leitores e escritores estão interessados, preparados e aptos para saná-las.

Ironicamente, dos três Poderes da República, somente o Judiciário Federal se preparou e adaptou para as mudanças. Segundo informa a Folha de São Paulo, o executivo e o Legislativo continuam aplicando a velha ortografia (engraçado chamar de velho o que deixou de vigorar há poucos dias, coisa da modernidade veloz). O presidente da República, que se orgulha de jamais ter lido um livro, assinou o acordo, os parlamentares o aprovaram e nenhum dos dois adota. Ou seja, leis são para os cidadãos, não para quem as faz, o que nos leva a concluir que quem faz as leis não são cidadãos. Mas essa é outra história.

Como Se Atualizar

Jornais, revistas e sites estão divulgando amplamente a nova ortografia, onde acontecem mudanças e onde tudo continua como está. Ainda existem controvérsias em relação, principalmente, ao uso do hífen em algumas palavras, numa clara demonstração de que a língua não é estática e as interpretações das regras também não são uniformes. Se os acadêmicos e doutores não conseguem concordar em tudo, o que esperar de cidadãos comuns e estudantes?

Certa vez ouvi de um amigo juiz de direito que muitos de seus colegas se opunham a mudanças nos Códigos Civil e Penal para não terem que voltar a estudar. Togados há 20, 30 anos, teriam de voltar à carteira de estudante para aprenderem as novas regras. Levando-se em conta que os professores de gramáticas e literatura são muito mais numerosos que os juízes, é de se esperar que a quantidade de despreparados e desinteressados também seja muito maior, o que refletirá diretamente no aprendizado dos estudantes.

É para os pais e alunos começarem a se preocupar com os próximos vestibulares e concursos. Muito provavelmente as universidades já estarão preparadas para exigirem as normas vigentes, não será admissível, como prega a Constituição Federal e os preceitos legais a alegação de desconhecimento das leis. Como as novas regras ortográficas são lei, todo cidadão terá de conhecê-las, mesmo que os mandatários do país não as conheçam.

Para quem usa a língua para se comunicar apenas, sem a obrigatoriedade do uso formal exigido pelos concursos, a adaptação será mais lenta e difícil, caso se queira aprender empiricamente. Por muito tempo os adultos cometerão erros de escrita que até ontem não eram erros. Não é, porém, motivo para pânico ou medo.

Pelo novo acordo, as partes terão até 31 de dezembro de 2012 para adaptarem-se. No caso dos livros didáticos, algumas editoras já apresentam a nova grafia no catálogo, outras farão as adaptações paulatinamente. Aos pais, cabe o dever de pesquisarem junto às escolas se o material didático adotado está devidamente atualizado.

Há uma controvérsia de menor importância sobre o total da língua a ser modificado. Estima-se algo entre 0,5% e 2% do total de palavras. Percentualmente é um número pequeno, mas quantitativamente, segundo a Academia Brasileira de Letras, que conta 400.000 palavras no nosso idioma, seriam 2.000 a 8.000 palavras alteradas, muitas delas jamais usaremos, outras tantas poderiam ser responsáveis pela reprovação em um concurso público.

A população lusófona está em torno de 210 milhões de pessoas. Isso significa que os acordos feitos em gabinetes alterarão 210 milhões de escritas mundo a fora (otimismo desse autor que conta como se todos nós fôssemos alfabetizados e escrevêssemos).

Controvérsias

Mudanças de tecnologia nunca ocorreram sem traumas em toda a história da humanidade. Quem está levando vantagem com a tecnologia em voga, seja no status quo, seja economicamente ou de qualquer outra forma, naturalmente se oporá a modificações.

Assim foi quando a máquina a vapor substituiu a força puramente braçal. Os mercadores de mão-se-obra (pela nova ortografia, esses hífens existem?) se opuseram ao uso de máquinas que fariam o trabalho de dezenas de homens.

No Oeste estadunidense não chegou a haver, mas ocorreram diversos incidentes violentos quando as locomotivas substituíram as carruagens no transporte de mercadoria e gente. Os donos de cavalos, de carruagens, os mercadores de arreios, os proprietários de estalagens e diversos outros comerciantes tiveram de se adaptar à nova realidade, mas antes disso tentaram evitar o progresso com medo da bancarrota.

Ultimamente ouvimos a discussão mundial sobre a substituição dos combustíveis fósseis pelos renováveis. Está claríssima para qualquer estudante secundarista a grande vantagem ambiental, econômica e social que os biocombustíveis têm sobre o petróleo e seus derivados. Mas é em cima do óleo mineral que a economia de todo o mundo tem se calcado há mais de um século. São muitos os interesses de corporações e países para que nada se modifique. O planeta pode acabar, mas seus lucros não podem diminuir, essa sua lógica antropofágica.

A língua é uma tecnologia, é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento pessoal e social. A língua é a expressão maior de uma nação. E a nossa está sofrendo uma alteração formal oficial, por isso conta com opositores de toda ordem.

Assim como o juiz que não quer voltar à carteira escolar, alguns escritores, professores, jornalistas e outros que vivem da língua, sua exploração e seu manuseio estão a se opor às modificações. Não percebem esses opositores (embora saibam mais que qualquer um, já que são seus artífices) que a língua está em constante mudança. Palavras que ontem eram amplamente utilizadas, sequer mais são faladas; outras são inventadas a cada dia e, em pouco tempo, terminam como verbetes de dicionários. Obviamente, os utilizadores e profissionais da escrita, canto, teatro, rádio e que tais, sabem disso, mas alguns deles temem não conseguirem adaptar-se ao novo. Reação comum aos humanos, embora sejamos os seres mais adaptáveis do planeta.

Se conseguimos viver no Pólo Sul e no deserto de Atacama, não serão algumas modificações lingüísticas que nos extinguirão.

Escreve o jornalista José Geraldo Couto: “Gosto de pensar que nada está escrito, seja na velha ou na nova ortografia, seja nas estrelas ou nas tábuas de alguma lei divina, e que o futuro é uma página em branco que cabe a nós preencher de acordo com a nossa vontade e a nossa consciência”. Couto não se refere diretamente à nova ortografia, apenas a cita em sua coluna. Essa sua postura, a meu ver não é de todo aceitável, mormente quando se refere ao uso da gramática. Normas são necessárias e essenciais para evitarmos a bagunça das letras (os anarquistas podem manifestar-se ao contrário, os ordeiros podem concordar).

O escritor Rubem Alves diz que “quem deveria ter feito a reforma eram os escritores, que são os “amantes da língua”, não os gramáticos. É de se entender que um escritor puxe a sardinha para sua brasa, mas não se há de concordar com ele sem questionar. Com certeza, caro leitor, você também, assim como eu, conhece alguém que é amante da língua, que lê muito, discute literatura, mas não escreve nem receita de bolo. Amar a língua não é exclusividade dos escritores. Seguindo a lógica de Alves, os leitores, digamos, de 20 livros por ano – para os índices brasileiros, é um grande leitor – também deveriam participar da reforma por serem amantes da língua. Rubem Alves diz que não seguirá as novas normas: “O povo faz a língua, não os gramáticos”. De acordo. Difícil é acreditar que os livros de Rubem Alves, um dos mais aplaudidos escritores brasileiros da atualidade, irão às livrarias sem passar pelo crivo de um “novo revisor” de suas editoras. Um escritor de seu gabarito se sujeitaria a receber uma crítica num grande veículo sobre os novos erros apresentados em seus escritos? Não estaria o escritor apenas temendo a volta à carteira escolar?

O mesmo me pergunto sobre a escritora portuguesa Inês Pedrosa, premiada em Portugal com o Prêmio Máxima. Inês diz que o novo sistema ortográfico é um “acordo em desacordo” e que continuará usando a regra antiga em seus livros. Ela, sim, mas sua editora manterá?

O escritor e poeta angolano Ondjaki ( sugiro que o leiam, é fantástico), em seus apenas 31 anos, afirma que as novas regras não preocupam os angolanos. Ondjaki, sintomaticamente, é bem mais novo que Rubem Alves e Inês Pedrosa. Talvez aí esteja sua tranquilidade. Os jovens têm menos medo das mudanças que os maduros. O angolano, porém, reclama da falta de divulgação das novas normas. Socorreram oposições quando surgiam as tentativas de acordos.

Mário de Andrade escreveu sobre a reforma de 1943: “Não me interessa discutir se esta ou aquela é a ortografia que presta ou não. O essencial é termos uma ortografia. Que se mande escrever cavalo com três eles, isso não tem importância. Precisamos é de acabar com a bagunça. Não compreendo por que a palavra right se escreve com g-h-t. No entanto assim é que está certo. Escrever de outra forma na Inglaterra ou nos Estados Unidos é diploma de ignorância. Aqui, não. Todo mundo escreve como bem entende. O Estado da Bahia tem h. A baía de Guanabara não tem. Acredito que a questão ortográfica tem contribuído muitíssimo para a desordem mental no Brasil” (entrevista publicada pela revista “Diretrizes”, de 6-1-1944, reproduzida pelo “Jornal da ABI”, órgão oficial da Associação Brasileira de Imprensa, de janeiro de 2008).

Mas também muita gente não teme e até encoraja. Entre eles está o professor de português e consultor de jornalismo da Rede Globo, Sérgio Nogueira Duarte: “Ortografia se sabe por memória visual, pois a maioria das pessoas não conhece as regras da gramática. Muitos irão se confundir não com o que vai mudar, mas, sim, por aquilo que fica”. Assim já o é. Quem pouco sabe, se atrapalhará sempre.

Terceiros, além de se oporem, militam da resistência. Um exemplo é Cláudio Moreno, doutor em Letras e colunista da revista Mundo Estranho, da Editora Abril, e do Jornal Zero hora: “o Acordo é um amontoado de regras desordenadas, mal concebidas e redigidas de maneira pedestre”.Nomes de peso estão dos dois lados da discussão e mais alguns no meio.

O Prêmio Nobel José Saramago é a favor, depois de mudar de idéia. No início das discussões sobre a reforma, até bastante tempo depois, punha-se como opositor, mas em dezembro de 2008, disse: "Aquilo que me levou a mudar de idéias foi o problema da escrita. Se o português quer ganhar influência no mundo, tem de apresentar-se com uma grafia única".

Ruy Castro é a favor e diz que já está muito velho para aprender a escrever, que o trabalho será dos revisores, não dele; Chico Buarque diz que foi uma grande idéia a reforma; Antônio Houaiss foi o pai brasileiro da idéia e escreveu "A existência de duas grafias oficiais da língua acarreta problemas na redação de documentos em tratações internacionais e na publicação de obras de interesse público".

Conclusão

Não se pode haver conclusão sobre algo que ainda não está concluído. A única certeza é que o Acordo está em voga e, pelo menos a princípio, todo cidadão que tem o português como sua primeira língua, tem a obrigação legal de se adaptar. Contudo, há uma grande distância entre a obrigação legal e a práxis diária.

Opiniões contra, favoráveis ou muristas serão encontradas aos montes, basta perguntar a cada um que se passe pela frente. Jovens poderão adaptar-se com mais facilidade, mas alguns continuarão sem saber escrever seja qual for a ortografia adotada; velhos recusar-se-ão a voltar às cartilhas ou aprenderão mais facilmente que professores profissionais do idioma; escritores rejeitarão a modernidade e outros sequer precisarão de revisores.

Todas essas situações e algumas outras não pensadas nesse texto, também ocorrerão entre os componentes do Over e de qualquer outro ambiente literário ou pseudo-literário.

A única certeza que fica no autor, é que vários erros foram cometidos na elaboração desse texto se levada em conta a nova maneira oficial de se escrever e, provavelmente alguns outros foram cometidos pelas regras antigas e assim continuará sendo por muito tempo.

Fontes de consulta e pesquisa:
- Folha de São Paulo
- Coletiva
- Amigos do Livro
- Wikipedia
- O Indivíduo
- Diário da Amazônia
- Abrelivros

Agradecimento especial à minha mulher Compulsão Diária pela sugestão do tema, pelo auxílio nas pesquisas, pela revisão, pela paciência e pela cumplicidade.