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quarta-feira, outubro 31, 2007

Paz No Mundo


Esta é minha humilde colaboração ao post coletivo proposto pelo Lino. Você também ainda pode participar.


Quando a população mundial se resumia a Adão, Eva, Caim, Abel e Set, 20% dela era assassina, ou seja, a terra já foi mais violenta. Lógico que a afirmação acima não é verdadeira e não tem qualquer respaldo histórico-científico. Por outro lado, é uma demonstração bíblica que a maldade e a violência são inerentes à condição humana.

Judeus e árabes já se digladiam desde os mesmos tempos bíblicos; os próprios árabes, por conta das ambições das 12 tribos de Judá, não se entendem há milênios, além de outros milhares e milhares de conflitos religiosos que marcam a história de sangue. Mas não são só de origem nos credos que se dão as guerras, ironicamente justificadas pelos seus líderes como guerras em nome de Deus, guerras santas, seja esse Deus que deus for. Até mesmo fiéis de mesmo deus se devoram, como os católicos e protestantes na moderna Irlanda. Deus, para essa gente belicosa, é como um objeto que tem enorme valor, mas somente nas mãos de quem o detém. Os caras brigam, matam, saqueiam, estupram, destroem em nome de algo que não vêem, não tocam, não cheiram e sequer sabem se existe, apenas crêem, e crêem porque são educados para crerem e, pior, quem não teve a mesma educação, merece ser banido do planeta. Não dá pra levar isso a sério. Aliás, mais sério que essas guerras imbecis são as brincadeirinhas de mocinho e bandido de crianças.

Os conflitos fundiários já são um pouco mais inteligíveis. Lutar pela terra é lutar por um território onde se possa plantar, criar, sustentar uma família, sociabilizar-se, progredir. Talvez não se justifiquem, mas, pelo menos, se explicam de maneira palpável. Esses conflitos por terra são muito mais numerosos que os religiosos e milhares deles sequer são revelados ao grande público. Somente no Brasil, neste exato momento, estão acontecendo conflitos por um terreno, uma fazenda, um curso d’água, uma casa que não aparecerão nos jornais ou nos livros, e esses conflitos, de maior ou menor conseqüência, se repetem mundo a fora.

O homem gosta de guerrear, não perdeu, mesmo com os séculos de civilização e avanço tecnológico, seu espírito animalesco tribal de marcar território. Antes o fazia com urina, hoje, com cercas e armas. Tudo é motivo para uma guerra, nem que o motivo não exista e seja criado para dar uma graninha para que a indústria bélica não corra o risco de falir. Água, petróleo, pesca, caça de baleias, casacos de peles e criações de chinchilas, inseminação artificial e aborto, alimentos trangênicos, Emilinha ou Marlene, Flamengo ou River Plate, punks ou skinheads... Não interessa, o importante é guerrear.

Talvez a maior das utopias seja a paz mundial, isso cabe apenas para discursos de políticos do G8 e para os concursos de misses. Por um motivo ou por outro, sempre haverá um bicho humano pronto para levantar a mão contra outro, de preferência um mais fraco e menos armado; o homem, além de belicoso, é um covarde.

Os grandes conflitos alimentam egos e fortunas: o ser humano é belicoso, covarde, vaidoso e ambicioso. Mas o que dói fundo no peito do cidadão comum é a violência contra um igual a si, é o assassinato de um pai por causa dos poucos reais que levava na carteira, o assassinato de uma criança por causa de seu boné de cinqüenta reais, o assassinato de um bebê por uma mãe despreparada para a maternidade, o atropelamento do operário que aguardava o ônibus para o trabalho por jovens adolescentes embriagados que voltavam da balada, ... O que dói mais fundo é a certeza da impunidade dos algozes! Esses absurdos poderiam ser profundamente minimizadas com mais educação, tanto a formal quanto a familiar, boas leituras, bons exemplos e bom senso, mas essas coisas devem ser muito raras e caras para serem disponibilizadas ao cidadão comum.

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terça-feira, outubro 30, 2007

CARTA À SOCIEDADE PARAENSE E AO BRASIL.


Sinovaldo, Jornal NH, RS


Não simpatizo com qualquer uma das entidades que assinam a carta abaixo, parte do Brasil sem leis, sem respeito à propriedade alheia, que passam a mão na cabeça de criminosos que se utilizam da pobreza de parte da população para ganharem simpatias, votos e verbas para seus comandantes viverem com as burras cheias manobrando a massa acéfala, sem estudos e que é levada a acreditar que invadindo terras e prédios alheios, causando caos em propriedades públicas, agredindo empresários, pregando a luta armada e outras tantas maluquices, farão o país entrar nos eixos.

Antipatizo também com aqueles que se colocam acima das leis e resolvem suas questões fundiárias ou trabalhistas com uso de chumbo. No fundo, ambos os lados são produto de um Estado desorganizado, mal administrado, despreparado para resolver as grandes causas; vítimas de parlamentares que não conhecem o país que ajudam a governar, ou pelo menos deveriam, e que priorizam as questões fisiológicas, os joguinhos de comadre, os cargos públicos de onde retiram uma enorme parcela para si e seus comparas, pouco se importando com as reais necessidades dos cidadãos de qualquer classe ou categoria que não a deles.

AS MÃOS DE SEMPRE

Hoje, 24 de outubro de 2007, caminharemos mais uma vez em torno de um lutador. O destino dessa caminhada não é o fim que almejamos: A reforma agrária, mas a sua última morada.

Manoel da Conceição Cruz Filho, o “Manoel da Borracharia” é mais um que tomba por defender os interesses dos despossuídos da terra. As mãos que tiraram sua vida – mandantes e executores-, são as mesmas que no dia 21 de novembro de 2000 tiraram a vida de “Dezinho” e que ameaçam as vidas de outros companheiros e companheiras.

ISSO É INTOLERÁVEL!

Essas mãos reuniram-se na noite do dia 14 de setembro de 2007, na cidade de Rondon do Pará, situada na Região Sudeste do Estado do Pará, ocasião em que tramaram a morte de Manoel da Borracharia, e outros líderes locais da luta pela reforma agrária entre os quais José Soares de Brito e Zé da Pampa.

Este Consórcio da Morte foi levado ao conhecimento da Policia, conforme Boletim de Ocorrencia nº 00201/2007.000146-9, registrado da Delegacia de Conflitos Agrários da Região de Marabá. Nada foi feito, apesar da tradição desses algozes em concretizar suas ameaças.

Essas mãos sujas de lama e sangue tem nome, estado civil, profissão e endereço. Esta tudo lá no Boletim de Ocorrência e no processo que apurou a morte de Dezinho.

Essas são as mãos evidentes, loquazes e aterradoras, subterrâneas que se moveram para esse desfecho trágico.

As mãos da grilagem

As mãos do latifúndio

As mãos do Trabalho Escravo

As mãos da impunidade

As mãos da indiferença

Mas esta tragédia não foi gerada somente por omissão da polícia. A impunidade reinante na região, a criminalização de lideranças sociais, e principalmente a falta de reforma agrária, com uma intervenção eficaz do INCRA e ITERPA causam há anos, este clima de disputa por um bem que deveria ser sagrado à vida de todos e todas: A terra.

O padecimento de Manoel Borracheiro resulta no entrelaçamento dessas mãos. Para rompê-las as mãos do Povo e das entidades abaixo assinadas, unem-se e, para além do lamento, levantar a voz, clamar e reclamar: chega de mortes anunciadas; chega de impunidade; chega de omissão. Reforma agrária imediata, cadeia para os mandantes e executores.

Diante deste terrível quadro que se abate sobre a região e em especial sobre os Defensores e Defensoras de direitos humanos que atual na luta pela terra na região da BR-222, nos municípios de Dom Elizeu, Rondon do Pará, Abel Figueiredo e Bom Jesus do Tocantins, as entidades e lideranças abaixo relacionadas exigem:

- A atuação do Estado, União e Município na discussão e solução dos problemas fundiários e agrários da região, em especial INCRA e ITERPA.

- A realização de audiência Pública na região, sob a coordenação da Ouvidoria Agrária Nacional.

- A investigação rigorosa do assassinato do Sindicalista da FETRAF, Manoel da Conceição Cruz Filho e da tentativa de homicídio contra o lavrador Tinho, com a solicitação e decretação da prisão preventiva dos executores, intermediários e mandantes do crime.

- Investigação e repressão à grilagem e pistolagem.

- A destinação das Fazendas Ourinhos/Senor; Mandaraí e Campos de Paz para a reforma Agrária.

- A proteção e Garantia de segurança dos Sindicalistas Ameaçados de Morte José Brito, Zé da Pampa, e demais lideranças ameaçadas na região.

Assinam esta carta.

- Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar - FETRAF.

- Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos - SDDH.

- Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará-FETAGRI .

- Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará - CEDENPA.

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segunda-feira, outubro 29, 2007


Lane, Jornal de Brasília, DF


  • Evo Morales ganhou prêmio da Europa por defesa dos direitos humanos, Chávez está fazendo moda em toda a América Latina, Lula acha que poderá ganhar o Nobel da Paz com suas lorotas populistas e a mulher de Kirchner, a exemplo das duas ex-de Peron, ganhou a presidência Argentina. Vai que dona Marisa começa a gostar da idéia... A frase atribuída a De Gaulle ("o Brasil não é um país sério") que na verdade ele nunca falou, mas apenas disse algo parecido referindo-se a crianças que brincavam durante uma solenidade pública, poderia ser dita por qualquer um de nós e ampliada para todo o continente. É uma bagunça generalizada!

  • Hora de rir: "Ninguém mais do que eu quer diminuir a carga tributária", Lula. Ou chorar.

  • Sérgio Cabral, inspirado no livro Freakanomics, do economista Stephen Dubner e do jornalista Steven Levitt, que associa o sucesso da política da Tolerância Zero, do ex-prefeito novaiorquino Rudolph Giulliani com a legalização do aborto nos anos 70, sugeriu a legalização do aborto por aqui também, como solução para a violência do Rio de Janeiro. O que o governador não contava é com a fúria dos religiosos (católicos, principalmente) e os defensores dos direitos humanos. Longe de mim defender ou condenar o aborto, isso é uma discussão longeva e sem data para acabar, conseqüentemente, não posso concordar ou discordar de Cabral. O fato é que ele vai ter que gastar muita saliva e energia para minimizar as reações que provocou.

  • Lula vai passear na Suíça com pretesto de defender a realização da Copa do Mundo por aqui; José Alencar vai retirar um segundo umor cancerígeno do abdômem; quem vai assumir a presidência? Arlindo Chinaglia. Taqueupa! O que fizemos para merecer isso?

  • A reeleição foi aprovada no governo FHC sem uma discussão profunda popular e às custas de muita compra de votos de parlamentares, num daqueles episódios da nossa história que jamais será devidamente apurado e esclarecido. Agora, tentando dar u7ma de paladino da moralidade e dos bons costumes, com uma tremenda dor de cotovelo ao ver a popularidade de Lula maior do que a dele no mesmo período de governo, mais uma vez o príncipe dos scociopatas, ou melhor, sociólogos acha "uma grande insensatez" dar um terceiro mandato pra Lula. Não tem do que reclamar, não, neném. Por que não pensou nessa nefasta possibilidade quando gastou fundos para reeleger a si próprio? A propósito, vossas senhorias lembram-se que FHC dizia-se contra a reeleição e que não desejaria se candidatar novamente? Até nisso Lula está igualzinho a ele agora que nega a possibilidade de continuar mais quatro anos no cargo. Gêmeos siameses!

  • Estudo do Supremo Tribunal Federal revela que 82,4% (!) das leis estaduais são inconstitucionais: OITO EM CADA DEZ leis aprovadas pelas Assembléias Legislativas ferem a Carta Magna! Isso que dá eleger Raimundinhos, Severinas e Diocélias sem qualquer preparo técnico, gente que sequer sabe as atribuições do cargo a que concorrem. Doutor Ulisses deve ter tomado umas e outras quando propôs o voto para analfabetos, só pode.

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domingo, outubro 28, 2007

Outra Língua



Depois do expediente, como de praxe, os amigos reuniam-se no barzinho da esquina. A animação do final de uma semana a mais de ganha pão e cansaço era comemorado efusivamente aos primeiros goles da cerveja gelada e, aos poucos, os grupinhos iam se formando. Por afinidade ou por interesses as mesmas turminhas de todas as semanas separavam-se aos pouquinhos e a conversa, antes animada, deixava de ser festa e virava bate-papo.

Alguns mais estressados não deixavam de falar do trabalho, da nova conta que teriam que conquistar na segunda-feira; as casadas não evitavam discernir sobre os últimos acontecimentos do lar, o filho que crescia bonito e inteligente, a empregada que não sabia cozinhar, a desconfiança que o marido tinha uma amante; as solteiras não cobiçadas pelos colegas agrupavam-se para combinar a balada desta noite, quem ficaria com quem, Astrobaldo iria?, Celineide estava ficando com Valdiomírio ou já estava com Garvanil?; as mais atiradinhas e desejadas viam-se cercadas por aqueles que as queriam e lhes faziam a corte, eles na esperança da conquista, elas na certeza que os despachariam na primeira oportunidade; os três mosqueteiros, Berlindo, Cariosso e Brólio, recepcionavam o novato Bugio, assim apelidado por ter vindo do Mato Grosso, Ijuína, pela primeira vez na cidade grande.

Para enturmar o colega, fofocavam sobre as vidas dos demais. Gracejos, piadas, indiscrições eram a pauta. Berlindo, o mais falador, começou a falar sobre Birdiana, a gostosa séria que para ninguém dava conversa.

- ... aí descobri que o namorado dela é médica, continuava seu relato.

- Era médico, tentava corrigir o ingênuo Bugio.

- Não, médica mesmo.

- Saquei. E aí?, o interessado Cariosso não segurava a curiosidade.

- Daí eu cheguei...

- Peraí. Por que médica e não médico? Você não estava falando do namorado dela? – Não se conformava Bugio com a aparente discordância de gêneros.

- Isso aí. O namorado dela é médica.

- Como? Ta maluco? O namorado, masculino; médica, feminino. Essa concordância ta errada, rapá.

Os outros dois que haviam entendido o sentido da colocação de Berlindo, gargalhavam da inocência do matogrossense.

- Que é? O que foi que não peguei?

Lógico que Bugio sabia o que eram lésbicas, da tv, dos filmes, das novelas, mas jamais havia tido contato com uma, imagina ser algo das ficções. Não consegui acompanhar o raciocínio de Berlindo.

È mais ou menos como o pessoal do Sudeste ou Sul ouvir falar de pato no tucupi, achar uma coisa normal, existe, sim, deve ser gostoso e coisa e tal, mas não saber reconhecer o prato quando deparar-se com ele. As informações, assim como na escola, são incompletas se não se conseguir tatear, não tiver contato direto com a coisa ou situação.

O professor de história fala que os navegantes portugueses corriam sérios riscos de contraírem beribéri e cobrava isso na prova, mas quem sabia o que, de fato, é beribéri? Não interessava, ninguém tinha beribéri que mais parece nome de fruta amazônica. Lésbicas, para Bugio, era beribéri. Algo de livros e não palpável.

- Pára e pensa, Bugio. O namoradO, sacou?, é médicA, sacou?

- Pra mim continua sendo um assassinato da gramática.

- Que moleque burro! Ela é lésbica, mane, e está namorando uma médica!

- Uai! Lésbica?

- Nunca viu uma lésbica não, capiau?

- Eu não. Pensei que elas fossem parecidas com machos, cheias de pêlos, falando grosso, cabelos com corte militar... Vocês tão de sacanagem, é trote no novato... Saquei.

- Que trote o quê! Você vai ter muito o que aprender sobre a cidade, ô, da roça.

- É verdade, então? Ela é lésbica mesmo? – com os olhos arregalados e ainda incrédulos, Bugio não conseguia esconder seu assombro.

- Ih! Tem mais um monte lá na firma?

- Pô, mas ela é tão bonita, delicada, cheirosinha... Eu tava até pensando em dar uma encostada, convidar para um cinema, sabe como é?

- Ué, convida, ela é gente boa. Só não chama pro motel.

- Eu hein? Vai que ela topa e quer dar uma de homem pra cima de mim?

Os estereótipos estavam arraigados no imaginário do ingênuo Bugio que não teve como escapar das gozações implacáveis dos colegas.

Trabalhando diretamente sob a coordenação de Birdiana, Bugio evitava olhá-la de frente a partir da segunda-feira, esquivava-se inventando algum afazer urgente quando se via só com ela na sala, olhava-a de soslaio por trás da pasta que abria para disfarçar sua curiosidade, na esperança de vê-la coçar o saco em público.

Birdiana percebendo as fugas nada dissimuladas do colega, querendo entender o que se passava, chamou-o á sua sala e mandou que fechasse a porta quando entrasse. Ofereceu-lhe uma cadeira em frente à sua escrivaninha e foi direto ao assunto.

- O que está havendo, Bugio, por que você está estranho comigo?

- Nada, não, impressão sua, tentava disfarçar o rapaz, incomodado na cadeira, como se fosse um catre de faquir.

- Vai, fala comigo. O que aconteceu? Fiz alguma coisa que o ofendesse?

- Não, senhora, quê isso?, apressou-se.

- Você está insatisfeito aqui, quer mudar de sessão?

- Se a senhora não se importa, gostaria, sim.

No dia seguinte, foi enviado para o setor de correspondência. Ao apresentar-se, foi recepcionado pelo chefe, Flaurínio, que o recebeu com incontida alegria.

- Ai, que lindo! Até que enfim um homem bonito nesse departamento. Sente, querido, você vai ser meu assistente direto.

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sexta-feira, outubro 26, 2007


Lane, Jornal de Brasília, DF


  • Só rindo mesmo. Que Lula fala uma besteira atrás da outra, até o New York Times sabe, mas a de hoje foi, no mínimo hilariante. O presidente chegou à brilhante conclusão que o biocombustível diminuirá o consumo de bebidas alcóolicas. Será que o engenheiro químico Luis Inácio 51 sabe que são doistipos de álcoois diferentes, o combustível automotivo e o ingerível? Será que ele acredita que a Ambev deixará de fabricar cerveja e passará a investir em postos de combustíveis? Talvez por acreditar piamente na bobagem que falou, que os carros da presidência da república são movidos a gasolina. Assim, Lula preserva seu estoque particular para a caipirinha.

  • Ohhhhhhh!!!! Todos comigo! Ohhhhhhhh!!!!!!!! Sheila Mello posou nua para a Sexy! Ohhhhhhhh!!!!!!!!!! Aliás, as fêmeas têm uma grande vantagem anatômica sobre as mulheres. As fêmeas não têm cérebro, em compensação têm quatro peitos, doi naturais e dois de plástico, e quatro bundas (idem).

  • E por falar em perereca milionária, Mônica Veloso, que ganha uma pensão de R$ 12 mil de Renan Calheiros para sua filhinha (essa criança terá sérios problemas a partir da pré-adolescência, coitada), comprou uma casa de R$ 2 milhões na praia de Jurerê, em Santa Catarina. Isso equivale a 167 meses de pensão, o que significa que ela tem um Casa da moeda entre as pernas. Se depender de mim, ela fica sem essa grana, não vou gastar meu suado dinheirinho comprando a revista em que a porta de entrada e saída e entrada e saída e... de Renan Calheiros está exposta.

  • Não que eu esteja duvidando da probidade moral dos senhores ministros do Supremo tribunal Federal, mas não é interessante o fato de quatro senadores que não perderão seu mandato mesmo depois de terem trocado de partido, serem da base aliada do governo? Romeu Tuma, que era do DEM, oposição, mudou para o PTB, governista; César Borges, ex-Dem, foi para o PR, governista; Patrícia Sabóya, ex-PSB, governista, mas sem expressão, foi para o PDT, que é de quem der mais: e Edison Lobão, maior baba-ovo de José Sarney, também saiu do DEM e foi para o PMDB, governista, não importa qual seja o governo. Estranho, muito estranho...

  • No Brasil, licitações públicas bem poderiam chamar-se ilicitações privadas com dinheiro público.
  • Olha só o nome do cara: Divino Aluizio de Souza. O cara deve achar-se divino mesmo. Preso por ter enviado um pó verde e ameaças para 20 embaixadas, para a Fiesp e mais algumas instituições, o sujeito afirma, orgulhoso: "Vocês estão cometendo um erro! Eu sou o homem mais importante desse país!", e ainda prega a Jihad Islâmica no Brasil. Tudo bem que o homem mais importante na política do Brasil atualmente também é um lunático, mas quem agüentaria dois?

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quinta-feira, outubro 25, 2007

Quase Pai

O bebê nasceria a qualquer momento. Adanálio alertou os colegas de trabalho e os chefes que, assim que a esposa telefonasse dando o alarme, deixaria tudo como estivesse e partiria correndo, não perderia por nada o parto de seu primeiro filho.

Precavido, durante toda a semana voltava para casa pelas ruas que denominava “rota de fuga”, ruas laterais onde o trânsito era bem menor que o das grandes vias. O trajeto ficava um pouco mais longo, mas poderia ser percorrido em vinte minutos, enquanto que pelas vias principais poderia levar quarenta minutos ou mais. Familiarizava-se com cada buraco, esquina, semáforo.

O expediente matutino estava no meio quando o celular tocou.

- Amor, vai ser agora.

A mensagem curta sequer foi ouvida até o final. Pulou da cadeira gritando “ta na hora!”. Estabanado saiu correndo do escritório em direção aos elevadores antes dos colegas recuperarem-se do susto com o grito que quebrara a calma habitual.

- O elevador! Segura o elevador!, bradava durante a corrida.

Para sua sorte a porta abria-se no justo momento. Entrou, a porta fechou-se. Estava subindo.

- Droga!

Apertou o botão 6 do andar imediatamente superior. A porta abriu-se mais lenta que sempre. Saltou. As escadas. Desceu como um atleta de cem metros rasos. Passou a toda pelo saguão, pela portaria, pela porta rumo ao estacionamento. O carro na vaga 1. As chaves! Esquecera-as no bolso do paletó pendurado na cadeira. Cérebro rápido como um ladrão, pega o celular e liga para o escritório. Os dois toques antes do atendimento pareciam um ano.

- Sanderléia, rápido, esqueci a chave no bolso do paletó. Rápido! Joga pela janela.

Sanderléia prestativa, mas com um raciocínio lento, esbaforida abre a janela, vê Adanálio na calçada fazendo gestos como um operador de taxiagem, não entende os gestos do quase pai, atira o paletó com a chave no bolso.

Aberto ao vento, a roupa faz acrobacias e cai sobre a marquise, lento como um pára-quedas. Xingava enquanto corria para a portaria, “mulher burra!”.

O porteiro não entendia nada pela segunda vez em poucos minutos ao vê-lo passar como um raio. Nada de elevadores. Escadas subidas de dois em dois degraus. Corredor. Abre a porta da sala de espera do escritório do advogado num supetão. A secretária solta um grito, atira os papéis que segurava para o alto, tropeça no bebedouro derrubando o garrafão quase cheio que se arrebenta no chão. Cachoeira mineral que alaga o carpete e os documentos.

Em sua carreira irrompe o escritório. O advogado, em choque, vê sua peruca voar enquanto despenca da cadeira aos gritinhos. A cliente idosa reage apenas com o esbugalhar dos olhos e a cara de pânico. A janela travada por causa do ar condicionado. Pega a cadeira vazia do advogado, agora encolhido no canto da sala em posição fetal, e a arremessa contra o vidro, lançando cacos em todas as direções e o barulho de um trovão seguido da sirene do alarme.

Salta para a marquise, pega o paletó. Tem vontade de se jogar dali direto para a rua, mas, sensato, percebe que altura não recomenda. Salta de volta para o escritório. Na porta já coalhavam curiosos. A secretária histérica grita “pega! Pega!”. O contador tenta segurá-lo, a dentista, o office-boy, a pequena multidão. Com os braços agitados como um nadador frenético, tentava se desvencilhar enquanto berrava “sai! Meu filho vai nascer!”. O cotovelo acertou um nariz, o dedo entrou num olho, a palma da mão acertou uma orelha, viu uma dentadura voando.

Sob impropérios e palavrões a escada que desceu voando. Portaria. Uma peitada no moto-boy jogando-o cada um para um lado aos tropeções, reequilibra-se como Pelé e vê um capacete no ar seguido por dois envelopes. Calçada. Estacionamento.

- Moto-boy filho de uma égua!

Xingava não pela trombada, mas pela moto estacionada fechando seu carro. Tentou arrastá-la. Não conseguiu, as rodas travadas. Atirou a moto no chão e, com uma força que não sabia ter, arrastou-a para longe do caminho dos pneus. Abriu a porta, atirou o paletó no banco do carona e partiu a mil. Ainda pôde ver a turba saindo pela portaria à sua caça.

Viraria à direita no primeiro semáforo. Fechado! Um ano para abrir e os carros da frente impedindo que cometesse uma infração. Abriu. Vira. Acelera.

Como previra, o trânsito era tranqüilo naquelas ruas. Poderia aumentar a velocidade, na maioria vias preferenciais. E se houvessem crianças brincando na rua? Um cachorro? Um velhinho atravessando? Corria apertando a buzina com força desejando que fosse uma sirene.

Voava pelo asfalto liso. Ao passar por uma esquina, teve a impressão de ter visto um policial numa moto na transversal à direita. Estava certo, era um policial que se apresentava à sua retaguarda, sirene e luzes ligadas.

A cidade estava muito violenta, a polícia muito tensa. Melhor parar para não correr o risco de receber um tiro de um policial afoito que já se comunicava pelo rádio, provavelmente pedindo reforço, via pelo retrovisor. Seta para a direita, reduz a velocidade e encosta no meio-fio. O policial pára alguns metros atrás, saca a arma, agacha-se atrás da moto.

- Rápido, seu guarda, rápido. Multa logo e me libera, falava entre dentes.

- Abra a porta devagar e saia do carro, gritava o policial.

“Pombas! Tem que ser devagar?”. Obedeceu, mãos para o alto.

Ele não queria sair devagar, desejava apressar as coisas, mas não faria nada impensado que pudesse fazer seu filho nascer órfão de pai.

O policial com a pose de autoridade que é peculiar à função, talvez esperando uma oferta de propina que não viria jamais do correto Adanálio, ou apenas exercitando o poder, dava sermão e multa. Inquieto o quase novo pai ousou interromper e explicar que a esposa o aguardava para que a levasse à maternidade, daí tanta pressa.

- Por que o senhor não disse antes? A minha também está grávida e eu imagino seu desespero. Não se desespere, cidadão! Siga-me que lhe farei a escolta, falava de peito inchado o policial do alto do seu coturno e importância.

Agora eram dois sem freio pelas ruas do bairro: o policial, sua moto e sua sirene, e Adanálio com seu desespero e a camisa empapada de suor.

Oitenta, cem quilômetros por hora pelas ruas estreitas. Os poucos carros que vinham à frente encostavam ao som e luzes da polícia. Agora as coisas estavam quase perfeitas.

Malditos vândalos! Roubaram a tampa do bueiro!

O policial viu a tempo de reduzir a velocidade, mas não de evitar a queda. Saiu catando cavaco pelo asfalto, moto estraçalhada quicando sem rumo, a freada brusca de Adanálio que mal espera o carro parar e já salta correndo em direção ao policial deitado que mantinha a pose de herói:

- Vá, cidadão, sua esposa precisa mais do senhor do que eu nesse momento.

Com o celular na mão e ligando para o serviço de ambulância, Adanálio sabia que não poderia abandonar o soldado sozinho sobre o asfalto fervente e sob o sol, escaldante.

Já juntava gente. Turba, burburinho, os moleques depenando a moto, as velhas e seus “coitadinho”, os inventores de histórias e suas várias versões, o calor infernal e nada de ambulância.

Juntos chegam o socorro e a rádio patrulha. Pressa no socorro, vagar nas explicações. O próprio guarda ferido fala a um colega o ocorrido, ajudando a liberar Adanálio.

Dificuldade em se livrar da multidão. Atenção no caminho, velocidade controlada e nervos quase. Nada mais poderia dar errado. E não deu. Caminho livre e sereno até o edifício onde morava no oitavo andar.

“Olá” para o porteiro, corrida até o elevador, aperta o botão e a luz não acende.

- Ta sem energia, doutor, faltou agorinha.

Escada. Por sorte não parara com o futebol domingueiro, o preparo físico seria essencial. Subida, dois em dois degraus, oito andares. Rezava enquanto subia.

Na porta do apartamento o bilhete curto e duro: “Fui de táxi, seu irre4sponsável!”.

Exausto, sentou-se no chão, recostou-se na porta, respirou fundo e tomou uma decisão definitiva e irrevogável:

- Vasectomia.

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quarta-feira, outubro 24, 2007


Novaes
, Gazeta Mercantil, SP


  • Coisa difícil é encontrar um bom dicionário da língua portuguesa on-line. Seus problemas acabaram! O G1, site de notícias da Globo, está disponibilizando gratuitamente o dicionário Aulete. Na coluna da esquerda, na parte de Serviços, basta acessar "Dicionário on-line", fazer o download e fazer bom proveito. Tem-me sido bastante útil.

  • O PC do B, antes sisudo e acusado de comer criancinhas, resolveu aderir definitivamente ao populismo desregrado, está filiando qualquer çelebridade. Agora foi a vez da bandeirinha, Ana Paula Sa-be-se-lá-das-quantas. A nova geração de políticos nacionais promete... De Gretchen a Rita Cadilac, de Ana Paula ao dono do puteiro...

  • Das duas uma: ou o Congresso aprova a CPMF ou o governo federal cria algum novo imposto. Ou os tolinhos aí acham que Lula vai abrir mão de uma arrecadação monstruosa para ele e seus amiguinhos fazerem monstruosidades?

  • Como bom nordestino, criado no Norte, me recuso terminantemente a dizer que políticos são todos farinha do mesmo saco. Farinha é um negocinho tão gostoso, não merece essa comparação. Digamos que políticos são todos caca da mesma fossa. Talvez estejamos sendo injustos com as cacas, mas é um pouco mais próximo da realidade.

  • E agora, tucanos, com que moral poderão falar das negociatas petistas? Bastou livrarem a cara de Azeredo, para os pessedebistas abriram as pernas para aprovarem a CPMF. O paido de Aecinho matou dois coelhos de uma porrada só: livrou a cara de um dos seus mais importantes quadros e ainda conseguiu uma aproximação com a base governista. Renan deve estar rindo à toa, o caminho para sua volta e sua completa absolvição está sendo asfaltado. Quem está chateado com isso é o pessoal do DEM que vê seu irmão siamês descambar para o lado do ex-inimigo. Definitivamente, ninguém se salva nesa corja inteira.

  • Preparem-se para mais um "eu não sei de nada", de Lula. A Cisco, envolvida na tentativa de golpe milionário contra o Banco do Brasil, fez uma contribuição de R$ 500 mil para o PT. Sábio dito popular que diz que cachorro só cheira o cu de cachorro.

  • Há sete anos eu fui um dos coordenadores da campanha do vereador mais votado daqui. Logo depois de eleito, me distanciei dele, não quero nenhuma proximidade com políticos empossados. Contraditório? Talvez. Mas trabalhei em sua campanha por acreditar em suas boas intenções, em seu preparo para a vereança e em sua honestidade. Ledo engano. logo, logo o sujeito vendeu-se, rasgou o discurso e tornou-se mais um calhorda diplomado. Resolvi, então, me distanciar de campanhas políticas. Hoje fui procurado por um velho e bom amigo. Está lançando sua candidatura à vereança no próximo ano e me pediu para ajudá-lo na campanha. Fiquei de pensar e agora estou realmente pensando em como dizer a ele que não vou topar. Sinto que vou perder um amigo, resta saber se será agora ou depois que ele se eleger.

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segunda-feira, outubro 22, 2007



  • Piadinha que recebi por e-mail:
Professora: Mariazinha, seu pai faz o quê?
Mariazinha: Meu pai é bombeiro. Ela apaga incêndios, tira gatinhos do alto de árvores, faz resgate de acidentados e salva muitas vidas.
Professora: Raimundinho, e seu pai, o que faz?
Raimundinho: Ele é médico. Meu pai ajudar mulheres a terem bebês, opera doentes, vacina criancinhas e salva muitas vidas.
Professora: Joãozinho, seu pai faz o quê?
Joãozinho: Ele é dançarino em boate gay.
Silêncio de constrangimento.
Professora: Como é que é, Joãozinho? Seu pai faz o quê mesmo?
Joãozinho: Ele dança com uma tanguinha de oncinha, requebra no palco, serve bebidas para homens bêbados e ganha um dinheirinho extra para sair com alguns clientes.
A professora libera os demais alunos e pede para Joãozinho ficar mais um pouco na sala.
Professora: Joãozinho, é niso mesmo que seu pai trabalha?
Joãozinho: Não, professora, ele é político, mas eu tenho vergonha de falar iso na fente dos coleguinhas.

  • País rico é outra coisa. Estamos por acidente na alquebrada América Latina, paupérrima. O poder Judiciário, que não arrecada, só gasta, vai gastar R$ 1.200.000.000,00, assim, com bastante zeros para termos uma idéia melhor do que seja isso, para construir a sede do Superior Tribunal Federal, a sede do Tribunal Regional Federal da 1ª Região e a sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Por intriga da oposição, tem gente levantando a suspeita de que há superfaturamento e fraude nas licitações. Coisa de quem não tem o que fazer, humpf!

  • A aprovação da Lei Maria da Penha, que pretende ser um marco na defesa de mulheres agredidas pelos companheiros, não é bem vista por todo mundo. Imaginem vossas senhorias, que o juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas, MG, considerou a dita lei inconstitucional. Em seus despachos em que rejeita medidas contra homens que agridem ou ameaçam suas companheiras, o juiz tasca no papel: "Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem. O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!". Mais um imbecil que usa a bíblia e a religião para justificar suas imbecilidades. Tenho pena da Amélia que casou-se com esse cavalo, se é que existe mulher tão burra a esse ponto.

  • Todos os dias lemos ou ouvimos recomendações médicas para que as pessoas não se automediquem, que devem procurar um médico. Nada contra, para isso eles existem, para nos ajudar a curarmos nossos males físicos. Depois de um final de semana terrível em que os rins me maltrataram, hoje cedo liguei para o trabalho dizendo que não estava em condições de ir, que iria ao médico. Em frente à minha casa fica a clínica de um urologista que além de ser um especialista indicado para meu mal, é meu amigo. Na recepção, a mocinha que não sabe de nossa amizade, diz que hoje ele não fará consultas, só exames (até hoje eu não sabia a diferença entre uma coisa e outra). Tudo bem, quase chorando de dor ao caminhar, chamo um taxi e vou para um centro médico, onde estão mais de dez especialistas, cada qual com seu consultório. Lá trabalha outro urologista meu amigo. Sua secretária me pergunta se marquei hora. "Não, senhora. Meu caso é de emergência". Eu sei que poderia ter procurado direto um hospital, mas, cá pra nós, SUS só em última instância e hospital particular só se a coisa for muito séria que justifique os preços astonômicos cobrados. "Ah, moço, sinto muito, o senhor vai ter que marcar a consulta e voltar outro dia". Já começava a me passar pela cabeça o uso de tráfico de influência, amigo que sou do médico. Eram 8:45. "O doutor Edmar já chegou?". "Ele chega às 9". Ok, eu poderia esperar. Ficaria por ali, peruando, e o pegaria na saída do elevador, só não iria ligar para seu celular, não é do meu feitio. Às 9:30 o desgraçado ainda não havia chegado e eu em pé, escorado na balaustrada, sentar estava sendo um sacrifício (sem piadinhas maldosas, por favor). O plano B estava comprometido, hora de partir para o plano C: clínico geral. No mesmo prédio trabalha um dos mais antigos amigos meus por aqui. Sua secretária repete o que a anterior me dissera: precisava marcar uma consulta e voltar no dia marcado. A essa hora eu já pensava em marcar consulta com o atendente de qualquer famácia e pegar a pímeira droga que ele me indicasse. Daí, traí meus princípios. Liguei para a esposa do clínico, do meu celular. "Marcos, te ligo daqui a pouco". Não demorou quase nada. Menos de cinco minutos para a secretária me chamar: "o senhor pode entrar". Cuprimentei o médico e já fui me desculpando, entre constrangido e aliviado: "desculpa, Lauro, por ter usado de influência, mas o negócio aqui está sério". Agora, pergunto eu: se com todos esses amigos médicos, eu tive que usar de meios nada legais, como fazem os milhões de brasileiros que não são amigos de doutor algum? Só mesmo apelando para a automedicação ou para os conselhos do balconista, da mãe do vizinho, pra velhinha que vende ervas milagrosas, pros curandeiros ou, como é mais comum, para as simpatias e rezas. Ah, antes que perguntem, já estou bem melhor.

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domingo, outubro 21, 2007


Sinfrônio, Diário do Nordeste, CE


  • Como o mundo vive de modas, o crime, para não perder o trem da história, também se atualiza. A moda agora é é de crimes contra crianças. Cada dia um novo, sejam casos de pedofilia, de assassinato, de abandono de bebês,... Não se fazem mais mais como antigamente.

  • Algo de muito estranho no Senado Federal... Muito estranho. Ninguém quer ser presidente da casa. Imagino que os sujeitos, todos com rabo preso em alguma maracutaia, não querem os holofotes que atraem repórteres como a luz do poste atrai mariposas. Estando em evidência, a imprensa pode cavucar suas vidas e descobrir as sujeiras escondidas sob os tapetes vermelhos.

  • Pode ser cruel, mas já que as leis enchem os bandidos de benesses e recursos, não tiro a razão do governador Cabral ao endurecer a guerra contra os traficantes. Infelizmente, por despreparo do policiais, aliada à alta demografia dos bairros em conflito, sempre sobra para algum inocente. Isso é muito triste, mas já passava da hora de o estado tomar uma atitude mais drástica. O legado deixado por Brizola, que, por ter uma filha amiguinha dos bandidos, fez vista grossa permitindo que a situação chegasse ao caos de hoje.

  • A imprensa noticiou com estadalhaço a chegada da Tropa Nacional de Segurança aos municípios no entorno de Brasília. Quinze dias antes da chegada das tropas, os bandidos já sabiam onde, como, com quantos homens e por quanto tempo os militares agiriam. Como bandido, principalmente os de gangs, não são burros, tiveram tempo suficiente para montarem suas estratégias de fuga. Vão pegar os ladrões de galinhas e deixar livres os bandidos contumazes e mais erigosos. Coisas de Brasil...

  • Afinal de contas, quem é o ex-deputado carioca envolvido na fraude do Banco do Brasil? Gozado como, até ontem, não vi o nome do calhorda em nenhum jornal.

  • Sabe quanto é a pensão da viúva de um soldado da Polícia Militar morto em ação? R$ 218,00. Dá pra acreditar nisso? Pouco mais que a metade de um salário mínimo. O salário de um vereador da capital fluminense deve ser agumas vezes mais que isso. Não me falem em justiça social, senhores.
  • Um único candidato para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014... Sintomático, isso. Os países devem estar tentando se afastar da máfia dos cartolas. Como o Brasil é o paraíso da bandidagem de colarinho branco, justifica-se ser o único país-candidato.

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sexta-feira, outubro 19, 2007

94 anos com Vinícius


Imagem daqui



O dia da criação

Macho e fêmea os criou.
Gênese, 1, 27

I


Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.


Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.


Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.


Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.


II



Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado


III


Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
e missa de sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em [cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e [sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.



Eu já conhecia o compositor e o cantor, mas foi o poema acima que me apresentou ao Vinícius poeta. Foi paixão à primeira lida.

Desde essa revelação, passei a procurar seus poemas, comprar seus livros e ouvir suas músicas com outros ouvidos. Uma vez caiu em minhas mãos Poesia Completa de Vinícius de Moraes, em "papel bíblia", centenas de folhas. Era empréstimo de um amigo. Há anos procuo esse livro, um daqueles sonhos de consumo que ainda hei de ter.

Os jornais que lembram-se que hoje Viníciu faria 94 anos de idade, prefiro dizer que o temos há 94 anos e jamais o perderemos. Vinícius é eterno.

Em época de hip-hop, axé music, setanejo e sucessos de meia hora, a poesia lírica popular de Vinícius faz falta.; época de Paulo Coelho e o pessimismo de Saramago, o sorriso apaixonado de Vinícius faz falta; em época de celebridades politicamente corretas, a espontaneidade do Poetinha faz falta.

Marcos Vinícius da Cruz de Mello Moraes faz muita falta.

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quinta-feira, outubro 18, 2007


Paulo Caruso, Jornal do Brasil


  • Será que os patrões aderirão à licença maternidade de 6 meses? Hummm...

  • Cultura, conhecimento e genialidade não são vacinas contra a imbecilidade. O geniticista e Prêmio Nobel James Watson, afirmou que os brancos europeus são mais inteligentes que os negros africanos. Para calcar sua tese, ainda afirmou que é tal afirmação é conhecida e sabida. Não estaria vossa sapiência embasada em teorias elementarmente racistas? Que pesquisas tão cabais podem fazer tal afirmativa? Pelamordedeus, quando a gente acha que todas as imbecilidades já foram ditas e escritas, eis que surge mais uma.

  • O governo venezuelanos doará 5000 exemplares do livro "Simon Bolívar, o Libertador" a escolas públicas brasileiras justo num momento em que cresce no Brasil um movimento pela não ideologização dos materias didáticos. O cara está exportando sua imbecilidade pseudo-democrática e nosso paizinho aceita isso calado. Vindo de um país onde a tentativa de golpe de estado praticada pelo atual presidente foi retirado dos livros escolares, imaginemos o que esse presente de grego deve ter em suas páginas... Não li, mas já não gostei. Aliás, como fui alfabetizado na fronteira com a Bolívia, Simon Bolívar não é nenhuma novidade pra mim ,muito pelo contrário, tenho até simpatia por sua figura e sua luta de unir o continente e expulsar o colonizador europeu, minha preocupação é com a visão que Chávez deve apresentar em sua análise. Preocupante, muito preocupante.

  • Talvez eu esteja sendo simpliesta de mais, mas não há uma contradição quando se prende um sujeito que faz sexo com uma garota de quatorze anos e se passa a mão na cabeça de um jovem de quatorze anos que assassina um pai de família?

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terça-feira, outubro 16, 2007


Waldez, Amazônia Jornal


  • Até o momento, somente o senador Álvaro Dias se dignou a responder ao meu e-mail de ontem:
"Caro Marcos Pontes,

Pode contar com meu voto contra a prorrogação da CPMF e também com minha luta para que o PSDB vote da mesma forma. A nota abaixo, que minha Assessoria encaminhou à Imprensa, deixa bem claro o que penso sobre a CPMF. Abraços,

Alvaro Dias
Visite a nossa Pagina de Internet em www.alvarodias.com.br

Alvaro Dias volta a pedir que PSDB

vote contra prorrogação da CPMF

O senador Alvaro Dias (PSDB/PR) voltou a criticar em plenário, nesta quinta-feira (16/08), a prorrogação da CPMF e disse esperar que o seu partido, o PSDB, feche questão contra a prorrogação. Os tucanos se re uniram com economistas e com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, para discutir o impacto da continuidade da cobrança do imposto: ''Em meio a noventa tributos cobrados no Brasil, os contribuintes e o setor produtivo ainda enfrentam a perversa cumulatividade da CPMF. A alíquota de 0,38% do imposto representa, em média, 1,7% do preço final dos produtos e serviços consumidos no País. Por isso sou favorável ao fim da CPMF. O que nós precisamos é de uma reforma tributária que coloque o país no eixo do desenvolvimento com distribuição de renda e justiça social'' , disse Alvaro Dias."


Por que será que só responde aos meus e-mail aqueles que se dizem contra a absolvição de Renan Calheiros, os que se dizem contrários à prorrogação da CPMF...?

  • Lula, definitivamente, aprendeu muito com aqueles que ele tanto condenava. Esse papo de apoiar Aécio Neves para lhe suceder me faz lembrar os sesquicentenários do DEM ou do PSDB: não importa quem esteja no poder, eles estão sempre pendurados, procurando uma sombrazinha. Lógico que o interesse de Lula é muito outro. Às vésperas de encerrar o prazo para a aprovação da CPMF, o presidente faz um carinho nos tucanos na esperança de que esses amoleçam e aprovem o famigerado imposto.

  • Por outro lado, ele já se diz pré-pré candidato em 2014. Vaidoso, com o burro na sombra, viajando mais que guia turístico, conhecendo o mundo inteiro com cartão de crétido sem limite, hotéis e combustível pago por nós, sem precisar trabalhar e vaidoso como ele só, agora que está livre das cobranças de Zé Dirceu e troupe, o cara já está vizualizando uma chavinização suave.

  • Mensalão nos moldes daquele montado por Dirceu e Marcos Valério, pode até ser que não exista, mas é sintomático o fato de 44 dos 45 deputados federais que mudaram de partido, passaram para a base aliada do governo.

  • Será coincidência que no dia seguinte ao Dia do Professor é o dia de Santa Edwiges?

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segunda-feira, outubro 15, 2007


Clayton, O Povo, CE


  • Depois de três dias tendo que suportar a síndrome de abstinência de internet, uma vez que meu provedor me deixou na mão, voltemos à ativa!
  • Misture-se uma dose de tempos politicamente corretos, o que dá margem a absurdas interpretações das coisas, com uma dose cavalar de um governo segregacionista e tem-se como resultado um monte de beócios falando besteiras a torto e a direito. A última foi a ministra titular da Secretaria Especial de política da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, que saiu com a pérola: "Não é racismo quando um negro se insurge contra um branco". Em outras palavras, um negro pode ofendê-lo, agredi-lo, roubá-lo, fizer o que bem entender, como defesa basta adizer que fez iso porque você é branco e ele negro. Antes que alguém interperte mal e diga que estou sendo racista, que fique bem claro que sou negro, assim como a ministra, mas não é por isso que vou concordar com uma sandice dessas. Como todo ministro, dona Matilde tem foro privilegiado, ou seja, mesmo sendo instaurado um processo contra ela pela Procuradoria da república do Distrito federal, a sujeita vai sair sem qualquer arranhão e livre para falar outras besteiras como essa.
  • Andei lendo algumas opiniões sobre a mudança de postura dos parlamentares governistas que passaram a apoiar e até pedir o afastamento de Renan Calheiros, entre eles o abstêmio Mercadante. Uns dizem que foi por conta do reclame popular, outros dizem que foi um flash de consciência, mais uns acreditam que é uma questão de disputa pela presidência, ou seja, elo poder, do Senado Federal. Fiquei muito satisfeito com uma comentarista da Record News que falou o mesmo que eu disse aqui e em alguns comentários em outros blogs: A mudança de postura da base aliada deu-se por orquestração do Palácio do Planalto. tendo somente até 31 de dezembro - o que pode-se traduzir para 20 de dezembro, afinal os parlamentares não atrabalharão depois disso - para aprovar a CPMF, o governo preferiu entregar Renan às piranhas do que corer o risco de perder esses 40 bilhões. A oposição boicotava as votações, o que colocava em risco a aprovação do imposto, enquanto Renan estivesse na cadeira da presidência. Tanto acocharam Lula, que este preferiu se desfazer da pereba por 45 dias, prazo suficiente para as duas votações, negociar alguns cargos, talvez criar mais uns dois ministérios para abrigar mais coligados, do que correr o risco. Corja!
  • Por falar nisso, aí em baixo está a cópia do e-mail que acabo que enviar para todos os senadores:
"Escelentíssimos senhores senadores,
  1. Como os senhores aprovarão a CPMF não por convicção ou por acharem que o imposto é benéfico para o país, mas por contadas negociações por cargos, verbas, obras ou outras vantagens oferecidas pelo governo federal;
  2. Como a CPMF foi criada com o propósito de melhorar a saúde pública, mas não tem sido assim aplicada e hoje é destinada às bolsas-sociais bancadas para uma minoria da sociedade por aqueles que, muitas vezes, são apenas assalariados remediados e ainda dependentes do sistema de saúde público;
  3. 3. Como a dita saúde pública, a exemplo da maioria dos serviços públicos, continua sofrível, penalizando a grande maioria dos brasileiros que precisam de seus serviços por não poderem pagar médicos particulares;
  4. Como o erário está servindo para pagar quase 40 ministros, seus assessores e o restante de uma folha que não justifica seu alto custo se comparada aos serviços prestados à população;
Sugiro que vossas excelências criem uma lei nos moldes da Lei Rouanet, só que voltada para a saúde. As pessoas jurídicas poderão destinar parte de seu imposto de renda para ser aplicada m determinada unidade de saúde, com fins específicos, abatendo essa contribuição de seu imposto anual. Uma vez que os recursos públicos não estão sendo usados como deveriam para esses fins, talvez a contribuição privada ajude a socorrer os brasileiros mal assistidos e, não por coincidência, os mais necessitados.

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sexta-feira, outubro 12, 2007

Crianças


Imagem daqui


Uma pergunta constante que ouço de alguns amigos é, por que eu trabalho com crianças e adolescentes quando essas são mimadas, irritantes, mal educadas, dependentes, enfim coisinhas incompreensíveis e cheias de vontade? Simples, porque alguém tem que fazê-lo e eu me acho muito bom nisso.
A maior dificuldade de se trabalhar com a molecada, são suas famílias. Nos dias de hoje, é muito comum encontrar pais que não têm tempo para a convivência diária com os filhos. Trabalham fora, alguns sequer têm tempo para almoçar com a família diariamente, chegam em casa à noite cansados e, muitas vezes irritados com o dia difícil, sentam-se em frente à televisão ou vão afogar as mágoas no boteco com os amigos. As mães muito ocupadas sofrem mais que os homens, via de regra, com esse afastamento. Sentem-se culpadas pela ausência e tentam compensar fazendo todas as vontades possíveis dos pimpolhos. Inconscientemente, tentam comprar a compreensão com a sensação de que estão dando carinho.
Crianças educadas dessa maneira costumam crescer cheias de vontades, acostumadas a mandar nos adultos uma vez que estão acostumadas a mandarem nos pais e serem atendidas. Os educadores formais, como os professores passam a ter duas opções ao se depararem com esse tipo de criança: ou se entram em conflito ou se esforçam em demonstrar uma hierarquia natural que deve ser obedecida. Não uma hierarquia militar do tipo "eu mando, você obedece", mas mostrando quem é a autoridade, demonstrando os porquês da obediência. Não mandando simplesmente, mas sendo exemplo e argumentando. Pela experiência, pelo preparo técnico e pela própria autoridade que lhe é investida nas funções que exercem, os educadores demonstram aos pupilos que a sociedade é hierarquizada, não só numa pirâmide de pessoas, mas de leis, regras, normas sociais que foram estabelecidas para uma convivência pacífica entre todos, como respeitar o espaço alheio, não se apoderar dos bens dos outros, comunicar-se sem agressão, mesmo quando em discordância, enfim, as nomas da boa convivência que todos os pais conhecem, mas nem sempre sabem como, ou tem interesse, de transmitir aos filhos.
Aparecem os filhos dos desonestos, agiotas, políticos corruptos, sonegadores... Bandidos também têm filhos e me impressiona como muitos deles são até muito bons pais. São atenciosos e carinhosos com os filhos, provêm a família com conforto, viajam juntos nas férias... O problema são os valores invertidos que transmitem, e aí a vida do educador se complica. Como ensinar ao filho de um agitoa que a agiotagem é crime, que lesa pessoas que muitas vezes precisavam de uma casa para morar, de bancar o hospital dos pais doentes e, sem recursos, terminam caindo nas mãos desses sanguessugas, sem ofender diretamente a família da criança? É complicado e perigoso, mas necessário para um verdadeiro educador. Saber usar as palavras nessas horas, é essencial. Uma palavrinha mal colocada pode criar um terremoto, uma ruptura entre a escola e a família e, é lógico, nessa queda de braço, a criança sempre ficará do lado da família e, por conseguinte, com os valores nocivos. Mais fácil para o educador se omitir e deixar que se crie mais um monstrinho que vai lesar a sociedade mais tarde, mas quem age assim não pode ser considerado educador, talvez um simples "dador" de aulas.
Vêm as crianças com necesidades especiais; o deficiente visual, o cadeirante, o anoréxico, o hiperativo, o com déficit de atenção, e imunodeficiente, o filho do presidiário,... Muitas vezes, numa mesma sala, vários problemas diferentes. A maturidade, o preparo, a boa vontade, a ausência de preconceitos, a capacidade de acarinhar e tantas exigências não podem deixar de fazer parte da caixa de ferramentas do educador. Pessoas deficientes não são coitadinhas, são capazes e merecem apenas um acompanhamento diferenciado, mas a elas também devem ser oferecidos desafios e condições para vencê-los. Se juntarmos dois seres humanos, estarão presentes as diferenças de toda ordem: social, econômica, de objetivos, de inteligências, de valores... Cabe ao educador mostrar com sua própria conduta que são todos iguais, mesmo com todas as diferenças. Mais uma vez os pais são o maior empecilho. Não é só coisa de novela, não, pais que não querem seu filhinho ariano na mesma sala do negrinho; que não querem que seu filhinho "perfeito" se relacione com o aleijadinho; que sua filha linda ande com a menininha estrábica... É um absurdo? É. Mas é real.
Engana-se quem acha que carinho é sinônimo de tolerância. Estudos da Universidade de Oxford demonstram que crianças e adolescentes gostam quando são repreendidas, embora não conscientemente. Ao serem chamadas à responsabilidade, ao serem "puxadas suas orelhas" por conta de algum erro cometido, sentem que o adulto tem interesse neles, que repreendem por se preocuparem, que brigam porque querem que cresçam. Se, nós adultos, pararmos para lembrar dos professores que tivemos, muito provavelmente lembraremos primeiro dos mais exigentes; os bonzinhos ficam perdidos no tempo. A repreensão e as exigências são tão importantes quanto o carinho. Estranho, mas verdadeiro. A educação não se faz só com carinho, a vida não é feita só de carinho.
Crianças pensam, criam e são capazes de resolver seus problemas, não são serezinhos incapazes e dependentes na integridade. Por outro lado, não são adultos miniaturizados. A elas sejam dados os desafios e a orientação para resolvê-los; o carinho e a reprensão nas medidas e horas certas; as tarefas e os exemplos; as brincadeiras e as responsabilidades; a liberdade e os horários a serem cumpridos; o espaço e a limitação de espaço. A vida é cheia de antíteses, por isso as crianças não devem ser educadas numa ilha de utopias, elas crescerão, não esqueçamos disso. O hoje não pode ser vivido como se fosse seu último dia, mas sempre o primeiro, elas devem ser preparadas para o futuro e este às vezes é ,inevitavelmente, cruel e doce, duro e macio.

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quarta-feira, outubro 10, 2007

Cuba




Algumas pessoas que conheci por essa vida merecem meu mais profundo respeito, a defesa sem titubear, e a Zeca é uma delas. Com essa mulher aprendi muito e serei grato para sempre. Formada em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará, tornou-se marxista desde que soube o que é o marxismo. Não vive de favores, como os amiguinhos companheiros que aderiram à causa sem conhecê-la, ela estuda e trabalha profundamente. Sinto, porém, que ela tornou-se uma sectária mesmo condenando o sectarismo nos verdes anos de nossos primeiros contatos.

Ela me enviou o texto abaixo, que há dias venho ruminando uma maneira de responder criticamente. Ela não é autora, mas o simples fato de mo enviá-lo, demonstra que concorda com ele, enquanto eu tenho várias posições mais parcimoniosas ou de rejeição. O que está em negrito, é minha resposta imediata ao texto original. Se tiverem interesse e paciência, sigam-me e estejam à vontade para meterem o bedelho seja de que lado for:

CUBA ESTÁ DANDO CERTO!!


É engraçado ouvir ou ler os comentários de alguns brasileiros que passam alguns dias em Cuba, a turismo ou a trabalho, e manifestam opiniões definitivas sobre o país. Horrorizam-se com as moradias precárias e deterioradas e com as crianças que lhes pedem balas e chicletes nas ruas. Há mendigos, alardeiam. Criticam as filas, impressionam-se com os ônibus lotados e espantam-se porque todos os cubanos não têm acesso a todos os serviços e bens de consumo (contrário à doutrina marxista, diga-se de passagem, que pregava a igualdade de direitos e oportunidades). Vêem na existência de prostitutas e malandros nas ruas como prova definitiva de que Cuba vai mal, muito mal (isso não pode ser indicativo de que vai bem). Há pessoas que cometem atos ilícitos, roubando produtos nas fábricas e cometendo delitos, vejam só (em qualquer lugar do mundo, a miséria leva à ilicitude). E ainda lembram que milhares de cubanos procuram deixar o país, rumo aos Estados Unidos e a outros países do Primeiro Mundo. Esses brasileiros - entre os quais alguns jornalistas -- voltam ao nosso país com a idéia de que Cuba está à beira do colapso, tal a crise econômica que enfrenta e a falta de perspectivas para superá-la. E transmitem isso aos que os ouvem e, no caso dos jornalistas, aos que os lêem ou assistem (o colapso já se abateu sobre Cuba, mas isso discutiremos mais adiante ao refutar os argumentos que virão). Parece que esses brasileiros não vivem no Brasil. Pois falam como se aqui não existissem favelas e pessoas morando sob pontes e marquises. Como se aqui não houvesse crianças pedindo nas ruas, nem mendigos. Como se não houvesse filas. Vendo-os criticar Cuba, a impressão que se tem é de que no Brasil o transporte coletivo funciona muito bem. E que, em nosso país, qualquer cidadão pode comprar o que quiser e freqüentar qualquer restaurante, sem se preocupar com os preços. Além disso, não há prostitutas nem malandros em nossas ruas, ninguém rouba e nenhum brasileiro deixa o país para tentar a vida nos Estados Unidos, no Japão e na Europa. O Brasil, a julgar pelos comentários desses brasileiros que criticam Cuba por coisas como essas, está em ótima situação econômica, em pleno desenvolvimento. Sem pobreza, sem miséria, sem fome e sem desemprego. E em excelente situação no que diz respeito à criminalidade e à moralidade pública (a miséria e as celeumas sociais brasileiras existem, mas isso não quer dizer que as de Cuba diminuem. O fato é que se plantou no Brasil a idéia de que Cuba é o paraíso e quem sai daqui esperando encontrar só belezas, fartura, bem estar geral, se decepciona. O mesmo ocorre com os brasileiros que visitam diversos pontos turísticos dentro do próprio Brasil e descobrem que esses lugares não são a Ilha da Fantasia que pregam os folhetos publicitários. A desgraça brasileira não ameniza a desgraça cubana. Usar desses argumentos é cobrir a cabeça e descobrir os pés).

Muitas críticas podem ser feitas a Cuba, e mais especificamente ao sistema político, econômico e social que lá vigora - e que, naturalmente, não é perfeito. Há problemas na sociedade cubana, e muitos (muitíssimos!). Mas esse tipo de críticas superficiais, de quem se esquece de olhar no espelho, cai no ridículo. São críticas que partem ou de um preconceito ideológico, ou de um desconhecimento profundo da real situação de Cuba ou do simplismo que caracteriza as observações de turistas apressados e jornalistas despreparados. Se deixassem o preconceito ideológico de lado e procurassem conhecer mais a realidade de Cuba, esses brasileiros saberiam que: - Cuba é um país pequeno, um arquipélago de 110.922 quilômetros quadrados e 11,2 milhões de habitantes, e poucos recursos naturais. Um país colonizado pelos espanhóis, que o exploraram até 1898. Tem todas as características históricas e culturais dos países latino-americanos. É um país pobre, do Terceiro Mundo (não precisa visitar Cuba para saber disso. Qualquer enciclopédia razoável é capaz de dar esses dados). - Cuba sofre hostilidades praticadas pelos poderosos Estados Unidos da América, ou com sua cumplicidade, há 43 anos: não apenas um bloqueio econômico drástico, como também ações armadas (essas ações armadas não ocorrem há décadas. A invasão frustrada da Baía dos Porcos foi uma tremenda lição aos ianques), atos de terrorismo (idem, a não ser que estejamos todos mal informados. Se isso ainda ocorre, seria interessante o autor mostrar fontes de informação), atentados a dirigentes (idem), transmissões radiofônicas e televisivas incitando à revolta (a guerra de propaganda existe de lado a lado, não é novidade, além de ser um estratagema usado por anos a fio em todos os lugares onde há conflitos no mundo), incentivos materiais e políticos à derrubada do governo e muitas outras (mais uma informação que precisa de fontes). - Com o fim da União Soviética e do bloco socialista europeu, de 1989 a 1991, Cuba passou a enfrentar uma crise econômica de enormes proporções (uma constatação que sua economia era de mentirinha, bancada por pesados subsídios soviéticos). Perdeu, praticamente de um dia para outro, 85% de seu comércio externo (não havia comércio externo. O que havia, de fato, era uma política de escambo. Cuba mandava açúcar para a União Soviética, por exemplo, e em troca recebia produtos, combustível, armamentos, que se fossem trocados a preços justos, a bancarrota cubana teria acontecido muito antes. E os soviéticos não alimentavam Cuba porque os cubanos são bonitos e têm olhos azuis, mas pela sua posição estratégica. Em troca do “açúcar”, a URSS instalou mísseis atômicos apontados para Miami e Nova Iorque). Seu Produto Interno Bruto caiu 34,8%, de 1990 a 1993 (novamente a falta de fonte confiável. Que houve uma tremenda queda, não resta dúvida, mas os números exatos são desconhecidos. Parte da guerra de informações). O déficit fiscal, em 1993, era de 33,5% do PIB (idem). A relação peso-dólar chegou a 140 por 1 (no final do “milagre brasileiro” a relação dólar-cruzeiro chegou a 1:13.000, o Brasil também estava quebrado). - Mesmo sendo um pequeno país de Terceiro Mundo, enfrentando uma pesada crise econômica e sofrendo bloqueio econômico e hostilidades por parte da maior potência da Terra, Cuba apresenta indicadores sociais que a colocam ao lado das nações do Primeiro Mundo em termos de educação (isso é notório, embora o pavão esteja enfeitado. O índice da analfabetismo é mínimo, de fato, mas o acesso ao terceiro grau não é universal, como gostam de fazer parecer os românticos), saúde (gratuita e preventiva, fato, mas tecnologicamente já ficou para trás) e previdência social (não conheço, nada posso falar). Esses indicadores são, hoje, melhores do que os de 1990 (lembremos que o Muro de Berlim caiu em outubro de 1989, portanto, o fundo do poço cubano ocorreu logo depois. Não existia mais URSS para presentear o país caribenho). A taxa de mortalidade infantil, por exemplo, baixou de 11,1/1000 em 1989 para 6,2/1000 em 2001 - índice menor do que o dos Estados Unidos (que está longe de ser uma país perfeito e igualitário – coisa que prega o governo cubano e seus amiguinhos – e conta com uma população 28 vezes maior que Cuba) . A partir de setembro, nenhuma sala de aula em Cuba terá mais de 20 alunos (assim como em Israel). - Sem recorrer ao Fundo Monetário Internacional e sem abdicar da soberania nacional, Cuba está em processo de recuperação econômica: o PIB vem crescendo desde 1994, alcançando 6,2% em 1999, 5,7% em 2000 e 3% em 2001 (a segunda taxa da América Latina, muito acima da média de seus países); o déficit fiscal foi reduzido para 3% do PIB; o desemprego urbano é de 4,5% (o segundo menor da América Latina). A relação peso-dólar é de 26 por 1. A economia cubana já recuperou 85% do que perdeu de 1989 a 1993 (isso tudo, a bem da verdade, à base de muito sacrifício imposto à população: filas para adquirir gêneros básicos, empobrecimento da dieta alimentar, que nunca fora grande coisa, total ausência de produtos considerados supérfluos, controle ferrenho do Estado na aquisição de qualquer tipo de produto pelo cidadão comum...). - Cuba foi atingida no ano passado pelo pior furacão dos últimos 50 anos, o Michelle. Plantações foram destruídas, mais de 45 mil casas foram derrubadas ou danificadas, torres de transmissão de energia e de telecomunicações ficaram inoperantes, enfim, um prejuízo calculado em US$1,5 bilhão. Mesmo assim, ninguém ficou desamparado. E apenas cinco pessoas morreram, graças às medidas de prevenção tomadas (devem ter sido dias terríveis para a população que não vive em fortalezas, como Fidel e os comandantes do Partido. Furacões naquela região são uma constantes, natural que todos os países, até mesmo o Haiti, tenha programas de prevenção de catástrofes. O ideal seria não haver morte nenhuma, uma vez que a cada ano, a ilha é atingida por vários furacões de maior ou menor intensidade, mas seria querer muito, além do quê, contra essa força da natureza, não se luta, previne-se).

Não é justo, porém, exigir que todos os brasileiros que forem a Cuba passar uma ou duas semanas saibam tudo isso. Mas, se deixassem de lado os preconceitos ideológicos e o simplismo, e conseguissem refletir por mais de cinco minutos, esses observadores acidentais da vida cubana veriam que: - Há muitas moradias precárias e deterioradas em Cuba, especialmente em Havana, a capital com dois milhões de habitantes. Havia até 1990 (e o programa teve que parar por conta do fim dos subsídios soviéticos) um enorme esforço de construção e recuperação de casas e apartamentos, reduzido em decorrência da crise econômica (exatamente). Mas todos os cubanos têm uma casa, um endereço (mesmo que nesse endereço vivam três gerações de uma mesma família. O “cortiço” familiar faz parte da cultura cubana pós-59). Um aluguel sai por US$ 1 (o que não é tão pouco, fique bem claro, para os padrões econômicos cubanos. U$ 1 pode ser considerado uma miséria para os padrões brasileiros, em se tratando de aluguel, mas, só a título de comparação, o salário de um professor, classe “bem” remunerada, vai de 300 a 400 pesos, ou seja U$ 11, 75 a U$ 15,38, o que significa que um professor paga, em média, quase 8% do seu salário em aluguel. Comparando-se, novamente, aos padrões brasileiros, está abaixo da nossa média, mas não esqueçamos que sobraram apenas U$ 10 a U$ 14 para o resto do mês) ou US$ 2, 85% das moradias são próprias. Ninguém mora nas ruas. - Muitas crianças pedem balinhas e chicletes aos estrangeiros, pois lá não há a diversidade de confeitos que se encontra em outros países (a herança espanhola deixou grandes culinárias nas Américas, inclusive em Cuba, grande produtora de açúcar. A falta de doces para crianças é sinônimo de quê? Miséria). Mas todas essas crianças têm casa, estão na escola, vestem-se decentemente (?) e não passam fome (mas têm uma alimentação mais pobre que a média da maioria das crianças da América Latina). Os que pedem esmolas em Havana podem ser contados em duas mãos - são pessoas pobres (não conheço os dados), mas também têm suas casas (nem que seja com uma multidão dentro) e, diferentemente de muitos brasileiros, não passam fome (idem com a dieta das crianças). O governo cubano reconhece que 14% da população vive em situação precária (ou seja, 3,6 milhões de pessoas numa ilha de 26 milhões. Não é pouca gente, não) - o que está muito longe de viver na miséria - e dá a essas pessoas uma atenção especial (qual?). E os índices de criminalidade em Cuba são baixíssimos (pobre roubar pobre não seria crime, seria humor negro. A propósito, prostituição não é crime em Cuba), sendo o furto o crime mais comum (pelo Código Civil brasileiro, isso seria conhecido como “furto famélico”). - As filas são decorrência da carência de vários produtos e da relativa (relativa! Guardem bem isso. Eis uma das negações ao marxismo pregado) igualdade entre as pessoas, pois todos, sem exceção, têm direito ( mas têm acesso? Não, existe a relatividade de igualdade) aos mesmos produtos que integram a "libreta" - a cesta básica de alimentos e produtos que custa US$ 0,80 (para se manter três gerações de uma mesma família, dentro de uma mesma casa, quantas “libretas” são necessárias?)- e as atividades culturais, recreativas e desportivas são muito baratas (isso é fato, e muitas são gratuitas). Quem for ao Parque Coppelia, em Havana, verá filas enormes, desde cedo, para tomar sorvete (um dos supérfluos que citei anteriormente). Há filas porque todos os cubanos têm condições de tomar os sorvetes da Coppelia (não, meu caro. Tem fila porque é uma das poucas sorveterias da cidade. Isso está parecendo uma daquelas justificativas malucas do Mantega). - Os ônibus são poucos, muitos deles - como os chamados "camelos" – são ruins e geralmente estão lotados (e é comum apenas um ônibus, daqueles da década de 50, fazer a ligação entre duas cidades. Sai da cidade A para a cidade B de manhã e volta à tarde. Quando esse ônibus quebra, quem precisa se transportar fica à mercê das próprias pernas ou à caronas que são pagas com bananas, galinhas ou algo assim que se tenha à mão). O transporte urbano é um dos maiores problemas do cotidiano cubano e a carona é uma instituição nacional (um dos motivos é o que citei anteriormente). Mas há sensíveis melhoras em relação aos anos anteriores, inclusive com a montagem de ônibus, em Havana, por uma empresa cubano-brasileira, a Tranbuss. - Uma das estratégias para enfrentar a crise econômica foi institucionalizar a dupla moeda em Cuba, uma medida considerada transitória. Por isso, há um mercado em dólares uma maneira que o estado arrumou, com muita criatividade, é verdade, para que os turistas fizessem um câmbio informal, desse modo, as taxas que ficariam nas casas de câmbio do local de origem do turista, ficariam em Cuba) e outro em pesos, a moeda nacional, o que cria desigualdades sociais que não existiam antes (portanto, a medida oficial – não exatamente oficial, mas de vistas grossas – ajudou a capitalizar o país, mas dando outro golpe no marxissismo). Quem tem acesso ao dólar (estima-se que, em variadas medidas, 64% da população), ou quem tem mais dólares, tem acesso a produtos e serviços que não estão ao alcance dos que têm apenas pesos (capitalismo à cubana). Uma desigualdade, porém, milhares de vezes menor do que a que existe no Brasil ou em qualquer país da América Latina (porque está ocorrendo com 43 anos de atraso). - Há prostitutas (e prostitutos) em todos os lugares de mundo, e em Cuba também. Lá, como no Brasil, vender o corpo não é crime. A diferença é que a prostituição em Cuba não é questão de sobrevivência (mentira!), mas de opção de vida em busca de um melhor padrão de consumo proporcionado pelo dólar (outra explicação à la Mantega. No Brasil existentes prostitutas de luxo, filhas de classe média, universitárias, que estão fazendo um pé de meia e prometem deixar a profissão depois de formadas e montarem seus negócios, pelo menos elas dizem isso, mas, tirando a Bruna Surfistinha, não conheço nenhum outro caso. Na maioria das vezes, e a maioras das prostitutas vem de famílias pobres ou desarranjadas, vendem o corpo mesmo é por necessidade, assim como em Cuba, e mais uma vez o estado faz vistas grossas, uma vez que o turismo sexual deixa muita grana na ilha).. Aumentou, na década de 90, em decorrência do enorme crescimento do fluxo de turistas e de estrangeiros (viu?). - Há malandros também, pessoas que abordam os estrangeiros para vender produtos roubados ou falsificados (principalmente charutos) (necessidade!), ou oferecer seus serviços informais de "guia turístico" (necessidade!), cafetão ou algo semelhante (miséria!). Há funcionários e trabalhadores que cometem ilícitos (corrupção, como era farta na União Soviética), menores ou maiores, para ganhar um "extra", em dólares - de preferência - ou em pesos. É uma conseqüência da crise econômica, do crescimento do turismo e da dupla moeda (à la Mantega, a culpa é do turismo, não do governo). Mas em Cuba não há corrupção sistemática no governo (a Forbes disse que a fortuna de Fidel no exterior ultrapassa U$ 3 bilhões), e isso é reconhecido por todos que lidam com as autoridades do país (todos quem, buana?). - Do mesmo jeito que há cubanos querendo ir para os Estados Unidos e outros países desenvolvidos, em busca de melhores oportunidades, há brasileiros, mexicanos, hondurenhos, argentinos, equatorianos, haitianos...(assim como existem europeuse estadunidenses saindo para países do Terceiro mundo em busca de melhores oportunidades. É algo totalmente natural. Mas, além da miséria, tem a opressão política, negar isso é burrice). A imigração é uma aspiração compreensível. Muitos cubanos que não conseguem obter o visto de entrada no consulado norte-americano em Havana tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos, da mesma maneira como outros latino-americanos - a diferença é que são apenas 180 quilômetros de distância por mar e a lei norte-americana incentiva as saídas ilegais, ao receber os cubanos que tocam o solo dos Estados Unidos, enquanto manda devolver aos países de origem os demais estrangeiros (os EUA seriam duramente criticados pelas demais nações do Primeiro Mundo se negassem asilo político para os cubanos fujões. Deportando-os, estaria condenando muitos a el paredón).

É claro que os problemas de Cuba não se limitam a esses citados, geralmente os mais alardeados. Há outros problemas econômicos e sociais, até mais graves, mas há também críticas ao sistema político: alega-se que não há democracia (e não há, o próprio Fidel reconhece), não há eleições livres (e não há), que a população é subjugada pelo Partido Comunista (e é, tanto que é o único partido legalizado), que não há liberdade de imprensa (só existe a imprensa oficial, as demais estão sujeitas à censura permanente), que o regime é policial (a exemplo da matriz, a URSS), os direitos humanos não são respeitados (condenação à morte ou à prisão por tribunais sumários não pode ser considerado respeito aos direitos humanos). Em Cuba, há uma resposta para cada contestação (todo e qualquer governo em qualquer lugar do mundo tem todas as repostas para qualquer contestação), embora se admita a necessidade de aperfeiçoar – mas não mudar (claro que não. Tanto que Fidel se afastou e deixou o irmão. Continuísmo sempre)- o sistema político. Essa é uma discussão inócua, se feita superficialmente ou para que um lado convença o outro (o que jamais acontecerá) (isso é fato, Fidel jamais se deixaria convencer a largar o osso). Os conceitos da democracia socialista, na visão marxista, não são os mesmos da democracia capitalista. Não pode haver democracia socialista em um país capitalista, e vice-versa. Logo, a contestação ao tipo de democracia que se pratica é a contestação à raiz do próprio sistema. Há, porém, um fato inegável: a maioria da população cubana aprova o sistema e o governo (e pobre daquele que disser que não aprova). Há indicadores confiáveis para demonstrar isso, entre os quais até uma pesquisa realizada por instituto norte-americano (respondida por cubanos que vivem em Cuba, sob o julgo do Partido. Chavez foi eleito com 90% dos votos, e daí?). Mas basta ir além das áreas turísticas e das conversas com os que cercam os estrangeiros nas proximidades dos hotéis para verificar pessoalmente isso (tem coisas que a gente não fala nem pra mãe, noleito de morte. Imagina se um cara que vive num estado policial vai confessar que não aprova o governo justamente para um estrangeiro que ele nunca viu na vida? Medo, meu amigo, puro medo. É óbvio que existem muitos cubanos que apóiam Fidel, assim como existem milhões de estrangeiros que acham que o governo cubano é maravilhosos, a diferença é que quem ta fora pode dizer isso, enquanto que o pobre cidadão cubano tem que se calar, caso discorde)). Não é que a população esteja plenamente satisfeita. Há reclamações, queixas (mas nunca contra Fidel). Situadas, porém, dentro do sistema (viu? Críticas que o sistema aceita, e aceita para inglês ver como os comuna são legais). Há uma consciência majoritária (efeito da propaganda oficial) de que os cubanos estão em melhor situação do que a maioria dos que vivem em outros países latino-americanos, inclusive no nosso. E que um retorno ao capitalismo causaria mais prejuízos do que vantagens (poderia até causar danos, é claro, mas só existiria uma maneira de saber para que não fiquemos no campo das suposições). Além do que ninguém pode achar que, em uma sociedade plenamente participativa como a cubana (fato que também se desconhece fora de Cuba (confesso que desconheço)), o povo não derrubaria o governo e o sistema se quisesse (foices contra AK-47 dificilmente se dariam bem). Ainda mais tendo ao lado os Estados Unidos, ansiosos por isso (de novo a teria da conspiração. Os EUA, nos últimos anos, não conseguiu derrubar Chavez e, para piorar, terminou fortalecendo o maluco venezuelano. Para a turma de Bush, é mais negócio esperar a morte de Fidel e pensar em como atacar o novo governo. Isso pode demorar 20 anos, e daí? Vinte anos na história não é nada. Volto a lembrar o fracasso da invasão da Baía dos Porcos. As tropas estadunidenses falharam e terminaram fortalecendo Fidel, ou seja, mais uma vez os EUA atiraram no próprio pé. Tentar dar um golpe em Cuba hoje seria de uma burrice absurda. Os mísseis atômicos não existem mais, Cuba não oferece qualquer risco ao poderio estadunidense, além do mais, as pressões internacionais seriam caríssimas para os ianques. O resto é vitimização de Cuba, como pregam Fidel e seus torcedores mundo afora). Um dado pouco levado em conta nas avaliações que são feitas fora de Cuba é que o sistema contou com uma ampla base de apoio social mesmo nos piores momentos da crise econômica, de 1992 a 1994, quando faltavam alimentos, veículos não circulavam e fábricas estavam fechadas porque não havia combustível, os apagões chegavam a oito ou dez horas por dia (como se organizar com polícia secretíssima, dedos-duros em todos os lados, associações, sindicatos, cooperativas controladas pelo Estado, ausência de partidos políticos, imprensa vigiada...?). Em Cuba não há miseráveis nem ricos (U$ 3 bilhões!). As pessoas se situam entre a pobreza com decência e a classe média "baixa", com alguns bolsões, mais recentemente, de classe média "média" (pouquíssimos que conseguem captar dólares). Como a opção é pela igualdade (brincadeirinha), ainda que menor (igualdade é igualdade. Menor é sinal de desigualdade) do que a que existia nos anos 80, o estilo de vida é modesto e austero (pobre! U$ 15/mês). A classe média brasileira, que vai a Cuba a passeio ou a trabalho, tem, é lógico, dificuldade em entender e aceitar isso. Compara o padrão de vida dos cubanos não ao padrão de vida da maioria dos brasileiros, mas ao seu padrão de classe média "média" e "alta". E rejeita o socialismo, independentemente de razões políticas, porque fatalmente perderia renda e nível de vida se o sistema fosse adotado no Brasil ( que memória fraca... A União Soviética quebrou. A China está partindo para o capitalismo vermelho. A Albânia não existe. A Coréia do Norte vive sob armas...).

Pode-se optar pelo capitalismo ou pelo socialismo, gostar ou não do sistema cubano. Mas não há como negar que nenhum país latino-americano (para nos restringirmos à nossa região) enfrenta uma crise econômica: 1 - com as proporções da enfrentada por Cuba (já ouviu falarem Haiti?); 2 - sob o bloqueio econômico que sofre Cuba (verdade) ; 3 - mostrando índices de recuperação econômica como os de Cuba (a economia mundial está em alta. Nessa semana saiu um relatório, não lembro exatamente de onde, dizendo que o mundo viverá uma época de riqueza jamais igualada na história); 4 - sem recorrer aos Estados Unidos e ao FMI (sorte deles. Se recorresem ao FMI perderiam até a roupa domingueira) e sem abdicar de sua soberania nacional (devo reconhecer que acho isso louvável) e do controle de sua economia (perdeu o padrinho soviético); 5 - sem provocar altos índices de desemprego e a exclusão e marginalização de parcela de sua população (tirando os empregos oficiais, a hotelaria e suas ramificações, que já não são lá grande coisa devido aos altos encargos, o resto é subemprego); 6 - sem que essa crise se transforme em crise política, com protestos de rua e instabilidade social (sob o tacão de Fidel e das AK-47); 7 - com o presidente da República mantendo e até aumentado sua popularidade (foi um herói e é bom de propaganda e tem pulso forte e armas letais). Cuba tem imensos problemas, mas seguramente não é o país em pior situação na América Latina (isso é fato. O desarmamento da população é um ponto favorável para a segurança). Economicamente, recupera-se. Socialmente, é equilibrado e estável (a duras penas. Pobreza constante também é estabilidade). Politicamente, tem um peso específico muito superior às suas reais dimensões (graças à simpatia, mas não à ajuda, internacional). E, apesar de suas fragilidades, não teme desagradar os Estados Unidos (já falamos sobre isso. Os gritos de Fidel soam como sussurros aos ouvidos de Bush. Já percebeu que muito raramente algum governante estadunidense dá-se ao trabalho de responder à gritaria castrista?) ao defender suas posições de princípio. Cuba está dando certo (não, meu caro, está estagnada na UTI), e por isso incomoda muita gente. Que então fala em casas precárias, ônibus lotados, crianças pedindo chicletes, prostitutas, emigrantes clandestinos...

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