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sexta-feira, setembro 29, 2006

Uma aluna na aula de órgãos reprodutores falou que a mãe tinha feito vagina abafadinha com tomate e bacon no almoço e estava deliciosa.


Vasqs


  • Errei nas previsões, Lula não compareceu. Desde Collor, que comandava disparado as pesquisas e recusou-se a comparecer, isso virou moda. Lula, na eleição passada, liderava com tranqüilidade, mas, para não dar margem aos adversários e com a possibilidade de firmar-se ainda mais na liderança, compareceu, não perdeu pontos e agradou. No dia seguinte pipocaram pesquisas dando conta de sua vitória segura.

    Dessa vez, todo enrolado por conta das burrices (eu falei primeiro e depois todo mundo também falou, o PT fez burrice, e das grandes) sabia que seria massacrado. Terminou sendo uma manobra de risco.

    Se comparecesse, seria o centro dos debates, o massacre seria direto e indireto, não teria tempo para explicar tudo o que tem a explicar, afinal, o tempo máximo para cada candidato era dois minutos por vez; se não comparecesse, como aconteceu, seria atacado na ausência, sem o direito ou a chance de se defender, mas pelo menos não teria seu rosto nas telas enquanto levava bordoadas. O próprio site ne notícias da Globo, o G1, reconheceu que os adversários foram prontos para "atacar Lula", palavras do próprio site. Os telejornais da emissora, entretanto, deram um tom mais de mágoa por terem se preparado tanto para terem o espetáculo estragado por uma das estrelas, de última hora.
    A meu ver, a Globo cometeu um favorecimento aos presentes a partir do momento que permitiu que os adversários lançassem perguntas a Lula, mesmo ele estando ausente. Agindo assim, a emissora permitiu a agressão, como no caso de Heloísa Helena, que gastou todo o tempo da pergunta fazendo agressões verbais e não teve tempo de perguntar.

    Não sou jornalista, mas como costumeiro e antigo leitor de jornais e revistas e assíduo telespectador de telejornais, acredito no jornalismo que dá a chance para que sejam ouvidos todos os lados de uma história. Alguém dirá que a chance foi dada a Lula, no que concordo, e ele que não a aproveitou, no que também concordo. Mas a emissora, magoada com sua ausência, ao permitir perguntas, que qualquer beócio sabia que seriam duras, deixou desarmado o candidato que responderia e cheio de puãs os que perguntavam. Não acho justo e não acharia, independentemente de quem fosse o ausente, antes que me acusem de estar defendendo Lula. O fato é que tais perguntas ficaram sem respostas, ou seja, apenas um lado da história foi apresentado.

    Caberia a Lula requerer direito de resposta, uma vez que teve seu nome citado dezenas de vezes? Não sei, que digam os advogados. Mas tendo esse direito, seria atendido? Não sei, que respondam os juristas.

    No mais, o debate foi à imagem e semelhança do ocorrido na Band. Trocas de amabilidades entre os candidatos, destoando de vez em quando com a virulência característica de HH contra o governo de FHC, como se Alckimin fosse responsável por isso. Imagino a vontade que o ex-governador paulista deve ter de dar uma resposta grosseira tentando ter sua imagem afastada definitivamente da do ex-presidente. Cristóvam, como sempre, batendo na mesma tecla e sendo evasivo em temas mais técnicos como energia e transporte. Alckimin com a idéia inicialmente inovadora do choque de gestão, sem, contudo, ter tido tempo para explicar melhor como isso seria feito. Heloísa Helena repetindo o discurso que Lula fazia até 1989, todos os números, estatísticas e quimeras na ponta da língua, sem, contudo, conseguir explicar a origem dos recursos para tanta transformação social em tão pouco tempo e esquecendo-se de algo primordial: ela não teria maioria no Congresso, por isso não teria garantias de que seus planos seriam aplicados. Se eleita, acredito eu, seria uma frustração muito maior do que foi Lula.

    Minha conclusão é de que Lula ganhou em não ter participado, mas pode ter perdido alguns pontos. Nenhuma pesquisa foi revelada hoje, pelo menos que eu saiba; Alckimin se mostrou mais bem articulado e navegou melhor pelos temas propostos; HH não foi nenhuma surpresa, mas pode ter ganhado algum ponto com o eleitorado; Cristóvam agrada aos mais intelectualizados, mas não deve ter despertado nenhuma simpatia a mais nos capitães de indústrias ou nos que querem pão antes da educação, sendo esse primeira necessidade para poder realizar a segunda.

quinta-feira, setembro 28, 2006

Amorim, Correio do Povo, RS


  • A imagem do Brasil já não é lá grande coisa no exterior e volta e meia a gente vê mais um brasileiro ajudando a piorar. Uma brasileira, Rozelane Driza, de 37 anos, que trabalhou de 2000 a 2004 como faxineira de um juiz em Londres, e que também teve um caso com ele, descobriu entre as coisas do magistrado uma fita de vídeo em que a autoridade aparecia cheirando cocaína. Depois descobriu que o juiz tinha um caso com outra juíza. Para mentes pútridas era um prato cheio para ganhar uma graninha extra. Ameaçou tornar públicos os dois fatos ou o juiz pagasse U$ 40 mil. Sifu! Foi condenada por chantagem e deverá pegar 5 anos de cana dura. Lá como aqui, as autoridades são apenas um pouquinho punidos. O juiz deverá receber uma reprimenda.

  • Lula vai ou não vai? Calma, amarelos e amarelas, estou me referindo ao debate.

  • Candidatos e seus amiguinhos... Lula está todo encalacrado por conta da burrice de um monte de gente do seu grupo. Agora sobrou mais um pouquinho pro Serra. Só um pouquinho, é verdade. A Procuradoria Eleitoral do Estado de São Paulo denunciou o uso de carros públicos num ato de apoio à candidatura do tucano no Clube Espéria, no dia 13. Prefeitos, vereadores e outras autoridades compareceram ao ato com seus carros chapa branca. Se esses caras estavam ali para dar apoio, imagina se estivessem para comprometer o candidato.

  • A milionária pagou U$ 20 milhões para passar uns dias na estação espacial. O próximo passo do turismo em órbita serão os passeio fora da nave, lógico que os passeantes civis não usarão os trajes Flash Gordon, mas o velho cordão umbilical, usado nos primeiros passeios desse tipo. O tempo do passeio? alguns minutos. O preço? US 430 mil. Quem pode, pode; quem não pode fica vendo tevê.

  • Adivinha quem são as quatro que estão dividindo a mesma cela na Penitenciária de Ribeirão Preto? Suzane von Richthofen, e as advogadas do PCC Maria Cristina de Souza Rachado, Valéria Dammous e Libânia Catarina Costa. Só gente boa! Até aí, nada de mais, mas, vem cá, se as advogadas trabalhavam para a mesma quadrilha é um ato inteligente deixá-las juntas? Por isso que dou risada cada vez que ouço falar na "inteligência da polícia". Intelig~encia e polícia não se misturam, meus amarelos...

  • Até Pitanguy reclama! Qando eu falo, dizem que é porque sou feio, quando Pitanguy fala, sai nos jornais. O cirurgião está achando um exagero o culto à beleza em detrimento do bom caráter e da inteligência, não que as duas coisas sejam antitéticas, mas o cultivo exagerado de um costuma deixar os demais em segundo plano. Nada contra a beleza e a vaidade, longe disso, mas o exagero... Dia desses vi um cartoon de uma velha pelada, bem pelancuda, até o xibiu estava em estado piriclitante, mas os peitos da velhinha estavam durinhos, lisos e empinados, como de uma adolescentes. A legenda dizia "o corpo envelhece, mas o plástico é quase eterno".

  • HO! HO! HO! A Cicarelli entrou na justiça para que fosse proibida a veiculação do vídeo dela brincando na praia. E a Justiça acatou o pedido. Quem veicular as imagens está sujeito a uma multa de R$ 250 mil. Tolinha, mal sabe ela que quem queria ver, já viu. Só escapou o público do Gugu e da Luciana Gimenez.


  • Atualização: Marquinhos de Ogum se deu mal! A previsão sobre a presença de Lula no debate falhou.

quarta-feira, setembro 27, 2006


Vasqs, A Charge On Line

  • Que nome se dá ao filhote da onça? Crionça.
  • Ué, FHC não era ateu?
  • Uma funcionária da Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos, SP, foi demitida por justa causa por fazer sexo no local de trabalho, a Justiça, porém, lhe deu ganho de causa. O juiz entendeu que a testemunha, um homem, havia caído em contradição, além de ter omitido o fato de ter transado com a moça. A meu ver, justíssima a decisão, afinal de contas nas prefeituras normalmente fodem com uma população inteira e nem por isso o prefeito perde o cargo.
  • Está acabando a propaganda política obrigatória no rádio e na televisão. Alívio! O problema é que rádio e televisão a gente pode desligar, mas como desligar os infernais carros de som e o falatório de tanto candidato imbecil que se espalha nas ruas enojando mais que ratos?
  • Vamos fazer um bolão? Lula vai ou não vai ao debate da Globo? Eu digo que vai. Ou ele se defende duma vez, ou os adversários saborearão seu fígado com palitinhos. Levando-se em conta o que aconteceu no debate da Band, quando Cristóvam, HH e Alckimin só faltaram trocar beijinhos, tal foi a rasgação de seda entre eles, Lula vai suar sangue amanhã (nenhum trocadilho com o fato dele ter-se comparado a Cristo, além do quê Jesus não suou, lacrimejou sangue).
  • A oposição diz que Lula deu um golpe de estelionatário para se eleger; Lula diz que a oposição prepara um golpe contra ele. Esses caras deveriam fazer artes marciais. Vão dar golpes assim na China! Pensando bem, políticos no Brasil vivem mesmo de golpes...
  • Ho! Ho! Ho! Cristóvam diz que Lula manipula eleitorado para vencer no primeiro turno. Que menininho tolinho esse Cristóvam, Papai do Céu... Não é exatamente o que todos os candidatos fazem: tentar manipular o eleitorado?
  • Essa é boa! Transcrevo na íntegra o que saiu na Isto é: " Pizza Neloísa Helena se orgulha de ter o italiano Achille Lolo como um dos ideólogos do PSOL. O que poucos sabem é que a Itália exige sua extradição. Em 1973, militante da extrema esquerda, ele jogou gasolina no apartamento onde um adversário político dormia com seus seis filhos. Cremou dois, de 8 e 14 anos. O STF já negou sua extradição. Mas a Justiça italiana declarou inválida a prescrição do crime". Já não bastam os bandidos que temos, ainda estamos importando infanticidas para assessorar candidata a presidente?
  • A OAB, sabidamente um recanto tucano, já fala em rediscutir o impeachment de Lula. Lembram que eu falei em seis meses, caso Lula se reeleja? Marquinhos de Ogum é terrível!

terça-feira, setembro 26, 2006


Bira, A Charge on Line

Promessas

Do alto do púlpito o homem público lança mentiras. Embaixo, boquiaberto, o povo nada entende, concorda e faz burrice no botãozinho da urna desejada.

Que não me venham com enganações repetidas de outros anos. Que mintam novo. Que prometam o nunca prometido.

Se é para não cumprir, pelo menos que não se cumpra o mais caro e mais desejado.

  • E pensar que escrevi isso há doze anos...
  • Quem abriu a caixa de comentários de ontem, não se assuste com a nota assinada pela Luma. Eu a conheço já algum tempo, o suficiente para saber que ela seria incapaz de uma baixaria daquelas. Algum recalcado que não consegue credibilidade ou atenção com suas próprias palavras, dá-se ao trabalho de tentar ofender duas pessoas de uma só vez, a mim, com as palavras postadas, e a Luma, tentando fazer-se passar por ela. A mal talhada figura já andou fazendo o mesmo em outros blogs e, se por acaso, você também for vítima, não se preocupe, é coisa de quem tem mãe na zona (embora nenhma puta mereça ter um filho assim). Eu fui checar no Extreme Tracking e descobri que o dito cujo não tem IP no Brasil, mas nos Estados Unidos. E nem estou afim de saber quem seja. Que empanturre-se com sua alfafa.

domingo, setembro 24, 2006


Lute, Hoje em Dia, MG

Ética? Já ouvi Falar

Me envergonho cada vez que falo isso, mas não é negando a verdade que ela vai mudar: o brasileiro é desonesto.

Ao desembarcarem no Brasil os portugueses enviaram uma carta ao seu rei contando as novidades. Pero Vaz de Caminha, o escrivão, aproveitando a oportunidade, crente que o rei ficaria tão efusivamente feliz que atenderia a qualquer pedido seu ou do capitão, pediu um emprego para o genro. Era o primeiro pistolão brasileiro.

Alguns anos depois o presidente da Capitania de Porto Seguro pedia verbas para construir um quebra-mar na costa da capitania. As ondas eram bravias e dificultavam o aporte e danificavam os navios. O rei, que não conhecia a região, na sua ignorância, liberou a grana. O que ninguém havia falado ao monarca é que o litoral baiano tem um arrecife natural - em Porto Seguro esse arrecife se prolonga desde antes de Trancoso até depois de Santa Cruz Cabrália - facilitando a navegação na área, com verdadeiras calmarias constantes. Estava instituído o desvio de verbas públicas.

A prática política brasileira não mellhorou nesses 506 anos.

Não se ofendam, cariocas, mas no Rio de Janeiro foi instituído o jeitinho brasileiro. Sendo a capital da Corte, depois capital da República, o povo, principalmente os mais próximos do poder, acostumou-se a levar vantagem, a conseguir a ascensão pela troca de favores em detrimento do mérito. Derrubada a monarquia, só teve direito a voto quem tinha posses, abrindo-se brechas aqui e ali para pequenos comerciantes que tinham amigos entre os caciques políticos. Era a compra do voto legalizada. Esse jeitinho ficou arraigado à cultura e à hereditariedade, gerando o sabe de quem eu sou filho?. E ainda vemos, na segunda metade da primeira década do século 21, muita gente usando a carteirada e tentando ganhar no grito, "as leis são para os outros, não pra mim", pensam muitos.

Se essa prática era boa para a capital federal, por que não poderia ser empregada nos estados? Era o coronelismo sendo aceito com a aquiescência do governo central, desde que não se contrariassem os interesses do presidente e de seus amigos.

Para aquietar os ânimos dos intelectuais que, por sua vez, insuflavam o populacho, reivindicavam o direito ao voto, afinal eram sujeitos letrados, cultos, com seus diplomas universitários franceses, ingleses ou baianos, uma constituição foi feita dando o direito universal ao voto. Só que o universo se resumia aos homens alfabetizados. Mulheres e analfabetos, ou mesmo alfabetizados da zona rural, não tinham direito a opinar.

Os intelectuais, entre suas estantes, estavam satisfeitos. Os endinheirados, sem querer largar o osso, ensinavam os analfabetos a assinarem seus nomes, retiravam títulos eleitorais para eles e, no dia da eleição, preenchiam as cédulas a seu bel-prazer. Criava-se a modalidade do voto de cabresto.

Ai daqueles coitados que achavam que tinham vontade própria e votavam com sua consciência, independentes dos patrões ou dos caciques políticos. Eram perseguidos, demitidos, presos, endividados e até coisas piores. Criava-se a polícia ideológica à moda brasileira. Ainda muito exercida e até em grande escala, como o faz Diogo Mainardi nas folhas da Veja e no Manhatan Conection.

Ulisses Guimarães, no afã de libertar-se dos ranços da ditadura militar, todo feliz e orgulhosso, apresentou a tal Constituição Cidadã, dando direito de voto aos analfabetos.


O que fizeram os donos da grana? Davam camisetas, cestas básicas, botas de látex, sacos de farinha, qualquer coisa em troca da promessa de votos. Tinham fazenda ou empresa em uma cidade e um filho, irmão, genro, testa-de-ferro, candidato na cidade vizinha. Transferiam os títulos dos empregados e, no dia da eleição, os levavam de ônibus ou pau-de-arara para votarem na cidade do parente. Ah! Mas a lei proíbe isso! A lei? A lei é para os outros, não para mim e para os meus. José Sarney, por exemplo, transferiu seu título para o Amapá poucos meses antes das eleições, se fez senador pelo Amapá e ninguém apelou para a lei tentando proibir sua tentativa de criar uma segunda oligarquia Marimbondos de Fogo.

FHC comprou parlamentares para que fosse instituída a reeleição em cargos executivos. Hoje, FHC e sua turma querem acabar com a reeleição. Ela já não serve mais para seus interesses ornitológicos, a não ser que Alckimin consiga a presidência daqui a uma semana.

Titulares de cargos executivos podem se reeleger uma vez, mas os homens que fazem as leis podem se reeleger ad eternum.

Quem detém cargo executivo tem que abandoná-lo caso queira se candidatar a cargo no legislativo; quem detém mandato legislativo não precisa se desincompatibilizar e caso derrotado em outro pleito, pode voltar às suas funções legislativas, como HH e Cristóvam, por exemplo.

As lei são aprovadas ou não, independentemente dos interesses e vontades da população, os representados pelos legisladores, segundo a lenda, mas pelos interesses pessoais ou corporativos desses legisladores. A população é um detalhe no processo.

E o povão, mesmo aqueles que conhecem as falcatruas dos seus candidatos, continua votando neles desde que lhe ofereçam um cargo, uma camiseta, um saco de cimento, uma colocação para o filho incompetente e pouco letrado...

Podemos e devemos reclamar dos maus políticos, mas só o fazemos contra os políticos que ferem nossos próprios interesses. A coletividade não existe.

O brasileiro é desonesto e se ofende quando alguém descobre isso. O culpado é sempre o outro.

Nos anos FHC a Organização dos Estados Americanos publicou um estudo que concluía que a corrupção é endêmica no Brasil. O governo federal se disse ofendido, o Jornais Nacionais da vida se disseram ofendidos pelos brasileiros e tudo ficou como dantes no Reino de Abrantes.


  • Esse post é minha colaboração para o post coletivo proposto pela Laura. Visite o blog dela e veja todos aqueles que participaram e, querendo, participe também. É bom ver diversas opiniões sobre tema tão importante.

sábado, setembro 23, 2006


É no ar que escrevo teu nome, poesia destilada. E o vento, indiferente, não deixa nada, nem teu A.
Pinto de rosa as calçadas que piso à tua caça. São tantos os sapatos depois de mim que o róseo some.
Falo às paredes em ensaio noturno e constante o que quero que saibas. O cimento morto não ama, não sabe o que é tudo o que digo.
As estrelas nunca mais caíram para ouvir meus pedidos. Nem olhas o céu a busca de meus olhos tão fixos.
O que se passa nos teus dias que não sei, mas sinto? Não dizes mais nem me contas os segredos da tua alma.
Turbilhão de horas gira os ponteiros, inquietos, nada muda. Não sei o que e nem pergunto, apenas espero sem me afastar.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Bira, Charge on Line

Lila, Jornal da Paraíba, PB

  • A Charge do Bira fala exatamente o mesmo que eu falei no post de ontem: o crime dos malucos-burros do PT é grave e merece apuração profunda e punição (o que é raríssimo, convenhamos), mas pouca gente está falando sobre o envolvimento ou não de Serra e Alckimin com os sanguessugas. Como mostra o link enviado pela Louise e publicada por mim há alguns dias, o esquema dos sanguessugas começou quando Serra era ministro da saúde. Isso será ou não apurado? Creio que não, a imprensa e a Justiça já jogaram um tapete em cima, pelo que tudo indica.

  • Por falar nisso, o senador Sérgio Guerra, do PSDB-PE, coordenador de campanha de Alckimin, respondendo a Lula, afirmou que o dossiê beneficiaria à campanha de Lula. Dúbia declaração do senador. Se interessaria a Lula, provavelmente é porque teria fatos que realmente ligariam Serra e Alckimin aos sanguessugas. Não sei vocês, mas se eu tivesse R$ 1,7 milhão, compraria esse dossiê. Não para usar contraquem quer que fosse, mas porque já estou curiosíssimo sobre seu conteúdo. Está parecendo os dossiês de ACM, sempre se ouviu falar, mas nunca alguém viu.

  • Mudando de pau pra cavaco. O governo estadunidense divulgou que esse ano não haverá sorteio de green-card para brasileiros. A justificativa é que mais de 50 mil brasileiros imigraram para os Estados unidos nos últimos cinco anos, o que excluiria o país da loteria. Alô! Ainda tem alguém aí em Governador Valadares?

  • Tá, o mundo inteiro sabe que Bush é doido, tem Q.I. de ameba débil mental e tudo o mais, mas Chavez é o crítico ideal? E ainda tem um caralhau de brasileiros batendo palmas para esse maluco dançar. Essa nossa América Latina... Tem jeito não.

  • Qual é o motivo da greve dos funcionários do INSS dessa vez? Alguém sabe me dizer? Ou melhor, eles, os securitários, sabem? Acho que não, é apenas para continuarem se exercitando.

  • Pombas! Todo mundo já viu a Ciccareli trepando na praia, menos eu?

  • Eu nuca direi "quando a gente pensa que já viu tudo...". Tem maluco para nos surpreender a cada dia, a surpresa já virou rotina e a indignação está ficando petrificada. Uma senhora prendeu a filha de doze anos em um guarda-roupas por quatro meses, em Alagoas. Quatro meses! Qual a justificativa da mãe? Proteger a menina do irmão mais velho, de dezessete anos, que sofre de doenças mentais. Não seria menos absurdo, mas não seria mais inteligível se ela prendesse o rapaz? Cada doido!


quarta-feira, setembro 20, 2006

Clauro, O Imparcial, SP

  • Tem que ser muito burro! É burrice demais! Como é que pode, a eleição praticamente ganha e os calhordas resolvem fazer uma cagada sem tamanho como essa? É burrice pra duas tropas inteiras!

  • Política no Brasil é um lixo, mas que é divertida, lá isso é. Não tem tédio, cada dia uma novidade.

  • Há anos eu já comentava com amigos: o dia em que o PT assumisse o poder, ele implodiria. Era um saco cheio de ideologias de todas as cores, tendo em comum apenas a auto-denominação de esquerdistas. MR-8, Libelu, Luta Operária, leninistas, trotskistas, stalinistas, maoístas, socialistas morenos (invenção do Brizola), todos querendo a mesma coisa: o poder. Vitoriosos, se digladiariam, sangrando um por um.
HH sartô de banda e levou outros mais esquerdistas que o próprio Marx e mais outros que sabiam que não teriam chances como baixo clero do PT, em busca de um Sol para si, criaram seu próprio Sol, o PSOL. Outros, sem querer largar o osso, destruíram o partido criado em nome da ética e da honestidade.

Amparados na boa imagem que o partido conquistava junto à opinião pública, passaram a fazer negociatas com a facilidade de estarem pongados no Palácio do Planalto. Destruíram o partido e estão prestes a destruir o presidente.

  • E a pergunta que a cortina de fumaça não permite que seja respondida: afinal, Serra e Alckimin têm ou não têm seus respectivos rabos de tucano presos com os sanguessugas? Tanto barulho em torno de Freud Godoy e seus asseclas desviam a atenção para esta denúncia, tão ou mais grave que os dossiês espúrios.
  • Momento Mãe Diná de famigerada previsão: se Lula for eleito, em seis meses a oposição preparará sua retirada forçada do Palácio do Planalto. Espero estar errado, mas, escrevam aí nas suas agendas e me cobrem em junho de 2007. A seu, da oposição, favor estão as projeções de que Lula não terá maioria no Congresso. Caminho limpo para os tucanos e as hienas darem um golpe branco.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Benett, Diário dos Campos, PR

  • Dona Cecília está muito bem. O socorro rápido foi crucial para salvar sua vida. Agora são necessários a medicação e sessenta dias de repouso.

  • A segurança pública, que parecia ser o calcanhar de Aquiles na campanha de Alckimin, foi muito bem encarada por ele no programa eleitoral da última sexta-feira. Falaciosas ou não, suas explicações foram muito claras e deixaram uma boa impressão. O simples fato de ele não deixar de tocar no assunto já é louvável.

  • Só no Brasil mesmo, pais onde as leis são feitas por bandidos para deixarem bandidos à vontade. O tal Vedoin, réu confesso, marginal da alta roda, encontrava-se em liberdade, flanando de um lado para o outro, com todos os seus milhões arrebanhados de maneira ilícita, ainda à sua disposição e fazendo negociatas nas barbas de todo mundo. Tranqüilo como quem sabe que não será punido, vendia dossiês contra Serra e Alckimin (me fez até lembrar as chantagens que ACM gosta de fazer a seus adversários dizendo que tem dossiês contra eles). Flagrado com R$ 1,7 milhão destinado para a compra do dossiê, outro marginal deu nomes aos bois e envolve um assessor direto do presidente da república.
Como eterno desconfiado do que rola na política brasileira, não engulo facilmente o que sai na imprensa, afinal de contas, repórteres não são detetives e publicam o que os assessores de imprensa dizem. Estaria realmente o presidente envolvido nessa negociata ou o Vedoin e sua gang prepararam uma armadilha? O tal Freud, secretário de Lula, foi muito firme em sua entrevista, afastando-se do cargo, oferecendo seu sigilo telefônico, colocando-se à disposição da Polícia Federal. Mas isso não é sinônimo de inocência, talvez de inteligência. Partindo para o ataque faz-se mais crível.

A Louise me mandou esse link. Isso só confirma o que qualquer cidadão mais ou menos informado sabe que ocorre no Brasil a 506 anos. Todos os fornecedores dos governos federal, estaduais ou municipais, são eternos suspeitos. O problema é que para Serra e Alckimin a coisa fica mais difícil que para Lula e o PT. Se o presidente e/ou seu partido estavam comprando o dossiê, o que pode se configurar crime, o fato de Serra e Alckimin poderem estar envolvidos com a máfia das ambulâncias seria um crime muito mais grave. Daí uma segunda alternativa: Vedoin e seus asseclas poderiam estar fazendo jogo duplo, incriminam o presidente e o PT por um lado, por outro deixam Alckimin e Serra numa situação suspeita e delicada, tendo muito o que explicar nessas duas últimas semanas antes das eleições.

A terceira hipótese que me vem à mente é a possibilidade de que somente o PT do Mato Grosso esteja envolvido, esperando lucros futuros resolveu ajudar Mercadante sujando Serra. Vedoin, pouco se importando com política, quer é grana, seja de onde vier, limpa ou não (de preferência não). Serra e Alckimin podem ser culpados ou inocentes e isso pouco se lhe dá. No fundo eu acho que jamais saberemos a verdadeira verdade. A coisa está sendo tratada em patamares que nós, simples palhaços pagadores de impostos, jamais saberemos. Punição para alguém? Somente para os pés-rapados. Serra, Lula, Alckimin e todos os demais caciques sairão arranhados, mas somente escoriações leves. Continuarão suas vidas de cacique como se nada tivesse acontecido.

  • Em 1997 foi assassinado o radialista Ronaldo Santana, aqui em Eunápolis. O assassino foi preso, mas o mandante nunca. O primeiro nome suspeito foi do então prefeito, Paulo Dapé, amiguinho de ACM e sua gang. Durante muito tempo Dapé ficou pongado nos bagos do dono da Bahia e sequer foi ouvido pela Justiça. Hoje está rompido com o cacique e seu netinho do cabeção, a semente da maldade que está crescendo mais do que desejariam os homens de bem. Nesse final de semana a troupe governista esteve por aqui fazendo campanha. Netinho do Cão, em reunião privada na casa de um puxa, empresário local, falou ofídios e calangos contra o ex-aliado, falou que teria argumentos para fuder (sic) Paulo Dapé. Coincidentemente ou não, imediatamente começou-se a falar novamente do envolvimento de Dapé no assassinato do radialista. É assim que se faz a justiça nessas terras de Pindorama, entenderam, tolinhos? Quem se interessar pelas notícia pode dar uma olhadinha nessa coluna de um jornalista locar. Atente para a primeira e para a sétima notas e vejam se não dá o que pensar.

domingo, setembro 17, 2006


Coisas da Roça

Certas coisas saem bem melhor quando de supetão do que quando programadas. Aliás, quase sempre, em se tratando de programas de lazer, o improviso é mais proveitoso e prazeroso que o planejamento.

Ontem, às cinco da madrugada, um amigo me acorda com um telefonema. Estava indo para sua fazenda vacinar o gado contra aftosa e me convidava para ir junto. Passada a irritação inicial por ter sido acordado àquela hora, ainda mais depois de uma noite de sexta-feira de muita cerveja, cedi. Gosto do bucolismo, do ambiente silencioso das fazendas. Não iria mais conseguir dormir mesmo.

Depois de 40 minutos por estradas de terra, chegamos na fazenda por volta das sete horas. Não é uma roça, mas uma fazenda de verdade. Cinqüenta alqueires de pastos, florestas, rios, reprezas e vaca à beça.

Fomos recebido por seu Alcides e sua esposa, dona Cecília, casados há 51 anos. Um casal muito simpático e cheio de prestezas. Na mesa um café da manhã como aqueles que a gente vê nas novelas de época. Broa de milho, tapioca, suco de abacaxi, coalhada, requeijão, café,biscoitos e sabe-se lá quantas calorias mais. Enquanto comíamos seu Alcides dava as notícas dos últimos trabalhos para o patrão. Os vaqueiros descarregavam a caminhonete que ia cheia de rolos de arame farpado, grampos, ferramentas, um isopor com as seringas e os frascos de vacina.

Dia de vacinação está para fazendas assim como bater laje está para a construção civil. Os vizinhos aparecem para fazerem os trabalhos em mutirão. Muita comida antes de começarem a tarefa estafante, depois cada um assume seu posto e mãos à obra.

O curral é dividido em quatro pequenos cercados. No maior fica o gado que será vacinado, no segundo as vacas são colocadas aos poucos. Dali seguem por um corredor estreito por onde só conseguem passar em fila indiana. Na extremidade final uma pequena porteira de correr, na na entrada do corredor por onde entra um vaqueiro passa um pau para que não consigam recuar. São colocados de seis a nove reses por vez no corredor. O vacinador vem da primeira à última aplicando o medicamento.

Todos vacinados, um vaqueiro abre a cancela e os animais passam para o terceiro curral. Enquanto os vacinados são retirados o pau do final do corredor é retirado e outra leva segue pelo corredor e isso se sucede até que o último bovino seja medicado.

No quarto curral são colocados os filhortes menores. É uma maneira de evitar que sejam pisoteados pelos maiores. Terminada a primeira leva de vacinação, todo o gado é tangido para um dos pastos e os vaqueiros trazem as boiada seguinte.

Enquanto os vaqueiros trabalhavam, sentados a uns vinte metros do curral, sob uma árvore, eu e o fazendeiro conversávamos e anotávamos o total de animais vacinados. A distância é para não atrapalharmos o trânsito da boiada. Acostumada a ficar livre no pasto, a manada fica arisca e, se nos colocarmos numa posição próxima às longarinas do curral, podemos impedir o trabalho dos vaqueiros, mesmo que fiquemos quietos e calados. Basta a primeira vaca nos ver, evita seguir por aquele caminho e as que estão atrás a seguem.

Olhando aqueles desfile dos bichos, entendi porque surgiu a história de contar carneirinhos para dormir. Dá sono ver passar uma a uma tantas vacas. Por volta das nove horas fez-se um intervalo. Haviam sido vacinadas por volta de 400 vacas. É muito bicho! Os vaqueiros tangiam as vacas vacinadas para o pasto, enquanto outros quatro vaqueiros iam para o pasto mais distante trazer a manada de lá.

Eu e o patrão tomávamos um cafezinho enquanto esperávamos e já sentíamos o cheirinho da feijoada que dona Cecília praparava no fogão a lenha. Cheirinho bom de roça.

Seu Alcides merece comentários especiais. É um negro muito forte, a despeito de sua idade incerta que ele diz ser sessenta e oito, mas, desconfiam os que o conhecem, que já deva passar dos oitenta. Entroncado, a pele muito escura e os cabelos branquinhos, uma voz grossa de barítono, nos delicia com seus causos no dialeto que é preciso muita prática do ouvinte para entender todas as palavras e seus significados.

Já monta pouco sentindo o peso dos anos, mas da varanda consegue administrar todos os trabalhos da fazenda e é respeitado e admirado pelos comandados. Sabe exatamente quantas vacas têm, onde está cada uma, quantas estão paridas e quantas estão prenhas, quanto cada uma engordou desde a última pesagem e consegue determinar o peso de cada animal com uma simples passada de olhos. Está com catarata e isso o chateia. Não consegue mais abrir um coco com uma terçadada só, a vista o engana e a lâmina sempre acerta fora do lugar que projetava. Eu vi tristeza real naqueles olhos quando me contou isso.

Com o almoço já adiantado, dona Cecília nos deixou à vontade em sua casa. Iria na roça de cacau catar algumas amêndoas que já estavam no ponto. Vestia uma calça comprida por baixo da saia, um chapéu de palha com abras muito largas por sobre o lenço e botas de cano alto. Na roça de cacau a presença de cobras é muito comum, tinha de se precaver.

Ficamos por ali, eu perguntando das coisas, seu Alcides me contando os causos e o patrão traduzindo para que eu entendesse.

A leste já víamos a Serra do Mar e seus incontáveis picos de pedra cinza. Dezenas de pastos bem divididos por cercas, bolsões de floresta, os boqueirões nos quais sempre havia um riacho ou uma represa. A água que corre nos canos da casa vem de uma fonte de água mineral que mina a novecentos metros de altura e desce por gravidade até a sede da fazenda. Toma-se água diretamente da torneira sem correr o risco de doença. Pela primeira vez na vida tomei banho de água mineral.

Proseávamos na varanda e seu Alcides pedia desculpas por não olhar para nós enquanto conversávamos, estava assuntando a vinda da boiada que surgia num morro lá longe. Seus olhos treinados, embora já não tão bons, viam as vacas que se distanciavam do rebanho, percebiam o vaqueiro mais violento que tratava os bichos com força desnecessária, adivinhavam quantos animais haviam na tropa. Não perdia um detalhe. Ouvíamos um ou outro aboio que se tornavam mais perceptíveis conforme o grupo de animais e homens se aproximava. O barulho do tropel também se fazia mais audível. Era um trovão baixo e prolongado. Bonito de se ouvir.

O gado era encurralado, cada vaqueiro assumia seu posto e recomeçava a labuta de dividir em grupos, colocar no corredor, vacinas, confinar no quarto curral, eu e o fazendeiro contando. Eu anotando, seis em seis, sete em sete, cada grupinho vacinado.

Para mim uma beleza de ver, para aqueles homens apenas rotina.

De repente seu gabino, um dos vaqueiros, dono de uma pequena fazenda vizinha que estava ali apenas pelo prazer de ajudar, pediu silêncio. O povo da roça é educado, mas não é delicado como nós, urbanos, tentamos ser quando estamos entre amigos. Para eles o que existe é seriedade. Quando um fala os demais escutam, mesmo que não concordem. Discutem seus pontos de vista aos gritos, mas cada um por vez. E quando alguém tem razão, não se discute, cumpre-se. Seu Gabino, por volta de sessenta anos, o mais velho entre os que tropevam e vacinavam, é querido e respeitado por todos. Para os demais não é apenas Gabino, mas seu Gabino, o que mostra uma deferência inquestionável por parte dos demais. Do nada, ele gritou "silêncio! Pára o barulho! Cala a boca!". E todos respeitaram. Não sabiam o que acontecia, mas sabiam que era algo sério.

Com todos em silêncio, apenas um mugido ou outro no ar, odas as atenções voltadas para seu Gabino, ele se vira de frente para o boqueirão onde ficava a roça de cacau, escondida entre pedaços da Mata Atlântica,e aí todos pudemos ouvir, longe, baixinho, seguido de ecos cansados, o grito de uma mulher. Eu não entendi o que ela gritava, mas seu Alcides, lá da varanda falou enquanto descia os degraus quase correndo, "é a Cecília". Como seu Gabino ouvira os gritos de dona Cecília não sei, ainda mais que ele estava no meio da barulheira de tropel e aboios.

Seu Alcides corria para o cavalo que seu neto, Luciano, havia deixado amarrado na mesma árvore sob a qual eu e o fazendeiros nos escontrávamos sentados. Os vaqueiros montados abandonavam a tropa e disparavam em direção aos cacaueiros, Luciano, a pé corria pelo pasto, O patrão corria para a caminhonete e eu, ainda atônito, sem perceber o que se passava direito, apenas adivinhava a seriedade do que se passava, sem ter a mínima idéia do que fosse. Corri atrá do Luciano. Éramos uns doze homens correndo a pé, montados ou de carro para um mesmo ponto, que eu não sabia onde era, apenas seguia os outros.

Morro abaixo e já vendo o morro acima que teria que escalar, quase me arrependo de ter me deixado seguir a vontade. Nessas horas que a gente se arrepende de ser um citadino ocioso. O patrão desistira de seguir. O capinzal molhado pela chuva da noite anterior deslizava, o terreno irregular o fazia sacudir. Adivinhando um acidente, preferiu parar no meio do morro e esperar as notícias. Eu ainda corria tentando acompanhar o Luciano, moleque de uns dezesseis anos, leve e cheio de saúde, que já havia se distanciado uns duzentos metros à frente. Agora eu já entendia o que dona Cecília dizia: "Alcides! Povo! Me socorre!".

Quando me juntei aos outros, meio palmo de língua pendurado para fora, eles cercavam dona Cecília. Seu Gabino, ajoelhado, havia rasgado a perna da calça comprida de dona Cecília, eu via o sangue, muito sangue, e ela apontava para os outros "tá ali". Seu Alcides era contido pelos outros, quase aos prantos, sua pele negra mostrava-se quase branca, os olhos vermelhos e arregalados. Me aproximando mais, vi os dois furos na perna da dona Cecília de onde saía sangue em abudância, ela havia sido picada por uma cobra, eu adivinhava. Ela dizia que fora "ofendia" pela bicha.Um dos vaqueiros chegava com a jararaca numa das mãos e a cabeça na outra. Dona Cecília havia matado a cobra som o podão.

Vendo o pânico e o panavueiro que se formava, vi a necessidade de colocar alguma ordem. A humildade dos homens da roça os faz aceitarem palavras sensatas de homens letrados, como eles mesmos dizem. Sabendo da necessidade de atendimento rápido no caso de picadura de cobra e que ali não havia soro anti-ofídico porque esse tem que ser mantido sob refrigeração e que ali não havia qualquer tipo de refrigerador, falei para pegarem-na no colo e levá-la para o carro que estava parado no meio do morro. Dona Cecília, forte como todas as mulheres do campo, disse que não precisava, iria montada. Um dos rapazes lhe ofereceu o cavalo. Ela mondou com nossa ajuda e pô-se a galope, os demais em corte. Enquanto subia o morro, retirei o celular do bolso, na esperança que houvesse sinal de linha. Nenhum.

Seu Gabino falou "lá de cima pega", vendo meu desapontamento. Meu ritmo de subida era lento, cansado. Um dos rapazes voltava. Parou perto de mim, me deu o cavalo e disse que o patrão estava esperando por mim, que eu fosse rápido. Não sou bom cavaleiro, pelo contrário, morro de medo de cair de uma cela, desde que vi um garoto de onze anos cair e ser pisoteado na cabeça pelo cavalo que montava, morrendo imediatamente. Isso aconteceu há uns dez anos, pouco tempo depois de eu ter chegado aqui em Eunápolis. Mas não era hora de ter medo. O cavalo era bem treinado e eu segui um antigo conselho que me deram: seja firme e mostre para o cavalo que quem manda é você.

Enfiei os calcanhares na ilharga do animal, soltei as regras e galopei o quanto me achava capaz de fazer. Nada mal. Cheguei rapidinho ao carro. Dona Alice já se encontrava sentada na cadeira do carona. O patrão mantinha o motor ligado, já manobrado com a frente voltada para o alto do morro. Apeei e me joguei sobre a carroceria. O carro caminhava escorregando, os cavaleiros e os a pé atrás, prontos para darem algum auxílio.

Atingimos a estrada de terra e vi seu Gabino desgarrar do grupo e acelerar o cavalo pelo pasto, paralelamente à nossa rota. No alto do morro o celular deu sinal de vida. Liguei para o serviço de emergência. Por sorte o médico de plantão é um amigo, quase vizinho e primo do fazendeiro. Expliquei para ele o que acontecera, que ele nos mandasse socorro. Ele me perguntou "ela já está lá em cima?", entendi que ele deveria se referir à estrada principal, justamente para onde nos dirigíamos. Eu confirmei. Me perguntou qual a espécie da cobra, eu disse jararaca. Tem certeza? Eu disse que não, não conheço cobras, mas seu Alcídes dissera que sim. Ótimo, se seu Alcides falou, então é jararaca. Mandaria o soro certo.

O serviço de ambulância não costuma atender na zona rural, ainda mais num local a mais de quarenta quilômetros da sede, onde se chega só por estradas de terra mal conservadas. Sei que estava usando dos privilégios da amizade, minha e do fazendeiro, pelo médico nosso amigo, mas a causa era justíssima, sem falar que não acho que esse tipo de diferenciação de cidadãos, se da roça ou da cidade, deveria existir.

Estávamos indo para a fazenda de Gabino, entendi por que ele galopava tão rápido enquanto subíamos o morro. Ao chegarmos, o sangue da perna de dona Cecília estancara, não havia mais nada que pudéssemos fazer a não ser esperar a ambulância que não demorou muito. Uns trinta minutos, mais ou menos, desde a hora em que eu telefonara.

Nosso amigo médico, na calma que só os médicos têm nessa hora, nos cumprimentou rapidamente, deitou dona Cecília na maca, aplicou o soro e fez a primeira assepsia do ferimento ali mesmo. Não houve perda de tempo. Saíram imediatamente, sirenes ligadas, não sei pra que, na roça não há trânsito para atrapalhar.

Pegamos o carro para voltarmos para dar as notícias para seu Alcides, seu Gabino montou e nos seguiu.

Impressionante o estoicismo daqueles homens. Estavam todos de volta à labuta, menos seu Alcídes, tristinho, sentado na varanda, de olho na estrada esperando que trouxéssemos boas notícias.

Tivemos que contar o socorro que dona Cecília recebera uma vez, e outra e outra. Ele nos pedia detalhes, se ela estava bem, se ela ia morrer, e rezava, e dava graças a Deus por os amigos estarem ali para ajudar, e pedia a Deus que abençoasse o médico, e rezava, e nos agradecia... Via-se o alívio, embora a preocupação, em seu rosto.

Seu Alcides não gosta da cidade, passa anos sem vir. Sabendo que o patrão daria todo suporte, que o médico que trataria dela é seu velho amigo, que ela estaria bem assistida, preferiu ficar na roça, não quis vir conosco. Ficaria ali apegado à sua imagem de São Jorge, pedindo pela esposa.

Na hora do almoço tivemos que repetir todo o acontecido desde a hora da ambulância, deixávamos seu Gabino contar os detalhes, ele se comunicava melhor com aqueles homens e contavam com sua confiança. Se seu Gabino falou, ninguém duvidava, já não tenho tanta certeza se confiariam na minha palavra ou na do fazendeiro.

Alguém propôs uma oração e todos rezaram pela saúde de dona Cecília. E comeram a se fartar. Seu Alcides não conseguia comer. Apenas tomava água. Não adiantou eu insistir para que se alimentasse. Percebi que não era uma questão de desejo, apenas não conseguiria.

Depois de comer, sem a mulher em casa, seu Alcides pôs-se a fazer as tarefas que cabiam a ela no dia a dia. Recolher a mesa, lavar a louça e eu o ajudava. Os demais se espalhavam pelo curral, pela varanda, sob as árvores, descansavam para voltar à vacinação.

O resto do dia foi de trabalho em silência, só se falava o necessário, os aboios eram mais tristes que o usual. Por mais que goste de fazenda, já me achava entediado com tanta vaca. Os trabalhos acabaram por volta das 18 horas. Recolhem-se as tralhas, as despedidas, os agradecimentos do patrão pelos vaqueiros que vieram de outras fazendas para ajudar, os votos de melhoras para dona Cecília, as despedidas sinceras. E viemos embora.

Cheguei em casa cansado, sujo, mas feliz. Foi um daqueles sábados cheio de novas experiências, muito aprendizado e um carinho a mais por aquele povo que trabalha todos os dias, que é amigo dos amigos, que é sentimental sem pieguice.

quinta-feira, setembro 14, 2006

M. Aurélio, Zero Hora, RS

  • Peraí! Os peritos do INSS estão em greve para pedir segurança contra as agressões sofridas por alguns deles? É muita senvergonhice! Se eles fossem competentes, atendessem decentemente os segurados, não fizessem pouco dos nossos impostos, talvez até tivesse peninha deles. Mas tantas agressões (nem são tantas assim, se comparadas com os riscos que qualquer cidadão corre andando pela calçada) eu até sentiria peninha deles, mas se tais agressões existem o que deveriam fazer seria solicitar proteção policial, segurança nos postos de atendimento e não punir milhões de segurados. Palhaçada! Aliás, a essa altura do campeonato, imagino que seja uma manobra eleitoreira.

  • Pesquisa do Ibope atesta que a maioria dos brasileiros é complacente com a corrupção. Sobre isso falei há algumas semanas. O brasileiro é, sim, complacente, portanto cúmplice, das falcatruas que, principalmente, alguns funcionários públicos realizam contra o bolso de todos. Paga-se propina para guarda de trânsito, dá caixinha para ter seu processo acelerado, ouve seu candidato confessar que roubou e continua votando nele. Só fala mal daqueles que contrariam suas vontades e dos que não lhe deram nada em troca de alguma coisa. Me dói admitir, mas o brasileiro é desonesto.

  • Vem cá, o Alckimin não é anestesista? Por que na propaganda ele é tido como médico? E não me digam que é a mesma coisa. Tem dúvida? Pergunte a um médico. Pode ser um clínico geral, que é quase médico.

  • As brocas vêm de todos os lados numa última tentativa de furar a canoa de Lula: mais uma despirocada do Evo Morales, o caso mal contado das cartilhas do PT/Governo Federal, as demissões da Volkswgen... Tudo isso é munição para a bazuca oposicionista nessas duas semanas e meia restantes. Em contrapartida, Lula, tido como favorecido pelas classes menos abastadas e impreterido pela classe média, contagolpeia com o pacotão da casa própria e o PT lança um programa para o público GLTB - Gays, Lésbicas, Tansexuais e Bissexuais. Interessante essa sacada para o público GLTB, convenhamos. Não precisa ser a favor, neutro ou preconceituoso, mas que é uma novidade nas propagandas políticas, lá isso é. Só falta o governo oferecer cotas para as minorias sexuais também.

  • A América Latina, uma eterna casa do Noca, está cada vez mais engraçada. Imaginem vossas senhorias que o malucoso Hugo Chavez agora está pregando a saída da sede da ONU dos Estados Unidos. E pra onde iria? Para o Brasil. É, agora que governo nenhum está levando a Onu a sério, talvez seja a hora dela mudar para o Terceiro Mundo. Só tem maluco governando esse continente?

quarta-feira, setembro 13, 2006

Aroeira, O Dia, RJ


  • Muito boa a atitude do presidente da Câmara, Aldo Rebelo, de demitir mais de 1000 funcionários fantasmas. Tem gente que trabalha na dita Casa do Povo que sequer já esteve em Brasília. O que deve ter de parlamentar odiando Rebelo, além dos donos dos paletós esquecidos, é uma grandeza.

  • O senador Suassuna, ou seria Sanguessuna?, aprendeu direitinho a lição ensinada por Lula: não viu nada, não sabe de nada. Perdeu a moral para usar isso contra o presidente nos palanques. Aplausos para o povo da Paraíba que não pretende reeleger o senador, que, volta e meia, tem seu nome ligado a algum escândalo, principalmente de desvio de verbas públicas. Já que seus pares no Senado não o cassam, o povo o fará. Seria tão bom que o exemplo dos eleitores paraibanos se espalhasse pelo país...

  • Pesquisa importante: O homem de Neanderthal viveu mais do que se supunha. Descobeta de Clive Finlayson, do Museu de Gibraltar. Oh! Será que o dólar vai subir depois disso? Nevará no Piauí? Elvis ressucitará ou descobrirão que ele não morreu e canta rumba no Caribe?

  • Há pucos dias postei o perfil de um professor de Porto Seguro no Orkut, em que ele se mostrava portando armas e pregava a morte de "vagabundos". Hoje leio no jornal que um professor de inglês de Itabuna violentava crianças de 11 a 13 anos. Ele convidava os estudantes para assistirem a filmes em sua casa, os pais autorizavam por escrito, e lá ele exibia fitas pornográficas e abusava das crianças. Tomara que vire noiva do presídio. Senhores pais, não confiem fácil, fiquem espertos com aqueles a quem confiam seus filhos.

  • Poxa, passei dois dias sem assistir ao programa eleitoral e acho que perdi algo engraçado. Alguém pode me explicar o que Lula quis dizer naquela inserção de 10 segundos quando fala "nunca traí minha mulher"? Será que o baixo nível das campanhas chegou a esse ponto? Me fez lembrar aquela do Collor, contra o próprio Lula, em que afirmava que Lula havia rejeitado a filha. Esses marqueteiros atuais estão me deixando envergonhado com a falta de qualidade.

  • Amiguinhos e amiguinhas, o último tópico do último post não era uma despedida nem uma lamentação, foi apenas uma constatação. De qualquer forma, obrigado pelos muitos comentários de apoio, mas não tenho planos de abandonar esse blog, pelo menos por enquanto, apenas estou numa briga ferrenha contra Cronos. Num dia ele ganha, em outro eu lhe passo a perna. Enquanto isso, vou escrevendo minhas bobiças.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Amarildo, A Gazeta, ES

  • Rhô, pode vir para cá, então. Ela questionou meu post de ontem que eu falava que a classe média está comprando mais carros, comprando e reformando mais casas. Não é uma conclusão minha, mas do próprio IBGE. O PIB no trimestre foi de apenas 0,5%, muito pouco, é verdade, mas quem tem emprego tem tido alguma melhoras nos ganhos. Em Eunápolis, por exemplo, o SINE teve que fazer campanha em busca de mão de obra qualificada, só está desempregado quem não tem escolaridade suficiente. Eu próprio consegui reformar meu apartamento, coisa que tentava há cinco anos. O fato é que o padrão de vida do classe média assalariado, salvo contratempos como doenças ou tragédias outras, tem-se mantido ou melhorado.
  • Condenaram o coronel a mais de 600 anos de cadeia, ele não cumpriu nem um dia, aí alguém do seu círculo, o condenou à morte. Deve estar sendo linchado no inferno por 111 marginais que ele matou. E, por favor, não me venham com peninha daqueles que foram mortos. Tudo bem, a ação da polícia é reprovável, truculenta, talvez desnecessária, ofensiva à democracia e às famílias das vítimas que já se encontravam presas pagando suas dívidas com a sociedade, mas não havia nenhum anjinho ali.
  • A carta de FHC continua causando danos entre seus aliados. Aécio Neves e Alckimin se juntaram hoje para condenar as palavras do ex-presidente-sabe-tudo-e-muito-mais, o dono da verdade que acha que agora pode salvar o mundo. O pobre homem, do alto de seus diplomas e títulos de doutor honoris causa não conseguiu salvar nem seus país.
  • A chapa está fervendo para Palocci. Cinco indiciações! PCC prejudicando Alckimin e Ministério Público-Palocci prejudicando Lula. Enquanto isso, Heloisa Helena prejudica a si mesma.
  • HoHoHo! A Cia afirmou hoje que a Al-Qaeda foi dizimada. Será que o cidadão estadunidense engole essa? Bin Laden e seus amiguinhos devem estar felizes com essa conclusão dos espiões. Assim poderão trabalhar tranqüilinhos, sem serem incomodados, afinal de contas, eles não existem mais.
  • O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados já notificou 51 dos 67 parlamentares acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas. Imagino o texto da notificação: "Nobre colega, vossa excelência pagará a próxima rodada de pizza na pizzaria do Planalto. Pode deixar que eu levo o catch-up".
  • Estou achando que a fase áurea desse blog já passou. Poucos dos contumazes visitantes continuam vindo e muitos dos antigos sumiram, além dos comentários que andam escassos. É, tudo passa. Continuem benvindos os que ainda insistem.

domingo, setembro 10, 2006

Amorim, Correio do Povo, RS


  • FHC tentando ajudar, atrapalhou. Em sua carta aos eleitores tucanos bateu no aliado Azeredo, de Minas, e ainda falou da má admnistração dos presídios paulistas, esquecendo-se que os tucanos foram responsáveis por essa administração desde os tempos de Covas. Alckimin deve estar adorando o padrinho.
  • Como eu previra, Alckimin deu até uma subidinha depois do horário político na tv, mas foi apenas um vôo de galinha. Nada que assuste Lula até o momento e, levando-se em conta que faltam apenas 3 semanas para a votação, só mais algum fator extraterrestre, para citar o presidente, faria as coisas darem uma guinada ao gosto dos peessedebistas. Sendo o Brasil onde a maioria do povo acredita em milagres, quem sabe...
  • Tucanos e hienas, quero dizer pefelistas, apostaram que as denúncias contra membros do governo apodreceriam sozinhas a candidatura de Lula. Evitaram agredir diretamente o presidente nos episódios do mensalão, dos dólares na cueca, de Valdomiro Diniz e em todos os outros episódios. O presidente contando com o apoio de 70% da população, seria desgastar a própria imagem partindo para o ataque direto. Suas estimativas falharam. Lula reagiu rápido, rompeu com Genoino, demitiu Dirceu, colocou a Polícia Federal nas ruas, prendeu Maluf, desbaratou vários máfias e fortaleceu-se diante da opinião pública.
A oposição percebeu tarde que suas estratégias estavam erradas. Somente nessa semana aconselharam Alckimin a baixar o nível, apelar para qualquer santo e bater de frente. Dará tempo?
O discurso populista de Heloisa Helena já não surte o mesmo efeito. Ela está fazendo o mesmo discurso que Lula fazia em 89 e levou bomba do Collor. Conscientemente ou não, o eleitor fica com a sensação de que já viu esse filme e o mocinho morre no final.
Cristóvam é muito bem visto pela classe média alta que lê jornais e, pelo menos, um livro or ano, mas não convence com seu discurso monotônico.
Na economia, a classe média está comprando mais carros, terrenos, construindo mais casas, está satisfeita com os rumos atuais da economia. Os jornais e os candidatos da oposição insistem que quem vota em Lula são os pobres que recebem as bolsas sociais, o que faz com que a classe média com seu orgulhe e preconceito, não querendo ser confundida com os pobres, não confirme que votará pela reeleição do presidente. Duvida, caro leitor? Então pergunte a seu vizinho.
Essa é a mesma classe média que passou a rotular os suburbanos do Rio de Janeiro de farofeiros por eles irem à praia levando seu próprio lanche. Mal sabia ela, a classe média, que estava apenas fortalecendo os comerciantes das barracas e restaurantes à beira-mar e os riquinhos da Vieira Souto. A moda lançada na novela das oito e nos programas humorísticos espalhou-se pelo país e até em lugares onde não tem praia, como a minha Eunápolis, a discrimação se faz presente.
Nas enquetes dos institutos de estatísticas, porém, o cara que pôde colocar o filho na escola particular, reformar a casa, trocar o velo Fiat 147 por um Gol Flex, não se faz de rogado. Ele tem mais medo que os bancários ou os capitães de empresa, que a política econômica dê uma guinada brusca e ele veja esse novo padrão de vida voltar aos velhos tempos e fala para o pesquisador que vai votar em Lula, daí a diferença da declaração de votos que vemos nos comentários dos blogs, por exemplo, daquelas reveladas pelas pesquisas.
É algo parecido com aquele colega de trabalho que tem vergonha de admitir que assiste às novelas, diz que é coisa de mulher, mas, se alguém comentar perto dele, imediatamente ele se faz presente no papo e conta todo o capítulo de ontem. Para a classe média, votar em Lula é como assistir à novela das oito: vota, mas não confessa porque acha que nenhum dos amigos vota e vão criticá-lo, mal sabendo que todos no escritório - ou a maioria - está fazendo o mesmo joguinho.
  • A Unifesp saiu com essa, divulgada pela Folha de São Paulo: "Prevenção da obesidade deve vir desde o berço". Isso é um passo para aSasha lançar seu programa di dieta e ginástica infantil e a Simone Frazão lançar sua academia para a primeira idade. "First Age Phisical", que tal?
  • A democracia é legal, mas o que nos obriga a ver candidatos tão esdrúxulos?
  • Que o Mainardi é de direita, não é novidade para ninguém. Aliás, é lógico que ele tem esse direito, assim como qualquer um de nós, mas o fato de ele estar dando força cada vez maior para a polícia ideológica é qlgo de que deveria se envergonhar.
  • Cláudio Lembro, governador de São Paulo, mais perdido que cego em cinema mudo, diz que vai gravar conversa entre advogados e presos. Imaginem o barulho que a OAB vai fazer.
  • Projeto de lei do deputado Celso Russomano, do PP de SP, propõe aumento da pena máxima para 40 anos. Um terço de 40 anos dá 9 anos e alguns meses. O que muda? Nada. A reforma tem que ser muito maior que isso.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Clauro, O Imparcial, SP

  • Se você tem um Orkut, dê uma olhada nesse perfil antes de continuar lendo aqui, e tente adivinhar qual a profissão do camarada. Por algum motivo não explicado, a notícia que li num site daqui da região foi retirada, por isso vou tentar resumir a história. Esse Robert G é diretor de uma escola de ensino fundamental em Porto Seguro, ou seja, um educador. Em seu perfil anterior dizia que sua profissão é "matar vagabundo", que "livros são para outros ler", que seus esportes são "sexo e putaria" e por aí vai. No álbum de fotos havia uma em que aparecia empunhando armas.
A mãe de um de seus alunos descobriu isso e botou a boca no trombone. Aí o tal Robert G criou um segundo perfil ameaçando matar "esses desocupados falsos moralistas". Agora montou esse terceiro perfil que sofre pequenas alterações a cada dia.

Estadunidense, agora está sendo investigado pela Polícia Federal por apologia ao crime e à violência e que quer saber se a situação do sujeito no Brasil está regularizada.

O que mais me assusta nisso tudo é o número de jovens alunos da escola, que tem dado apoio a ele em suas mensagens pessoais, além de pais. Para eles pode não ser grave, para mim parece que estão colocando a amizade à frente da responsabilidade de um educador e de uma escola.

Você colocaria seu filho sob a responsabilidade de um sujeito assim?
  • Hoje passei a tarde em casa e tentei tirar uma soneca, mas um carro de som e outro carro de som e mais um carro de som, todos com propagandas de candiatos, não me deixaram dormir. Aí eu peguei um livro, sentei à escrivaninha, um pedaço de papel e uma caneta. Cada vez que um carro de som interrompia minha leitura eu marcava um tracinho no papel. Isso por volta das 14:00 h. Agora são exatamente 17:35h. No meu papel tem 36 risquinhos. Se está difícil decidir em quem votar para a Câmara de Deputados, pelo menos já sei em quem NÃO vou votar. Como votar em quem não respeita o bem estar de uma cidade?
  • Coisas que mudarão o mundo:
  1. Países em que a Teoria da Evolução, de Charles Darwin, é mais aceita: Islândia, 85% da população; Dinamarca, 83%; França, 80%; Japão, 78%; Reino Unido, 75%; Espanha, 73%; Alemanha, 72%; Itália, 69%; Polônia, 58%; Estados Unidos, 40%. Até nisso os Estados Unidos são contra o resto do mundo. (Fonte, revista Focus).
  2. Os homens ficam mais incomodados que as mulheres em dormir acompanhados e elas conseguem realizar tarefas cognitivas com mais desenvoltura no dia seguinte, por outro lado, os homens lembram mais dos sonhos, talvez por terem um sono mais leve nessas situações. Mais uma prova que as mulheres querem casar e companhia, enquanto os homens querem sexo, e tá bom demais. (Fonte, Universidade de Viena).
  3. Os desenhos animados confortam as crianças mais do que o afago dos pais. Ou seja, Pokemon é melhor babá que a senhora, cara mãe. (Fonte, Universidade Santa Maria, Siena, Itália)
  4. Durante reuniões de trabalho, depois de 23 minutos, que é o tempo máximo que os executivos conseguem se concentrar antes de começarem a pensar em outras coisas, 15% passam a pensar em contas a pagar; 31% pensam em férias; 26% pensam em ver televisão; 23% pensam em encontros sociais; 57% pensam em sexo. Ou seja, reuniões de trabalho têm ajudado no controle da natalidade e na transmissão de DST. (Fonte, The Guardian, Grã-Bretanha)
  5. O cérebro de bebês de três meses já está prontinho para falar, com os mesmos mecanismos dos adultos. As mães nouróticas agora entrarão em pânico se aos quatro meses o rebento ainda não tiver falado "mãe, eu te amo e você é a melhor mãe do mundo". (Fonte, Ghislaine Dehaene-Lambertz).
Um dia vou ser rico para poder bancar essas pesquisas científicas de primordial importância para o desenvolvimento do planeta.

quinta-feira, setembro 07, 2006


Labirinto

Não fossem os enjôos e a ânsia de vômito, os problemas de labirinto seriam um grande barato.
Da primeira vez que passei por esse mal, sentia um ardor terrível nos olhos, não conseguia fixar a vista em qualquer coisa, os objetos dançavam à minha frente. Foi uma noite em claro e os olhos queimando. Como era algo novo pra mim, sequer suspeitava que o problema estivesse no ouvido interno.
De manhã, na primeira hora, fui ao oftalmologista. Era um amigo antigo e, melhor ainda, tinha consultório pertinho do hotel onde eu morava. Feitos alguns poucos exames ele diagnosticou conjuntivite, uma leve conjuntivite. Eu já havia tido conjuntivite e os sintomas não incluíam tonteira e ânsia de vômito. Nunca mais voltei lá, sequer para atualizar meus exames de vista, que acho que é a coisa mais simples que um oftalmologista pode fazer. Perdeu minha total confiança.
Ainda na calçada, e ainda sentindo tonteira, me vieram à memória minhas aulas de ciências da sétima série. Não seria o ouvido interno o responsável pelo equilíbrio do corpo? Me dirigi direto para o consultório do otorrinolaringologista, poucas quadras dali e também amigo meu. Sua agenda estava cheia e tive que apelar para a emergência e para o pistolão. Me identifiquei para a secretária e pedi que ela falasse com o médico.
É, fui contra meus princípios e furei a fila. Ele prezou nossa amizade. Mas, convenhamos, a causa foi justa.
O médico me deitou numa maca e injetou água no meu ouvido com uma seringa e pediu para eu comparar a sensação que estava sentindo com as que sentira na noite anterior. Eram idênticas. Me mandou fazer várias radiografias da cabeça e lá fui eu ao radiologista. Eu já suava frio. Tantos exames e mais os que ele agendara para a manhã seguinte não me davam boas perpectivas e, como todo brasileiro paranóico, já imaginei que poderia ser algo grave.
O radiologista, coincidentemente hoje meu vizinho de baixo, agilizou os exames, não pediu laudo nenhum uma vez que os exames seriam levados a um especialista, me entregou as chapas em pouco mais de uma hora.
O otorrinolaringologista havia me receitado um vaso dilatador e me disse uma coisa interessante: nos seus doze anos diagnosticara apenas um caso de labirintite. Pouco provável que foi esse o meu caso, mas que as pessoas, leigas ou profissionais da saúde, têm o hábito de batizar de labirintite qualquer caso de perturbação no labirinto.
No dia seguinte fiz vários outros exames clínicos e veio o veredito final. Eu tenho uma pequena artéria estrangulada no ouvido interno direito. Eu deveria tomar o vasodilatador e, persistindo os sintomas, eu deveria fazer uma ultrassonografia para ver se não havia um tumor. Por sorte os problemas passaram e o temido tumor foi descartado.
De lá pra cá senti essa tonteira mais umas três vezes, a última nesses dois últimos dias. O santo vasodilatador tem surtido efeito e já estou bem de novo.
E onde está o barato disso? Nos efeitos dispersivos do mal. Fica-se como uma sensação de flutuação, uma pequena dormência nos braços e a memória duvidosa. Você escreve, tem a certeza que está escrevendo corretamente, mas não reconhece o que está escrevendo, tem a sensação de que as linhas estão saindo tortas e as palavras indecifráveis. Tenta se concentrar no que escreve, mas não consegue. É tudo muito estranho. Você não consegue reconhecer a própria caligrafia.
Liga-se a televisão, mas não consegue concatinar as idéias do que está vendo e ouvindo. Pode aparecer o rosto mais conhecido que você possa imaginar, Chico Anísio, por exemplo. Você sabe que é o Chico Anísio, faz força para lembrar do nome da figura, lhe vem o nome de Chico Anísio, você fala Chico Anísio bem alto para ter a certeza de que não está maluco e que reconheceu o homem que vê. Mas sua visão não concorda com suas palavras, nem com sua audição e você duvida que seja o Chico Anísio. O programa termina e você não se dá conta, continua tentando lembrar-se do nome do Chico Anísio, mesmo tendo acertado na primeira tentativa. É uma viagem.
Você sente fome e só consegue fazer um simples sanduíche de queijo porque já fez centenas de sanduíches de queijo na vida, mas tem dúvida se está fazendo a coisa certa. Não seria correto colocar uma fatia de pão entre duas de queijo? Ou duas de pão e uma de queijo sobre elas? Melhor não seriam duas fatias de queijo e uma de pão em cima? E aí você ri da própria conclusão. O sanduíche é a única e mais importante coisa do mundo naquele momento. Caramba!, você sabe fazer um sanduíche de queijo, já fez tantos sanduíches de queijo na vida, porque essa dúvida agora?
Será assim que se sentem os portadores do mal de Alzeheimer? E aí você quase entra em pânico. Será que está com Alzeheimer? Não, é apenas um distúrbio labiríntico...
Você já conhece os sintomas, já teve isso antes, por isso providencia o vasodilatador imediatamente antes que as coisas fiquem mais difíceis. Se deixar para telefonar para a farmácia mais tarde (sair de casa nesse estado está completamente fora sequer cogitar sobre), não vai conseguir teclar os números corretamente. E não vai mesmo, nem adianta tentar. Aliás, eu já tentei e não consegui. Você sabe de cor o número de um amigo que possa ajudá-lo e tenta chamá-lo: 3... 2... 8... 1... Péra, eu teclei 34 96... recomeça e falha novamente e mais uma vez e outra e outra, até que desiste, percebe que não vai conseguir.
É muio divertido, mas espero que vocês não passem por isso. Depois de algumas horas pode transformar-se em desespero e depressão.
A propósito, por via das dúvidas, revisei esse texto três vezes, achei vários erros e acho que ainda existem alguns, mas relevem, por favor.

terça-feira, setembro 05, 2006


Pater, A Tribuna, ES

  • Não sou nada original, mesmo. Ontem falei da minha intenção de confeccionar um banner contra candidatos barulhentos, hoje o Pater sai com essa charge.
  • Por que Lula cresce também na classe média? A venda de veículos flex aumentou 8% em agosto. O fato é que a oposição baixa o malho, mas nenhum candidato apresentou um programa factível alternativo ao programa do atual governo, que, por sua vez, também não apresentou nenhum programa econômico para os próximos quatro anos. Aí o eleitor, sem alternativa melhor, prefere deixar como está. Simples assim.
  • Outra. A exportação de veículos e máquinas rendeu R$ 1,086 bilhão no mês passado. Isso significa divisas, emprego e renda. Tá ruim? O P.I.B. é insignificante, mas ainda tem gente crescendo mais que 0,5% e o eleitor só quer trabalho, segurança e comida na mesa, não necessariamente nessa ordem. A propósito, quem são os marqueteiros das campanhas atuais? Pra falar a verdade, não sei, mas que os caras são ruins de estratégia, lá isso são.
  • E o Lembo ainda aparece para atrapalhar mais a campanha tucana ao dizer que não pagará indenizações às famílias dos agentes carceiros mortos nos levantes terroristas do PCC. Alckimin deve estar amando seu ex-vice.
  • Por falar em vice, alguém aí se deu ao trabalho de pesquisar quem é o suplente de seu candidato a senador? Olhos nas cobras, elas, às vezes, são ainda mais peçonhentas que os titulares.
  • Pesquisa do Ibope atesta que o acesso á internet cresce 30% durante o horário eleitoral. Só deve ficar em frente à televisão os fanáticos e os parentes dos candidatos. O acesso à internet só não aumenta porque somente a minoria dos eleitores tem computador em casa.
  • A imprensa e os direitos humanos, que dupla! O sujeito pode ser flagrado em plena ação criminosa, mas a imprensa tem que tratá-lo como "suspeito". Me lembra a piada do cara que procura um advogado. O advogado pergunta por que o cara o procurou. "Doutor, matei minha mulher!", confessa o assassino. "Calma, meu amigo. DIZEM que você matou sua mulher, nós vamos provar o contrário", acalma o advogado.
  • O babaca Steve Irwin, o caçador de crocodilo caçado por uma arraia, agora está sendo endeusado. A agência de notícas AFP estampa o título "Morte filmada de caçador de crocodilos torna-se seu legado". Legado uma pinóia! Há quem ache bonitinho, emocionante e coisa e tal, pra mim não passa de mais uma cena do circo dos horrores. Daqui a pouco os telejornais vão nos encher a paciência mostrando e remostrando o tal vídeo. Pelo menos o bobão morreu fazendo o que gostava. Mas o que o tal sujeito tinha que fazer deitando-se sobre uma arraia? Aí é pedir pra se dar mal.

segunda-feira, setembro 04, 2006


Agê, DCI, SP

  • Me esqueci de mandar confeccionar um baner onde escreveria "Não voto em quem perturba meu sossego" para afixar na minha janela. Agora tenho que aturar esses carros de som a cada cinco minutos...
  • Ih! Os candidatos descobriram a internet e os anti também. Invadiram o site do PT e fizeram protestos e eu nem consegui ver o que foi feito... Sujeitos que se dizem democratas agem dessa maneira e acham que conseguem a simpatia de quem quer que seja ou apenas demonstram sua intatisfação? Algo me diz que essa moda vai pegar.
  • Como era de se esperar, Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, o partido das hienas, já admite romper com o PSDB depois das eleições. Provavelmente prevendo (como todo mundo) a vitória de Lula, já se prepara para arrumar uma ponga na Esplanada dos Ministérios. Eita, gentezinha sem caráter...
  • Mas, para fazer jogo de cena, o Borhausen diz que entrará na Justiça contra Lula. Sábado, na Cidade de Deus, crianças assistidas por programas do governo federal pediram apoio à reeleição do presidente. A hiena-mor afirma que elas foram levadas à manifestação por órgão ligados à presidência. Se for fato, que seja acionada a justiça e que se pague, o difícil é acreditar em políticos, ainda mais em época de campanha (como se ela acabassem em algum período).
  • Pelo visto a política de Bush já está fazendo seguidores no Brasil. Imaginem, vossas senhorias, que o ex-procurador geral da República, Cláudio Fontelles, aquele acusado de ser o maior engavetador de processos que o país já teve, afirma que o pedido de quebra do sigilo bancário não pode ser interpretado como uma violação ao direito à privacidade das pessoas, que esse sigilo poderia ser quebrado sem autorização judicial. Quer dizer que qualquer um pode fuçar minha conta e eu não posso fazer nada? Legal. Alguém aí concorda com o Fontelles e gostaria de me passar o número da sua conta pra eu dar uma fuçadinha?
  • Pelo menos em um estado haveria segundo turno, segundo o Ibope. No Rio Grande do Sul há empate entre Alckimin e Lula.
  • Adoro as "pesquisas científicas" do primeiro mundo que a gente encontra de vez em quando nos jornais. Quem tem dinheiro sobrando inventa cada uma... O neurocientista britânico Jamie Ward chegou à conclusão de que pinturas também podem ser ouvidas. Segundo o sujeito, os "sinestetas" têm seus sentidos interligados de modo que, ao verem um quadro, este lhes emite som. Acho que vou encarar o poster da Playboy fixamente para ouvir o que aquele xibiu tem a me dizer.

domingo, setembro 03, 2006


Clauro, O Imparcial, SP

Blogar é como masturbação: a gente faz pensando nos outros, mas o prazer é solitário.

sexta-feira, setembro 01, 2006


Waka Tokori, José Luis Handal

Novo Nome

Adai não gostava do seu nome e jamais perdoaria seu pai pelo batismo. Já não bastasse um nome que gerava dúvidas sobre o gênero a que pertence quem o ostenta, ainda era acrescentado de um Júnior. Seu pai, não satisfeito de ter um nome tão feio, ainda o repetira no filho mais velho.

Quando garoto achava que fora fruto de uma gravidez indesejada e o nome era uma vingança. Mais tarde concluíra que não, não seria uma vingança, mas a satisfação do ego do pai. Filho sempre é satisfação de ego dos pais. Essa conversa de que a função do filho é perpetuar a espécie é coisa de biólogos e antropólogos. Tirando a Ásia e o Oriente Médio, onde há geurra todo dia e qualquer quedinha de bicicleta mata vinte de vez, em qualquer outro lugar do planeta a espécie já tinha exemplares garantidos por muitos séculos.

Homens e mulheres gostam de ter filhos apenas para poderem se gabar para os amigos, parentes e vizinhos de que fizeram u bolinho de carne lindo e inteligente, como eles dizem, perfeito, mesmo quando a criança é mais feia que bater em velho e mais burra que uma burra. Como se algum humano pudesse ser perfeito.

Pedia, implorava, chorava, esperneava, chantava seu Adair para que ele mudasse seu nome no cartório, mas o pai se negava. Dizia-se ofendido, como poderia o próprio filho renegar o nome do pai que o amava, alimentava, educava...? Rebuliços no ego ofendido.

Ao fazer dezoito anos arrumou um emprego. Saiu de casa, emancipou-se e entrou na justiça solicitando a mudança de nome. Passaram-se intermináveis cinco anos de entre argumentações, audiências, recursos, gavetas e prateleiras, até que o juiz o autorizasse a adotar uma nova identidade.

Hoje anda faceiro e orgulhoso, queixo erguido e satisfeito com o novo nome: Adenair Neto.

  • Para meu amigo que, enjoado do nome de batismo, João Bosco, conseguiu mudar para João Batista.