Lute, Hoje em Dia, MG
Ética? Já ouvi Falar
Me envergonho cada vez que falo isso, mas não é negando a verdade que ela vai mudar: o brasileiro é desonesto.
Ao desembarcarem no Brasil os portugueses enviaram uma carta ao seu rei contando as novidades. Pero Vaz de Caminha, o escrivão, aproveitando a oportunidade, crente que o rei ficaria tão efusivamente feliz que atenderia a qualquer pedido seu ou do capitão, pediu um emprego para o genro. Era o primeiro pistolão brasileiro.
Alguns anos depois o presidente da Capitania de Porto Seguro pedia verbas para construir um quebra-mar na costa da capitania. As ondas eram bravias e dificultavam o aporte e danificavam os navios. O rei, que não conhecia a região, na sua ignorância, liberou a grana. O que ninguém havia falado ao monarca é que o litoral baiano tem um arrecife natural - em Porto Seguro esse arrecife se prolonga desde antes de Trancoso até depois de Santa Cruz Cabrália - facilitando a navegação na área, com verdadeiras calmarias constantes. Estava instituído o desvio de verbas públicas.
A prática política brasileira não mellhorou nesses 506 anos.
Não se ofendam, cariocas, mas no Rio de Janeiro foi instituído o jeitinho brasileiro. Sendo a capital da Corte, depois capital da República, o povo, principalmente os mais próximos do poder, acostumou-se a levar vantagem, a conseguir a ascensão pela troca de favores em detrimento do mérito. Derrubada a monarquia, só teve direito a voto quem tinha posses, abrindo-se brechas aqui e ali para pequenos comerciantes que tinham amigos entre os caciques políticos. Era a compra do voto legalizada. Esse jeitinho ficou arraigado à cultura e à hereditariedade, gerando o sabe de quem eu sou filho?. E ainda vemos, na segunda metade da primeira década do século 21, muita gente usando a carteirada e tentando ganhar no grito, "as leis são para os outros, não pra mim", pensam muitos.
Se essa prática era boa para a capital federal, por que não poderia ser empregada nos estados? Era o coronelismo sendo aceito com a aquiescência do governo central, desde que não se contrariassem os interesses do presidente e de seus amigos.
Para aquietar os ânimos dos intelectuais que, por sua vez, insuflavam o populacho, reivindicavam o direito ao voto, afinal eram sujeitos letrados, cultos, com seus diplomas universitários franceses, ingleses ou baianos, uma constituição foi feita dando o direito universal ao voto. Só que o universo se resumia aos homens alfabetizados. Mulheres e analfabetos, ou mesmo alfabetizados da zona rural, não tinham direito a opinar.
Os intelectuais, entre suas estantes, estavam satisfeitos. Os endinheirados, sem querer largar o osso, ensinavam os analfabetos a assinarem seus nomes, retiravam títulos eleitorais para eles e, no dia da eleição, preenchiam as cédulas a seu bel-prazer. Criava-se a modalidade do voto de cabresto.
Ai daqueles coitados que achavam que tinham vontade própria e votavam com sua consciência, independentes dos patrões ou dos caciques políticos. Eram perseguidos, demitidos, presos, endividados e até coisas piores. Criava-se a polícia ideológica à moda brasileira. Ainda muito exercida e até em grande escala, como o faz Diogo Mainardi nas folhas da Veja e no Manhatan Conection.
Ulisses Guimarães, no afã de libertar-se dos ranços da ditadura militar, todo feliz e orgulhosso, apresentou a tal Constituição Cidadã, dando direito de voto aos analfabetos.
O que fizeram os donos da grana? Davam camisetas, cestas básicas, botas de látex, sacos de farinha, qualquer coisa em troca da promessa de votos. Tinham fazenda ou empresa em uma cidade e um filho, irmão, genro, testa-de-ferro, candidato na cidade vizinha. Transferiam os títulos dos empregados e, no dia da eleição, os levavam de ônibus ou pau-de-arara para votarem na cidade do parente. Ah! Mas a lei proíbe isso! A lei? A lei é para os outros, não para mim e para os meus. José Sarney, por exemplo, transferiu seu título para o Amapá poucos meses antes das eleições, se fez senador pelo Amapá e ninguém apelou para a lei tentando proibir sua tentativa de criar uma segunda oligarquia Marimbondos de Fogo.
Ao desembarcarem no Brasil os portugueses enviaram uma carta ao seu rei contando as novidades. Pero Vaz de Caminha, o escrivão, aproveitando a oportunidade, crente que o rei ficaria tão efusivamente feliz que atenderia a qualquer pedido seu ou do capitão, pediu um emprego para o genro. Era o primeiro pistolão brasileiro.
Alguns anos depois o presidente da Capitania de Porto Seguro pedia verbas para construir um quebra-mar na costa da capitania. As ondas eram bravias e dificultavam o aporte e danificavam os navios. O rei, que não conhecia a região, na sua ignorância, liberou a grana. O que ninguém havia falado ao monarca é que o litoral baiano tem um arrecife natural - em Porto Seguro esse arrecife se prolonga desde antes de Trancoso até depois de Santa Cruz Cabrália - facilitando a navegação na área, com verdadeiras calmarias constantes. Estava instituído o desvio de verbas públicas.
A prática política brasileira não mellhorou nesses 506 anos.
Não se ofendam, cariocas, mas no Rio de Janeiro foi instituído o jeitinho brasileiro. Sendo a capital da Corte, depois capital da República, o povo, principalmente os mais próximos do poder, acostumou-se a levar vantagem, a conseguir a ascensão pela troca de favores em detrimento do mérito. Derrubada a monarquia, só teve direito a voto quem tinha posses, abrindo-se brechas aqui e ali para pequenos comerciantes que tinham amigos entre os caciques políticos. Era a compra do voto legalizada. Esse jeitinho ficou arraigado à cultura e à hereditariedade, gerando o sabe de quem eu sou filho?. E ainda vemos, na segunda metade da primeira década do século 21, muita gente usando a carteirada e tentando ganhar no grito, "as leis são para os outros, não pra mim", pensam muitos.
Se essa prática era boa para a capital federal, por que não poderia ser empregada nos estados? Era o coronelismo sendo aceito com a aquiescência do governo central, desde que não se contrariassem os interesses do presidente e de seus amigos.
Para aquietar os ânimos dos intelectuais que, por sua vez, insuflavam o populacho, reivindicavam o direito ao voto, afinal eram sujeitos letrados, cultos, com seus diplomas universitários franceses, ingleses ou baianos, uma constituição foi feita dando o direito universal ao voto. Só que o universo se resumia aos homens alfabetizados. Mulheres e analfabetos, ou mesmo alfabetizados da zona rural, não tinham direito a opinar.
Os intelectuais, entre suas estantes, estavam satisfeitos. Os endinheirados, sem querer largar o osso, ensinavam os analfabetos a assinarem seus nomes, retiravam títulos eleitorais para eles e, no dia da eleição, preenchiam as cédulas a seu bel-prazer. Criava-se a modalidade do voto de cabresto.
Ai daqueles coitados que achavam que tinham vontade própria e votavam com sua consciência, independentes dos patrões ou dos caciques políticos. Eram perseguidos, demitidos, presos, endividados e até coisas piores. Criava-se a polícia ideológica à moda brasileira. Ainda muito exercida e até em grande escala, como o faz Diogo Mainardi nas folhas da Veja e no Manhatan Conection.
Ulisses Guimarães, no afã de libertar-se dos ranços da ditadura militar, todo feliz e orgulhosso, apresentou a tal Constituição Cidadã, dando direito de voto aos analfabetos.
O que fizeram os donos da grana? Davam camisetas, cestas básicas, botas de látex, sacos de farinha, qualquer coisa em troca da promessa de votos. Tinham fazenda ou empresa em uma cidade e um filho, irmão, genro, testa-de-ferro, candidato na cidade vizinha. Transferiam os títulos dos empregados e, no dia da eleição, os levavam de ônibus ou pau-de-arara para votarem na cidade do parente. Ah! Mas a lei proíbe isso! A lei? A lei é para os outros, não para mim e para os meus. José Sarney, por exemplo, transferiu seu título para o Amapá poucos meses antes das eleições, se fez senador pelo Amapá e ninguém apelou para a lei tentando proibir sua tentativa de criar uma segunda oligarquia Marimbondos de Fogo.
FHC comprou parlamentares para que fosse instituída a reeleição em cargos executivos. Hoje, FHC e sua turma querem acabar com a reeleição. Ela já não serve mais para seus interesses ornitológicos, a não ser que Alckimin consiga a presidência daqui a uma semana.
Titulares de cargos executivos podem se reeleger uma vez, mas os homens que fazem as leis podem se reeleger ad eternum.
Quem detém cargo executivo tem que abandoná-lo caso queira se candidatar a cargo no legislativo; quem detém mandato legislativo não precisa se desincompatibilizar e caso derrotado em outro pleito, pode voltar às suas funções legislativas, como HH e Cristóvam, por exemplo.
As lei são aprovadas ou não, independentemente dos interesses e vontades da população, os representados pelos legisladores, segundo a lenda, mas pelos interesses pessoais ou corporativos desses legisladores. A população é um detalhe no processo.
E o povão, mesmo aqueles que conhecem as falcatruas dos seus candidatos, continua votando neles desde que lhe ofereçam um cargo, uma camiseta, um saco de cimento, uma colocação para o filho incompetente e pouco letrado...
Podemos e devemos reclamar dos maus políticos, mas só o fazemos contra os políticos que ferem nossos próprios interesses. A coletividade não existe.
O brasileiro é desonesto e se ofende quando alguém descobre isso. O culpado é sempre o outro.
Nos anos FHC a Organização dos Estados Americanos publicou um estudo que concluía que a corrupção é endêmica no Brasil. O governo federal se disse ofendido, o Jornais Nacionais da vida se disseram ofendidos pelos brasileiros e tudo ficou como dantes no Reino de Abrantes.
Titulares de cargos executivos podem se reeleger uma vez, mas os homens que fazem as leis podem se reeleger ad eternum.
Quem detém cargo executivo tem que abandoná-lo caso queira se candidatar a cargo no legislativo; quem detém mandato legislativo não precisa se desincompatibilizar e caso derrotado em outro pleito, pode voltar às suas funções legislativas, como HH e Cristóvam, por exemplo.
As lei são aprovadas ou não, independentemente dos interesses e vontades da população, os representados pelos legisladores, segundo a lenda, mas pelos interesses pessoais ou corporativos desses legisladores. A população é um detalhe no processo.
E o povão, mesmo aqueles que conhecem as falcatruas dos seus candidatos, continua votando neles desde que lhe ofereçam um cargo, uma camiseta, um saco de cimento, uma colocação para o filho incompetente e pouco letrado...
Podemos e devemos reclamar dos maus políticos, mas só o fazemos contra os políticos que ferem nossos próprios interesses. A coletividade não existe.
O brasileiro é desonesto e se ofende quando alguém descobre isso. O culpado é sempre o outro.
Nos anos FHC a Organização dos Estados Americanos publicou um estudo que concluía que a corrupção é endêmica no Brasil. O governo federal se disse ofendido, o Jornais Nacionais da vida se disseram ofendidos pelos brasileiros e tudo ficou como dantes no Reino de Abrantes.
- Esse post é minha colaboração para o post coletivo proposto pela Laura. Visite o blog dela e veja todos aqueles que participaram e, querendo, participe também. É bom ver diversas opiniões sobre tema tão importante.
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