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segunda-feira, outubro 08, 2007

Eclampsia

Imagem daqui




Engraçado como algumas não parecem com aquilo que querem dizer ou parecem com outra coisa, mas não com aquilo que dizem. Essas duas coisas parecem a mesma coisa, mas é uma questão de semântica e, como não sou bom de semântica, melhor não tentar explicar.


Taí! Semântica não parece algo relacionado à botânica? A semântica é a parte da biologia que estuda as sementes! Seria legal. O universitário, preocupado, teria que voltar para a república mais cedo, teria que estudar para a prova de semântica, não a relacionada ao significado das palavras ou enunciados, mas a que estuda as sementes, sua fisiologia, germinação e tal e coisa.


Eclampsia é outra palavrinha diferente do que é. Não parece uma doença convulsiva que pode ser fatal aos bebês e às parturientes e sim uma peça de auto-forno ou de um maquinário complicado. Não seria estranho ouvir um gerente de produção gritar para os subalternos: “Fechem a eclampsia antes que a caldeira exploda!”.


Você nunca pensou nisso? Tudo bem, você deve ser um sujeito culto e ocupado demais para perder tempo com essas bobagens, além do quê, não é de bom alvitre fazer piadinhas com doenças, as pessoas podem tomá-lo como um insensível. Mas eu sou apenas um sodomita desocupado e sem peso na consciência.


No parágrafo acima, duas outras palavras me encafifam: “alvitre” bem poderia ser uma ave oceânica : “Pai, encontrei um ninho de alvitre lá no rochedo!”. Ou um mineral: “O governo do Zimbabwe acaba de anunciar a descoberta da maior mina de alvitre do mundo, tal descoberta está causando furor nas bolsas de valores de todo o mundo, o que poderá ajudar a dar uma alavancada na economia do país”. E “sodomita”. Este, sim, parece o portador de uma doença: “Ele é diabético?”, perguntaria um amigo, ao que outro responderia, “não, é sodomita”.


Esse meu devaneio não é tão original. Luiz Fernando Veríssimo já escreveu, bem melhor que eu, é óbvio, a estranheza que a palavra “falácia” causa ao ser lida. A bem da verdade, eu não conhecia tal palavra antes de ler a crônica do gaúcho e não tive a mesma sensação que ele. Em determinado ponto ele imagina a falácia como “um animal multiforme” e escreve: Todos os dias, de manhã, eu e minha mulher, Bazófia, saímos pelos campos a contar falácias. E cada dia há mais falácias no meu campo. Quer dizer, cada dia eu acordo mais pobre, pois são mais falácias que eu não tenho. Corri ao dicionário para descobrir o significado da tal palavra, mas no caminho imaginava ser algo flácido, do tipo “Maria tem as nádegas muito falácias”, talvez pela parecência com a palavra “flácida”.


Assim como imagino ferrolho uma pessoa com as orelhas tortas, a exemplo de zarolho.


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