Engraçado como algumas não parecem com aquilo que querem dizer ou parecem com outra coisa, mas não com aquilo que dizem. Essas duas coisas parecem a mesma coisa, mas é uma questão de semântica e, como não sou bom de semântica, melhor não tentar explicar.
Taí! Semântica não parece algo relacionado à botânica? A semântica é a parte da biologia que estuda as sementes! Seria legal. O universitário, preocupado, teria que voltar para a república mais cedo, teria que estudar para a prova de semântica, não a relacionada ao significado das palavras ou enunciados, mas a que estuda as sementes, sua fisiologia, germinação e tal e coisa.
Eclampsia é outra palavrinha diferente do que é. Não parece uma doença convulsiva que pode ser fatal aos bebês e às parturientes e sim uma peça de auto-forno ou de um maquinário complicado. Não seria estranho ouvir um gerente de produção gritar para os subalternos: “Fechem a eclampsia antes que a caldeira exploda!”.
Você nunca pensou nisso? Tudo bem, você deve ser um sujeito culto e ocupado demais para perder tempo com essas bobagens, além do quê, não é de bom alvitre fazer piadinhas com doenças, as pessoas podem tomá-lo como um insensível. Mas eu sou apenas um sodomita desocupado e sem peso na consciência.
No parágrafo acima, duas outras palavras me encafifam: “alvitre” bem poderia ser uma ave oceânica : “Pai, encontrei um ninho de alvitre lá no rochedo!”. Ou um mineral: “O governo do Zimbabwe acaba de anunciar a descoberta da maior mina de alvitre do mundo, tal descoberta está causando furor nas bolsas de valores de todo o mundo, o que poderá ajudar a dar uma alavancada na economia do país”. E “sodomita”. Este, sim, parece o portador de uma doença: “Ele é diabético?”, perguntaria um amigo, ao que outro responderia, “não, é sodomita”.
Esse meu devaneio não é tão original. Luiz Fernando Veríssimo já escreveu, bem melhor que eu, é óbvio, a estranheza que a palavra “falácia” causa ao ser lida. A bem da verdade, eu não conhecia tal palavra antes de ler a crônica do gaúcho e não tive a mesma sensação que ele. Em determinado ponto ele imagina a falácia como “um animal multiforme” e escreve: Todos os dias, de manhã, eu e minha mulher, Bazófia, saímos pelos campos a contar falácias. E cada dia há mais falácias no meu campo. Quer dizer, cada dia eu acordo mais pobre, pois são mais falácias que eu não tenho. Corri ao dicionário para descobrir o significado da tal palavra, mas no caminho imaginava ser algo flácido, do tipo “Maria tem as nádegas muito falácias”, talvez pela parecência com a palavra “flácida”.
Assim como imagino ferrolho uma pessoa com as orelhas tortas, a exemplo de zarolho.
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