Nenhuma mudança de tecnologia é tão pacífica, sempre há o contraditório, os profetas do apocalipse e os prejudicados pelas mudanças para colocarem gosto ruim no que está por aparecer. Foi assim com a primeira Revolução Industrial, foi com a substituição das carruagens pelos trens que ligavam as costas dos Estados Unidos e até, recentemente, com as mensagens por e-mail, quando muita gente se posicionou contra por, potencialmente, causar a bancarrota dos correios e o fim da poesia das cartas.
No campo da energia comercial a coisa é ainda bem mais tensa. Saímos da tração animal para a máquina de vapor e desta para os motores a combustão; as residências saíram dos fifós e lamparinas para a lâmpada incandescente e dessa para as fluorescente; os alimentos saíram da salmoura para os congeladores. Por trás desses avanços, longe dos olhos incautos dos consumidores, guerras ferozes se travaram e travam-se numa disputa sobre qual o melhor tipo de geração de energia, quem tomará conta dessa geração, as questões ambientalistas contra a necessidade de progresso das cidades e campo para que sejam gerados alimentos e trabalhos sem mexer nos recursos não renováveis e na paisagem.
O potencial hidrelétrico do Brasil foi enaltecido por décadas, mas hoje qualquer usina, para ser construída, gera batalhas furiosas entre técnicos, consumidores mal informados, governos, ecologistas e lobistas, além das indústrias que ficam sem pés ou mãos sem energia para produzirem. Se hoje houvesse plano par construir Itaipu, Tucuruí ou Paulo Afonso o trânsito de recursos, processos e batalhas judiciais inviabilizariam essas obras. Angra I, II e II seriam simplesmente vetadas pela pressão de ONGs. Os alvos atuais são Belo Monte e Teotônio.
De um lado, todos reclamam dos apagões, da falta de previdência e projetos dos governos federais, do lado oposto, os mesmos que pedem mais energia e planejamento se opõem a novas usinas.
Carlos Minc, num daqueles seus delírios marijuanenses, pregou a instalação de termelétricas por elas serem mais “ecológicas” do que as hidrelétricas. O mesmo Minc que defendia o etanol como combustível mundial, outro megalômano sonho de Lula de que ninguém mais ouve falar. O ex-ministro não deve saber que as termelétricas funcionam com a queima de combustíveis fósseis, os mesmos acusados de responsáveis por boa parte do tal aquecimento global, como se a Terra, por alguma vez, teve seu clima estável.
Bom, mas o Brasil é um país ensolarado por quase todo o ano, por que não fazermos grandes plantas de energia solar? São muitos os fatores, desde o preço altíssimo dessas instalações quanto a dificuldade de armazenamento dessa grande quantidade de energia.
Mas o Nordeste, além de muito sol tem também vento. O Porto do Mucuripe, em Fortaleza, por exemplo, tem boa parte de sua energia gerada em cata-ventos. Ironicamente, a fábrica desses dínamos, perto de Fortaleza, funciona com energia hidrelétrica. Por que será?
O custo de geradores de energia eólica também é altíssimo pelos padrões atuais e os ecologistas condenam a implantação desses parques eólicos por gerarem poluição visual e sonora. Pode não parecer, mas aquelas pás enormes geram um ruído ao cortarem o vento, multiplicando-se isso por centenas funcionando ao mesmo tempo causa muito barulho. Além do mais, para que seja economicamente viável, o vento deveria ser constante, algo que nem o mais otimista meteorologista pode assegurar que assim o é. Mesmo no litoral nordestino os ventos variam nas diversas estações.
Com a catástrofe que ocorreu no Japão esta semana, gerando um alerta atômico em Fukushima, depois de uma explosão numa usina nuclear. Nada indica que este acidente vá gerar uma catástrofe como a de Chernobyl. Aliás, muito longe disso. A usina japonesa foi construída com a tecnologia americana e a disciplina japonesa, não aquele samba do crioulo doido que era a tecnologia atômica soviética.
O único acidente mais grave com usina atômica americana deu-se em Three Miles Island, no longínquo 1979, que deu origem ao apocalíptico Síndrome da China, estrelado por Jack Lemon e Jane Fonda. Quem não assistiu, deveria, é um ótimo filme. Embora sério, este acidente não chegou sequer perto do pânico que foi gerado pela imprensa da época.
Fala-se muito em mudança da matriz energética, mas falas-e mais mal dos projetos propostos ou em andamento do que em propostas viáveis de reposição dos modelos atuais.
Na Argentina faz-se campanha contra o uso do carvão mineral, no Brasil condenam-se as hidrelétricas, as nucleares, as termelétricas e as eólicas, no mundo inteiro condena-se a queima de combustíveis fósseis ou qualquer outra queima para a geração de eletricidade... E aí, qual a solução?
Desliguemos nossos aparelhos eletrônicos, voltemos às cavernas, esperemos os raios queimarem as árvores para utilizarmos o fogo. Nem pensar em queimar deliberadamente a madeira, o Ibama e as organizações não governamentais podem nos prender e nos imputar penas mais duras do que as dadas a homicidas.
Eu já pensava em escrever sobre este tema, aí, coincidentemente, a @morandiani o sugeriu.
©Marcos Pontes
8 comentários:
Vivo batendo nessa tecla com os ecologistas. Ninguém quer trabalhar no sol ou no calor. Ar condicionado e PC's são fundamentais prá eles. Ler à luz de uma poronga (como chamamos candeeiro por aqui)nem pensar. Sem falar nos custos das ditas energias alternativas.
É isso aí. Se formos atrás dos ecochatos voltaremos para as cavernas.
Bom artigo.
Abraço
O ser humano, na verdade, nao raciocina. Em todas as questoes que colocam, notam-se incoerencias, tipico de seres humanos que nao sabem o que falar ou fazer, em suma, somos desequilibrados. Como voce disse, contestam tudo e no final, fica a pergunta, vamos voltar para as cavernas?
Muito bem escrito. Informação de qualidade e boa análise da falta de projeto, de objetividade sobre o tema.
Gostei muito deste post. Aprendi, como sempre, muito com vc.
Beijo
Software livre, energia limpa, matriz energética, aquecimento global, vegetarianismo, proteção aos direitos das baleias, greenpearce, ... entre tantos são apenas bandeira, ideologias de arregimentação!
Estão substituindo aqueles otários de anos atrás, que se dizia: rebelde sem causa, por estes abestalhados: rebeldes por uma causa.
Vivem ai, escrevendo contra tudo isto, nos notebooks, netbooks, e agora nos tablets.
Excelente, sem mais comentários.
Parabéns.
Realmente o texto é excelente, temos que ver o progresso e o desenvolvimento, com sustenbilidade, não com fanatismos de naturebas sem dados concretos e como bem citado, que não vivem sem o seu carro com ar-condicionado e/ou seu notebook com baterias de litium radiotivas.
Ola tive uma idéia:
Chega no plenário ou onde tiver uma reunia de políticos estes que elegemos e grita... quem for ladrão levanta o braço, só o tiririca vai levantar! porque ele é palhaço... é gaiato!
Copiei o seu texto para dar uma linda mais tarde posto alguma coisa baseado no que li! abraço"
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