Esta é minha pequena participação na blogagem coletiva proposta pela Beatriz para discutirmos o uso, comercialização, legalização ou não, descriminalização ou não das drogas. Quem não estiver participando, ainda está em tempo. Basta pegar a etiqueta, fazer sua postagem e comunicar à Beatriz para ter seu blog incluído na listagem.
Completamente Contra
Na história é comum encontrarmos mentiras repetidas tantas e tantas vezes e com mais convicção e detalhes a cada vez, que acabam se tornando verdades. Principalmente porque preferimos receber as informações mastigadinhas, de modo a não termos que pensar, e cheia de detalhes e argumentos, que não tenhamos que pesquisar. Mesmo que os tais argumentos sejam falaciosos.
Qual a cidade que não tem a “loura do cemitério”? A fórmula da Coca-Cola contém cocaína; Hitler está vivo e morando na Argentina; Elvis também está vivo e escondido, cansado do assédio dos fãs e da imprensa; qualquer coisa que passe pelo Triângulo das Bermudas é transportado para outra dimensão; João Paulo II assassinou João Paulo I ou algo do gênero; a CIA assassinou Marilyn a mando dos mafiosos; Xuxa viu duendes... Aliás, é capaz de aparecer gente por aqui que acredita em, pelo menos, uma das lendas acima. Normal.
Em relação Às drogas, seu consumo. Comercialização e efeitos, também não são poucos os mitos e achismos, alguns defendidos com convicção por ignorância ou interesses pessoais, repetidos e aumentados até que se tornem verdades irrefutáveis. Algumas dessas teorias, sempre acrescidas de “profundas bases científicas”, são usadas pelos defensores da legalização e/ou da descriminalização do uso e/ou do tráfico de substâncias psicotrópicas. Como sou careta das antigas, cheio de princípios éticos e morais herdados de uma educação mais ou menos conservadora, me oponho tanto à descriminalização quanto à legalização e me permito rebater vários argumentos dos droguistas, mesmo que sejam apenas com meus próprios achismos, já que eles vêm cheios de achismos alheios.
A propósito, sou contra também a descriminalização do usuário. Se eu comprar um relógio roubado, legalmente sou receptador e tão criminoso quanto o ladrão. Pois se a produção, tráfico comercialização de várias drogas é ilegal, ilegal também é que as consome e banca os crimes anteriores. O consumidor das drogas ilegais e o receptador do relógio roubado.
A maconha é uma droga leve.
“O THC tem uma propriedade bem curiosa, gruda em algumas moléculas das paredes dos neurônios de animais, até mesmo do homem, tais moléculas são conhecidas como receptores de canabinóides, quando ocorre a ligação o receptor opera sutis mudanças químicas dentro da célula, mas não se sabe dizer ao certo quais são elas. “(http://www.brasilescola.com/drogas/maconha.htm)
O THC se liga aos receptores neuronais responsáveis pelo controle da dor e se influencia diretamente no sistema nervoso central, não pode ser considerada uma droga leve, pra início de conversa. E por não ser leve, já é sabido que ele destrói neurônios de forma irreversível por serem justamente os neurônios que não se regeneram (alguns se regeneram, ao contrário do que se cria até há alguns anos).
Como se isso tudo fosse pouco, a Cannabis sativa tem passado por um processo de “melhoria” genética que a tornou potencialmente muito mais perigosa do que aquele fumada nos anos 60 como símbolo de renovação da mentalidade mundial. Bah!
A legalização diminuiria a violência porque os traficantes querem a legalização.
Cascata. O traficante pode ser a favor da legalização pró forma porque esta legalização seria um salvo conduto do governo para que ele continuasse praticando o que antes era crime, só que com a chancela do Estado. Todos os crimes praticados antes da legalização seriam anistiados, o que faria do traficante de ontem um honrado cavalheiro pagador de impostos hoje.
Mas voltemos à violência. A parte legalizada recolheria impostos, como todo negócio legal, mas o governo ficaria com uma parte muito grande do negócio, o que levaria a um mercado negro em que o traficante ficaria com todo o lucro. Isso já ocorre hoje com o tabaco e o álcool, por exemplo, obras legalizadas, mas que contam com um enorme tráfico, principalmente via Paraguai.
O Estado permitiria a comercialização e a produção das drogas ou seriam criados laboratórios e plantios também legalizados? É para isso que o cidadão que não consome drogas, um percentual esmagadoramente maior do que os consumidores, pagam impostos, para ser criada um “ministério dos bacanas”? Isso causaria protestos e, provavelmente, não passaria no Congresso.
Paralelamente a isso, os policiais, juízes, parlamentares e demais autoridades que se corrompem para darem cobertura a traficantes, e elas são muitas, não ficariam satisfeitas com a perda desse ganha-pão e partiriam para outro tipo de crime. Isso ocorre hoje, por exemplo, como ocorreu em São Paulo e Rio de Janeiro, onde as polícias investiram pesado contra os sequestros. Os sequestradores viraram cidadãos legais? Não, migraram para outro tipo de crime, como tráfico de drogas e assaltos a bancos ou assaltos a condomínios de luxo. A legalização e consequente fim da corrupção por esse motivo, levaria os bandidos a partirem para outra modalidade de crime ou ao próprio mercado negro.
Na Holanda os crimes diminuíram com a legalização.
Bobagem. A Holanda nunca esteve nas estatísticas de violência ou produção de drogas. O país era fim de linha, um país de consumidores, não de produtores. Aliás, hoje é um país produtor de ecstasy, que é uma droga sintética e não produto “natural” ou substrato direto como o haxixe, o ópio e outras drogas manufaturadas diretamente de um vegetal.
A Holanda não é comparativo econômico ou social para o Brasil. Vivemos realidades diferentes em todos os campos. Independentemente disso, o que se vê na Holanda atual é um questionamento sobre os ganhos e perdas que a legalização trouxe. O país virou destino dos bichos-grilos europeus, o que tem causado sérios problemas na rede de saúde pública e no tratamento dos adictos.
Há muita coisa na internet sobre isso, basta procurar um pouquinho para se informar. Seria cacete colocar tudo aqui.
Maconha não vicia.
Isso nem merece comentários mais alongados. Qualquer um com mais idade que um préadolescente conhece pelo menos uma pessoa que “fuma socialmente” seu charo. Que seja. Então, desafie esse xinxeiro social a ficar três dias sem dar um tapa e vai ver um sujeito subindo de costas pelas paredes.
Os especialistas que o digam, tem gente muito mais capacitada a descerrar o assunto, mas que a bicha vicia, vicia.
Maconha é natural, por isso é saudável
Poderia listar aqui algumas dezenas de substâncias 100% naturais que matam sem muito trabalho: curare, veneno de viúva negra, "todesstuhl" (a toxina de cogumelos venenosos), tetratoxina. Oxalato de cálcio, toxialbumina, alguns alcalóides, glicosídeo cianogênico (encontrado na mandioca brava), saponino (encontrado em hera), … O THC não mata, mas é veneno, é substância tóxica, é peçonha. Se pode aliviar as dores de doentes como cancerosos, por exemplo, pode causar ainda mais males em quem não precisa dele como remédio. É remédio que mata a longo prazo.
São muitos os argumentos dos defensores das drogas e todos eles são refutáveis, menos aquele do usuário que, defendendo causa própria, defende a legalização porque acha as drogas boas. Se é uma questão de gosto, não há como discutir. Assim também não aceito que refutem esse meu argumento: droga não presta, é uma merda e deve ser coibida de todas as formas, inclusive por repressão policial, criminalização do usuário, mesmo ele sendo considerado um doente, mas é também o financiador do crime, e proibição total, geral e irrestrita de qualquer substância psicotrópica, a não ser as utilizadas como medicamentos legalizados e com controle rígido da vigilância sanita´ria, ministério da Saúde e todos os organismos públicos responsáveis pela farmacologia e medicamentos nacionais.
© Marcos Pontes
