Neguinho gosta de trangiversar quando existem argumentos contra suas posições. Coloquei os motivos principais para ser contra a realização da Olimpíada de 2016 no Brasil e o principal é a transposição de verbas de necessidades fundamentais, como Educação, Saúde, Transporte e Moradia, para bancar os jogos, mesmo sabendo que depois de arriada a bandeira olímpica tudo voltaria como antes.
Pior, recursos de toda a nação, de norte a sul, seriam relocados para uma só cidade. O exemplo concreto e doloroso de que os desmandos acontecerão é o Pan-Americano que também foi realizado no Rio. Até hoje não se sabe exatamente quanto foi gasto e em quê e os benefícios físicos permanentes para a cidade quais foram? Que digam os cariocas. A auto-estima do carioca melhorou? Ótimo, mas ela sempre foi alta. A do brasileiro também melhorou com o Pan? Provavelmente, sim, mas com prazo de validade, os efeitos dessa melhora já se diluiram no tempo.
O presidente Ilusionista, em sua primeira entrevista depois de decretada a sede de 2016, criticou os críticos da realização dos Jogos que diziam, como eu, que há outras prioridades. Disse ele que deveria ser feito tudo, investimentos em Educação, Saúde e infraestrutura, mas os a Olimpíada também. É aí que eu discordo. Olimpíada não tem que ser feita nesse momento. Os Estados Unidos, a bem da verdade, correram da realização da Olimpíada em Chicago. A inscrição da cidade como concorrente a sede foi feita, assim como a do Rio, antes da explosão da crise financeira mundial, da qual os EUA estão começando a sair agora. Como eu disse em outro post, quem tinha menos e arriscava menos perdeu menos, exatamente o oposto dos EUA. A população não foi comunicada, mas os componentes do Comitê Olímpico dos EE.UU. e o presidente Obama apenas fizeram jogo de cena ao irem a Copenhague. Não foi à toa que seu discurso foi morno e as peças promocionais, frias. Por uma questão política, simplesmente não poderiam comunicar aos eleitores/torcedores que não tinham mais interesse em promover os Jogos.
Rio e Barcelona levaram a brincadeira a sério. A cidade basca já tem uma enorme estrutura já construída, na esperança de que esses investimentos ajudassem na sua escolha, mas não soube fazer os jogos olíticos de bastidores. Ajudou muito a escolha do Rio o fato de Lula, o Brasil e o Rio estarem em moda. Tenho que reconhecer isso. Lula com suas ligações perigosas com ditadores do Hemisfério Sul, tomando o comando da frente anti-americana mundial, ganha manchetes e primeiras capas. Sei que os lulistas e os petistas não concordarão, mas por termos passado pelas crises dos efeitos saquê, merengue e tequila, que causaram terremotos e tsunamis mundiais nos anos 90, Armínio Fraga e Pedro Malan criaram mecanismos de proteção ao Real muito respeitados e seguidos pelo atual governo, o que nos blindou um pouco contra a crise. Isso também ajuda a melhorar nossa imagem internacional.
Voltando à declaração de Lula que tudo deveria ser feito, investimentos sociais e jogos. O que veremos, e isso pode ser interpretado como pessimismo ou como experiência de quem já viu o filme antes, é muito investimento e propaganda em volta da Olimpíada no Rio em 2016 e a mesma precariedade em investimentos nas áreas sociais de retorno lento e a longo prazo, principalmente Educação. No caso da Saúde, o governo insiste em ressuscitar a CPMF. Se existem R$ 20.000.000.000,00 nos cofre públicos (embora chegaremos a quantia muito maior, como aconteceu na hiperinflação de 1000% nos Jogos Pan-Americanos) para investir em Olimpíada, fora os já gastos milhões em passagens, hospedagem, alimentação e propaganda na campanha, por que essa dinheirama não poderia ser investida em algo que vai ficar sendo utilizado todos os dias pelos quase 200 milhões de brasileiros?
Me desculpem, cariocas, mas uma cidade maravilhosa e rica como a sua não pode viver das esmolas do restante do país para melhorar sua maquiagem e as imagens de seus governantes farristas: Cabral, Paes e Lula.
©Marcos Pontes
8 comentários:
Marcos, dá gosto ler um texto que é produto de uma visão realista e principalmente tomado do equilíbrio mais do que exigível para se interpretar o momento brasileiro no contexto mundial.
O país hoje é símbolo de um paradoxo sem precedentes. Teve uma reação elogiável diante da crise, mas parece que nossos governantes - além de nunca reconhecerem que as condições para o enfrentamento foram plantadas anteriormente - fazem questão de não tirar proveito dos resultados.
Pujante economicamente seria o momento ideal para realizar o pagamento das dívidas sociais, como as que você mencionou. Claro, teríamos condições de realizar este sonho da Educação, Saúde, Moradia, Meio ambiente e ainda nos sobrariam potencialidades para uma Olimpíada.
O "x" da questão não é ser contra o evento isoladamente, em si. É, sobretudo o amadorismo com que se transferem as prioridades ao segundo plano, todavia sem lembrar que o orçamento que mentirosamente as garantes como esperança eterna são compulsoriamente recolhidos do bolso do contribuinte. Este sim, um herói, mas eternamente lesado.
Abraço.
Ery Roberto
Ótimo texto, lúcido e com argumentação sólida. Concordo com tudo que você disse.
@rodneireiz
Irretocável. Olimpíadas e todo esse ufanismo em torno do Estado lutando por ter o clima esportivo e tudo que a imagem do esporte envolve: saúde, energia, alegria e competitividade...é coisa de propaganda: hitler, castro e todos os ditadores usaram e usam como cartão de visita de seus regimes. Nojento. E o povo - co o em 70 - serve dfe massa de manobra.
quero ver a escquerda de hoje defender o ufanismo . Nca pensei l´´a nos anos 70 que um dia "nestepaiz" teríamos um sindicalista presidente por 8 anos e mais ainda que ele lutasse por essa propaganda como nunca "antesnestepaizzz".
Lula fecha com chave enferrujada seu desgoverno.
E osRio pagará o preço patrocinado por todos os brasileiros. Chama os "hómi". Tá na hora. aliás , passou da hora de um freio de arrumação. Democracia pra que? Pra esse desmando todo?
Prefiro Geisel e Golbery
Eles estão seguindo a cartilha atual de que há dois meios de salvar esta geração do fracasso em suas vidas:
1 - Arte. Empenham-se em dar umas latas e uns cacetes para a mulecada para ficarem batendo aqui e ali. Além de insistirem, que as artes de forma geral é a solução para todos os males sociais, as discriminações,as desigualdades.
2 - Esporte, por isto, vem ai, e já é compromisso dos próximos presidentes e governadores cuidarem da Copa em 2014 e agora as Olimpiadas 2016
Mas, não se iludam, é tão somente, a maneira que se achou para ocultar a falta de investimento na educação, em instituições de pesquisas, infraestrutura social, com condições adequada a todos brasileiros.
Pra que vou estudar, passar anos e anos até terminar um curso, ter um diploma? Pra ganhar mil e poucos reais? Ser jogador, artista e rico sem estudar é mais fácil. Depois, eu estudo.
Marcos, eu sou contra Olimpíada, Copa... Acho que vai ter roubalheira, uso político dos eventos, 'maquiagem' dos locais das competições. E a longo prazo, também não enxergo muitas melhorias. Agora é ver no que dá...
mas é sempre assim: se acontece alguma coisa boa, a responsabilidade é dos outros, se for ruim é do presidente, e TODO MUNDO assistindo e batendo palminha.
Não é por falta de gente realista que as coisas não mudam. É a omissão que não deixa. A força politica que acaba nas postagens.
Hora por hora, nunca será bom uma olimpiada aqui, pois gente como a nossa existirá sempre. Sempre mesmo...
Meu caro Marcos, engraçado que penso igualzinho ao seu ótimo texto. Não sei de onde virá o financiamento, mas, sei que existem outras prioridades num país faminto (de tudo) como o nosso.
Abraço.
Pão e circo, enquanto não há mais CPI da Petrahobrás, do PAC, etc., enquanto o Supremo foi finalmente dominado pelo lulopetismo para livrar a cara de notórios mensaleiros como o ex-chefe de Tofoli, Dirceu, enfim, impunidade para o crime e chibata e circo para o povo! Está instalada a DITALULLA! Pior, mais letal e disfarçada do que a Ditadura ou a Ditabranda, como dizem os que não estavam entre as vítimas. Hoje, quem não está entre as vítimas é só a petralhada e sua base aliada.
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