Há meses vemos, principalmente na internet (Facebook, Twitter, Orkut e blogs) uma campanha pela não reeleição dos que hoje exercem cargo eletivo. A campanha começou, salvo engano, com a insatisfação que os homens e mulheres politizados demonstraram com os desmandos de José Sarney no Senado.
Não bastasse o imperador dos feudos do Maranhão e Amapá fazer e desfazer, a seu bel-prazer, as leis, usar de tráfico de influência e nepotismo, chantagens e coação, negociatas e os mais diversos tipos de corrupção ativa e passiva para manter seu status de intocável da República, a ação nefasta do presidente Lula e seus sequazes, de Renan Calheiros a seu arquiinimigo pró-forma Fernando Collor, do passivo-venal Crivella ao irrevogável amoral Mercadante, do ex-xerife e atual capo Tuma, pai, ao insignificante João Pedro, em defesa do indefensável Sarney gerou no populacho insignificante o descontentamento com os legisladores federais e seus tentáculos estaduais.
A reeleição dos quadros do Executivo talvez tenha sido a pior medida dos tucanos no governo de FHC. Para reeleger o presidente, a então situação premiou crápulas como o próprio Lula e outros tantos incompetentes Brasil a dentro. Sérgio Cabral, Jaques Wagner, Marcelo Déda, Zezinho do PT são exemplos de maus gerentes da coisa pública que se mantiveram ou manter-se-ão na cadeira por conta dessa medida impensada e fisiológica do PSDB que, óbvio, contou com a adesão de gatos e ratos.
A insatisfação popular com os desmandos de Sarney gerou um coro fraco, mas persistente, pela não reeleição de qualquer parlamentar. Mas não passou disso, um gritinho tímido no fundo da gaveta em que se encontram os eleitores.
Os mesmos que pregam o fim da reeleição – talvez você mesmo, caro leitor, ou eu, que agora dou meu gritinho tímido – não hesitarão em votar num desses que há anos ou mesmo décadas vivem do erário, seja de forma legal ou com acréscimos ilegais e/ou amorais de seus vencimentos. Seja por convicção de que são bons nomes, seja pelo medo de eleger um novato que pode surpreender negativamente no exercício do mandato, seja por interesses particulares, seja por preguiça de pesquisar ou, vergonhosamente, apenas para “não perder o voto”, a pior das justificativas que se pode dar.
Olhando os candidatos de cada estado, difícil ver um nome realmente novo que tenha reais chances de se eleger. Nós, ditos eleitores consciente, abrimos o verbo contra nossos pares ao acusá-los de não saberem votar; insistimos na tese que há a necessidade de mudança e de renovação na política nacional, xingamos todos aqueles que já exercem mandato, como se fossem todos iguais (e talvez o sejam), mas não titubeamos ao justificar nosso voto numa dessas figurinhas desbotadas que não largam o osso com a nossa conivência.
Perdemos toda a moral de acusar políticos que não cumprem as promessas de campanha quando nós mesmos não cumprimos nosso discurso de necessidade de renovação. Somos iguais aos políticos que elegemos, aqueles que prometem e não cumprem, que não partem do discurso renovador para a prática.
Conclamar à luta e ao enfrentamento é fácil, difícil é encontrar quem colocará o guiso no pescoço do gato.
©Marcos Pontes
2 comentários:
Enquanto a reforma política-eleitoral não acontecer, nós eleitores estamos de mãos atadas! Nosso voto será apenas de praxe, pois quem está do lado da máquina, terá sempre mais chances de se reeleger! Sangue novo depende exclusivamente dos partidos e eles querem manter o quadro de conivência como está. Beijus,
Parabéns, Marcos Pontes, concordo com sua reivindicação: precisamos renovar o Congresso brasileiro, sobretudo, votar em candidatos de oposição, para não permitir o absolutismo lulo-petista!
Postar um comentário