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terça-feira, agosto 14, 2007


Nani, Jornal do Brasil, RJ


  • Uma coisa fica me encafifando: a quem Renan contrariou para que todos os seus podres sejam revelados de uma hora para outra? Já há quem diga que foi à Ambev, a partir do momento que a Schincariol, foi beneficiada pelo dedinho do presidente do Senado quando estava toda encalacrada com problemas fiscais e dívidas com a Previdência Social. Não duvido nada. Caixa dois? Todos têm e Renan ameaçou, nas entrelinhas, abrir o verbo e entregar seus pares, caso as ameaças de cassação tornarem-se sérias; laranjas para abrir rádios? Bobagem todos os caciques políticos fazem isso. Eu seria capaz de chutar que 90% das rádios brasileiras estão ou nas mãos de políticos ou de pastores. A própria imprensa não revela de onde surgiram verdadeiramente as primeiras denúncias para não queimarem suas fontes e continuarem recendo informações de cocheira.

  • E por falar em Renan, o que significa treta, quem deverá ser o relator do seu próximo processo, o de ter beneficiado a Schincariol, é o senador Almeida Lima, de Sergipe. Um doce para quem adivinhar a que partido pertence o dito cujo. Prepara-se uma pizza de laranja.

  • Hoje enviei e-mail para todos os deputados e senadores. Pode acreditar, para TODOS! Peço no e-mail que eles não deixem passar a prorrogação da CPMF. O governo anda mais voraz a cada dia. Hoje Lula sancionou a lei que regulamenta a Timemania, mais uma loteria, não confundir com jogo de azar, tolinhos. Entrando a grana que deve entrar com mais essa loteria, as burras (não estou falando dos políticos) do governo federal vão inchar, por isso o fim da CPMF não será nenhum prejuízo para o erário, sem falar que nem eu, nem tu e nem o rabo do tatu sabemos para onde vai tanta grana arrecadada com esse impostozinho sem vergonha que chamam de Contribuição Provisória.

  • E os deputados de Minas legalizaram o foro privilegiado. O governador vetou e os parlamentares mineiros derrubaram o voto. Se os camaradas fazem tanta questão desse foro privilegiado, é porque sabem que suas vidas estão tão emporcalhadas que vale a pena se prevenirem contra ameaças de futuros processos. CORJA!

  • Pelamordedeus, quando é que alguém vai ter peito para regular as agências reguladoras? Esses órgãos foram criadas para servirem aos contribuintes, mas só fazem as vontades dos empresários. Mais uma boa idéia desvirtuada nessa república de sindicalistas.

  • E o proxeneta Oscar Maroni, dono do puteiro, que os jornais chamam de boate, Bahamas, foi preso e já divulgou um vídeo espinafrando o Gilberto Kassab. Será que esse sujeito tem um caderninho de capa preta que nem a Madame Hollywood tinha? Seria uma beleza vê-lo chantagear juízes, promotores, políticos... Não duvido nada. A propósito, a prostituição no Brasil não é ilegal; ilegal é promover a prática. No fundo eu acho isso uma medida acertada. Se alguém quiser prostituir-se, direito seu, só seus clientes e familiares que têm algo com isso. A lei impede (pelo menos no papel) que alguém se aproveite da prostituição alheia para auferir lucros, evitando a figura do proxeneta, do gigolô e outros que tais.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Colando


Angeli, Folha de São Paulo


O post de hoje veio prontinho, enviado pelo Heber, meu irmão ligadaço no que nos envolve:


Renan e a vingança
A melhor análise sobre a situação do presidente do Senado, Renan Calheiros,
não é de nenhum congressista ou analista político. É do artigo na Folha do
compositor e escritor Nelson Motta: "Nem a Polícia Federal, nem o Ministério
Público, nem a imprensa: foram atos individuais de Pedro Collor, Nicéa Pitta
e Roberto Jefferson que trouxeram à luz as tenebrosas transações que levaram
ao impeachment de Collor, à condenação de Celso Pitta, ao mensalão e à queda
de José Dirceu. Essas pessoas, movidas por sentimentos pessoais, acabaram
prestando inestimáveis serviços ao país. Sem o ódio deles, tudo continuaria
como estava. É o que vale: a história não é feita de boas intenções, mas de
conseqüências. Traições, humilhações, invejas, rancores, o ser humano é
muito sensível a esses sentimentos. Aqui, a vingança não é um prato comido
frio, mas fumegante. Não por acaso, é justamente o medo da vingança de Renan
que atrasa a sua expulsão do Senado".

Enquanto isso, na Câmara dos Deputados...
Frase do deputado Júlio Delgado (PSB), que fez verão em 2005 como carrasco
do processo de cassação de José Dirceu, sobre a relação do governo com os
deputados: "O Planalto sabe que é preciso criar um ambiente favorável. Essa
é governabilidade de amor remunerado. Todo mundo vota de acordo com a
liberação das emendas", disse a O Globo. Já foram liberados 93,7 milhões de
reais nesse mês. A direção da Câmara decidiu que os parlamentares podem
transferir o dinheiro que sobrar da verba para comprar passagens aéreas,
para os gastos com telefone e correio. A Folha dá o exemplo da autor da
proposta, Ciro Nogueira (PP-PI). Ele tem direito a R$ 25 mil mensais para
viagens Piauí-Brasília, suficiente para comprar 29 passagens de ida e volta
com o valor. Como, em média, deputados se deslocam quatro vezes ao mês entre
seu Estado e Brasília, sobrariam 25 passagens, cerca de R$ 21 mil.

Trechos retirados de O Filtro, selecionados por Thomas Traumann colunista de
política e chefe da sucursal da revista ÉPOCA no Rio de Janeiro.

sábado, agosto 11, 2007

Coisas da Corte



Dias cheios, estresse no trabalho, projetos a curto prazo e ocupando todo o tempo e a Justiça, mais uma vez me intima para participar do Conselho de Sentença do júri que se realizou ontem.

Ao chegar ao fórum, procurei saber sobre quem seria julgado, qual o crime. Era o caso de um soldado da Polícia Militar que havia matado um assaltante em 1992. Quinze anos! Me preocupei. Julgamento de militares é sempre um caso tenso. Tememos a policia, quando deveríamos confiar nela como nossos defensores legais. Eles são solidários entre si, se protegem como podem e, numa cidade pequena como a minha, eles sabem quem são cada um, ainda mais eu que, sem querer parecer presunçoso, sou bastante conhecido. Tenho amigos desde o primeiro escalão da prefeitura até a mais pobre família da periferia.

Lógico que com minha "sorte" fui sorteado e nem o advogado de defesa quanto o promotor não me dispensaram.

Naquele ano, por volta da nove e meia da noite, os cabos Carlos e Messias foram atender a uma chamada de uma senhora que dizia que sua farmácia estava sendo assaltada. Os bandidos aproveitaram o momento em que ela e o marido, que moravam na sobreloja, chegavam da igreja e entreabriram a porta da loja para atender a uma amiga que os acompanhava e não passava bem. Assim que eles entraram, os bandidos, que já haviam rendido o vigilante da rua, entraram também, e pediram o dinheiro e alguns remédios alucinógenos.

O marido levava consigo um envelope com pouco dinheiro que havia sido arrecadado durante o culto, dinheiro da igreja, e o entregou, mas disse que não vendia o medicamento que eles pediam. Não acreditando na palavra no senhor, os marginais o levaram para o escritório em busca de um cofre, que não havia e de medicamentos. Aproveitando a confusão, a mulher do farmacêutico pegou o telefone sem fio, trancou-se no quarto com a filha pequena, e ligou para a poícia.

O cabo Carlos, que comandava a viatura, sujeito muito querido e conhecido na cidade, policial experiente, relaxou. Imaginou que os bandidos já haviam fugido, uma vez que a senhora estava dentro da loja assaltada, e não se precaveu. Achando a farmácia com a porta entreaberta, já foi entrando. Um dos bandidos o recebeu com um tiro que o acertou no peito esquerdo. O cabo Messias, também relaxado, havia ficado dentro da viatura e não teve tempo de pegar sua arma. Ao mesmo tempo em que atirava no Cabo Carlos, os bandidos saíram correndo, um em cada direção. Vendo o colega ferido, Messias correu para dar-lhe auxílio, não se preocupando no momento com a fuga dos bandidos.

Poucos metros à frente, um soldado, de folga naquele dia, namorava dentro do carro e se abaixara ao ouvir os tiros, imaginando que eram para si. Um dos bandidos passou correndo pelo seu carro com a arma na mão. O soldado Cardoso, saiu do carro e viu a viatura parada e o cabo Messias correndo para dentro da loja. Saiu correndo pra lá, imaginando que alguém havia se ferido. Ao chegar, sem pestanejar, ajudou Messias a colocar Carlosdentro da viatura e assim que o carro arrancou com a sirene ligada, Cardoso voltou para seu carro, mandou a namorada descer e partiu à caça do rapaz que havia passado correndo por ele.

A caçada não durou muito. Conhecendo bem a região, Cardoso encontrou o bandido se escondendo entre os boxes do merado municipal. Desceu do carro, arma em punho, e deu ordem de prisão ao bandido, Ariosvaldo, que respondeu com três tiros. Cardoso, escondendo-se atrás do carro, também deu três disparos. Um acertou Ariosvaldo também no peito esquerdo. Cardoso, com ajuda de pessoas que trabalham no mercado, colocou o ferido dentro do seu carro e o levou para o hospital.

Ao chegar lá, recebeu a notícia que o cabo Carlos havia morrido e o bandido que ele próprio acertara também morreu antes de receber os primeiros socorros.

Em companhia de messias, foi ao quartel apresentou-se ao comandante, contou os fatos, entregou sua arma e ficou à disposição da PM para as investigações.

Na época, ações desse tipo eram investigadas pela própria polícia. Foi aberto um Inquérito policial Militar que, a exemplo do que ocorre na Justiça comum, é demorado, burocrático e nem sempre inteligente. O caso arrastou-se até 1996, ano em que foi promulgada a lei 9299 segundo a qual incidentes envolvendo policiais militares em que houvesse morte, passavam a ser investigados e julgados pela Justiça comum. O processo que já se arrastava por quatro anos, voltou ao ponto zero, recomeçou, aproveitando apenas os nomes das testemunhas e pessoal envolvido.

Novas oitivas, novos depoimentos e toda aquela lentidão que todos conhecemos.

O soldado Cardoso recebeu uma condecoração por bravura, foi promovido a sargento, mas teve que devolver a patente, voltando a soldado, porque o tal processo o impedia de ser promovido, até que fosse julgado definitivamente. Para completar, o pobre soldado não tinha dinheiro para pagar um bom advogado. Aí entrou a Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar da Bahia, que comprometeu-se a bancar os honorários do advogado.

Se por um lado, isso tirava um peso dos bolsos do soldado, por outro, arrumaram-lhe um daqueles advogadozinhos sem compromisso com a causa, sem falar que era um advogado de Salvados, mais de 700 quilômetros distante da cidade em que ocorrera o fato. O cara faltava a audiências, procurava adiar o julgamento, procratinava o tanto que podia e assim se passaram onze anos, até que o juiz local, cansado de tantas manobras e atrasos, deu um ultimato ao advogado que alegou problemas de agenda para fazer-se presente. O juíz o afastou do cargo e nomeou um advogado dativo par defender o soldado Cardoso.

Foi o julgamento mais rápido de que já participei. Na média, os julgamentos vão até as dez e meia, onze horas da noite, os mais complexos vão até as primeira horas da madrugada. Esse nos liberou às quatro e meia. Opromotor, que tem direito a duas horas de discurso, usou apenas uma; o advogado, também com direito a duas horas de discurso, usou apenas 45 minutos. Não houve réplica por parte do promotor, uma vez que ele hava pedido a absolvição do rréu por legítima defesa. Na verdade, só houve julgamento por causa do depoimento do cabo Messias, que dissera, durante o processo policial, que o soldado Cardoso havia dito, ainda no hospital, que havia parado o carro a dois metros de Ariosvaldo, jogado os faróis sobre ele e atirado. Acontecendo assim, esvaia-se a legítima defesa e o caso transformava-se em homicídio simples. O cabo Messias por pouco não comprometeu a absolvição do colega. Isso só ocorreu por conta da perícia técnica que comprovou os disparos feitos pelo bandido.

O outro bandido, aquele que havia desaparecido naquela noite, alguns dias depois foi preso por outro crime e, quando era transferido para a delegacia dentro de uma viatura da Polícia Civil, "homens encapuzados" pararam o carro oficial, retiraram o preso do interior e o fuzilaram sem a reação dos policiais que o acompanhavam, "rendidos pelos seqüestradores". esse caso nunca foi esclarecido. Fácil deduzir o que houve.

O soldado Cardoso foi absolvido por seis votos a um, causando surpresa esse voto contrário, uma vez que a própria promotoria havia solicitado que nós votássemos pela sua soltura. provavelmente um dos jurados cometeu o erro a colocar a cédula "não" dentro da urna, quando estávamos dentro da sala secreta.

Acho que fizemosa coisa certa, o soldado Cardoso, quinze anos convivendo com a insegurança do julgamento, mal assessorado por seu advogado, promovido e rebaixado, detentor de uma folha limpa e sem qualquer outro incidente que comprometa sua postura diante da sociedade, aquele que, mesmo estando em seu dia de folga, teve o desprendimento e a coragem de socorrer um colega ferido e saído, sozinho, à caça de um bandido armado e que vinha praicando assaltos e estupros contunadamente, não merecia ser penalizado. Estamos todos com a consciência tranqüila por termos feito o certo.

quarta-feira, agosto 08, 2007


Amorim, Correio do Povo, RS


  • Já se fala em CPI do Pan. Não creio que sai. Se saísse e fosse séria, poderia comprometer a credibilidade numa futura Copa ou nom pouco provável Olimpíada (ou Olimpíadas, como teimam em errar os jornalistas).

  • Um crédito a história terá que dar a Lula. Uma ditadura do proletariado pode até vir a dar certo em algum lugar do mundo algum dia, mas o presidente já provou por a mais b que uma ditadura sindicalista é um grande fiasco.

  • O problema não é analfabeto votar, mas, sim, analfabeto ser votado.

  • Jobim, tentando fazer média com a classe média, está pedindo que as companhias aéreas aumente o espaço entre as poltronas dos aviões. Prepara mais uma maquiagem. Pode colocar três metros entre uma poltrona e outra que não resolve nada, senão um pouquinho mais de conforto para os passageiros. Ele tem que se preocupar de verdade é com os problemas ocorridos no solo, nos radares, nos softwares problemáticos utilizados pelos controladores, com as pistas mal recapeadas, mau atendimento das companhias, overbook, ...

Dou a mão à palmatória:

Passou Copa América, Pan,

Recesso parlamentar, e a escória

Congressista, não esqueceu Renan.

terça-feira, agosto 07, 2007


Fausto, Olho Vivo




Recebi o texto abaixo de uma amiga e fui checar sua veracidade. Pelo que descobri, a dita carta não foi escrita por Tereza Collor, mas pelo jornalista Mendonça Neto e o jornal em que ela foi publicada foi o Extra de Alagoas e não o do Rio de Janeiro. A participação de Tereza foi apoiar o autor e pedir a divulgação. Não estou divulgando a pedido de Tereza, mas por achá-la bastante interessante, estarrecedora e informativa. Mantive o texto do jeito que recebi e que alguns de vocês também devem ter recebido ou receberão, coisas da internet. Vamos a ela:


CARTA DE TEREZA COLLOR A RENAN CALHEIROS
 
Publicado por Mendonça Neto, Jornal Extra - Rio de Janeiro.
 
 
Carta aberta ao Senador Renan Calheiros
 
"Vida de gado. Povo marcado. Povo feliz". As vacas de Renan dão  cria 24 h por dia. Haja capim e gente besta em Murici e em Alagoas!
Uma qualidade eu admiro em você: o conhecimento da alma humana. Você sabe manipular as pessoas, as ambições, os pecados e as fraquezas.
 
Do menino ingênuo que eu fui buscar em Murici para ser deputado         estadual em 1978 - que acreditava na pureza necessária de uma política de oposição dentro da ditadura militar - você,Renan Calheiros, construiu uma trajetória de causar inveja a todos os homens de bem que se acovardam e não aprendem nunca a ousar como os bandidos.
 
Você é um homem ousado. Compreendeu, num determinado momento, que a vitória não pertence aos homens de bem, desarmados desta fúria do
desatino, que é vencer a qualquer preço. E resolveu armar-se. Fosse qual fosse o preço, Renan Calheiros nunca mais seria o filho do Olavo, a digladiar-se com os poderosos Omena, na Usina São Simeão, em desigualdade de forças e de dinheiros.
 
Decidiu que não iria combatê-los de peito aberto, descobriria um atalho, um mil artifícios para vencê-los, e, quem sabe, um dia derrotaria todos eles, os emplumados almofadinhas que tinham empregados cujo serviço exclusivo era abanar, durante horas, um leque imenso sobre a mesa dos usineiros, para que os mosquitos de Murici (em Murici, até os mosquitos são vorazes) não mordessem a tez rósea de seus donos: Quem sabe, um dia, com a alavanca da política, não seria Renan Calheiros o dono único, coronel de porteira fechada, das terras e do engenho onde seu pai, humilde, costumava ir buscar o dinheiro da cana, para pagar a educação de seus filhos, e tirava o chapéu para os Omena, poderosos e perigosos.
 
Renan sonhava ser um big shot, a qualquer preço. Vendeu a alma,  como o Fausto de Goethe, e pediu fama e riqueza, em troca.
 
Quando você e o então deputado Geraldo Bulhões, colegas de bancada de Fernando Collor, aproximaram-se dele e se aliaram, começou a ser parido o novo Renan.
 
Há quem diga que você é um analfabeto de raro polimento, um intuitivo. Que nunca leu nenhum autor de economia, sociologia ou direito. Os seus colegas de Universidade diziam isso. Longe de ser um demérito, essa sua espessa ignorância literária faz sobressair, ainda mais, o seu talento de vencedor. 
Creio que foi a casa pobre, numa rua descalça de Murici, que forneceu a você o combustível do ódio à pobreza e o ser pobre. E Renan Calheiros decidiu que, se a sua política não serviria ao povo em nada, a ele próprio serviria em tudo. Haveria de ser recebido em Palácios,        em mansões de milionários, em Congressos estrangeiros, como um        príncipe, e quando chegasse a esse ponto, todos os seus traumas        banhados no rio Mundaú, seriam rebatizados em fausto e opulência;        "Lá terei a mulher que quero, na cama que escolherei. Serei amigo        do Rei."
 
Machado de Assis, por ingênuo, disse na boca de um dos seus personagens: "A alma terá, como a terra, uma túnica        incorruptível." Mais adiante, porém, diante da inexorabilidade do        destino do desonesto, ele advertia: "Suje-se, gordo! Quer sujar-se?        Suje-se, gordo!"
 
Renan Calheiros, em 1986, foi eleito deputado federal pela segunda vez. Nesse mandato, nascia o Renan globalizado, gerente de resultados, ambição à larga, enterrando, pouco a pouco, todos os escrúpulos da consciência. No seu caso, nada sobrou do naufrágio desilusões de moço! Nem a vergonha na cara. O usineiro João Lyra patrocinou essa sua campanha com U$ 1.000.000. O dinheiro era entregue, em parcelas, ao seu motorista Milton, enquanto você esperava, bebericando, no antigo Hotel Luxor, av. Assis Chateaubriand, hoje Tribunal do Trabalho.
 
E fez uma campanha rica e impressionante, porque entre seus eleitores havia pobres universitários comunistas e usineiros deslumbrados, a segui-lo nas estradas poeirentas das Alagoas, extasiados com a sua intrepidez em ganhar a qualquer preço. O destemor do alpinista, que ou
chega ao topo da montanha - e é tudo seu, montanha e glória - ou morre. Ou como o jogador de pôquer, que blefa e não treme, que blefarindo, e cujos olhos indecifráveis  intimidam o adversário. E joga tudo. E vence. No blefe.
 
Você, Renan não tem alma, só apetites, dizem. E quem, na política brasileira, a tem? Quem, neste Planalto, centro das grandes picaretagens nacionais, atende no seu comportamento a razões e objetivos de interesse público? ACM, que, na iminência de ser cassado, escorregou pela porta da renúncia e foi reeleito como o grande coronel de uma Bahia paradoxal, que exibe talentos com a mesma sem-cerimônia com que cultiva corruptos? José Sarney, que tomou carona com Carlos Lacerda, com  Juscelino, e, agora, depois de ter apanhado uma tunda de você, virou seu pai-velho, passando-lhe a alquimia de 50 anos de        malandragem?
 
Quem tem autoridade moral para lhe cobrar coerência de princípios? O presidente Lula, que deu o golpe do operário, no dizer deBrizola, e hoje hospeda no seu Ministério um  office-boy do próprio Brizola? Que taxou os aposentados, que não o eram, nem no Governo de Collor, e dobrou o Supremo Tribunal Federal? 
 
No velho dizer dos canalhas, todos fazem isso, mentem, roubam, traem. Assim, senador, você é apenas o mais esperto de todos,que, mesmo com fatos gritantes de improbidade, de desvio de conduta pública e privada, tem a quase unanimidade deste Senado de Quasímodos morais para blindá-lo.
 
E um moço de aparência simplória, com um nome de pé de serra - Siba - é o camareiro de seu salvo-conduto para a impunidade, e fará de tudo
para que a sua bandeira - absolver Renan no Conselho de Ética - consagre a sua carreira.
 
Não sei se este Siba é prefixo de sibarita, mas, como seu advogado in pectore, vida de rico ele terá garantida. Cabra bom de tarefa, olhem o jeito sestroso com que ele defende o chefe... É mais realista que o Rei. E do outro lado, o xerife da ditadura militar, que, desde logo, previne: quero absolver Renan.
 
Que Corregedor!... Que Senado!...Vou reproduzir aqui o que você declarou possuir de bens em 2002 ao TRE. Confira, tem a sua assinatura:
 
1) Casa em Brasília, Lago Sul, R$ 800 mil,
2) Apartamento no edifício Tartana, Ponta Verde, R$ 700 mil,
3) Apartamento no Flat Alvorada, DF, de R$ 100 mil,
4) Casa na Barra de S Miguel de R$ 350 mil .
E SÓ!
 
Você não declarou nenhuma fazenda, nem uma cabeça de gado!! Sem levar em conta que seu apartamento no Edifício Tartana vale, na realidade, mais de R$1 milhão, e sua casa na Barra de São Miguel, comprada de um comerciante farmacêutico, vale mais de R$ 2.000.000.Só aí, Renan, você DECLARA POSSUIR UM PATRIMONIO DE CERCA DE R$ 5.000.000.
 
Se você, em 24 anos de mandato, ganhou BRUTOS, R$ 2 milhões, como comprou o resto? E as fazendas, e as rádios, tudo em nome de laranjas? Que herança moral você deixa para seus descendentes?.
 
Você vai entrar na história de Alagoas como um político desonesto, sem        escrúpulos e que trai até a família. Tem certeza de que vale a        pena?
Uma vez, há poucos anos, perguntei a você como estava o maior latifundiário de Murici. E você respondeu: "Não tenho uma só        tarefa de terra. A vocação de agricultor da família é o Olavinho."        É verdade, especialmente no verde das mesas de pôquer!
 
O Brasil inteiro, em sua maioria, pede a sua cassação. Dificilmente você será condenado. Em Brasília, são quase todos cúmplices. Mas olhe no rosto das pessoas na rua, leia direito o que elas pensam, sinta o desprezo que os alagoanos de bem sentem por você e seu comportamento   desonesto e mentiroso. Hoje perguntado, o povo fecharia o Congresso. Por causa de gente como você!
 
Por favor, divulguem pro Brasil inteiro pra ver se o Congresso cria vergonha na cara. Os alagoanos agradecem.
 
 
Thereza Collor