Como prometido e já sabido por todos os que me conhecem, não haverá trégua em relação ao governo atual, afinal de contas, 12 anos de PT é dose cavalar. Bom, 12 anos é a promessa, mas não são poucos os que apostam num governo peemedebista. Seja pela recidiva da doença da presidente, que teimam em especular nos corredores de Brasília, seja por um possível golpe dos hoje aliados.
No terceiro dia de mandato e primeiro dia útil, já há informação a rodo, embora jornalões, daqueles que não escrevem notícias, apenas reproduzem o que as assessorias de imprensa de políticos e empresas lhes envia, teimem em dar o cardápio trivial do almoço do ex-presidente, a cor da bermuda com que ele apareceu à sacada do seu tríplex e outras baboseiras.
Algumas posses dos ministros, que vêm ocorrendo a conta gotas, para que haja mais espaço nos noticiários, chamam a atenção, outras passam batidas, principalmente pela insignificância dos ministros e ministérios, outras já preenchem melhor as páginas de fofocas do que as de política e algumas outras tem muito texto no subtexto.
Um exemplo do último caso foi o discurso do ministro da Ciência e Tecnologia. No primeiro momento, Mercadante afirmou que seu ministério fará o máximo possível com os mínimos recursos que lhe caberão, numa referência aos cortes no orçamento, prometidos pelos componentes da área econômica. Antes da segunda parte do seu discurso, cabe aqui uma rápida reflexão sob alguns tópicos: 1. Lula não investiu os 4% do PIB em ciência e tecnologia, como havia prometido no início do seu segundo mandato; 2. Ciência e tecnologia, que podem ser consideradas infraestrutura, jamais foram priorizadas em qualquer governo, desde há meio século; 3. Se o orçamento já baixo vai sofrer redução, como fazer o máximo? Vai sobrar para fazer apenas o mínimo, principalmente depois de saldada a folha de pagamento.
No mesmo discurso o falso doutor promete repatriar os pesquisadores brasileiros. Ora, se existem tantos e tão bons pesquisadores brasileiros nos Estados Unidos e na Europa, isso se dá por conta, justamente, de compromisso dos governos e universidades públicas com a área da pesquisa. Nossos cientistas têm três caminhos: aceitam convites de instituições estrangeiras, de ensino ou fabris, que lhes darão salários dignos e condições materiais de primeira linha, além de toda um estrutura física e psicológica para a produção; ficam no Brasil em alguma instituição de ensino, orientando formandos e pós-graduandos em pesquisas meia-boca, sobrando apenas para um seleto grupo as pesquisas de ponta; ou abandonam a pesquisa e dedicam-se ao magistério teórico ou ao emprego burocrático atrás de alguma linha de produção. Lógico, sem falar nos que, simplesmente, abandonam a produção científica.
Se não vai haver recursos para acelerar, turbinar ou equipar a pesquisa no Brasil, situação admitida pelo próprio ministro ao referir-se aos cortes no orçamento, como sobrará verba para trazer de volta cientistas bem remunerados e apoiados no exterior?
Bem ao feitio petista, Mercadante repete a receita do ex-presidente e continua com discurso de palanque, por meio de promessas que não serão cumpridas, não só pela sua já tão conhecida incompetência, mas pelas próprias condições pecuniárias. Para bancar os 200 mil companheiros aboletados em cargos comissionados pelo presidente anterior e mantidos pela atual presidente, com promessa de aumento desse número de vermelhinhos sanguessugas, além das benesses que, por práxis histórica, os funcionários de primeiro e segundo escalões dos três Poderes se dão, desconsiderando completamente as urgências do populacho, alguma área tem que abrir mão de seu dinheiro e ciência e tecnologia sempre fez parte dos que abrem mão do pouco que têm em favor dos companheiros e compadres.
Eu já esperava que Mercadante pregasse na parede, numa moldura de ouro, sua incapacidade gerencial e sua falta de compromisso com a verdade, mas não esperava que fosse já no seu primeiro dia de expediente.
E este foi apenas o terceiro dia dos 1461 que teremos que agüentar essa gang nos governando. Por outro lado, só faltam1458 e contando.
©Marcos Pontes