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segunda-feira, janeiro 03, 2011

Só faltam 1458 dias

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Como prometido e já sabido por todos os que me conhecem, não haverá trégua em relação ao governo atual, afinal de contas, 12 anos de PT é dose cavalar. Bom, 12 anos é a promessa, mas não são poucos os que apostam num governo peemedebista. Seja pela recidiva da doença da presidente, que teimam em especular nos corredores de Brasília, seja por um possível golpe dos hoje aliados.

No terceiro dia de mandato e primeiro dia útil, já há informação a rodo, embora jornalões, daqueles que não escrevem notícias, apenas reproduzem o que as assessorias de imprensa de políticos e empresas lhes envia, teimem em dar o cardápio trivial do almoço do ex-presidente, a cor da bermuda com que ele apareceu à sacada do seu tríplex e outras baboseiras.

Algumas posses dos ministros, que vêm ocorrendo a conta gotas, para que haja mais espaço nos noticiários, chamam a atenção, outras passam batidas, principalmente pela insignificância dos ministros e ministérios, outras já preenchem melhor as páginas de fofocas do que as de política e algumas outras tem muito texto no subtexto.

Um exemplo do último caso foi o discurso do ministro da Ciência e Tecnologia. No primeiro momento, Mercadante afirmou que seu ministério fará o máximo possível com os mínimos recursos que lhe caberão, numa referência aos cortes no orçamento, prometidos pelos componentes da área econômica. Antes da segunda parte do seu discurso, cabe aqui uma rápida reflexão sob alguns tópicos: 1. Lula não investiu os 4% do PIB em ciência e tecnologia, como havia prometido no início do seu segundo mandato; 2. Ciência e tecnologia, que podem ser consideradas infraestrutura, jamais foram priorizadas em qualquer governo, desde há meio século; 3. Se o orçamento já baixo vai sofrer redução, como fazer o máximo? Vai sobrar para fazer apenas o mínimo, principalmente depois de saldada a folha de pagamento.

No mesmo discurso o falso doutor promete repatriar os pesquisadores brasileiros. Ora, se existem tantos e tão bons pesquisadores brasileiros nos Estados Unidos e na Europa, isso se dá por conta, justamente, de compromisso dos governos e universidades públicas com a área da pesquisa. Nossos cientistas têm três caminhos: aceitam convites de instituições estrangeiras, de ensino ou fabris, que lhes darão salários dignos e condições materiais de primeira linha, além de toda um estrutura física e psicológica para a produção; ficam no Brasil em alguma instituição de ensino, orientando formandos e pós-graduandos em pesquisas meia-boca, sobrando apenas para um seleto grupo as pesquisas de ponta; ou abandonam a pesquisa e dedicam-se ao magistério teórico ou ao emprego burocrático atrás de alguma linha de produção. Lógico, sem falar nos que, simplesmente, abandonam a produção científica.

Se não vai haver recursos para acelerar, turbinar ou equipar a pesquisa no Brasil, situação admitida pelo próprio ministro ao referir-se aos cortes no orçamento, como sobrará verba para trazer de volta cientistas bem remunerados e apoiados no exterior?

Bem ao feitio petista, Mercadante repete a receita do ex-presidente e continua com discurso de palanque, por meio de promessas que não serão cumpridas, não só pela sua já tão conhecida incompetência, mas pelas próprias condições pecuniárias. Para bancar os 200 mil companheiros aboletados em cargos comissionados pelo presidente anterior e mantidos pela atual presidente, com promessa de aumento desse número de vermelhinhos sanguessugas, além das benesses que, por práxis histórica, os funcionários de primeiro e segundo escalões dos três Poderes se dão, desconsiderando completamente as urgências do populacho, alguma área tem que abrir mão de seu dinheiro e ciência e tecnologia sempre fez parte dos que abrem mão do pouco que têm em favor dos companheiros e compadres.

Eu já esperava que Mercadante pregasse na parede, numa moldura de ouro, sua incapacidade gerencial e sua falta de compromisso com a verdade, mas não esperava que fosse já no seu primeiro dia de expediente.

E este foi apenas o terceiro dia dos 1461 que teremos que agüentar essa gang nos governando. Por outro lado, só faltam1458 e contando.

 

©Marcos Pontes

domingo, janeiro 02, 2011

Meio ProUni

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A presidente de quem recuso citar o nome, falou em ampliar o ProUni para o Ensino Médio. Houve uma grita contra no Twitter, minha maior fonte de informação política, no momento. Acredito que oposição tem mais é que se opor mesmo, mas vou me contrariar aqui. Em 2006 eu já elogiava o ProUni, um programa de promoção social através da educação, mas sem as malditas cotas racistas ou sexistas.

O ProUni provou, no decorrer dos anos, que seus opositores estavam errados. Jovens de renda abaixo da média passaram a ter acesso a faculdades que jamais poderiam pagar, sem a necessidade do malfadado crédito universitário, aquela falsa bolsa que endivida os profissionais recém formados antes mesmo deles conseguirem o primeiro emprego, e sem a necessidade de serem negros, índios, deficientes físicos ou outra aparência física qualquer discriminatória.

Como é bem sabido, as classes mais pobres têm acesso à pior qualidade de ensino, não por serem pobres, como a esquerda gosta de fazer parecer, mas por terem acesso à escola pública, um depósito de jovens alunos que não são ensinados a serem estudantes. Nem mesmo esse governo que, ate que enfim, encerrou ontem, que fez tanto proselitismo e demagogia em nome dos pobres, fez algo para melhorar, deveras, a qualidade de ensino da escola pública.

Criou o piso nacional do magistério, ótimo. Mas para que serviu isso, se não para aumentar a renda de profissionais que continuam com a mesma prática de fazer de conta que ensina? Não melhorou a qualificação dos professores e nem exigiu deles a contrapartida da qualidade a ser avaliada em provas a cada ano. Pagou melhor pelo mesmo produto mal acabado.

Construiu ou reformou escolas federais e ajudou aos estados e municípios a construir e reformar as suas. Ótimo. Mas jogou lá dentro os mesmos desestimulados e mal preparados professores de antes. Ano após ano nossa posição nossa posição nos rankings internacionais estagna ou diminui, sinal de que a tão cantada e decantada melhoria na qualidade de ensino através de investimentos é uma grande mentira. Os indicadores mostram isso claramente.

Ao manter o ministro da educação do governo anterior, a presidente demonstra que não tem compromisso com a melhoria da educação, não só pelos fatos citados acima, mas também pelas seguidas demonstrações de incompetência, despreparo e falta de planejamento que o ministro Haddad vem demonstrando nos últimos três anos. Pior, com a conivência cega e bem remunerada da Justiça.

O ProUni, além de facilitar o acesso dos pobres à educação superior, ajuda às instituições privadas que apresentam ociosidade em boa parte de suas carteiras, algumas tendo que demitir professores ou contratar gente menos qualificada. O convênio com o ProUni obriga essas escolas a terem o mínimo de qualidade, a ser avaliada pelo Enade, correndo o risco de terem o convênio rompido se as metas não forem alcançadas.

Este modelo poderia muito bem sem empregado nas escolas particulares de ensino médio. Já que a educação pública esta sucateada, falida, catatônica e sem qualquer perspectiva de melhora, jovens pobres, mas que desejam estudar, fariam uma prova para conseguirem a vaga na escola particular e fariam uma avaliação ao final do ano letivo em que deveria comprovar o mínimo de assimilação dos conteúdos determinados pelo MEC.

Ganhariam os jovens, as famílias e, talvez, até a universidade pública, que receberia alunos pobres pela sua qualificação e não somente pela cor de sua pele ou pela deficiência física.

Meu lado de oposicionista sem condescendência a esse governo, desde antes mesmo dele começar, dessa vez dá uma trégua e apóia o ProUni para o ensino médio, seja lá que nome venha a receber, exigindo, porém, a avaliação anual das escolas e estudantes conveniados para que haja, de fato e não só na propaganda, a melhoria gradual de nossa educação.

Ah, diriam alguns, mas aí os donos das escolas ficarão ainda mais ricos. E daí?, pergunto eu. Sou um capitalista e gosto de ver as pessoas fazerem fortuna através do trabalho qualificado, do esforço e do investimento. Nenhum dono de escola, se a fiscalização for séria como deve ser, fará fortuna sem ser testado. O resto é choro de quem não consegue enriquecer e nutre esse ranço esquerdista contra os bem sucedidos.

 

©Marcos Pontes

domingo, dezembro 26, 2010

Perspectiva

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Quando criança e adolescente, ouvia muito falar em filosofia de vida, hoje essa expressão está meio fora de moda, talvez porque filosofia ou qualquer exercício intelectual esteja completamente démodé, tanto quanto a palavra démodé.

Pois bem, de tanto ouvir a dita expressão, ficava me perguntando qual seria minha filosofia de vida, quais seriam meus objetivos, quais os melhores caminhos a alcançá-los e tais que coisas. Deveras, esse negócio de filosofar é trabalhoso. E, em se tratando do próprio umbigo, não adianta ler Anaxágoras, São Tomás de Aquino, Aristóteles, Kant, Kierkegaard, Sartre, Pascal ou seja lá que nome dos mais altos panteões filosóficos, eles não conhecem seu umbigo. Ou melhor, meu umbigo.

Pensar é como aquela dorzinha muscular no dia seguinte a uma caminhada: dói, mas é gostoso. Eu buscava entender o que me movia, além de arroz, feijão e as ordens da mãe para ir à escola, estudar e lavar as próprias cuecas.

Um dia, após uma viagem de avião, comecei a entender como deveria viver e como eu já vivia e não sabia. Adotei para mim a filosofia do avião: “Senhores passageiros, em caso de descompressão da cabine, máscaras de oxigênio cairão do teto. Coloque a sua primeiro para depois tentar ajudar às pessoas ao seu redor”, diz aquela voz feminina robótica e fria como o ar das alturas.

Entendi que aquilo que eu achava egoísmo é autopreservação e solidariedade. Se você não estiver bem, como poderá ajudar aos outros? Se quem te cerca estiver mal, como você poderá ficar bem? Há um ciclo, uma simbiose entre mim e quem me cerca? Não sei se círculo ou simbiose, mas há uma interdependência. Se meu vizinho estiver empregado, alimentado e feliz, não pulará o muro para roubar minha casa; se eu estiver empregado, alimentado e abrigado, poderei começar a ajudar ao vozinho, ao vizinho do vizinho, ao quarteirão e pela cidade a fora.

Havia me presenteado com uma filosofia de vida. Ou melhor, aquela aeromoça havia me dado este presente.

Depois de muitas cabeçadas, muitas mudanças de rumo, de prumo e de objetivos, entendi que olhar para trás é perda de tempo, a não ser quando for para tirar alguma lição ou acalentar o coração com boa memória, mas por puro saudosismo, por autopiedade, autoflagelação ou qualquer outra forma de sofrer, é burrice. Presenteei-me com a segunda filosofia de vida: viver em perspectiva.

Antes disso eu lia e assistia a todas as retrospectivas dos anos que se acabavam, já não o faço mais. Numa olhadela rápida por cima dos ombros, agora que toquei no assunto, vejo um monte de perrengues, todos ultrapassados, alegrias indeléveis da memória e do coração; vejo os vizinhos no mesmo caminhos; alguns, graças a Deus, poucos cadáveres; muitos surgimentos, por parto ou pela proximidade da nova amizade. Há, no ano que se acaba, nada mais e nem menos que vida, pura e simples vida. E ela continua.

Nada de olhar para trás apenas pelo prazer da saudade, hora de apontar o nariz para a frente e caminhar sem medo, firme e honestamente, preparado para dores, amores, alegrias, dores de cabeça, fortuna ou dureza, pouco importa. Planejar nada tem a ver com adivinhar, predizer, sofrer por antecipação ou contar com o ovo no fiofó da galinha. Planejar para o sucesso, sabendo que troncos atravessados na estrada surgirão, mas sem temor. A cada passo uma alegria por ter conseguido dá-lo e já preparando para o próximo, em frente sempre.

Primeiro coloque sua máscara de oxigênio, depois de ter a respiração ordenada, ajudar à senhora da cadeira ao lado e pensar no pouso da aeronave, não na decolagem que já foi.

Sejamos muito felizes em 2011, sem pensar muitos em 2010.

©Marcos Pontes

sábado, dezembro 11, 2010

Nossos medinhos e Gramsci

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Em que se diferenciam as ditaduras vermelhas idealizadas pelo russo Lênin e o italiano Gramsci? Se bem que a idealizada por Lênin também foi implantada, enquanto que a de Gramsci nasceu em seus anos de cadeia. O brutamontes Mussolini deu a ele lápis, caneta, comida e todo o tempo do mundo para maquinar suas idéias. Entre tantas, talvez essa seja a maior burrice de Mussolini uma vez que a obra do Gramsci perdura ao passo que os malfeitos de Il Duce já se perdem no fog da história.
A principal diferença entre os dois modelos é o tipo de medo. Lênin impôs o medo palpável, o medo real das armas, da brutalidade dos agentes do estado, da KGB, do MVD, do Exército Vermelho, do seqüestro, da Sibéria; já Gramsci, bem mais sutil e paciente, investiu no medo de assombração, aquele medinho escondido sem se saber exatamente do quê. O medo do desconhecido, das maquinações maquiavélicas, do preconceito no verdadeiro sentido, de coisa pré concebida e que, por isso mesmo, deveria ser evitada, desmontada e negada.
Ao ver o movimento gay, por exemplo, negar o modelo de família predominante como sendo uma coisa ultrapassada, percebe-se nas entrelinhas a revolução gramsciana, gritando em surdina que tudo o que já existia deve ser negado. Dos bancos das universidades, principalmente as de ciências humanas, às cartilhas da pré-escola a revolução gramsciana mostra suas garras encobertas por veludo. Temos que reaprender a ler para percebermos no subtexto o pretexto da revolução embutido.
Sabendo que quem faz a cabeça do povaréu brasileiro são as novelas e o Jornal Nacional, aí a mente revolucionária investiu seus esforços sob o manto do politicamente correto, criando tabus modernos. Se antes da revolução feminista era tabu mulher “séria” sair de casa de calça comprida ou cantar o cara que lhe agradasse, depois da queima de sutiãs passou a ser feio discriminar as que tomassem a iniciativa, o mesmo acontece hoje em relação à erotização infantil, o homossexualismo, o aquecimento global, o consumo de carne vermelha, o consumo de supérfluos e por aí a fora.
Depois que criaram Xuxa, menina alguma quis mais ser Marie Curie. Pensar dói, mais fácil balançar a bundinha do que tentar interpretar um livro cheio de letras e palavras impossíveis; depois que inventaram Bruno Cateaubriand, nenhum menino sonhou em ser Garrincha. Pra quê suar, trabalhar pesado pra ganhar uns caraminguás e morrer de cirrose hepática se pode viver à champagne, morar na Zona Sul e aparecer cheio de glamour em qualquer programinha de celebridade?
Inverter os valores e criar medinhos contra o que está estabelecido é a tática gramsciana e na ponta de lança desse exército estão os gays que escrevem novelas e os jornalistas que fazem os jornais nacionais, não apenas o Jornal Nacional, por meio de releases enviados pelos todos poderosos assessores de imprensa. Jornalistas não precisam mais pensar, transformaram-se em copiadores que publicam o que as empresas, políticos, editoras e agências de notícias enviam. Não há sequer a necessidade de checar informações, já que suas fontes são as próprias personagens da notícia.
Não é à toa que Franklin Martins, um gramsciano profissional, foi alçado à condição de Göebbels particular de Lula nesses quase oito anos. Como poucos esse jornalista sabe manipular os medos coletivos. Por anos ele foi um dos editores dos jornais da Globo, conhece como pouquíssimos o inconsciente coletivo e sabe usar dos nossos medinhos em favor da causa revolucionária petista como nem o Maquiavel redivivo, Zé Dirceu, saberia fazê-lo. Dirceu é um executivo do mal, enquanto que Martins é um intelectual, portanto muito mais perigoso.
A propósito, se levantarmos todos os assessores de imprensa e dirigentes da área de comunicação social dos repetidos governos, desde Figueiredo, perceberemos que quase todos saíram dos quadros da Globo. Alexandre Garcia (Figueiredo), Antônio Brito (Tancredo/Sarney), Tereza Cruvinel (TV Brasil), Hélio Costa (Lula/Ministério das Comunicações), Franklin Martins e sabe-se lá quantos outros mais. Não entro no quartel dos que condenam a Globo, o Papa e a Coca-Cola por todos os males do país, isso também é hipocrisia coletiva, mas a Globo nos deve muito Porter formado esses mentores da revolução vermelha silenciosa que se instala aos pouquinhos e sem doer.

©Marcos Pontes

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Educação, melhoria relativa

Educação

 

“Todos pela Educação”, “Escola para todos”, “Educação solidária”... São muitos os programas oficiais e “projetos” privados em busca de uma educação pública de qualidade, pelo menos pró-forma.

Um parênteses: “projetos”, no parágrafo anterior, está entre aspas por conta de minha desconfiança com projetos e ONG. Primeiro porque projeto significa algo futuro, plano de algo a ser executado; projeto, portanto, palavra tão em voga, é a consubstanciação da máxima do autor austríaco “o Brasil é o país do futuro”. Num país em que o presente vive pedindo socorro, o futuro só pode ser incerto. E em relação às ONG, a desconfiança dá-se por conta das enormes falcatruas, noticiadas á mancheia, envolvendo esses “institutos”, “fundações” e que tais. Há mais ONG roubando o erário do que bandidos nas ruas cariocas. Fecho parênteses.

A divulgação dos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), avaliação anual da educação mundo a fora, realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) volta a colocar a educação em primeiro plano. Para os governistas e emprenhados pelas orelhas, o discurso ufanista de que estamos no caminho certo e o país melhorou; para opositores e profissionais da área da oposição ou isentos, há muita vitrine e pouco conteúdo.

Cláudio Moura Castro, um dos mais renomados especialistas em educação nacional deu uma no cravo e outra na ferradura em sua última análise sobre o Pisa. Percebe que em se tratando de meios materiais, deveras a escola pública melhorou. Não falta mais papel, carteiras, instalações físicas adequadas, alimentação escolar, piso nacional de salário dos professores etc, tudo graças ao Fundo Nacional da educação. Nisso ele está mais ou menos certo.

Recursos financeiros há, deixaram de faltar, mas sua fiscalização ainda é precária. Dinheiro para ônibus escolares zero quilômetro tornam-se aluguel de ônibus caindo aos pedaços; em salas de 50 alunos, superlotação comum em cursos noturnos, contam com 40 carteiras; alimentação escolar que deveria contar com cardápio montado por nutricionistas, via de regra são criados pelo menor preço e não pela melhor qualidade. Dos males o menor, uma vez que em regiões mais pobres a alimentação escolar é o melhor ou único atrativo para manter o aluno da escola.

A alimentação escolar e a Bolsa Família ajudaram a manter as crianças mais tempo na escola, o que torna mais alvissareira a melhoria dos índices internacionais. O tempo de escola é um dos critérios na avaliação da OCDE e este, sem dúvida, tem melhorado desde o governo de FHC, é poça em que foi criado o FNDE e a Bolsa Escola, o que há, então, de ruim? A qualidade.

A nova Lei de Diretrizes e Base da Educação, em vigor desde 1997, obrigava a qualificação dos professores, com terceiro grau, até 2007. Aos trupicões esse item da LDB foi cumprido. Municípios fizeram convênios com universidades públicas, fundações e faculdades particulares, presenciais ou a distância. A finada Licenciatura curta ressuscitou como medida emergencial e alguns professores foram “capacitados” em dois anos, a toque de caixa. Os menos exigentes dirão que melhor isso do que nada. Eu até concordaria se esse pouco não fosse quase nada. Não foram aplicados em grande escala, nessas capacitações, programas de qualificação de fato.

Educação, lógico, é investimento a longo prazo, o início foi dado, mas para gestores que não analisam o futuro, principalmente de tema tão complexo que a maioria não domina, mas tão somente seu próprio futuro eleitoral, nega-se a investir a totalidade do que a lei reza que deve ser investido.

Educação continua sendo mote de campanhas eleitorais e pouco de realizações de fato.

São muitos os descalabros, desmandos e desvios, mas isso é assunto para outro texto. A qualidade dos livros didáticos é duvidosa.

Há falta de planos de carreira; há o advento da malfadada formação continuada, mais um meio de manter o aluno em sala de aula e melhorar os índices internacionais; há a excessiva intromissão de pais leigos na regência de salas e gerenciamento das escolas; há a intromissão dos prefeitos no destino das verbas do PDDE e do PDE, verbas que são depositadas direto nas contas bancárias de cada escola e administradas diretamente pelos diretores e conselheiros; há a escolha de livros didáticos “mais fáceis”, que permitem que professores mal preparados consigam dar suas aulas sem maiores dores de cabeça. São muitas as contra-marés empurrando o barco de um desejado desenvolvimento rumo às condições antigas.

Todo o recurso financeiro direcionado para a melhoria da educação não compra a consciência e nem muda o mau preparo intelectual de muitos professores e gestores da educação. Muito ainda há a ser feito para que a decantada melhoria se dê mais do que apenas melhoria dos índices.

 

©Marcos Pontes