Deu nO Globo, a maioria dos mais de mil artistas e “intelectuais” (as aspas são em homenagem àqueles e àquelas que escrevem um livrinho e passam a dizerem-se intelectuais) que se fizeram presentes no ato no Teatro Casa Grande, Rio, em apoio à candidatura da senhora Rousseff declarou que votaria nela por causa de Lula. Ou seja, o presidente tem poder de transferência de votos também nessa classe dita culta e intelectualizada. O que essa gente não percebeu é que quem vai presidir o país, caso a senhora Rousseff seja eleita, não será Lula, mas ela.
Bom, aí há controvérsias.
Em discurso há, mais ou menos, um mês, em Salvador, Zé Dirceu mandou um recado à candidata, “quem governará será o PT. Será posto em prática o projeto de poder (muita atenção aqui, não é projeto de governo, mas de poder) do PT, algo que não ocorreu no governo Lula. Lula ficou maior que o partido, chegou a hora do partido tomar as rédeas”.
Lógico, as palavras exatas não são essas, mas foi esse o subtexto.
Aí há outra explicação necessária.
Quando Dirceu diz que quem comandará será o partido, e sendo o partido uma entidade abstrata, formada por milhares de pessoas, como pode o partido mandar em algo? É como dizer que a inflação aumentou por capricho do mercado, como se o mercado pensasse e agisse por vontade própria, fosse um ser autônomo.
O que Dirceu deixou claro para a senhora Rousseff e todos os seus luas pardas que esperam uma pontinha de poder num eventual governo Dilma, embora usando palavras tortas, é que quem governará será o mesmo grupo que tentou governar sobre Lula, mas foi atropelado e traído por este diversas vezes.
O PT não é apenas um partido, é uma frente que nasceu da esquerda radical e juntou todo o rebutalho vermelho, sempre ávido de poder, que foi se agregando. MR-8, COLINA, Luta Operária, Libelu,... São muitas vertentes do comunismo emaranhadas sob a estrela vermelha. Alguns foram aos poucos sendo defenestrados, os exemplos mais notórios são Heloísa Helena, Luciana Genro, Marina Silva, Babá, Plínio de Arruda Sampaio. Percebendo que sua corrente ideológica perdia espaço para os capitalistas stalinistas gramscianos e larápios na decisão das linhas de atuação do partido, ou desligaram-se por bem, ou por mal.
Houve uma limpeza por parte dos coronéis, uns devidamente aparelhados intelectualmente e com estudo fisiológico, ideológico, bélico e guerrilheiro suficiente para sufocar as correntes opositores dentro da agremiação, outros apenas para não perderem as benesses que se ganham estando pendurados no saco dos mandatários. Entre os primeiros, aqueles que realmente comandam o partido e o país, estão Zé Dirceu, o capo di tutti capi, o manda-chuva, o mafioso-mor, Greenhalgh, Palocci, Mangabeira Ünger, Berzoini, Zé Eduardo Dutra, Zé Eduardo Cardoso e mais uma pequena meia dúzia. Se o eleitor se esforçar um pouquinho, poderá acrescentar essa lista.
No segundo grupo, dos despreparados intelectualmente, mas que não largam o osso, nem que para isso seja necessário dormir com os líderes, estão Genoíno, Mercadante, Marta e Eduardo Suplicy, enumerando os mais notórios.
Há, óbvio, o terceiro grupo, a multidão sem poder de análise, aqueles que repetem à exaustão as palavras de ordem enviadas subliminarmente pelo grupo do alto da pirâmide. Essa multidão, autodenomida “militantes”, é a enorme massa de manobra que dá risada quando os chefes mandam e metem a porrada quando os chefes sugerem e, exaustivamente para nossos ouvidos e paciência, repetem o que os capi falam.
Colocando-se assim o fluxograma das decisões petistas, espero ter deixado claro para os artistas e “intelectuais”, assim como para a própria senhora Rousseff e seus eleitores que quem comandará o país caso a desgraça se abata sobre nossas cabeças e ela seja eleita, não será ela e nem o temerário Temer – muito próximo da faixa presidencial com a doença que está causando dores, cansaços e mal estar constante na candidata, embora seja assunto proibido pelo Politburo nazipetista -, mas o mafioso milionário Zé Dirceu e seus capitães-generais, o braço forte, impositivo e perseguidor do alto comando.
(Obrigado à @Val_Ce pela sugestão do tema desse post.)
©Marcos Pontes