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sexta-feira, dezembro 03, 2010

Buraco sem fundo

buraco

 

Precisaremos de um Wik Leaks nacional para descobrirmos as despesas do poder público?

Ah, dirão os governistas, mas existem sites, como o Portal Transparência, que mostra para onde está indo o dinheiro, basta pesquisar. Eu, um crédulo duvidoso, uma Velhinha de Taubaté ressabiada, digo que não é bem assim.

Temos uma fama histórica, principalmente aqui dentro, de sermos um povo criativo. Criamos o balão dirigível, depois o avião, criamos a máquina de escrever e deixamos a patente para os gringos, há quem diga que criamos a máquina fotográfica e deixamos os créditos para Louis Daguerre, há poucos anos vivíamos com inflação mensal de dois dígitos e tirávamos de letra, mas também somos criativos do mal.

Criamos, por exemplo, a nota fiscal fria, a maior invenção para os administradores públicos corruptos. No tempo da megainflação, uma obra era licitada por um preço, mas devido à alta constante dos preços, pagávamos várias vezes esse preço e as obras ainda ficavam pela metade ou eram concluídas com material inferior ao contratado. Com um arremedo de fiscalização e a Lei de Responsabilidade Fiscal, as obras inacabadas ficaram muito à vista e os bandidos tiveram que diversificar, descobriram a propaganda.

O mais notório dos bandidos da propaganda terminou sendo Duda Mendonça. Quantos milhões mesmo foram dados a ele pelo candidato Lula e pelo seu primeiro ano de governo e depositados no exterior sem prestação de contas ao Fisco? Fala-se em mais de trinta milhões. E onde estão as propagandas? Ah, essas são voláteis. Acabou-se o prazo de sua veiculação e elas, simplesmente, evaporam-se deixando vaga lembrança nuns poucos que as assistiram ou leram ou ouviram, nos demais, um vazio total.

A propaganda tornou-se as obras inacabadas da nova era republicana. Não deixam rastros, assim como honorários de advogados. Como não há tabela, eles cobram o preço que quiserem, os governos passam uma nota de cem quando só pagaram 50 e o restante fica para dividir entre os amiguinhos.

Em se tratando de despesas não comprovadas do governo federal, o buraco mais fundo, mais escuro e menos prospectado está na ciranda dos cartões corporativos da primeira dama e da Presidência da República. Em nome da segurança nacional, os gastos são escamoteados.

Mas são poucos milhões, perto do muito que é desviado. O que o presidente e sua digníssima estátua de cera e botox gastam com cartão corporativo nem faz cócegas nos milhões desviados em todos os escalões do governo. Se só na Assembléia Legislativa do Paraná desviaram-se 100 milhões de reais, quanto não foi pelo ralo sujo dos ministérios?

A reforma do Palácio da Alvorada passa dos 100 milhões, boa parte deles entregues sem licitação às empreiteiras amigas; o jato presidencial foi outra fábula e já se fala em comprar outro, talvez pela nova presidente ocupa mais lugar que o batráquio que sai; a FAB deverá comprar os Rafalle, muito menos eficientes que os F-18, o que leva à desconfiança de que a propina a ser paga deva ser muito boa e por aí vai.

Sintomático o fato de que os maiores financiadores das campanhas eleitorais, não só a nível federal, mas também nos estaduais, foram empreiteiras. Estariam elas comprando a aprovação em licitações às custas de financiamentos legais? Não digo que sim, mas desconfio profundamente.

Pagar impostos não é tão ruim, péssimo é não recebê-los de volta em benefícios para todos e ver uma fatia muito gorda ser engolida pelos corruptos que nos governam. Esse papo do novo ministério de gastar menos e equilibradamente já é sepultado no nascedouro a partir do momento em que o insigne partinte presidente defende compra de um avião milionário e estrangeiro. Um pouco menos pior seria se se comprasse avião da Embraer, que exporta para empresas e governos, mas não vende para o nosso próprio governo federal.

 

O tema desse texto foi desenvolvido a partir da sugestão da tuiteira @Zinha_09, a quem agradeço.

 

©Marcos Pontes

4 comentários:

CHUMBOGROSSO disse...

O "buraco sem fundo" ou "buraco negro" é a capacidade de indignação do brasileiro. Quem sabe os astrônomos mais renomados estejam buscando no lugar errado....
O buraco é mais embaixo...

Zinha_09 disse...

Concordo muitíssimo qdo vc diz"Pagar impostos não é tão ruim, péssimo é não recebê-los de volta em benefícios..."

Este (des)-governo usa e abusa de nosso suado dinheiro...
E se vc fizer uma análise nua e crua, não encontra nada de benefícios que deveríamos ter como resposta!

O sr Lullinácio vive se gabando de como "o país cresceu sob seu governo" Aonde?
O crescimento do país foi um processo natural após o alinhamento feito no governo anterior e que, graças a Deus, elle não mexeu!

Agora, a roubalheira e, pior, a impunidade sim! Foi galopante o crescimento!
E não tem cara de que vai parar...
O que será de nós então, com essas aves de rapina no poder?

Quer exemplo mais marcante? Hoje, o "estuprador" de sigilo bancário de pessoa humilde,foi agraciado c/ um ministério!Dá p/ acreditar que este seja um país sério?

Falta apenas dar um ministério tb ao "chefe de perigosa quadrilha",vulgo Zé Dirceu,não é?

Anônimo disse...

Me causa repulsa, indignação tudo isto. Nós, cidadãos pagamos impostos, até 30% do nosso salário; enquanto a esta corja do poder TUDO É POSSÍVEL.
Este não é um país sério, passa longe.

Adao Braga disse...

Minha sugestão para o futuro é só um título:

- Eu Sabia!