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terça-feira, agosto 30, 2011

Dirceu, Veja e o tempo

Capa veja
Sendo verdade o que consta no boletim de Ocorrência que Zé Dirceu registrou contra o repórter da revista Veja, que teria tentado invadir sua suíte no seu bunker 5 estrelas, tenho que reprovar a atitude da revista e de seu jornalista, algo, porém, não me leva a crer muito nisso: O tempo.
Por que, somente na véspera da revista chegar às bancas, dias depois da “invasão” do jornalista, o lobista-capo-consultor-traficante de influência-e outros adjetivos nada nobre foi à delegacia? Por que não o fez na data do ocorrido que, sejamos lógicos, não ocorreu na data da queixa policial uma vez que não haveria tempo para que a reportagem fosse escrita, revisada, discutida, diagramada, imprimida e distribuída no exemplar do dia 31 de agosto, sem falar que a primeira foto da reportagem data de 7 de junho, quase dois meses antes.
Uma vez que Dirceu e seu fiel séquito comparam a atitude de Veja com as bisbilhotagens que destruíram um jornal e a credibilidade de Rupert Murdoch, na Inglaterra, não consigo deixar de fazer uma comparação com o caso Strauss-Khan, que tirou da competição o mais provável sucessor de Sarkozy, no eixo Nova Iorque-Paris. Só que em caminho inverso.
Em Nova Iorque uma camareira de moral duvidosa destruiu a imagem de um todo poderoso, em Brasília um todo poderoso de moral comprovadamente enlameada tenta destruir a reputação de uma revista com 43 anos de serviços prestados à democracia e à nação.
Não tenho procuração ou interesse para defender a revista Veja, mas não deixo de lembrar o furor comemorativo da esquerda quando o número 1 de veja foi às bancas com os símbolos comunistas na capa, em pleno 1968, quando eu era apenas um garoto de calças curtas interessado nas leituras do pai, leitor compulsivo.
O tempo, ah, o tempo... Nos esquecemos de muitas coisas à toa e de algumas importantes, mas nos lembramos sem esforço da história acontecendo à frente dos nossos narizes. A esquerda que tinha Veja como aliada, hoje a apedreja como inimiga mortal, dedicando à Carta Capital o status de seu único e confiável porta voz. Contudo, a revista de Mino Carta que fique esperta. É inerente à esquerda, desde Lênin até Celso Daniel, Palocci-Dirceu, Dirceu-Dilma, decapitar os aliados que não têm mais serventia.

©Marcos Pontes

domingo, agosto 28, 2011

Dividir para conquistar - Final

Novos estados

Não há qualquer propósito, nesta série de três artigos que se encerra com este, em convencer quem quer que seja de que estou certo, pelo contrário, muito maior é a importância de se aprender algo com quem discorda deles e rebate meu ponto de vista com dados ou análises diferentes. Muito menos há intenção de ofender quem pensa diferente. Sem querer ser politicamente correto e dar uma de amiguinho de todo mundo, também não quero ser o bad boy que sai dando sossega leão em quem pensa diferente. Pelo menos nessa questão.

Por outro lado, como em qualquer discussão política no Brasil, ânimos se exaltam e de todos os lados surgem os emotivos, os que defendem suas posições como se estivessem numa arquibancada de estádio torcendo pelo seu time. A estes, sinto muito, mas só posso deixar meu desprezo. Em nada acrescentaram à discussão, não acrescentaram dados factíveis, argumentos convincentes e nem simpatia por sua causa, muito pelo contrário, afastaram um amigo em potencial.

Por outro lado, e é este que interessa, nas minhas pesquisas, na leitura de jornais, sites e blogs de várias cidades do Pará e recebendo e-mails e comentários no blog em pelo Twitter, muita coisa interessante foi adida e tentarei aqui rebater as argumentações no tocante à política partidária e às questões econômicas que os integralistas acreditam testemunhar contra uma secessão saudável.

Os custos

Não existem números confiáveis sobre quanto custaria a criação de dois novos estados. Tirando uma média dos valores apresentados nos mais diversos chutes, de vereadores de Belém ao presidente da OAB-PA, de jornais que não citam fontes ao presidente da Assembléia Legislativa, chutaria eu que cada novo estado custaria R$ 2,5 bilhões e mais R$ 1 bilhão por ano para sua manutenção. De fato muito dinheiro. Mas, se levarmos em conta que o país pode jogar R$ 1,2 bilhão apenas para a reforma do Maracanã e sabe-se lá quantos outros bilhões para a realização de uma Copa do Mundo e uma Olimpíada e que esses dois eventos, além de mexer no ufanismo vermelho da nação pouco deixará de palpável para o país, além de isentar de impostos o Comitê Olímpico Internacional e a FIFA, a criação de duas “obras” permanentes que melhorarão a vida de milhões de pessoas, até que os dois estados não saem tão caro. Além do mais, com a carga escorchante de impostos que pagamos, além de uma estimativa de crescimento dessas taxas em 3% no próximo ano, industrializando-se os novos estados e criando órgãos arrecadadores vorazes como o Brasil sabe fazer, logo esses estados se pagarão.

Economistas saberiam fazer esses cálculos melhor e até explicitá-los mais claramente, mas vejo essa dinheirama como investimento, em 60% de seu montante, contra 40% de despesas. Isso valeria a pena em qualquer negócio.

Alegaram que Mato Grosso do Sul ainda não pagou sua dívida de emancipação. E nem pagará, digo eu. Há dois tipos de dívida, a pecuniária e a social. Ambas estão insolúveis, mas a social está menos deficitária do que era antes da divisão. Ou alguém há de negar que a qualidade de empregos, renda, educação e saúde tornaram-se menos sofríveis do que eram antes da criação do novo estado nas localidades mais afastadas?

A corrupção

Não justifica, mas a corrupção é inerente à condição de políticos nacionais, reflexo da população que continua sonegando, “molhando a mão” do guarda para não pagar multa e do fiscal da Receita para não ser penalizado, do médico credenciado pelo SUS que cobra as consultas “por fora” e tantas outras falcatruas cometidas por cidadãos ditos direitos a todo o momento e não seriam estados menores que proibiriam essas práticas danosas.

Lobistas continuariam comprando legisladores, como ocorre em todas as esferas administrativas, prefeitos e governadores continuariam pagando mensalões e mensalinhos como ainda ocorre depois da descoberta do mensalão deo PT, impune até o momento e incentivo para que a prática continue. Juízes daqui e dali continuariam vendendo sentenças e passando a mão na cabeça de réus amigos. Existem, porém, mecanismos legais para inibir essas práticas o que falta, como sempre digo e continuarei dizendo, é fiscalização eficaz e honesta.

Com estados menores e as autoridades mais próximas de seus cidadãos, a vigilância poderia ser mais eficaz, mais facilmente a população poderia manifestar-se contra seus administradores desonestos. Pelo menos teoricamente.

Alguém comentou que se estados menores fossem garantia de estados melhores, Alagoas e Sergipe seriam potências nacionais, mas o inverso também conta. Estados grandes tornam as ações abusivas mais subterrâneas. Como esperar que manifestações em Altamira e Marabá repercutam em Belém sem a cobertura maciça da imprensa, como ocorrem hoje, embora raramente?

Os novos estados teriam, por obrigação legal e necessidade da observância constante, seus próprios órgãos fiscalizadores que teriam menos gente em quem ficar de olho.

Desequilíbrio na representatividade nacional

Uma falácia.

Para que haja equilíbrio, existe o Senado Federal. Com três senadores por estado, todos os estados teriam a mesma quantidade de votos. Pode-se dizer que é gente demais, no que eu tendo a concordar. São 81 senadores e este número elevar-se-ia a 87. Se fossem apenas 2, este número baixaria para 58, o que significaria uma substancial economia ao erário.

O número de deputados federais também é enorme, aliás, “muito mais enorme” do que o de senadores, mas é aí que se dá mais voz e voto para os estados mais populosos, uma vez que o número de parlamentares é proporcional ao de eleitores. Os novos estados, somados, teriam apenas pouco mais do que o Pará tem sozinho, afinal de contas, o número de eleitores seria o mesmo, o acréscimo seria pela determinação constitucional do número mínimo de deputados por estado.

Haveria, aí, sim, um aumento do número de deputados estaduais e um acréscimo nas verbas dos Executivos a serem repassadas para Legislativo e Judiciário. Caberia a esses novos estados limitarem os salários de seus parlamentares e de seus juízes e ninguém, de nenhum estado, tem nada a ver com isso. As populações locais e suas entidades de classe é que deveriam meter o bedelho e limitar esses custos.

Esse aumento de pessoal, se é dispendioso, estará bancando a teórica fiscalização das leis. Por desafogar o Estado do Pará, já valeria a pena.

De qualquer forma, se as leis são ruins, o pessoal dispendioso, a fiscalização capenga, não é o cidadão que paga por tudo isso que deve ser penalizada.

Aliás, muito tem-se falado contra a divisão levando-se em conta as despesas, a corrupção, a lentidão da máquina oficial e tudo o mais que se refere ao estado, seus custos e atribuições, mas pouco tem-se levado em consideração o cidadão e o quanto ele seria beneficiado e esta é minha maior motivação. Não haveria Estado sem o homem, óbvio, ele, o homem, é, portanto, muito mais importante do que o Estado e por isso deve ser privilegiado.

©Marcos Pontes

sábado, agosto 27, 2011

Os fichas sujas contra a divisão

FICHA-SUJA

Fazendo parênteses na série de posts a favor da divisão de Pará, Bahia e Minas para tentar dar uma resposta ao e-mail que está circulando, enumerando aqueles que são a favor, chamando-os de “estrangeiros” – exatamente o pior dos argumentos, como falei no post anterior, que alguém pode usar -, na velha tática esquerdista de desmerecer os adversários antes de defender seus pontos de vista. O relativismo usado pelos mesmos que dizem “ah, mas os outros partidos também roubam”, ou “todo mundo faz, por que não podemos fazer?”.

É fato que alguns dos enumerados no dito e-mail deveras respondem a processos judiciais e outros já foram condenados, mas, utilizando-se das mesmas armas, por que não citam aqueles fichas limpas que também apóiam a divisão?

Pois eu aqui farei uso do mesmo relativismo e tentarei mostrar quem são os “contra” que têm ficha suja ou, pelo menos, práxis política duvidosa.

- Edmilson Rodrigues – Ex-prefeito de Belém, ex-petista, hoje no PSOL, responde a processo por improbidade administrativa quando era prefeito da capital paraense.

- Fafá de Belém – Há alguns anos ela retirou o “de Belém” do nome artístico para que não ficasse eternamente vinculada à cidade em que nasceu. Assim como Edmilson, é de Belém e sem muito contato com o Oeste. Sua argumentação ufanista me faz lembrar da propaganda usada pelos artistas baianos em 1987, quando se falou em dividir a Bahia.

- Augusto Pantoja – Vereador petista de Belém, lógico, defende uma comissão formada por TODAS as câmaras municipais do que vier a ser o Pará, contra a divisão. Isto não é democrático e é utilizar-se da máquina pública pata fazer campanha, como sabemos, nem sempre honesta intelectualmente. Pelo que conhecemos do Brasil, seria feita uma espécie de terrorismo ideológico e material contra os que defenderem a idéia. O vereador é alvo do MP por empregar “companheiros” em cargos comissionados na Câmara em número superior ao de concursados.

- Carlos Bordalo – Deputado estadual do PT, investigado pelo MPF por falta de prestação de contas em sua campanha eleitoral.

- Marinor Brito – Senadora pelo PSOL, nascida em Alenquer, pertinho de Santarém, eleita, porém, com votos de Belém, onde atua politicamente desde 1996, quando foi eleita vereadora. Confirmando minha teoria, boa parte dos políticos contra a divisão assim se colocam por interesses eleitorais, não convicções outras.

- Zenaldo Coutinho – Deputado Federal, PSDB. Também belemita e atual chefe da Casa Civil do governo do estado. Como ele mesmo diz, “belenenses estão contra a divisão”. Ele é o maior articulador contra a secessão. Junto com o governador, Simão Jatene, Coutinho respondeu a processo por “nepotismo cruzado”. Teriam eles nomeado 405 assessores, parentes e amigos de amigos que, por sua vez, nomearam indicados seus em outros órgãos oficiais estaduais. Coutinho é autor do adendo ao PEC 45/1999 que tornaria efetivos os funcionários públicos nomeados sem concurso.

- Celso Sabino – Deputado estadual pelo PR, é um dos cabeça de ponte do movimento integralista. “É alvo de ação de execução fiscal movida pelo município de Belém.”

- Chico da Pesca - Deputado estadual pelo PT, “É alvo de representação movida pelo Ministério Público Eleitoral por captação ilícita de sufrágio.”

- Valdir Ganzer – Deputado estadual pelo PT e secretário de transportes do desastre ambulante chamado Ana Júlia Carepa. Ganzer foi tido como um secretário ausente e ineficaz, além de complacente em sua pasta. Até denúncias de que os carros de sua secretaria eram utilizados em farras alcoólicas de sindicalistas ele enfrentou.

- Edilson Moura – Deputado estadual petista, responde a processo por sonegação de contribuição previdenciária.

- Alessandro Novelino – Deputado estadual, sabe-se lá de que partido. Este jovem político, nascido em 1972, deve estar querendo entrar no Guiness Book como o político que mais trocou de partido em tão pouco tempo. Eleito pelo então PL em 2002, foi reeleito pelo PSC em 2006. Ao longo da legislatura 2007-2011 migrou para o PMDB, retornou ao PSC e por fim filiou-se ao PMN. Dois de seus irmãos foram seqüestrados, mortos e seus corpos lançados na Baía do Guajará. Segundo investigações policiais (das quais, confesso, não sei detalhes maiores), os assassinatos se deram por conta de dívidas com agiotas. Os adversários do então governador Almir Gabriel dizem que tais dívidas foram feitas para bancar parte da campanha eleitoral do governador e que os agiotas eram ricos empresários. Montado na repercussão que os crimes tiveram na imprensa e a comoção popular, Novelino se elegeu. Mas, pelos pulinhos que dá de partido em partido, nota-se que não tem projeto ou linha definida, desde que seja levado ao sucesso pessoal.

- Elcione Barbalho – Deputada Federal, PMDB. Tirando o fato de ser mulher do Jáder, de quem separou-se pró-forma, mas não de fato, portanto, cúmplice, “acusada de apropriação criminosa de dinheiro público junto com seu ex-marido Jader Barbalho. Teriam recebido subsídios públicos para a plantação de seringueiras, que nunca foi realizada (O Liberal, 19.mar.2006).

Acusada de peculato junto com seu ex-marido Jader Barbalho quando este era governador do Pará. Depositavam dinheiro do estado em contas particulares do banco Banpará, retendo os rendimentos (O Estado de S. Paulo, 2.dez.2004).

Utilizava-se de apartamento funcional da Câmara dos Deputados mesmo quando não mais exercia mandato (Folha de S. Paulo, 10.mai.2004).”

- Miriquinho Batista – Deputado Federal, PT. Teve rejeitadas suas contas de campanha de 2002. No que deu isso? Em nada, como sempre.

- PSTU – Precisa explicar?

- PSOL – Idem.

- PT – Vixe!

Não quero, com esta rápida pesquisa, alegar que todos aqueles que são contra a divisão do estado têm ficha suja. Aliás, conheço pessoas de ótimo caráter, algumas amigas pessoais, outras figuras públicas até então impolutas, que são integralistas. Do lado separatista também há gente de todas as índoles. O propósito aqui foi simplesmente rebater o e-mail que dá a entender que todos os separatistas têm rabo preso com a Justiça.

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, agosto 24, 2011

Dividir para conquistar – Parte 2

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A xenofobia é tão inerente à cultura nacional quanto o bairrismo, a outra face da mesma moeda. Como alguém que mudou de cidade e estado diversas vezes, desde os três anos de idade, constatei inúmeras vezes in loco.

Certa vez, numa cidadezinha de pouco mais de 30 mil habitantes, numa discussão pública sobre projetos de pavimentação da prefeitura, tiver que ouvir, não de um, mas de três moradores nativos, que um estrangeiro não tinha nada que meter o bedelho naquele assunto, mesmo eu já morando havia mais de um ano no local.

Ouço o mesmo hoje contra mim e contra qualquer um que defenda a divisão dos estados do Pará, Minas Gerais e Bahia. Como se isso fosse um desmerecimento, os locais usam do artifício na falta de argumentação na tentativa de calarem pela inibição quem tem opinião contrária à sua, mesmo que as populações das áreas que comporão, ou comporiam, os novos estados sejam a favor das divisões. É o mais vazio dos argumentos, se é que o é, a ser utilizado. Para esses, minha ignorância.

O Pará tem dentro de si ao menos três estados distintos. No oeste, Santarém, a segunda cidade mais antiga da Região Norte, mais nova apenas que Belém, e Altamira, que sequer conta com acesso pavimentado, desenvolvem-se a duras penas, para piorar, ambientalistas residentes em Belém alegam que a emancipação destruiria a floresta, dizimaria as nações indígenas, embora estas praticamente não existam mais em áreas isoladas, causariam danos aos rios, e outras falácias. Para evitar isso tudo, que se cumpram as leias ambientais e aparelhem-se Ibama, Funai e seja lá que órgãos que sejam responsáveis pela fiscalização. A argumentação dos políticos da capital e de outras áreas é parecida, embora os interesses sejam outros e inconfessáveis. Sem voto distrital, não abrem mão dos currais construídos ali.

Os cidadãos, desassistidos de saúde, educação, saneamento básico, transporte, vias decentes para escoarem suas produções, empregos, ensino superior não são ouvidos em Belém, distante mais de 800 quilômetros em linha reta, imagine-se pelos rios. A divisão do estado deixaria mais próximo dos moradores os órgãos oficiais, não só para reclamações e reivindicações, mas, também, para retirar certidões e documentos que, via de regra, depende do aval, dos carimbos e das assinaturas dos órgãos localizados nas capitais. E aí já não falo especificamente do Pará. Esses fenômenos podem ser notados em Marabá, Salto da Divisa, Jordânia, Itabela ou Itapebi.

Dividir esses estados tem um viés humanitário, uma vez que facilitaria a vida dos cidadãos hoje tratados como de segunda classe já que não têm os mesmos serviços com que contam os residentes das regiões metropolitanas.

Lembro-me de quando Jericoacoara foi decretada Área Ambiental de Preservação Permanente. Pelo decreto a localidade deveria ficar intocada, manter as características que tinha na ocasião. Para turistas, visitantes ocasionais e ambientalistas que só conheciam Jeri à distância, estava tudo lindo e maravilhoso, mas não para os aldeões.

Formou-se uma comissão que foi a Fortaleza exigir energia elétrica, água encanada, pavimentação das vias, posto de saúde, escola e até sinal de televisão. Por que, por morarem no que visitantes ocasionais chamavam de paraíso, tinham que viver com a falta de infraestrutura com que contavam Adão e Eva no Éden?

Os estados não têm dinheiro suficiente para assistirem a todos os municípios, governadores e prefeitos vivem em Brasília com pires nas mãos solicitando complementação de verbas, alegam alguns integralistas. Pois, digo eu, a questão nunca foi financeira, antes é de fundo moral e ético.

Prefeitos e governadores bancam festas milionárias, mas não equipam hospitais; empregam partidários sem concurso ou terceirizam serviços sem licitação, mas não contratam médicos; gastam fortunas em metrôs que jamais saem do buraco, mas não pavimentas estradas vicinais. Priorizam o que não é prioridade em detrimento de serviços essenciais em regiões menos espetaculares para as lentes da mídia.

Conivente com tudo isso, órgãos fiscalizadores, sob comando dos Executivos estaduais e municipais, não exigem lisura. O Judiciário não pune os perdulários e os desviadores de recursos públicos. A Lei de Responsabilidade Fiscal, talvez o maior avanço legal no governo de FHC é violentada e até o ex-presidente Lula esforçou-se para anulá-la, o que não o fez de direito, mas conseguiu fazê-lo de fato.

Essa falta de fiscalização e de legalidade é outro argumento plenamente repetido pelos defensores de manterem-se os grandes estados. Do meu ponto de vista, porém, não vejo porquê os desmandos dos governantes devem penalizar triplamente os cidadãos: a primeira por pagarem os mesmos tributos escorchantes dos contribuintes das áreas metropolitanas sem, porém, contarem com os mesmos serviços; segundo, por terem que percorrer distâncias centiquilômétricas se quiserem atendidas suas necessidades prementes; terceiro, por terem que viver no esquecimento por culpa dos ladrões que fingem que os representam.

O tema é longo, o que me obriga a uma terceira etapa dessa explanação, o que farei no próximo post.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, agosto 23, 2011

Dividir para conquistar – Parte 1

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“Integrar para não entregar”, Marechal Cândido Rondon

“Dividir para conquistar”, técnica utilizada pelo exército romano, lá pelo século IV a.C.

Os dois lemas acima, do militar brasileiro em defesa da Amazônia e da integridade nacional, e dos estrategistas romanos, parecem lições contraditórias, mas são aditivas se colocadas no contexto desejado.

Rondon forjou seu lema numa época em que a comunicação entre as regiões brasileiras eram praticamente inexistentes. Fincando postes de telégrafos, abrindo caminhos pelas matas e mapeando rios, criava condições para que o governo federal conseguisse ocupar, fiscalizar e unir o país. Ainda no Brasil Colônia, em 1759, acabou-se com o sistema de capitanias hereditárias, que eram apenas 16, num território desse tamanhão e que, por isso mesmo, tornavam o país, rico em recursos naturais, inviável economicamente, além da roubalheira, lógico, nosso primeiro artigo importado da corte portuguesa.

Além dos estados, já praticamente todos definidos no final do século XIX, surgiram quatro Territórios Federais, Rondônia,Roraima, Amapá e Fernando de Noronha, três dos quas, já durante o último regime militar, tornaram-se estados, não mais dependendo da administração federal, mas contando com seus próprios governos locais.

Poucos anos antes, com a transferência da capital federal para o Planalto Central, fundiu-se o ex-Distrito Federal, então Estado da Guanabara, com o Estado do Rio de Janeiro, dando-se à cidade do Rio a condição de sua capital, por contar com melhor infraestrutura do que Niterói. Os cidadãos da Guanabara chiaram, mas não passou de um murmurinho, afinal de contas, em plena ditadura, haviam coisas mais importantes contra o que protestar, além do medo.

No caminho inverso, em 1977, dividiu-se o estado do Mato Grosso, dando origem ao Mato Grosso do Sul. Como efeito, os fazendeiros do Sul, principalmente Paraná e Rio Grande do Sul, continuando o êxodo originado com a construção da malfadada Transamazônica, levando-os a Roraima, Rondônia, norte de Goiás e sul do Pará.

Sua herança de agricultores, fruto do colonialismo alemão e italiano, levou à diversificação de culturas, mais tarde à industrialização, ao profissionalismo e à mecanização e conseqüente enriquecimento de áreas onde se vivia do extrativismo vegetal, da agricultura incipiente, do contrabando de animais silvestres, abate indiscriminado de jacarés e desmatamento ilegal. Criou-se uma nova fronteira para o agronegócio, levando-nos a fazer frente às exportações de China e Estados unidos, algo impensável até poucos anos atrás.

A receita repetiu-se com a cisão de Goiás, onze anos depois, criando-se o estado de Tocantins. Na metade superior do velho estado onde quase nada havia, fez-se Palmas da terra vermelha, como se fizera Brasília. Por duas décadas foi a cidade que mais cresceu no Brasil. Mais uma vez expandiram-se as fronteiras agrícolas, chegando ao oeste baiano, no qual destaca-se Barreiras, cidade de maior crescimento econômico em toda a Bahia, mesmo com a indústria de celulose instalando duas das maiores plantas do mundo no sul do estado.

Mato grosso e Goiás, assim como suas crias, Mato Grosso do Sul e Tocantins, “explodiram”, sem trazer prejuízos significativos Às suas matrizes, seus cidadãos tiveram aumento médio em suas rendas, as cidades mais longínquas puderam ter mais e melhores serviços, embora ainda longe do ideal, mas superiores ao nada que tinham.

Com território contínuo equivalente ao dos Estados Unidos, temos pouco mais da metade do número de estados do país norte americano e quando fala-se em dividir os existentes há uma chiadeira enorme, principalmente dos cidadãos das capitais que, via de regra, não conhecem os interiores e caem na balela simplista dos políticos estabelecidos.

Voltarei a falar, no próximo post, sobre as divisões do Pará, Bahia e Minas Gerais, tentando rebater os argumentos daqueles que pregam contra essas divisões, mas ainda acreditando que pode-se dividir para conquistar e, mesmo com mais pedaços, seria mais fácil integrar o território nacional.

©Marcos Pontes

domingo, agosto 21, 2011

Incolores

Incolor
Vá você dizer que é de direita, que é contra o sistema de cotas, que fulano é gordo e não obeso ou fortinho, que seu amigo é negrão e não afro-americano, que a família começou a dispersar-se quando a mulher emancipou-se e deixou os filhos aos cuidados da babá e que isso não é machismo, apenas a constatação científica do óbvio. Vá você cair na besteira de dizer que não há comprovação científica que o aquecimento global é uma conseqüência do intervencionismo humano na rotina natural e que a Terra jamais teve clima estável. Vá você dizer que o comunismo matou mais de cem milhões de pessoas quando um comunista, em seu relativismo justifica os crimes de seus partidários acusando os adversários de serem bandidos, como se os crimes de uns justificassem os crimes de outros. Caia na besteira de dizer que a natureza deve ser explorada, uma vez que dela depende a sobrevivência humana.
Se você assume publicamente qualquer posição contrária ao senso comum determinado pelas mídias infestadas de socialistas, sexistas, “tolerantes” que não toleram as posições que não coadunem com as suas, logo será taxado de preconceituoso, homofóbico, racista, capitalista selvagem, reacionário ou qualquer outro adjetivo que, mesmo sendo verdadeiro, é tomado pelos seus contrários como insultos, da mesma forma que eles se sentem, mais que insultados, ultrajados e agredidos quando você argumenta contra suas convicções, mesmo quando essas não são de fato convicções, apenas repetição do que seus líderes lhes mandaram repetir, sem análise, pesquisa ou constatação de que são verdades.
Costumo dizer que quanto mais conheço a esquerda, mais à direita me posiciono. Minha ojeriza aos ideais socialistas/comunistas, seja de que matiz for, só aumenta à medida que a argumentação marxista contradiz a prática e vice-versa. Mas respeito os que são socialistas de fato, os que têm embasamento. Já os socialistas ocasionais, aqueles que nunca leram mais do que Paulo Henrique Amorim, Luiz Nassiff e, pior de todos, Luís Favre, os que, sem argumentos, acusam seus opositores de serem repetidores dos artigos da Veja, numa alusão de que informação verdadeira somente a Carta Capital fornece. A esses eu já não chamo mais de vermelhinhos, eles são incolores.
Os incolores não têm ideologia, não leram Marx, acreditam nas mentiras que Guevara é herói, os capitalistas são assassinos, os conservadores são retrógrados e todos nós, seus opositores, somos intolerantes com o que chamam de práticas progressistas, como agredir a igreja, defender o casamento gay, ofender o papa ou qualquer autoridade não socialista, difamar qualquer instituição estabelecida como a família, a escola e as forças armadas.
Os incolores são aqueles que repetem como mantra que devemos defender a Amazônia, ajudar a combater a caça às baleias e financiar ONG que preservam o mico-leão dourado, mas não percebem que jogando papel de bala nas ruas estão destruindo seu próprio ambiente. Eles, em sua falta de raciocínio lógico e analítico, não param para pensar que plantar arroz não significa desalojar índios; que explorar madeiras não significa necessariamente acabar com as florestas; que gerar energia elétrica não é sinônimo de assorear rios e assassinar bagres. Como se vivessem de ar, apenas pregam o fim de todas as práticas acima, mas não conseguem perceber que se têm computadores e energia para colocarem-nos em ação, que se as gôndolas dos supermercados estão lotadas de arroz, farinha, bolachas e chocolates, que os freezers têm a picanha que adoram assar com os amigos ou as alfaces e tomates que os vegetarianos devoram como lagartas é porque parte dos campos, que defendem do discurso para fora, foi explorada para alimentá-los.
Os incolores não são vermelhinhos ou de qualquer outra coloração, nem brancos conseguem ser. São seres translúcidos, sem raciocínio próprio que se deixam levar pela maré que lhes falar bonito, que lêem Paulo Coelho como se escrevesse livros sagrados, mas não lêem a Bíblia porque a mídia atéia não a recomenda. Que devoram auto-ajuda, mas não tem paciência ou interesse em lerem ciência. São a espécie acéfala que nos ataca.
Pois, que vivam as cores e repudie-se o “incolorismo”!

©Marcos Pontes

quinta-feira, agosto 18, 2011

Filósofos e filósofos de botequim

os-homens-filosofos

Não sou nenhum letrado em filosofia e seus ramos, sequer saberia definir um filósofo sem antes ter que recorrer à Barsa (coisa de gente velha) ou à Wikipedia, da molecada modernosa que acha que todas as informações ali são confiáveis. Ultimamente, porém, tenho lido e ouvido mais filósofos contemporâneos, uns poucos com clareza e originalidade de idéias; uns tantos apenas defendendo uma posição político-ideológica com os argumentos mais “brilhantes” e as deturpações mais sutis dos fatos para convencerem os incautos que não conseguem mastigar com o cérebro e engolem inteiras as idéias que lhe são lançadas; alguns outros batendo cabeça em suas próprias contradições e perdendo o fio da meada que eles próprios traçaram sem antes terem conseguido concluir suas teses ou sequer sabendo aonde querem chegar.

No primeiro time me encantam Pondé, Reinaldo Carvalho e Olavo de Carvalho, mas não encantam o suficiente para que os engula sem questioná-los – não no sentido ordinário de discordar, mas no sentido rigoroso -, não que não discorde vez ou outra.

Opa! Reinaldo Azevedo é jornalista. Sim, é, mas tem a leitura e consegue a interpretação própria dos fatos inerente à condição dos filósofos. Nas suas interpretações dos fatos e na sua leitura pormenorizada, daquelas que não se prendem no texto, ao contrário, vai ao fundo do subtexto sem esquecer-se do pretexto, faz filosofia das mais ricas.

Não coincidentemente, os três foram da esquerda, Carvalho foi do Partido Comunista, Azevedo era trotskysta da Libelu, e ambos passaram pelo caminho do que chamo de evolução, para citar outro filósofo político sem formação filosófica clássica, Roberto Campos, que dizia que na juventude todos têm a obrigação de serem socialistas na juventude, depois ficam inteligentes e tornam-se capitalistas (não exatamente nessas palavras, mas com esse sentido, segundo minha livre interpretação). Digo não coincidentemente porque também tive idéias esquerdistas, achava que só o socialismo salvaria o mundo e essas baboseiras que os filósofos e falsos filósofos de esquerda, que ainda não amadureceram, defendem, cada um com sua própria argumentação canhestra, como um mantra revelado pelo próprio Deus Che Guevara ou pelo seus messias Lula.

Se amadureci o suficiente para deixar de ser chamado de imbecil, não sei, mas me arvoro na condição de ser em ascensão. Um dia chego lá, embora sem filosofar, mal mal me dando ao trabalho de interpretar o mundo político que me cerca, entre muitos erros e alguns tiros na mosca.

Não são raros os momentos, deixando a modéstia descansando na cadeira aqui ao lado, em que vejo um dos três interpretar algum episódio da mesma forma com que interpretei alguns dias antes.

Hoje, lendo este artigo do Azevedo, vejo ele dar sentido similar às diretrizes políticas e suas aspirações políticas que eu dei em julho, neste post. Sem falar que ele repete o que falei ontem em conversa no Twitter, corroborado hoje por uma fala da presidente. Disse ela: “A verdadeira faxina que o Brasil precisa é a faxina da miséria”, Ao ouvir isso, comentei aos amigos tuiteiros: “Se ela diz que a faxina que o país precisa é a faxina contra a miséria, então a faxina política foi apenas um acidente de percurso”. Eis que Azevedo fala o mesmo.

A presidente TEVE que faxinar, não por vontade própria ou por pressão e sua base de apoio político, mas porque a imprensa a pautou e ela, no afã de distanciar-se da práxis tolerante de seu antecessor com a roubalheira, os desmandos e as falcatruas contumazes de seus camaradas, assumiu a máscara de paladina da ética, da moral e da honestidade, algo que Lula tentara incorporar, mas se traíra ao fechar os olhos e assumir uma falsa ignorância dos roubos que aconteciam sob sua barba tratada a preço de dólares, depois das desgrenhadas de antes de tornar-se paz e amor.

De quebra, o artigo do Azevedo me traz um filosofozinho de esquerda defendendo a roubalheira como forma de manter a governabilidade, deixando escondidinho seu propósito de ver o ex voltar com força em 2014. Se a imagem de proba colar na presidente, algo que de fato ela não é, a fantasia de probo de Lula enlameia-se e ele perderá força na luta pela sucessão. Aguardemos que o pau está comendo no ninho vermelho.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, agosto 16, 2011

E-mail para os senadores

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O e-mail abaixo acabo de enviar para todos os senadores. Aos que desejam contribuir para acabar com a corupção oficial no país, desjo que façam o mesmo. Criem seus textos ou copiem este, se melhor lhes convier, e mande para todos os senadores ou apenas para os representantes do seu estado. mostremos a essa gente que estamos de olho no que eles estão fazendo, ou melhor, não estão fazendo.

Aqui está o nome de cada senador e o e-mail de cada um. Escreva para eles.

Excelentíssimos(as) Senhores(as) Senadores(as),

 

Falo em meu nome e, ouso dizer, que em nome dos milhares de brasileiros que na última noite fizeram uma passeata nacional clamando pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a corrupção que grassa no serviço público brasileiro em todas as esferas, doença crônica que precisa ser identificada, combatida e punida exemplarmente.

Mesmo sabendo que a quase totalidade, ou a totalidade de Vossas Excelências não me responderão esta correspondência, como cidadão cônscio de suas obrigações e cumpridor integral das mesmas não posso me omitir e fazer de conta que o tão propalado crescimento econômico e social do país compensam o furto monstruoso por que sofre, contumaz, o erário.

Vossas excelências não podem esquecer, um minuto que seja, no exercício de suas funções parlamentares que foram por nós, brasileiros contribuintes e eleitores, eleitos para nos representar, ou seja, fazer na casa de leis o que a população gostaria que fosse feito e que nosso desejo é que sejam tomadas medidas drásticas legislativas, policiais e judiciais contra aqueles que fazem dos recursos públicos uso pessoal estendido a corporações e amigos de negócios ilícitos.

Se o apelo deste cidadão para que ouçam os reclames populares, que pensem, ao menos, em suas famílias. Não lhes causa aflição e constrangimento as reações por que devem passar seus cônjuges, filhos, pais, sobrinhos, demais familiares e amigos, ao verem nos jornais que Vossas Excelências nada fazem de efetivo contra a corrupção que nos assalta? Não lhes aflige saberem que esses amigos e parentes são apontados como amigos e parentes de alguém que é conivente, se não por cumplicidade, por omissão, com o desvio moral e pecuniário que vitimiza toda a nação? Não lhes causa sensação de participação secundária nos roubos de que todos somos vítimas se Vossas excelências não combatem os crimes além do discurso para as câmeras e para as penas dos jornalistas?

Lembrem-se, Excelências, que não foram eleitos e eleitas para administrarem o país apenas para seus amigos e partidários, mas para ajudarem a promover o bem social, o zelo e respeito pelas leis, coibir os desmandos que lesem a pátria e seus cidadãos. Não esqueçam o quanto custa para o erário mantê-los em seus cargos e que os patrões que pagam suas despesas são todos e cada um dos brasileiros e que, na condição de seus patrões, merecemos ser ouvidos, termos nossos desejos atendidos por Vossas excelências dentro dos limites das leis e que os senhores e senhoras são apenas passageiros, guardiães da instituição que é o Poder Legislativo e que este perdurará além de suas e nossas próprias vidas e que Vossas excelências podem evitar entrarem para a história nacional como legisladores que nada fizeram para evitar que os cofres públicos continuassem saqueados insistentemente sem que os gatunos fossem devidamente identificados, processados, condenados e punidos.

Num país em que educação pública em todos os níveis, saúde, educação, transporte e moradia vivem estado de penúria e déficit crescente, Vossas Excelências têm o poder de acabar, ou pelo menos contribuir decisivamente para sua diminuição drástica, bastando para isso que ajudem a lacrar os ralos por onde o dinheiro de nossos impostos esvai-se aos borbotões.

Eu e milhões de brasileiros não esqueceremos daqueles que ajudarem a sanear o país, por outro lado, também lembraremos daqueles que traem seu povo e seus eleitores, em particular, fazendo ouvidos de mercador aos anseios populares.

 

Atenciosa e respeitosamente,

 

Marcos Pontes, um cidadão brasileiro.

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, agosto 15, 2011

O uso de algemas

O post abaixo copiei descaradamente do Blog do Ferramula, porque eu não seria capaz de fazer tal pesquisa e nem conseguiria produzir tão fina ironia..

O uso das algemas: No Mundo e no 'resto do mundo' - Brasil . As Diferenças

O uso das algemas

No mundo inteiro, as ALGEMAS são usada de forma corriqueira  e INDISCRIMINADA. Ou seja, não há discriminação de: cor, censitária, classe social, credo, sexo, faixa etária, nacionalidade, profissão, etc.Trata-se, até, de uma das forma de inibir a criminalidade, com a rigidez necessária, especialmente para aqueles criminosos que atacam os cofres públicos. E mais, as algemas exibem o justo exercício da autoridade do estado, sobre a proteção e custódia do acusado. Confira nas fotos a seguir.

Raj Rajaratnam, fundador do Galleon Group, ganhou ilicitamente 36 milhões de dólares na venda e compra de ações usando informação privilegiada. (EUA).ALGEMADO!



O juiz Denny Chin, do Tribunal de Manhattan, decretou a prisão imediata do investidor Bernard Madoff (foto) até a divulgação da sentença, em 16 de junho. Se confirmada a sentença, Madoff pode pegar até 150 anos de prisão (a penalidade máxima para o caso) por uma colossal fraude de US$ 50 bilhões. ALGEMADO!


Robert Rizzo, uma espécie de gerente administrativo da cidade que, com ganhos duas vezes maiores que o do presidente Barack Obama, foi o pivô de um caso de corrupção na cidade de Bell, Califórnia.ALGEMADO!

Scott Sullivan, ex-chefe-financeiro da WorldCom, 47 anos, foi condenado a cinco anos de prisão após ser considerado mentor da fraude contábil de US$ 11 bilhões na empresa (EUA).. ALGEMADO!

Kenneth Lay envolvido numa das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos, na qual se criou sociedades financeiras que serviram para a Enron dissimular a magnitude de suas perdas e fazer o mercado financeiro acreditar que o grupo estava financeiramente saudável. ALGEMADO!

Andrew Fastow, comparsa de Kenneth Lay, considerado o cérebro de uma das maiores fraudes financeiras da história dos Estados Unidos, foi sentenciado nesta terça-feira a seis anos de prisão, quatro a menos que o máximo permitido, depois de se declarar culpado em um acordo feito com a promotoria.ALGEMADO!


Jeffrey Skilling é comparsa de Andrew Fastow e Kenneth Lay nas fraudes financeiras . (EUA). ALGEMADO!

O congressista Keith Ellison é preso depois de cruzar uma linha de policiais em protestos diante da embaixada do Sudão (EUA). ALGEMADO!


Karl Rove, um dos principais assessores políticos do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, envolvido com a revelação do nome de uma agente secreta americana. ALGEMADO!

Paris Hilton. ALGEMADA

Michel Jackson. ALGEMADO!



Russel Crowe. ALGEMADO!

O. J. Simpson. ALGEMADO! (e depois absolvido...)



                         Até os velhinhos... ALGEMADOS!

Adolescentes? ALGEMADOS!

Mickey Mouse, ALGEMADO!

Homem Aranha, ALGEMADO!



A justiça de Taiwan condenou o ex-presidente Chen Shui-bianà prisão perpétua por corrupção. Ele foiALGEMADO!
Obs. - esta postagem é  antiga, havia  postado  aqui  no  Blogue  no  inicio do  ano, mas como  fui  censurado  acabei deletando tudo até  por  precaução, e essa postagem encontra-se espalhada na web  em vários blogues. Ela é  completada com o pensamento de uns  ministros  iluminados da  nossa  corte que suprimi  dessa  postagem.

 

©Marcos Pontes

domingo, agosto 14, 2011

Dizer não é autopreservação

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Lá pelos treze, quatorze anos li um daqueles aforismos geniais do Millôr Fernandes e perdi meu medo de pensar: “o livre pensar é só pensar”, e expor o que eu pensava, independentemente de meu pensamento ser contrário ao senso comum, vez por outra.

Talvez um pouco antes, talvez um pouco depois, li a dispensa de Groucho Marx à oferta de um clube para ele tornar-se sócio: “jamais aceitaria ser sócio de um clube que me aceitasse como sócio”.

Esses dois “conselhos” tornaram-se meu norte intelectual. Jamais me deixaria prender ao pensamento alheio e nem me furtaria de dizer o que penso sobre os diversos temas ou se não consigo pensar, evitando sempre a aglomeração em torno de uma idéia, embora às vezes isso pareça ser inevitável, como no caso da campanha pelas “diretas já” ou pelo pedido de impeachment de Collor. Mas aí já não cabem apenas opiniões pessoais, mas a postura cidadã de pedido por justiça, o que deveria ser uma unanimidade inteligente, mesmo que o conceito de justiça seja diferente de um para outro e de ética seja nulo para muitos.

Hoje ouço e leio Olavo de Carvalho, uma das mentes mais lúcidas do pensamento conservador, honesto o suficiente para admitir que mesmo entre seus pares existe uma desonestidade intelectual criminosa, venalidade e distorção de fatos para não dar o braço a torcer quando sua argumentação mostra-se falha. Mas, seguindo o conselho do Millôr, ponho-me à vontade para discordar do mestre Olavo quando acho conspiracionista demais algumas de suas teorias, sem, porém, admirar sua liberdade de pensamento, sem prender-se nas regras pré estabelecidas pela grande fábrica de pensamentos únicos que lança idéias únicas, análise rasas e um sentimento universal de vaquinha de presépio ao redor do globo. Pior, com viés francamente esquerdista fantasiado de corretismo.

Quem lê o mundo por outra cartilha que não a do pensamento único ocidental tornou-se um pária, um leproso intelectual, um “reacionário” (talvez o melhor e mais cruel xingamento de que faz uso a esquerda quando surge alguém que contrarie as ordens do politburo vermelho). Estamos todos tacitamente obrigados a condenar o tabaco e defender a maconha; em achar que pobre é lindo e rico é bandido; a acreditar que pretos, índios, mulheres, homossexuais e latinos são coitadinhos explorados e brancos, homens e hétero são os vilões que massacram o verdadeiro povo; que pichar paredes é liberdade de expressão; a crer que a desonestidade de seus pares é relativa e a corrupção de seus adversários políticos é absoluta; a achar que o multiculturalismo é a nova cultural global, mesmo crente que a globalização é invenção nociva dos imperialistas capitalistas; a pregar que ler a Veja é atestado de burrice e desinformar-se, já que a verdadeira e isenta informação está na Carta Capital; a criticar as instituições seculares e estabelecidas, como as forças armadas, a igreja, a escola conteudista, a família, o Estado e a autoridade por serem conceitos ultrapassados e o correto é a liberdade de fazer o que lhe vier à telha, desrespeitando as regras, sem perceber que isso é apenas uma manipulação para anular as atuais normas sociais para, depois da anarquia instalada, impor novas regras, essencialmente esquerdistas, para se evitar o caos.

O politicamente correto usa da imbecilidade massiva, atrela à sua carroça os idiotas úteis. Com o auxílio de imprensa, novelas e músicas popularescas e seus artistas com sorriso de plástico para se impor em todos os cantinhos, penetrando nas frestas como a água e o ar, natural e silenciosamente, sem deixar o populacho perceber que está se afogando paulatinamente.

Continuo defendendo que grupos tolhem o livre pensamento, mas não vejo outra saída se não a oposição franca e uníssona contra essa lavagem cerebral coletiva e idiotizante. Desarmar as consciências é tão ou mais grave do que desarmar as mãos. É maneira pacífica de tornar zumbis os cidadãos, fazer deles seus soldados para massacrar as novas minorias, aqueles que se recusam a ceder à uniformização de pensamentos e crenças. Dizer basta, diariamente, a essa massificação da idiotice é autopreservação, é forma de manter-se vivo nesse mar de fezes e mal cheiro que teima em nos afogar.

 

©Marcos Pontes

sábado, agosto 13, 2011

As muitas caras da mesma nota

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O megalômano Amorim e seu sonho de consumo

Recebi o e-mail abaixo de um general reformado. Como não citava a fonte, fui em busca do autor e descobri que havia sido, em parte, publicado no Estadão, no dia 5 de agosto. Por outro lado, havia sido republicado em outros sites.

O e-mail, além da notícia curta, foi enxertado com mais alguns dados, já no site Vermelho, cujo nome já diz tudo, o último parágrafo publicado no Estadão foi suprimido, com o claro propósito de evitar citar o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a paixão secreta e inconfessável de Lula e, por extensão, inveja fantasiada de ódio dos seguidores do líder petista. Aliás, líder é bem uma palavra que os vermelhos adoram para dirigirem-se aos seus eternos comandantes. Foi assim com Stalin, Lênin, Mao, Pol Pot e é assim com Lula, Chávez, Castro, Kim Jong-il.

Ao que a direita não tenha seus líderes, a diferença está na eternização de seus líderes pela esquerda, sua quase canonização e assim seria se a esquerda tivesse religião além do endeusamento de seus comandantes.

Vamos ao texto:

EXCLUSIVO ! LULA ATACA E AMEAÇA OS MILITARES

Diante da reação negativa dos militares à escolha de Celso Amorim para comandar o Ministério da Defesa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os militares descontentes com a nomeação. “Eu não sei se cabe a esses militares gostarem ou não gostarem”, disse Lula, que está na Colômbia. “Ela (a presidente Dilma Rousseff) é a chefe suprema das Forças Armadas, indicou o ministro e acabou, não se discute. Estou c… e andando para esses caras(os militares) . No meu governo, tiveram que me aguentar e viviam me enchendo o saco pedindo migalhas de reajuste. Pediam uma coisa, eu enrolava e nunca dava o que eles pediam;  depois dava uma esmola qualquer e não me sacaneavam mais. Não tenho medo deles; nunca tive.”

Lula acrescentou que as pessoas precisam entender que, uma vez nomeado, um novo ministro precisa assumir e começar a trabalhar “para ver se vai fazer ou não vai fazer o que precisa ser feito”. Para Lula, a presidente escolheu bem, não há nome  melhor  e, quanto à competência de Amorim, “ é o homem ideal , no cargo certo. Ele vai dar um jeito naquele troço(MD). “Amorim estará qualificado para ocupar qualquer pasta.”

O embaixador Celso Amorim toma posse oficialmente hoje à frente do Ministério da Defesa em meio a uma insatisfação das Forças Armadas com o orçamento destinado à área.

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Ed Ferreira/AE

Primeira vez. No sábado, Amorim esteve com cúpula militar

Ontem, em Brasília, um grupo de esposas de militares e integrantes da reserva protestou durante solenidade da troca da bandeira nacional na praça dos Três Poderes. Eles pediram melhores salários e criticaram o que chamam de sucateamento das Forças. A manifestação foi feita na presença do comandante-geral do Exército, general Enzo Peri.

Os problemas orçamentários da Defesa, que sofreu pesado corte no início do ano por ordem da presidente Dilma Rousseff, foram apontados como motivo de insatisfação de Nelson Jobim, que acabou deixando o cargo depois de uma sequência de declarações polêmicas.

As reivindicações salariais são mais fortes na base da carreira. Taifeiros, soldados, cabos e sargentos, segundo os familiares, recebem soldo incompatível com o trabalho que exercem, se comparado com os rendimentos de profissionais da Polícia Militar e de bombeiros do Distrito Federal. “Nosso salário é terrível”, resume Genilvaldo da Silva, presidente da Associação dos Militares da Ativa, da Reserva e Pensionistas (Amarp).

“Há uma defasagem salarial de 135%”, diz a presidente da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas (Unemfa), Ivone Luzardo. Ela destaca que mesmo um reajuste de 28,68% para a carreira – fruto de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) – está com seu trâmite paralisado. Outra reclamação é que as Forças Armadas têm limitado a promoção de quem começa a carreira na base.

Existe clara insatisfação, ainda, com a falta de investimento em equipamentos. Ivone Luzardo lembrou que, na semana passada, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) caiu em Santa Catarina matando oito pessoas – e atribuiu o acidente ao sucateamento. “Todo ano tem corte no Orçamento e os militares hoje são obrigados a lidar com equipamentos obsoletos, colocando suas vidas em risco”.

Logo após o Planalto ter anunciado, Amorim como ministro da Defesa, na quinta-feira, chefes militares manifestaram reservadamente descontentamento com a indicação. Eles temem uma revisão da Lei da Anistia.


Agora, comparem as versões entre diversos sites:

O Original do Estadão

Vermelho

Blog do Silva, seja lá quem for esse Silva, também com a metade da notícia

El Comandante, blog de oposição. Um pouquinho a mais que o original

Enfim, o texto foi reproduzido dezenas de vezes, mais uma aqui, e o que se pode constatar é que os sites e blog de oposição acrescentaram análises, enquanto que os favoráveis à camarilha vermelha cortaram a notícia, reproduzindo apenas a parte que poderia ser favorável ao ex-graçasadeus-presidente, como se pode-se considerar algo favorável essa sua empáfia de continuar emitindo seus excrementos orais como se ainda fosse o comandante da nação, algo que fez como se estivesse apenas liderando seus seguidores partidários.

©Marcos Pontes

quinta-feira, agosto 11, 2011

Quem ganha?

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Nos sete meses de governo, dona Dilma ainda não conseguiu governar. Tirando a equipe econômica, que entre erros e acertos não fica parada ou é amassada pelo trem da crise mundial, as demais estão mais preocupadas em esconder sua podridão. Como conseqüência, a presidente não preside, antes faz papel de bombeiro.

Pela primeira vez em meses, a Polícia Federal se antecipa à imprensa e desmonta uma gang que agia escondidinha desde os tempos em que a ministra do Turismo era a boquirrota e hoje assustada Marta Suplicy Favre. E o caos se instala nas bases governistas, a ideológica, a comercial e a assalariada, as três fundidas em base política.

O PR já se rebelou, fez beicinho, ameaçou votar contra os projetos do governo e recolheu-se à sua insignificância barulhenta. Jucá já ameaçou “fuder” (palavra dele) com o Temer se esse esculachasse com o irmão de Jucá, que, contrariado com a perda de poder no Ministério da Agricultura. Uma guerrinha particular dentro da guerra tácita entre PT e PMDB. Com medo de que haja uma ruptura entre governo, leia-se PT, e seu partido, leia-se PMDB, Renan Calheiros minimiza a prisão de seus copartidários, mesmo entre eles estar apadrinhados seus e de José Sarney, que se silencia diante da descoberta de mais uma falcatrua. Jobim, aquele que tem aspirações à presidência, mas que, na prepotência viciosa de magistrado, não consegue segurar a língua dentro da boca, despede-se do ministério e Dilma, numa demonstração de que está deixando passar por entre os dedos sua autoridade, chama o fiel escudeiro de lula em se segundo mandato, Celso Amorim, talvez o mais megalômano dos 80 ministros dos dois últimos governos, desagradando os militares. Estes, mudos e passivos, reclamando pelos cantos como a criança que levou palmada do pai, mas não tem coragem de se declarar abertamente ofendido.

Nesse ninho de ratos, quem se beneficia e quem sai perdendo?

Dilma poderia beneficiar-se, e talvez fosse essa sua intenção, ao demonstrar que, ao contrário de Lua, que demorava para demitir bandidos descobertos ou não os demitia e continuava defendendo-os, demite quem faz errado e deixa o rabo à mostra. Aprendeu quando cevou 32 dias para demitir Palocci e queimou-se por isso. Numa futura disputa interna sobre quem seria o candidato a seu sucessor, levaria uma vantagem sobre Lula no campo moral. Não está sabendo ou querendo usar esta arma ainda, principalmente porque Lula faz questão de manter-se nas manchetes, dando ordens a ela, dando pitacos na atuação dos ministros, recorrendo aos parlamentares amigos e impondo ministros.

Poderia ganhar Lula que pode alegar que o atual ministério, mesmo sendo responsável pela indicação de mais da metade dele, existem mais atos ímprobos em sete meses do que houve em seus 96 meses de mandato, mesmo sabendo que isso não é verdade. A roubalheira de agora é apenas a continuação das iniciadas em seu governo. Conhecendo sua falta de escrúpulos e sua vaidade exacerbada, além da infinita sede de poder, não será de estranhar que ele use essa bateria futuramente.

Poderia ganhar a Polícia Federal, que deu um golpe no ministro da Justiça e na própria presidente, só os avisando que seriam feitas as prisões depois de emitidos os mandatos judiciais. Dessa maneira evitou que ministro e presidente livrassem a cara dos amigos, o que quase aconteceu. Ao saber da Operação Voucher, Cardozo telefonou para alertar os amiguinhos, mas não deu tempo; Dilma perguntou ao delegado se não havia como livrar a cara de Moyses, o petista apadrinhado por Marta e filiado ao PT, recebendo como resposta um “não” convicto.

A PF não sairá ganhando porque, do alto da ditadura petista, Cardozo já mexe os pauzinhos para desmoralizá-la e arrumar algum argumento técnico para anular a operação. Não interessa para essa gente se há crime ou não, desde que seus companheiros fiquem livres.

Poderia ganhar a oposição, se tivéssemos uma atuante. Veem-se um ou outro parlamentar discursando, dando entrevistas ou tuitando moralidade, mas não se vê uma ação coordenada pela moralidade na política e pela punição dos gângsteres flagrados.

Poderiam ganhar os analistas políticos se esses não se acovardassem diante das constantes ameaças de se calar a imprensa. Estes prendem-se em reler notícias ou, de preferência, releases dos políticos, mas sem analisarem. Análises, afinal de contas, são interpretações pessoais e esses senhores não querem correr o risco de serem calados, por isso não analisam.

No final das contas, não se sabe quem sai ganhando, mas fica muito claro quem sai perdendo: a moral, a lisura, a honestidade, o erário e a população que paga para ser roubada constantemente.

 

©Marcos Pontes

domingo, agosto 07, 2011

Praxis lulensis: primeiro faz-se, depois analisa-se

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Posso estar errado? Sim, claro. Aliás, quase sempre eu acho que estou errado, mas não basta achar, espero as provas. Se eu não consigo provar que estou errado, que outro o faça, mas não na base do “eu acho”, quero provas e argumentos convincentes.

Politicamente me coloco mais à direita a cada dia, não por ser um direitista convicto, mas por não aprovar o esquerdismo puramente ideológico, sem a comprovação de que seria a melhor maneira de se governar o mundo. Não vou ficar repetindo ad aeternum que todos os países socialistas pioraram a vida de seus cidadãos, isso já é sabido, batido e rebatido, somente os cegos pelo ideologismo emocional não conseguem ver ou, se vêem, se deixar convencer ou admitir a derrota.

O comunismo pode ser a melhor forma de se administrar o planeta? Talvez o seja, até me permito pensar nessa possibilidade, mas antes ele teria que ser totalmente reformulado. Os atuais modelos socialistas e aqueles já reprovados pela história, definitivamente não trariam a melhoria global. Em seu relativismo, os esquerdistas argumentarão que o capitalismo também não provou ser o ideal, ainda mais agora nessa quebradeira generalizada. Também admito a possibilidade de achar o capitalismo falido e necessitando de reajustes sérios, sintonia fina entre os meios de produção e as aspirações sociais, a readaptação aos meios modernos de se viver. Quais seriam as mudanças? Não sei, deixo isso para os mais estudiosos e conhecedores do mundo, aos analistas científicos e aos globetrotters além do turismo de prazer, apenas posso afirmar que o socialismo marxista, stalinista, maoísta leninista, castrista, chavista ou petista não são a alternativa, simplesmente por se basearem na truculência, na mentira infinitamente repetida, na maquiagem de números e índices sociais, na lavagem cerebral gramscita, no apadrinhamento dos amigos do partido a despeito de sua competência questionável ou sua mais absoluta ignorância.

Esta semana leu-se muito sobre o descontentamento de Álvaro Uribe, ex-presidente colombiano, com a política externa lulista, sua incoerência, sua desfaçatez, sua megalomania alimentada por seres desprezíveis como Celso Amorim. E eis que Amorim volta ao ministério, embora em outra pasta, depois de oito anos dando conselhos estapafúrdios ao então presidente, aproximando o Brasil de regimes totalitários e ditaduras de décadas, desta feita na pasta da defesa, gerando descontentamentos dos militares, os mesmos a quem ele sempre agrediu, na velha postura rancorosa da esquerda que pegou em armas, mas condena as Forças Armadas por também terem pegado em armas. Aliás, depois de José Genoíno, outro sem caráter que combateu o Exército com arma em punho, ser agraciado com a Ordem do Mérito Militar.

Para a insatisfação dos generais, bem ao seu estilo, Lula, que deveriam não mandar mais em nada já que não tem cargo ou mesmo função oficial, tem a resposta nada conciliatória, o que deveria ser esperado de um sujeito que passou oito anos pregando a cisão nacional, escondido atrás da faixa residencial que ele disse que tinha vontade de levar para casa, e deve ter levado junto com o crucifixo do gabinete presidencial que furtou: "Não cabe aos militares gostar ou não gostar de uma indicação da presidente da República. Temos que aprender a trabalhar para depois ver se vai dar certo ou não".

Ora, quer dizer que na esquerda primeiro aprovam-se as medidas, fazem-se leis, indicam-se ocupantes de cargos para só depois analisar para ver se as medidas tomadas foram as corretas? Essa gente nunca ouviu falar em planejamento, análise, levantamento de custos e riscos? Nem ele, nem a presidente, nem o staff petistas pararam para pensar em perguntar aos generais quais seriam os bons nomes para presidir a pasta, par depois decidirem pelo melhor. Do ato da empáfia esquerdista, preferem impor um nome político, sabidamente despreparado emocional e ideologicamente para comandar as Forças Armadas e todo o sistema de defesa nacional.

Talvez por esse despreparo, esta cegueira ideológica, que tenham caído tantos ministros em oito meses de governo. Primeiro empossam-se os amigos, para depois perceberem que os nomes eram péssimos, mas aí o estrago está feito. Se isso traz ônus para a nação e desgaste para a imagem da presidente, pouco importa. O que conta é que eles detêm o poder, seu primeiro objetivo logo seguido pela riqueza. Povo, nação, gastos, roubos, falcatruas, justiça... Essas coisinhas são apenas percalços facilmente transponíveis pela máquina vermelha.

©Marcos Pontes

segunda-feira, agosto 01, 2011

Socialismo, filho da inveja

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O desejo de posse é inerente à condição humana, tentar mudar isso é, antes de política partidária, uma violência generalizada contra a espécie.

Deixando o primeiro assassinato bíblico de lado para evitar atrito desnecessário com os pseudo-historiadores que não vêem nO Livro um documento histórico (uma aberração na formação de nossos professores, o que deixa clara a intenção obscura dessa revolução cultural que nos cerca silenciosa e que poucos percebem), mas tentando ater-me na antropologia, os primeiros desentendimentos surgidos entre humanos não foram meramente territoriais, o que por si já seria uma demonstração da sensação de posse de uma área geográfica, mas por sobrevivência.

O líder da tribo sabia que naquela área havia alimento e seu grupo se apossava dali, expulsando ou matando quem invadisse em busca de comida. Esgotados os mantimentos, fosse pela extração abusiva, pela própria escassez ou por razões climáticas, a tribo se mudava e, volta e meia, entrava em conflito com outro grupo que havia ocupado terras adiante.

Depois que aprendeu que podia plantar e criar animais, nada mais natural que se sentisse proprietário da terra que trabalhara e dos frutos que plantara e se armava contra quem quisesse levar sua criação. Os conflitos agrários são mais antigos que os títulos agrários. Estes criação dos Estados, encarnados pelos poderosos que mantinham exércitos para defenderem os rincões tomador para si, muitos e muitos anos depois.

Alguns grupos aprenderam a plantar e tornavam-se donos de seus frutos, outros a domesticar animais e tornavam-se donos do leite, da carne e das peles, mais uns a represar rios e se apoderavam dos peixes que recolhiam. Os que continuavam extrativistas e caçadores nômades que não haviam descoberto tais ciências, prenhes de inveja tal qual Caim, para não morrerem à míngua, saqueavam. Hoje seriam os socialistas.

Pregar a divisão equitativa das produções, um mundo sem fronteiras, a não ser as naturais como rios, montanhas e oceanos, o pluriculturalismo, são ocupações de quem não aprendeu a produzir, que não consegue desenvolver seus próprios territórios e, por isso, vestem-se de vítimas históricas, taxando de algozes aqueles que investiram séculos e séculos em ciência, pesquisa, produção e ascensões sociais.

Respeitar as culturas alheias e uma coisa, aceitar calado que essas culturas alienígenas lhe sejam impostas goela abaixo, destruindo seus próprios valores e costumes e conivir com o crime de que se é vítima, enquanto é pichado de algoz, é covardia.

Os países socialistas não deram certo porque não souberam produzir para todos, uma contradição à própria definição de socialismo. Foram utilizados artifícios mil na enrolação e quando esses artifícios não surtiam efeito, que se aplicasse a força bruta, o argumento da baioneta. Propagandas, maquiagem de índices sociais e econômicos, inchaço da máquina pública e empregos artificiais onde deveria haver trabalho que gerasse renda. Riqueza e bem estar era apenas para as elites políticas, como as dachas, carros com chofer e viagens ao exterior, como tinham os líderes soviéticos, por exemplo.

Para manterem seu status social, mentiam do alto de seu status político. Tinham despensa suprida enquanto seus concidadãos entravam em filas por batats e papel higiênico, ou por leite, como ocorre hoje em Cuba.

O capitalismo surgiu quando o homem tomou posse daquilo que produzia; o socialismo, quando um incompetente preguiçoso achou que tinha direito a apossar-se da produção alheia. Isso bem antes de Karl Marx mamar nas tetas de Engels.

 

©Marcos Pontes