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terça-feira, outubro 11, 2005

Alguém disse que a vida é uma festa. A gente chega depois que começou e sai antes que acabe.

(Elsa Maxwell)




Eu sou normal


Criança saudável é criança que apronta, curiosa, ativa. Criança que anda pelos cantos, quietinha, macambúzia tem problema. Pode ser verme, anemia ou autismo. Alguma coisa está errada.

Eu fui uma criança que aprontava, curiosa e ativa, acho que até demais por conta dos castigos e surras que tomava. Ou eu era o capeta personificado ou minha mãe sofria de TPMs terríveis.

Era muito bom aluno. Por três vezes ganhei o prêmio de melhor da turma. Na adolescência, hormônios saindo pelas orelhas, as coisas mudaram um pouco, mas tive tempo de retomar o trilho. Nada preocupante.

Aprendi a ler antes dos sete anos, comecei a andar aos sete meses, rejeitei a chupeta aos três meses... O imediatismo, característica gritante da minha personalidade defeituosa, manifestou-se cedo, portanto.

Quanto a aprontar... Nossasenhorinhadabicicletadopneufurado! Era craque. Em se tratando de sacanagem sempre fui criativo.

Não me contentava em amarrar bombinhas em rabo de gato, isso qualquer moleque fazia. Divertido era dar sustos em qualquer um. Nas noites em que faltava energia, era uma festa. Meus irmãos sofriam, tanto os mais velhos, quanto os mais novos. Entre eles, miha irmã era a presa predileta.

Roubar frutas - as mangas do sub-tenente Cruz eram uma delícia - era esporte predileto, mas tinha que fazer a obra escondido do dono do quintal e da minha mãe, senão lá vinha bordoada.

Jogar pedra em quem passasse pela rua e me esconder atrás do muro foi divertido até o dia em que aquele senhor bigodudo me flagrou e me passou um sabão de deixar as orelhas roxas. Perdeu a graça...

Na escola amarrava o cadarço do tênis do colega da frente na carteira só pra vê-lo estatelar-se ao tentar levantar.

Quem diria que me tornaria um adulto tão bonzinho...?




Às as crianças, feliz dia das crianças.
Aos católicos, feliz dia de Nossa Senhora Aparecida.
A todos, felizes todos os dias.





Desculpe, Micha, ia me esquecendo.
Pessoal, esse é mais um post que participa dos postes comunitários da Micha. Vá até lá e visite os outros participantes.

segunda-feira, outubro 10, 2005

"Devagar é que não se vai longe"
Chico Buarque



Calos N'Alma


A vida caleja, tira o fio da lâmina, torna pétreo o miocárdio.

Como ver poesia e lirismo no cinza de vidas repetitivas? Não adianta citar Bilac ou Drummond, a vida não perdoou nem a eles. Se bem que a vida é um substantivo abstrato. Qual o superlativo de abstrato? Pois é, a vida é esse superlativo aí.

Sonhos isso, sonhos aquilo, querer é poder e dá-lhes Lair Ribeiro hemorróidas a dentro e o substantivo mais que abstrato não perdoará o Lair Ribeiro.

A vida não é romântica, embora caibam romances na vida. Romances esses criados para acabar antes que ela acabe. Nada pode ficar para além da vida. Se ficar é porque foi transferido para outra vida.

O que duas vidas vivem juntas passa a ser metade quando uma acaba e vai se esvaindo aos poucos no dia a dia da outra. E morre antes da segunda vida.

A vida é filme de ficção com enredo ruim e péssimos atores e a culpa é do diretor ausente. Há quem afirme que ele está descansando desde o sétimo dia de filmagem e deixou cada um dos participantes dessa produção B fazer o que bem quiser, daí a péssima qualidade do produto.

Nessa película confusa cada personagem é mocinho e bandido, herói e vilão. Isso causa uma confusão tremenda na cabeça do espectador, mas sempre aparece um sabichão que convence aos bobalhões que entendeu toda a trama e pode traduzí-la em troca de alguns dinheiros. E os bobalhões pagam e se deixam convencer.

A vida, superlativo mais que abstrato de um substantivo abstrato, não poupará Paulos Coelhos e nem os bobalhões. Ela dá as cartas.

domingo, outubro 09, 2005

"Se foi pra desfazer, por que é que fez?"

Vinícius de Moraes



Insatisfação Laborial


Reclamar de trabalho é coisa de preguiçoso. Não, acho que não...

Deixa tentar de novo.

Reclamar de trabalho é coisa de quem nunca teve que trabalhar. Agora ficou melhor,mas ainda não é uma coisa absoluta. Ninguém precisa trabalhar até que precise e nem todos reclamam.

Vamos ver...

Reclamar de trabalho é coisa de quem labora no que não gosta. Lá isso é verdade, mas tem gente que gosta do que faz e reclama do horário, por exemplo, ou do chefe pentelho, ou da distância que o local de trabalho fica da sua casa, ou dos colegas malas... Não é esse, portanto, o único motivo pelo qual se reclama do trabalho.

Reclama de trabalho quem não precisa trabalhar. Essa foi longe! Se a pessoa não precisa trabalhar e trabalha é porque quer e se quer, não deve reclamar.

Quer saber? Não tenho a mínima idéia de por quê alguém reclama do trabalho que faz, mas sei que tem muita gente querendo trabalhar e não consegue uma colocação.

Pode-se assim resolver o problema de ambos: quem está insatisfeito que peça demissão e ceda o lugar para quem quer.

No fundo, talvez as pessoas reclamem do trabalho por ser mais fácil reclamar do quê satisfazer-se com o que se tem.

sábado, outubro 08, 2005

As paixões passam, a poesia fica.



A Bicicleta ou o Casamento?


- Acho que vou fazer brigadeiros.
- Cuidado pra não engordar.
- Tô meio melancólica. Pra melancolia brigadeiro é um santo remédio.
- Terminei de comer bolo de milho.
- Ah!, bolo de milho... lembra o colinho da mamãe.
- Muito bom, hein?
- Faz tempo que não como bolo de milho. O que faz mais falta, bolo de milho ou colo de mãe?

Parece absurda a pergunta final, mas tudo tem seu momento e razão. Não tem colo de mãe que cure fome de marmanjo ou desejo de grávida, por outro lado, não tem bolo de milho que lhe faça cafuné como a mãe.

A velha piadinha popular que fala da dúvida cruel que assola um sujeito ("não sei se caso ou se compro uma bicicleta?") pode ser apenas uma piadinha despretensiosa, mas bem poderia ser aplicada à vida de uma pessoa pobre que recebe um dinheirinho extra.

Apaixonada, espera a melhor ocasião para unir-se ad eternum à pessoa a quem ama.

Apaixonada e querendo casar-se, essa pessoa, porém, trabalha longe, tem que pegar dois ônibus para ir e dois pra voltar diariamente, o que ajuda a afastar a melhor ocasião para casar. Daí a grande dúvida.

Se casa, continua pegando dois ônibus para ir e dois pra voltar, mas se compra uma bicicleta pode economizar o do ônibus, só que o casamento tem que continuar esperando a melhor ocasião.




Era isso que imaginava, Krisha?

quinta-feira, outubro 06, 2005

Viver cada dia como se fosse o último... Mais uma bobagem hiponga dos anos 60 que é tomada como a filosofia de vida ideal. O bom é viver cada dia fazendo seu melhor para que o amanhã, que sempre vem, venha sem dores de cabeça e sem ressaca moral.



Tudo é uma questão de crença ou lavagem cerebral


A convite da Micha, em mais um post comunitário, eis o texto estalando de novo que prometi ontem sobre "fatos" sobrenaturais que eu tenha presenciado, ou não.

Na verdade, nem sei se são sobrenaturais. Não sou do tipo que formula uma teoria e a expõe como se fosse verdade absoluta. Sou crédulo nas pessoas, além do que deveria em certas ocasiões, mas cético em relação àquilo que não entendo.

Se existem almas, espíritos, dimensão paralela, vida antes da vida (a mais nova discussão no meio filosófico e pseudo-filosófico) ou vida após a morte, se existe telepatia, deus e o Diabo na terra do sol e do gelo, premonição, destino ou coincidência, regressão, reencarnação em um novo corpo ou em uma vida em andamento, encosto e espírito obsessor, curupira, iara e negrinho do pastoreio, pouco se me dá.

Já tenho muito com o que me preocupar na vida prática e palpável cotidiana para investir meu tempo e preciosos neurônios em coisas que ninguém explica convincentemente.

Quando os atabaques do candomblé soam os filhos de santo costumam encorporar outros seres. É o ponto alto do culto. Já presenciei esse tipo de manifestação com todo o respeito que o momento, o local e as pessoas merecem, mas não tive medos, sustos ou grandes impressões. Em alguns isso causa pavor e em outros delírio, enorme satisfação. Em mim causa desconfiança. Não acho que seja embuste e má fé em iludir os crédulos, mas dou margem para que sejam apenas manifestações da sugestão e da auto-sugestão.

O mesmo ocorre em algumas religiões evangélicas, por exemplo. O pastor, treinado para causar comoção com as palavras, usa a voz como instrumento de hipnose e consegue que boa parte da platéia entre em transe e solte aleluias do nada, sem mesmo entender o que o líder está pregando.

Já vi e senti coisas estranhas e inexplicadas (não vou dizer inexplicáveis porque o mundo ainda não acabou) que não vale a pena colocar aqui se nem eu mesmo sei se acredito que elas ocorreram de verdade. Já vi, junto com vários colegas de escola, luzes estranhas no céu de Manaus, mas daí a dizer que são discos voadores...