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sábado, outubro 08, 2005

As paixões passam, a poesia fica.



A Bicicleta ou o Casamento?


- Acho que vou fazer brigadeiros.
- Cuidado pra não engordar.
- Tô meio melancólica. Pra melancolia brigadeiro é um santo remédio.
- Terminei de comer bolo de milho.
- Ah!, bolo de milho... lembra o colinho da mamãe.
- Muito bom, hein?
- Faz tempo que não como bolo de milho. O que faz mais falta, bolo de milho ou colo de mãe?

Parece absurda a pergunta final, mas tudo tem seu momento e razão. Não tem colo de mãe que cure fome de marmanjo ou desejo de grávida, por outro lado, não tem bolo de milho que lhe faça cafuné como a mãe.

A velha piadinha popular que fala da dúvida cruel que assola um sujeito ("não sei se caso ou se compro uma bicicleta?") pode ser apenas uma piadinha despretensiosa, mas bem poderia ser aplicada à vida de uma pessoa pobre que recebe um dinheirinho extra.

Apaixonada, espera a melhor ocasião para unir-se ad eternum à pessoa a quem ama.

Apaixonada e querendo casar-se, essa pessoa, porém, trabalha longe, tem que pegar dois ônibus para ir e dois pra voltar diariamente, o que ajuda a afastar a melhor ocasião para casar. Daí a grande dúvida.

Se casa, continua pegando dois ônibus para ir e dois pra voltar, mas se compra uma bicicleta pode economizar o do ônibus, só que o casamento tem que continuar esperando a melhor ocasião.




Era isso que imaginava, Krisha?

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