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quinta-feira, outubro 13, 2005

"Enquanto as pessoas inteligentes conseguem freqüentemente simplificar o que é complexo, um tolo tem mais tendência a complicar aquilo que é simples."



Eunápolis, 13 de outubro de 2005.


Querido Oscar, meu caro Alho,

Me desculpe por não ter ido ao almoço de confraternização, culpa do imprevisto. Meu carro amanheceu com os quatro pneus cortados. Desconfio que foi obra do Zenóbio, meu vizinho, só porque quebrei suas telhas coloniais quando jogava bola no quintal com o Marcos Júnior. Seria tão difícil ele entender que não paguei seu prejuízo porque estou completamente sem grana?

A internação da dona Ofélia custou uma fortuna! Tudo por causa da prepotência daquele juiz insensível. Tudo bem que fui eu quem esbarrou com ela no alto da escada. Tudo bem que não pude me conter e caí na gargalhada ao vê-la despencando escada abaixo com as pernas pra cima. Mas se eles se colocassem em meu lugar veriam que o esbarrão foi casual e a gargalhada foi inevitável. Mas, não, o sem coração me fez pagar uma dinheirama de custas do processo, outra fortuna de hospital e uma terceira fortuna por danos morais e, se não pagasse, iria em cana.

Você, como bom e velho amigo, bem sabe que não posso ser preso de novo graças à Zenóbia, aquela vaca.

Eu não podia pagar a pensão, droga! Foram só seis meses de atraso... Meu pai bem me dizia que ex-mulher é pior que cascavel embaixo do travesseiro. Expliquei a ela mil vezes que não estava em condição de pagar. A corretora de seguros não acreditou no incêndio da loja. Me dei mal. A perícia provou que o fogo não foi causado por acidente daí fiquei sem ganha-pão, com dívidas por todos os lados, respondendo a cinco processos e a desgraçada da Zenóbia não me deu nenhuma chance.

Espero que entenda os motivos da minha ausência, caro Alho, mas pretendo ir ao próximo, caso o mundo não cometa mais uma injustiça comigo.

Do sempre seu fiel amigo,

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