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segunda-feira, outubro 31, 2005

Aconteceu agora há pouco:
- Bom dia. Gostaria de falar com o senhor Marcos Pontes.
- É ele.
- Senhor Marcos, devido a seu perfil de consumidor o senhor foi um dos dez felizardos de sua cidade escolhidos para fazerem parte dos satisfeitos portadores do Mega Super Hiper Power Cartão M Gold Plus...
- Mas que azarado que eu sou, hein?
- Como, senhor?
- Quantos são os felizardos que você falou?
- Só o senhor e mais nove.
- Tá vendo? Com mais de cem mil habitantes só eu e mais nove desgraçados. É muito azar!
- Que é isso, senhor Marcos. Estaremos enviando para o senhor nosso cartão internacional que lhe dá um limite de dois mil dólares...
- Minha cara, não tenho planos de viajar nem para a Bolívia.
- Além disso o senhor estará tendo vantagens no nosso clube hiper-restrito VIP com prêmios...
- Vamos fazer o seguinte: vocês pagam todos os meus débitos nos outros cartões e me dão um limite ilimitado, anuidade grátis e juros de 6% ao ano. Assim eu posso andar vinte e quatro horas por dia com a camisa do cartão, crachá e bandana com sua logomarca.
- Sinto muito, senhor Marcos, mas não podemos fazer isso.
- Quê isso! Vamos fazer negócio...
Tu... tu... tu...


Volto a lembrar-lhes, a Paulinha e seu livro. São Paulo dia 5, Campinas dia 8 e desde já vendas on-line. Para quem gosta de boa leitura, uma boa pedida.


Além disso, lembro também que no site do Pedro estou divagando sobre a cassação de José Dirceu.



Eunápolis, 31 de outubro de 2005.

Excelentíssimo senhor ministro,

Depois de muito matutar para quem escreveria esta missiva, me decidi pelo senhor que me parece o mais simpático e verdadeiro de todos os seus pares a partir daque discurso que vossa excelência proferiu em Catolé do Rocha prometendo cavar um poço artesiano em cada casa do sertão e colocar uma bomba elétrica para elevar a água até os reservatórios. O senhor é mesmo um homem porreta! Pensei também em escrever diretamente ao presidente, mas como ele todo dia está na televisão dizendo que não sabia de nada, fiquei com medo de que não soubesse também como me ajudar.

Na verdade, excelência, meu problema é um só, fácil, fácil do senhor resolver. Moro numa casa que era do meu pai. Ele adquirira o imóvel com financiamento da Caixa com prazo de 25 anos para pagar, coisa que fazia religiosamente, ou seja, ele pagaria aluguel da prória casa à Caixa. O contrato dizia que se ele morrese nesse prazo o financiamento estaria automaticamente quitado. Era o que ele chamava de pagar as contas com a própria vida, que nem a gente vê nos filmes quando o sujeito vende a alma ao diabo.

Meu pai morreu e eu levei o atestado de óbito na Caixa para realizar a quitação do débito. O perito de lá me disse que eu tinha que provar que o atestado era verdadeiro. Fui até o legista que o assinara e ele me disse que eu deveria enviar um ofício em doze cópias com minha firma reconhecida.

O cartório disse que minha firma não poderia ser reconhecida ali porque minha carteira de identidade, embora seja um documento de validade em todo o território nacional, era de outro estado.

Fui então para o meu estado para reconhecer a tal firma. Lá me disseram que eu teria que reescrever o ofício porque no cabeçalho o nome da cidade estava o da onde moro e não da cidade onde estava.

Fui a uma lan-house e reescrevi o documento, levei de volta ao cartório e ficou tudo resolvido.

De volta à minha cidade procurei o legista, entreguei-lhe o ofício, aí ele me disse que iria encaminhar ao Conselho Estadual de Medicina para que eles examinassem minha solicitação e que eu voltasse em quinze dias.

Duas semanas depois voltei e o médico me disse que sua secretária havia esquecido de enviar meus papéis, mas que ela já fora despedida (eu sei que é mentira uma vez que a secretária é a própria esposa dele, mas deixa isso pra lá). Assim que acabasse a greve dos Correios ele enviaria.

Dois meses depois os grevistas voltaram ao trabalho, retornei ao legista e gastei quarenta e cinco minutos para fazê-lo lembrar quem era eu e mais duas horas para que ele e a secretária achassem meu requerimento numa pilha de papéis no depósito de arquivo morto. Aí ele me ganrantiu que enviaria naquela tarde mesmo.

Depois de três meses, 28 telefonemas e mais quatro retornos la´, por fim recebi o atestado de óbito do meu pai com a autenticação cartorial e o reconhecimento da firma do médico, tudo bonitinho, e pude levar até a Caixa.

Depois de entregue o documento foi rapidinho. Quatro meses e treze dias depois eles deferiram meu pedido e o débito do meu pai foi quitado. A casa agora era minha, mesmo tendo que pagar todas as prestações durante os meses de tramitação desse processo.

Aí o senhor deve estar se perguntando, já que está tudo resolvido, o que estou querendo ainda?

Pois vou lhe dizer. É que apareceu um advogado aqui dizendo que eu tinha que fazer um inventário dos bens do meu pai, embora ele só tivesse essa casinha, para poder efetivar a herança e transferir o imóvel para meu nome, mesmo sendo eu o único herdeiro.

Eu sei que vossa excelência é ministro da saúde, mas é que o ministro da justiça também é advogado e o senhor sabe como eles são corporativistas, né?

Acreditando no que o senhor falou no seu discurso lá em Caicó que o cidadão comum era sua grande prioridade e sendo eu um cidadão comum, tenho certeza que o senhor vai resolver meu problema.

Seu eterno admirador,

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