Querer é poder? Isso é mantra de quem tem muita grana, ou de quem tem muita sorte ou de criança birrenta.
Sabadão e as oportunidades
Estava decidido a ficar em casa no sábado à noite quando o telefone toca. Era a secretária do prefeito. Ele me convidava para assistir à decisão da Copa Bahia de Futsal que Eunápolis decidiria com a seleção de Paulo Afonso. Apenas por uma questão de cortesia e política da boa vizinhança, aceitei.
Cheguei antes dele, lógico. Quem já viu autoridade chegar no horário marcado? Com a lista dos convidados na mão, um preposto do alcaide me dirigiu à tribuna de honra. Aos poucos chegavam os secretários e os contumazes puxa-sacos. Assim que o prefeito chegou, cumprimentei-o e, na primeira chance, sai da tribuna e fui pra arquibancada. O que diria minha mãe se me visse em tais companhias?
Tudo bem que o cara é um antigo amigo, mas agora é prefeito e as coisas mudam, sem falar que o vice é um energúmeno que me dá asco.
O preço do ingresso era um quilo de alimento não perecível. Louvável decisão uma vez que tais alimentos devem ser distribuídos para as creches. Só que ao chegar e ver uma multidão do lado de fora, numa daquelas atitudes populistas o prefeito mandou que fossem abertos os portões. O ginásio de esportes superlotou.
O povão cada vez mais excitado com o calor da disputa foi me deixando assustado. Não gosto de multidões em lugares fechados ainda mais numa situação de competição como aquela. O chefe do policiamento é um amigo. Me aproximei dele e perguntei com quantos homens ele contava, ao que ele me respondeu "nove". Nove homens para policiarem algo em torno de 4.000 eufóricos.
Não é programa para o qual me convidem. Fui até o prefeito e não me contive. "Você foi um irresponsável ao mandar abrirem os portões", lhe disse. "Tomara que não aconteça nada de grave aqui ou você vai ficar muito enrolado. Da próxima vez pensa bem antes de tomar uma atitude assim". E vim embora.
Sentei num barzinho para comer alguma coisa e fiquei observando o movimento nas ruas. Nossa! Como minha cidade está efervescente.
De repente vejo a caminho de casa o Ailton. Ele foi um promissor jogador de vôlei, chegando a defender a seleção do Distrito Federal. Logo que chegou aqui convidou o Giovani, aquele mesmo da seleção brasileira, o Giggio, a lhe fazer uma visita. Fez um churrasquinho em casa e chamou alguns poucos amigos, até para evitar constrangimentos ao ilustre convidado. Só que entre os convidados estava um rapazinho do tipo arroz de festa, chegado às "altas rodas" da sociedade eunapolitana. O coisinho espalhou entre todas as amiguinhas que Giggio estava no churrasco.
Do nada, repentinamente, choveram adolescentes histéricas na casa do Ailton, acabando com nossa festa. Giovani teve que ser retirado por nós numa operação abafa e levado para um hotel em Porto Seguro.
O Ailton veio para cá apaixonado por uma dentista que resolvera aventurar no interior, ao contrário da maioria que não consegue sair da cidade grande e passa a vida aventurando-se em concursos para a prefeitura ou num consultoriozinho de ponta de rua. O ex-atleta hoje pega no batente na fábrica de celulose e pode ser visto indo e vindo do trabalho com seu uniforme de camisa verde claro e calça oliva.
Cheguei antes dele, lógico. Quem já viu autoridade chegar no horário marcado? Com a lista dos convidados na mão, um preposto do alcaide me dirigiu à tribuna de honra. Aos poucos chegavam os secretários e os contumazes puxa-sacos. Assim que o prefeito chegou, cumprimentei-o e, na primeira chance, sai da tribuna e fui pra arquibancada. O que diria minha mãe se me visse em tais companhias?
Tudo bem que o cara é um antigo amigo, mas agora é prefeito e as coisas mudam, sem falar que o vice é um energúmeno que me dá asco.
O preço do ingresso era um quilo de alimento não perecível. Louvável decisão uma vez que tais alimentos devem ser distribuídos para as creches. Só que ao chegar e ver uma multidão do lado de fora, numa daquelas atitudes populistas o prefeito mandou que fossem abertos os portões. O ginásio de esportes superlotou.
O povão cada vez mais excitado com o calor da disputa foi me deixando assustado. Não gosto de multidões em lugares fechados ainda mais numa situação de competição como aquela. O chefe do policiamento é um amigo. Me aproximei dele e perguntei com quantos homens ele contava, ao que ele me respondeu "nove". Nove homens para policiarem algo em torno de 4.000 eufóricos.
Não é programa para o qual me convidem. Fui até o prefeito e não me contive. "Você foi um irresponsável ao mandar abrirem os portões", lhe disse. "Tomara que não aconteça nada de grave aqui ou você vai ficar muito enrolado. Da próxima vez pensa bem antes de tomar uma atitude assim". E vim embora.
Sentei num barzinho para comer alguma coisa e fiquei observando o movimento nas ruas. Nossa! Como minha cidade está efervescente.
De repente vejo a caminho de casa o Ailton. Ele foi um promissor jogador de vôlei, chegando a defender a seleção do Distrito Federal. Logo que chegou aqui convidou o Giovani, aquele mesmo da seleção brasileira, o Giggio, a lhe fazer uma visita. Fez um churrasquinho em casa e chamou alguns poucos amigos, até para evitar constrangimentos ao ilustre convidado. Só que entre os convidados estava um rapazinho do tipo arroz de festa, chegado às "altas rodas" da sociedade eunapolitana. O coisinho espalhou entre todas as amiguinhas que Giggio estava no churrasco.
Do nada, repentinamente, choveram adolescentes histéricas na casa do Ailton, acabando com nossa festa. Giovani teve que ser retirado por nós numa operação abafa e levado para um hotel em Porto Seguro.
O Ailton veio para cá apaixonado por uma dentista que resolvera aventurar no interior, ao contrário da maioria que não consegue sair da cidade grande e passa a vida aventurando-se em concursos para a prefeitura ou num consultoriozinho de ponta de rua. O ex-atleta hoje pega no batente na fábrica de celulose e pode ser visto indo e vindo do trabalho com seu uniforme de camisa verde claro e calça oliva.
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