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terça-feira, novembro 14, 2006

"O homem casado que não transar com as amigas da mulher vai transar com quem?"
(Eduardo Mascarenhas)


Cláudio, Agora São Paulo, SP


  • Quer dizer que estão estudando duas maneiras de reduzir a CPMF? Sei... Será aprovada a que der uma redução menor nessa "contribuição" que deveria ser "provisória" e virou permanente, ou seja, virou imposto. Que deveria ser destinada à saúde e ninguém tem a mínima idéia de para onde está indo. Mais um engodo para cima de nós pobres palhaços contribuintes.

  • Está lá no jornalzinho católico que li hoje, a manchete "Evangelização depende do dízimo". Pois então, vejamos: Jesus Cristo deveria ter ganhado uma moedinha para cada alma salva; Jesus Cristo não expulsou os vendilhões do templo a chicotadas; quem não paga, não tem o direito a ouvir a "palavra do Senhor"... E ainda tem gente que acha que o Natal transformou-se numa festa capitalista.

  • Depois de muito barulho, Eduardo Azeredo, autor da projeto de lei que exige que o internauta se identifique com RG, CPF, endereço, carteirinha de vacina e teste do pezinho, retirado essa semana da pauta de votações, admite rever esse artigo. Como previsto, estão fazendo uma emenda no projeto, que deverá voltar beve à pauta. Que, pelo menos, venha melhorado. Os crimes na internet devem ser combatidos, leis específicas devem ser criadas, mas, na visão desse leigo, não podemos todos sermos presumivelmente suspeitos porque uma minoria está fazendo sacanagens na web.

  • A imprensa fala da operação padrão dos controladores de vôo como se fosse uma coisa ruim. A meu ver, não o é. Se há uma exigência legal de um intervalo de tempo maior entre a decolagem e a aterrisagem de aviões, não obedecer essa lei é, portanto, ilegal. Se a lei existe é para a maior segurança de todos, portanto, não cumpri-la é colocar em risco a vida de passageiros e tripulantes. O que deve ser feito é alterar os horários de vôos por parte das autoridades controladoras da aviação civil e das companhias aéreas.
    Sou a favor de qualquer operação padrão, isso não significa operação tartaruga, muito praticada pelas aduanas, por exemplo, quando querem fazer pressão para conseguirem aumento de salário. Se há um padrão e é determinação legal, que deva ser cumprido e pronto, o resto é "jeitinho brasileiro".

segunda-feira, novembro 13, 2006

Não compre artigo de "tamanho único. Isso que dizer "não serve em ninguém".


Mariosan, O Popular, GO


  • Aí eu vejo na televisão a pseudomédica fazendo propaganda do iogurte que promete regularizar o intestino ( ou seriam intestinos?): "a maioria das minhas clientes reclamam...". Se tal bordoada na gramática fosse proferida por um eu ou você, um feirante, ou o presidente da república diplomado em encanador, os intelectualóides diriam que é falta de cultura, de leitura, de educação e blá-blá-blá, mas como foi praticada por uma impoluta e bonitinha doutora médica, branca em seu jaleco imaculado, ninguém percebe. E ondes estavam o diretor, os produtores, os contratantes? Divulgar o português correto também é responsabilidade social e talvez mais importante que o tal cremezino de cocô de bactérias milagroso.

  • Parodiando Tom Jobim, o Brasil definitivamente é um país muito estranho onde as putas se apaixonam pelo cliente, os traficantes cheiram, a polícia rouba, os políticos não representam seus eleitores e o presidente não sabe de nada.

  • Já nas bancas o número 2 da revista "piauí", tão bom quanto o número 1. Volto a recomendar para quem gosta de boas letras.

  • Entro na loja para comprar o novo disco do Caetano Veloso (rodando agora na radiola eletrônica - será po isso que as eletrolas tinham esse nome?) e o vendedor me pergunta a queima roupa:
    - Sabe por que o Caetano se separou da Paula Lavigne?
    Eu, estampando minha cara de ignorante inculto que não lâ Caras:
    - Não.
    - Porque o pau dela é maior que o dele.

  • As bruxas devem estar dando risadas da modernidade. Não precisam entrar em filas de espera de aeroportos para voar.

  • Caiu o Gushiken! Em compensação, lá vem os abutres do PMDB. Ai que saudade do Stanislaw Ponte Preta...

  • Por falar em Stanislaw Ponte Preta, alguém gostaria de me presentear com o FEBEAPÁ? Aquele que tem os três volumes juntos, por favor.

  • Aí eu vejo a senhora venezuelana no telejornal: "prefiro o presidente Lula a Chavez...". Não sabia que a coisa era tão feia assim lá na Venezuela, não. Coitados...

  • Meu segundo irmão era apaixonado pelas músicas de Cat Stevens. O cantor acaba de lançar um disco, depois de 30 anos. Se não for de hinos religiosos, vou comprar. De tanto ouvir meu irmão ouvindo, também passei a gostar.

sexta-feira, novembro 10, 2006

"Stress é o espaço de tempo entre uma pescaria e outra."
(Pára-choque de caminhão
)


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a href="http://www.chargeonline.com.br">Pelicano, O Dia, SP


  • Interessante como certas coisas aparentemente insignificantes ficam tatuadas na memória da gente com suas nuances, cores, cheiros... Do nada me veio agora uma noite insone. Eu devia ter uns 15, 16 anos. Sem conseguir dormir, fui até a sala, liguei o aparelho de som, coloquei o head-phone para não acordar a família que ronronava pelos três quartos e sintonizeii numa rádio FM. Estava tocando "Ele me deu um beijo na boca", de Caetano Veloso, do disco "Cores & Nomes". Ainda não havia ouvido aquela música de letra quilométrica e psicodélica moderna. Uma poesia modernista interessantíssima. Me apaixonei por ela e há anos não a ouço. Acho que vou dar uma catada por aqui para tentar encontrá-la.

  • Essa já tem alguns dias, mas eu havia me esquecido de colocar aqui. Sabe aqueles policiais que atiraram no eletricista Jean Carlos no metrô de Londres e que foram inocentados pela justiça da Inglaterra? Pois então. Um deles voltou a matar um suspeito. Viram, crianças, não é só no Brasil, não... Tão pensando o que? Nossa PM já está sendo imitada pela impoluta Scotland Yard. Isso é que é prestígio internacional!

  • Cento e cinqüenta mil é o número de mortos no Iraque desde a invasão estadunidense! Dois mil e uns trocados é a cota de soldados ianques. Ah! Só para lembrar, Bush enviou as tropas para lá para aumentar a segurança. Sei... Petróleo e armas mudaram de nome.

  • A operadora de telefonia celular estadunidense Helio, fechou um acordo com o Google que vai permitir que um usuário localize amigos e contatos de sua lista por um mapa exibido na tela do seu aparelho. Será que o nome do livro do Orwell era mesmo "1984"? Por um acaso não seria "Google"? Se essa moda se espalha, quero ver marido esconder celular de esposa a cada escapadela. Aliás, não será muito difícil ver esposas entrarem na piscina "por acidente" com o celular do marido no biquini.

  • Hu! Hu! Hu! A maré anda brava pro beócio do Bush. O cara não consegue vencer eleição nem na Nicarágua. Esquecendo que essa nova onda populista que invade a América Latina é um tremendo retrocesso histórico, dá uma sensaçãozinha boa ver os interesses do Senhor das Guerras serem frustrados...

  • Opa! Um sobrinho de Denise Frossard, a ex-juíza, ex-deputada e ex-candidata ao governo do Rio, Paulo César Frossard Gomes, de 36 anos, foi preso hoje ao tentar abrir uma conta bancária com documentos falsos. Será que sairá nos jornais? Será que o sujeito vai ficar em cana? Claro que não...

  • Eutanásia? Assim como em relação ao aborto, não sou contra nem a favor, mas se fosse comigo, podem desligar os aparelhos sem medo de que minha alma volte para assombrar. Pois a Justiça autorizou os médicos, não a desligarem os aparelhos, mas a deixarem de alimentar o doente. Nem o juiz, nem a imprensa está falando em eutanásia, mas se isso não é eutanásia, o que é então?

quinta-feira, novembro 09, 2006

"Quem espera por sapatos de defunto, toda a vida anda descalço."
(Adágio popular)


Aroeira, O Dia, RJ


  • O governo oferece R$ 375,00; as centrais sindicais pedem R$ 420,00; daqui a pouco a oposição virá com uns R$ 560,00. Começou a lenga-lenga anual sobre o reajuste do salário mínimo. O trabalhador? Esse que fique quietinho em seu canto e espere os tubarões decidirem.

  • Saiu nos jornais hoje: "Bush diz que aceita idéias e propostas sobre o Iraque". Depois de mais de cinco anos fazendo besteiras no Oriente Médio e no resto do mundo, o beócio agora vem com essa. Qual a estratégia embutida nisso? Simples. Derrotado nas eleições legislativas, os republicanos desejam empurrar para a oposição parte da responsabilidade do que ocorrer na invasão que patrocinaram. Daqui a dois anos tem eleição presidencial, o que permite que o governo atual faça o povão esquecer os infindáveis tiros no pé imputando a culpa do que ocorrer daqui para a frente na oposição. Se bem que, sejamos lúcidos, os democratas deram apoio à invasão no calor dos atentados de 11 de setembro. Não tem santo nessa história.

  • Epa! 75% das casas brasileiras têm rede de saneamento básico? De onde os pesquisadores tiraram esses números? Ou foi nas capitais ou se confundiram com os relatórios e copiaram algum de um país europeu ou tem muita maquiagem nos números do governo. No Brasil que conheço não tem disso, não.

  • Quer dizer que a Polícia Federal andou escarafunchando os telefones da Folha de São Paulo? E com aquiescência de um juiz e tudo o mais? Voltamos a viver num estado de polícia? Tudo bem que a Folha é tucana desde o nascedouro, mas daí a se fazer esse tipo de polícia ideológica, vai uma distância inaceitável enorme. Atitudes completamente anti-democráticas como essa colocam em perigo muito mais que o simples direito de opinião do cidadão brasileiro. Se houvesse lei nesse país para os ricos e/ou poderosos, eu gostaria muito de ver os autores dessa sandice atrás das grades, mas estamos no Brasil, né? Fazer o que?

  • Oprah Winfrey, a milionária apresentadora estadunidense, apresentará em seu programa, dia 20 de novembro, uma reportagem sobre mães de diversos países. A mãe brasileira é a do apresentador Márcio Garcia. O galã será apresentado no programa como o Brad Pitt brasileiro. Esse nosso colonialismo nos faz bater palmas. Tem gente toda feliz com a comparação, a começar pelas revistas de fofocas, mas, se tivessem um pouco de amor-próprio, se sentiriam dimuídos. Por que Brad Pitt não pode ser chamado de o Márcio Garcia estadunidense? Pior, o que um tem a ver com o outro? Não existe nenhum paralelo aceitável entre as carreiras dos dois. Apenas são ambos bonitos e atores (o Garcia ainda é?), além de terem uma boa conta bancária (embora os valores devem ser completamente discrepantes).

  • Por falar nisso, já perceberam a megalomania dos estadunidenses quando eles querem elogiar alguma coisa deles? Sempre falam "melhor do mundo", "maior do mundo" e coisas assim. Os caras não conhecem o mundo, mas, seja lá o que eles têm, sempre é o "blá-blá-blá do mundo". Se algum dia alguém resolver fazer feijoada por lá, será a "melhor feijoada do mundo".

  • Como em quase todo o mundo, em Jerusalém também proibiram a Parada do Orgulho Gay. Talvez, como em quase todo o mundo, depois da segunda ou terceira edição, a Parada se torne corriqueira. Uma coisa eu admiro nos gays, eles são persistentes, organizados e não se deixam abater pelos contrários. Estão tomando conta do mundo e levando a sério aquilo que eles repetem desde os anos 70: "o mundo é gay". As mulheres continuam em sua luta por direitos e oportunidades iguais e os gays já chegam arrombando a porta. Muito interessante essa nova revolução sexual que está acontecendo. Você pode até discriminar os homossexuais, mas não pode negar que a coisa é divertida, além de muito colorida.

  • Diz Stephen King, o maior nome do terror mundial: "a única coisa de que tenho pavor é George Bush". Se o cara que vive assustando todo mundo fala isso, o que posso pensar?

  • Depois de ser insistentemente criticado por sua empáfia, falta de humildade e salto alto, Lula diz que não deseja ser a principal liderança política da América do Sul. Errou a dose de novo. O Brasil DEVE ser, por uma questão natural, a liderança da América do Sul. Esse ataque repentino de modéstia demonstra mais uma vez o despreparo intelectual do presidente. Se não for o presidente brasileiro esse líder, quem será? Chavez, o maluco de boina vermelha? Kirchner que não agüenta ficar mais de duas horas em reuniões absolutamente necessárias com os demais presidentes da região? Fidel, quase morto, ou seu irmão quase quase morto? Evo Morales, que só tem uma população do tamanho da do Estado de São Paulo e um PIB menor que a do mesmo estado brasileiro para comandar?

  • Nojo! Isso é o que sinto com essa politicanalhice do PMDB. Entenderam agora, Amarelos e Amarelas, porque esse partidinho gigante não lança candidato próprio à presidência? Se Alckmin ganhasse, eles fariam a mesma coisa. A ala oposicionista atual iria bater à porta dos tucanos e pediriam cargos em troca de apoio no Congresso e se coligariam de novo com as hienas do PFL, tucanos de segunda linha. Nojo!

  • Em 1986 dois jatos de uma mesma empresa indiana chocaram-se no ar. As causas do acidente nunca foram devidamente esclarecidas. Adivinhem qual era o vôo de um deles? Acertou quem disse 1907. Coincidência macabra, não?

  • Tem gente que leva a vida a sério demais. Imaginem vossas excelências que recebi um e-mail me desancando por conta do post de ontem. Calma, crianças, aquilo é pura ficção, não sou tão mau assim. Apenas fiquei com vontade de escrever algo sobre os sete pecados capitais e fiz aquilo. Que gente estressada, sô!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Sete pecados capitais


Sou Sete


Naquela segunda-feira, mais por obrigação do que por vontade, acordei sem qualquer disposição. Rolei na cama de frente para o lado mais escuro do quarto ainda penumbroso. Instituí a preguiça. Nada de trabalho, de obrigações e me mantive ali, sob as cobertas, olhos teimosos em manterem-se fechados,sem me importar com a manhã que os meteorologistas haviam prometido ensolarada. De manhãzinha é sempre fresco.

Me mantive assim, esquecendo o mundo, até que a bexiga não suportou mais a tortura da continência forçada. Um pé de cada vez, horas para o segundo juntar-se ao primeiro, um depois do outro, arrastando-se pela casa me levaram ao banheiro, mais pelo hábito que pela visão. A falsa masculinidade pulsando sob impulso da urina represada, nada de hormônios, mas a sensação boa da ereção leva a pensamentos para alguns pecaminosos, para outros, como eu, que não crêem em pecados, um desejo que não veio no sonho, mas na lembrança da esposa deliciosa do vizinho. Sujeito feliz.

A mão esquerda me apoia na parede, enquanto a direita dirige o jato para a água do fundo do vaso que não vejo, adivinho. Meus olhos assistem ao filme exibido nas pálpebras cerradas. Ela em seu requebro sob a malha indo para a academia exercitar os glúteos redondos; ela na piscina pegando cor sob minha vigilância por detrás da cortina; ela se abaixando para pegar algo dentro do carro e eu observando o vale entre os seios... Invento a luxúria e a cobiça. Invejo aquele a quem cumprimento hipocritamente com acenos, abraços e apertos de mão, sem o mínimo remorso de invejar sua vida, sua casa, seu carro do ano, suas férias em Fernando de Noronha, sua mulher cheirosa, inteligente, sorridente e deliciosa.

Satisfeito com o pouco que me dou, vou ao banho e enquanto esfrego displicentemente as orelhas ou limpo meus sucos restantes do falso prazer, sinto a fome de uma noite de jejum e uma manhã já avançada, quase meio-dia. Jogo-me numa roupa qualquer e me esforço para sair de casa, menos mal comer na rua do que preparar minha própria refeição.

Caminho procurando a sombra das marquises e árvores, devagar como se fosse um domingo de férias. A fome bem maior no desejo de comer do que na exigência do estômago reduz meu percurso original. Não vou me permitir andar mais duas quadras até o restaurante baratinho. Com o parco salário nos bolsos, hoje posso me permitir comer num lugar melhor. Ao mais caro, ao mais variado no cardápio, junto com os ricos do lugar.

À porta os mendigos, maltrapilhos, mais pobres e miseráveis que eu. Esticam o braço pedindo um trocado, com olhos lânguidos e famintos desejam a comida dos comensais abastados. Que se danem! Que resolvam seus problemas! Eu cuido dos meus e não lhes devo nada. A velha senhora, pernas cheias de feridas e varizes dilatadas, ousa me dizer que minha soberba me esperará no dia do juízo ao ver negado seu pedido de uns trocados. O meu é meu, que ela se dane antes com suas pragas lançadas.

Empanturro-me! Três saladas, filé à parmeggiana, lombo de porco com tutu e couve à mineira, suco de laranja, uma cerveja, água mineral com gás, da importada, por favor. Pudim de leite, mas a torta de limão me chama, depois um pedaço de bolo. Se não almoçar amanhã ou nunca mais, a refeição de hoje terá valido uma vida.

Vejo os garçons me olharem com olhos incrédulos e desdenho de seu espanto. Sei que gostariam de poder fazer o que faço agora. Eu posso! Tenho dinheiro para isso, eles não precisam saber que é meu único e pouco. Tentam se vingar adicionando um percentual na conta, já suficientemente grande, à guiza de gorjeta. Que se queixem para o patrão, não tenho nenhuma obrigação de lhes presentear com esse extra. Nada de gorjetas! Não é avareza, apenas defendo o que é meu.

E me orgulho disso!