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quinta-feira, fevereiro 07, 2008

renato

  • Não sei se é meu bom humor que está em alta, mas as notícias de hoje me causam gargalhadas.

  • Dilma falou ontem em entrevista (assisti a toda a entrevista ao vivo na Record News) que seis ministros perderiam o cartão corporativo. Segundo ela, não se justifica fazer despesas quem é responsável legal por sua liberação, ou seja, os ministros da área econômica. Hoje já sai a notícia que os ministros não perderão seus cartões, apenas receberão orientação para não usá-los. Governinho barata tonta, nunca sabe que direção vai tomar e fica andando em cículos.

  • Complementando a notícia daí de cima, já que os ministros são recomendados a não fazer despesas com o tal cartão, caberá aos seus assessores fazerem as compras. Quer dizer, o chefe não pode gastar, não seria ético, mas seus aspones podem fazer compras para o chefe. Quando alguém entender, por favor, me explique.

  • Romeu Tuma, que saiu do DEM, por quem se elegeu, xerife do senado, disse que pedirá investigações à Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público sobre as atuações de Lobão Filho, também ex-DEM. Mais uma ceninha pra inglês ver. A propósito, vossas senhorias sabem quem é o suplente do Lobãozinho? Garanto que quando souberem também terão vontade de gargalhar. O nome do sujeito é Remi Ribeiro, que também é investigado por peculato e por crime de responsabilidade.

  • "Sou um exemplo para as mulheres". Adivinhem de quem é a frase? Pensou que era de Madame Marie Curie? Pois não é, não, bobinhos. É de Mônica Veloso. Cá pra nós, se eu tivesse uma filha e essa resolvesse tomar Mônica Veloso como exemplo, eu a expulsaria de casa depois de dar-lhe uma peia. Onde já se viu?

  • Outra de peladona: aquela de quem não sei o nome, que deixou o tapa-sexo cair na Sapucaí, disse que o objeto microscópico não caiu, que o mesmo estava colado com Super Bonder. É ou não é de gargalhar? Já imaginou o trabalho que deve ter sido retirar o bagulho?

  • Essa pode até ser uma boa, embora vindo de onde vem, faz a gente ficar com os dois pés atrás. O Senado vai divulgar pela internet o gasto dos senadores. Será mesmo? Com que propósito? E justamente no momento em que se discute os gastos do Executivo? Tem gato nessa tuba. Esperemos pra ver.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

AUTO_solda

  • É impressão minha ou a grande mídia descobriu que Luiz Tatit existe? O cara é bom e merece o destaque que andou recebendo pelas televisões nos últimos dias. Que assim continue, embora não acredite muito. Baixa qualidade faz mais sucesso.

 

  • Coisas do Brasil: Ao invés de melhorar a educação básica, prefere-se dar cotas; ao invés de se investir na melhoria e popularização da TVE e da TV Cultura, prefere-se criar uma rede de TV pública. Coisas do Brasil...

 

  • Hoje resolvi experimentar uma dessas águas minerais com sabor de fruta. Escolhi a de limão. Sabe o que me lembrou? Quando éramos vários irmãos e muito pobres, fazíamos um suco de laranjas e colocávamos água para render mais e dar para todos. Ô, negociozinho ruim!

 

  • Comprei A Tarde para saber as notícias da Bahia, o que encontrei foram oito cadernos sobre carnaval, um de classificados e outro sobre o camarote 2222, de Gilberto Gil. Acho que joguei R$ 1,75 no lixo.

 

  • Pela quinta vez vou perguntar nesse blog: qual a finalidade do impedimento no futebol senão beneficiar o time que não sabe preparar sua defesa e punir aquele que ataca? Até hoje ninguém me deu uma resposta aceitável.

 

  • Gostei do nome: CPIzza da Tapioca. A pseudo-oposição, PSDB e DEM, disse que quer que sai. No fundo, encontraram mais uma maneira de fazer chantagem com o governo, ganhar algum para suas obras estaduais (ganho para ano eleitoral) e depois deixarem tudo como está, ainda mais que o PSDB tem reais chances de conseguir a próxima presidência. Imagina se perderiam a boquinha de cartões corporativos para todos os tucanos amigos, peemedebistas que não largam o osso e os prováveis aliados DEMoníacos?

 

  • Contrariando Dorival Caymmi e o Felipe Machado, do Estadão, gosto de samba, sou doente do pé (tenho dois pés esquerdos), mas não suporto carnaval. Se eu gostasse de ambiente barulhento, cheio de gente suada se esfregando em mim, balanço pra frente, pra trás e pros lados, mal cheiro e gente mal educada, pegaria ônibus na hora do rush.

 

  • Já fizeram o rescaldo momístico? Quantos morreram? E chamam isso de festa.

 

  • De novo o Estadão. Tá lá: "BRASÍLIA - O governo publicou nesta quarta-feira, 6, no Diário Oficial o decreto que altera legislação sobre a utilização do cartão de crédito corporativo. O decreto, anunciado no final de janeiro, proíbe os saques em dinheiro com o cartão, exceção apenas para órgãos essenciais da Presidência, Vice-Presidência, Saúde, Fazenda, Polícia Federal e repartições do Ministério das Relações Exteriores no exterior e despesas de caráter sigiloso."

Pergunto:

  1. Quais são os órgãos essenciais da Presidência, Vice-Presidência, Saúde, Fazenda, Polícia Federal e repartições do Ministériodas Relações Exteriores?
  2. O que são despesas de caráter sigiloso? Motel?

terça-feira, fevereiro 05, 2008

AUTO_rico

  • Espero que tenham voltados todos vivos e saudáveis da fuzarca. Não adiantam campanhas, multas, policiamento ostensivo e o escambau colorido, a cada ano o número de mortes, prisões e flagrantes de violência durante o carnaval só aumentam. E pensar que a maioria da população gosta disso. Espírito suicida coletivo? E, o que é pior, financiado pelo estado com dinheiro público. Quem verdadeiramente lucra com a festança (hotéis, companhias de transporte, fábricas de refrigerantes e cervejas, agência de turismo...) não participam do ônus, apenas divide o bônus.

 

  • Quem fez um carnaval silencioso, aprontando das suas por baixo dos panos, foi o MST. Os terroristas rurais provocaram pelo menos duas invasões nesse período.

 

  • Lula voltou a falar sobre a reforma do Código Penal. O projeto de reforma foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 2001, ainda no governo de FHC. Enviado para o Senado, porém, teve seu texto modificado, o que obrigou sua volta à Câmara e lá estancou. Segundo especialistas, a melhor mudança no novo texto é no que se refere a prazos e recursos, ambos diminuem, o que agilizaria os julgamentos. As penas para os infratos, todavia não sofrem grandes alterações. A própria OAB, sabe-se lá porquê, não aceitará sem fazer barulho o endurecimento dessas penas. A reforma, se sair, não será exatamente uma reforma, mas apenas uma maquiagem que beneficiará mais a imagem do judiciário do que a população geral que é vítima da violência. Mas, se não é uma grande mudança, já é alguma coisa e, se Lula conseguir fazer com que o legislativo agilize a matéria, será ponto para ele, embora saibamos quanto custa para o país quando o presidente negocia com os parlamentares.

 

  • A Agência Estado Contou 150 cartões corporativos distribuídos pela Preidência da República. 150! Nesse final de semana ficamos sabendo que até os seguranças de Lurian, filha de Lula, tem cartão corporativo, e gastou 55 mil reais, em 2007, em lojas de material de construção, auto peças, ferragens, supermercado e posto de gasolina. Ou seja, estamos dando uma casa para o segurança da Lurian e o cara não teve sequer que fazer financiamento de trinta anos na Caixa. Cliquem no link no início deste parágrafo e leiam a matéria comleta do Estadão.

domingo, fevereiro 03, 2008

glauco

  • Embora previsível, a política brasileira não é nada monótona, a cada semana tem algo novo para nos divertir e indignar. Na última foi a bagunça dos cartões corporativos. A ministra já caiu, coisa que eu havia previsto que aconteceria, afinal de contas essa é a praxis. Quando um ministro comete um deslize como o dela, é exonerado e ganha de prêmio consolação uma secretaria ou cargo do segundo escalão numa prefeitura ou governo estadual. A mídia esquece o que aconteceu e tudo volta ao normal ou as atenções voltam-se para o próximo escândalo. Devolver o dinheiro gasto indevidamente, nem pensar. O ministro dos esportes, mais inteligente que a ministra, fez as contas e concluiu que se mantendo no cargo ganharia muito mais grana e benesses do que os trinta e poucos mil que gastou. Esperto, devolveu a grana e tentará se manter escondidinho até o final do mandato. O da pesca, também sabidinho, pediu que fossem investigados seus gastos antes que a proposta viesse da oposição. Este deve ser jogador de xadrez e sabe que o ataque é a melhor defesa. Vai sair-se bem. Na próxima semana estará tudo esquecido, o Estadão se encarregou de revelar o próximo escândalo.

 

  • O jornal paulista revelou que, pelo menos, dez ministros debitam despesas na conta de assessores. Essa também é uma maneira muito antiga de se esconder os desmandos, afinal de contas, raramente os aspones são fiscalizados pela imprensa (pela máquina governista nem um, nem outro). É sabido e notório que parlamentares fazem isso todo o tempo, tanto em Brasília quanto nos estados e municípios, fora aqueles que ficam com parte do salário dos assessores. No Executivo a coisa parece que não é muito diferente. Vamos ver se acontecerá alguma coisa mais, além do barulho inócuo de sempre.

 

  • Já tem no Congresso 250 matérias prontas para a votação assim que acabar o recesso. Entre os projetos está o do aborto. Essa será uma discussão mais passional e religiosa que racional. Confesso que não tenho uma posição rígida sobre o assunto e até acho que seria muito mais profícuo um plebiscito sobre isso do que foi o do desarmamento. Parece que já estou vendo os padres entrando na Justiça e fazendo greve de fome pedindo a não aprovação do PL, o que quase me faz ficar a favor.

 

  • Quando uma festa popular traz dividendos para o local e aumenta a arrecadação do lugar, é justo que os governos invistam nela. É o caso do carnaval em Recife-Olinda, Salvador e Rio. Mas, via de regra, os governos de pequenas cidades promovem festas para lavar dinheiro, emitir notas frias e beneficiar os amiguinhos do mandatário, além dele mesmo. ACM conquistou os músicos baianos comprando-os. No final da ditadura, ele governador, convocou os artistas, entre eles Caetano e Gil, a quem ele havia ajudado a mandar para o exílio em Londres e que terminaram se tornando seus amiguinhos, comprometeu-se em pagar seus cachês e desde então a coisa tem se repetido, seja quem for o governador ou o prefeito de Salvador. A politica do pão e circo levada à condição de política de estado. No fundo não é tão ruim porque são centenas de milhares de turistas que vêm e deixam uma graninha extra para a cidade e o estado. Vale a pena o investimento. Aí os artistas passam em cima de seus trios elétricos e sempre fazem reverências ao prefeito e ao governador, são os bobos da corte ajoelhando-se diante de seu mecenas. Ontem aconteceu algo engraçado por conta disso. O vocalista da banda Parangolés, em frente ao camarote do prefeito mandou um "alô para meu prefeito Imbassahy". Só que o prefeito é João Henrique e Imbassahy é um  ex-prefeito e virtual adversário de João Henrique nas próximas eleições. Deve ter sido uma cena constrangedora para ambas as partes e  hilariante para quem não tem nada a ver com a zona eleitoral soteropolitana.

 

  • Quantos será que morreram ou morrerão nesses dias? Calma na estrada e no álcool, macacada!

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Casamento Chic

casamento

 

Obrigado Rejane pelo mote

A pequena Argolo estava em polvorosa, a filha caçula da viúva Etelvina iria se casar. Não era mulher rica, mas luxenta. Luxo, aliás, sob sua ótica, significava muito perfume com cheiro acre e por demais adocicado, e muitas cores no vestir, casa sempre limpa e enfeitada, embora o poeirão da rua dificultasse a missão, cortinas espalhafatosas e a comida que fosse possível naquele fim de mundo sobre o fogão de lenha, mesmo que a metade fosse para os porcos e galinhas que criava no quintal quilométrico.

O marido, Galinálvio, morto por ataque cardíaco durante discussão com freguês caloteiro, lhe deixara o armazém e três filhas donzelas e bem apessoadas. Etelvina, ao lado da sepultura, lhe jurara encaminhar as meninas para um bom casamento e vida digna. E assim vinha fazendo. Casara Geldicélia com Ariosto, motorista do prefeito. Fizera as núpcias de Sofildes com Beliastro, bom moço de Mucuri, que tem um restaurante à beira da BR, e agora era a vez de entregar Jemira Solineide nos braços de Fúlvio, rapaz íntegro e trabalhador, operador de trator da fábrica de celulose em Itabatã.

Não foram fáceis esses dezessete anos sem Galinálvio. Cuidar do armazém, comprando e vendendo, e cuidar das meninas, a mais velha com oito anos e a caçula com quatro, educar, alimentar, vestir, curar os machucados e dodóis e ficar de olho para domar suas artes. O adjutório veio de dona Evelândia, rezadeira, parteira e comadre, que lhe ensinara que para acabar com as aprontações das crianças deveria dar-lhes uma peia de sete chibatadas com folhas de espada-de-São-Jorge numa sexta-feira de lua cheia. Dito e feito, depois da surra as meninas ficaram calmas e obedientes, nunca mais viraram bicho e nem deram dor de cabeça.

Sem a ajuda de homem, com os parentes morando longe, as duas filhas casadas e morando em outras cidades e os poucos amigos sem recursos e sem tempo, Etelvina se encarregara sozinha de todos os preparatórios do casamento.

A paróquia local estava sem padre e os párocos de Mucuri, Aimorés, Itabatã, Teixeira de Freitas e Medeiros Neto se recusavam a ir celebrar as núpcias em outra cidade. A festa não poderia ser em outro local se não em Argolo, com padre ou sem padre o casamento aconteceria pertinho de Galinálvio. E a data não poderia ser outra: domingo, onze de agosto, dia dos pais e aniversário de nascimento do marido morto. Nesse dia festivo que prestaria contas de seus bons serviços de mãe e esposa para o primeiro e único homem que tivera.

Padre não queria? Pois então haveria apenas o casamento civil e Jemira Solineide compareceria com os mesmos vestido e véu brancos que Etelvina e as duas primeiras filhas vestiram. Aí também havia um problema: convencer o juiz, do alto de sua arrotada autoridade, a trabalhar no domingo.

Conversou, esbravejou, apelou de joelhos, rogou pragas, mandou presente e pediu bênçãos até que o juiz, o prepotente Adênio, para se ver livre do cerco de Etelvina, cedeu. Faria a cerimônia.

O dia era hoje!

Etelvina morava do outro lado da rua, bem em frente ao fórum. Se o casamento fosse na igreja a noiva chegaria no centenário tílburi enfeitado de flores e puxado por cavalo branco, mas numa distância tão pequena, como fazer uma chegada triunfal? Achou a solução entre a sala e a cozinha de sua própria casa.

Às dez da manhã a pequena população de Argolo, toda pomposa em suas melhores roupas - as mulheres com brilhos e flores no decote, os homens em seus ternos e gravatas pretos usados nos domingos de missa ou culto evangélico – aglomerava-se em frente ao fórum, pouco se importando com o casamento, desejando, na verdade, a feijoada que seria servida no quintal de Etelvina, entre galinhas e porcos, e as fofocas que rolariam no dia seguinte. Um corredor de gente começava na porta da noiva e terminava na porta do fórum.

Etelvina sai na frente, nas mãos a passadeira vermelha de três metros de comprimento que estendeu no chão de piçarra. Vem a noiva, braços dados com o irmão do noivo. Devagar o par cobre aqueles três metros e pára. Etelvina retoma a passadeira e volta a estendê-la à frente da nubente e seu padrinho. Os dois percorrem mais três metros e param, e assim a operação se repete até a porta do fórum, vinte e um metros à frente.

Por muitos e muitos anos a população comentaria sobre a primeira noiva da cidade a pisar num tapete vermelho.