- Embora previsível, a política brasileira não é nada monótona, a cada semana tem algo novo para nos divertir e indignar. Na última foi a bagunça dos cartões corporativos. A ministra já caiu, coisa que eu havia previsto que aconteceria, afinal de contas essa é a praxis. Quando um ministro comete um deslize como o dela, é exonerado e ganha de prêmio consolação uma secretaria ou cargo do segundo escalão numa prefeitura ou governo estadual. A mídia esquece o que aconteceu e tudo volta ao normal ou as atenções voltam-se para o próximo escândalo. Devolver o dinheiro gasto indevidamente, nem pensar. O ministro dos esportes, mais inteligente que a ministra, fez as contas e concluiu que se mantendo no cargo ganharia muito mais grana e benesses do que os trinta e poucos mil que gastou. Esperto, devolveu a grana e tentará se manter escondidinho até o final do mandato. O da pesca, também sabidinho, pediu que fossem investigados seus gastos antes que a proposta viesse da oposição. Este deve ser jogador de xadrez e sabe que o ataque é a melhor defesa. Vai sair-se bem. Na próxima semana estará tudo esquecido, o Estadão se encarregou de revelar o próximo escândalo.
- O jornal paulista revelou que, pelo menos, dez ministros debitam despesas na conta de assessores. Essa também é uma maneira muito antiga de se esconder os desmandos, afinal de contas, raramente os aspones são fiscalizados pela imprensa (pela máquina governista nem um, nem outro). É sabido e notório que parlamentares fazem isso todo o tempo, tanto em Brasília quanto nos estados e municípios, fora aqueles que ficam com parte do salário dos assessores. No Executivo a coisa parece que não é muito diferente. Vamos ver se acontecerá alguma coisa mais, além do barulho inócuo de sempre.
- Já tem no Congresso 250 matérias prontas para a votação assim que acabar o recesso. Entre os projetos está o do aborto. Essa será uma discussão mais passional e religiosa que racional. Confesso que não tenho uma posição rígida sobre o assunto e até acho que seria muito mais profícuo um plebiscito sobre isso do que foi o do desarmamento. Parece que já estou vendo os padres entrando na Justiça e fazendo greve de fome pedindo a não aprovação do PL, o que quase me faz ficar a favor.
- Quando uma festa popular traz dividendos para o local e aumenta a arrecadação do lugar, é justo que os governos invistam nela. É o caso do carnaval em Recife-Olinda, Salvador e Rio. Mas, via de regra, os governos de pequenas cidades promovem festas para lavar dinheiro, emitir notas frias e beneficiar os amiguinhos do mandatário, além dele mesmo. ACM conquistou os músicos baianos comprando-os. No final da ditadura, ele governador, convocou os artistas, entre eles Caetano e Gil, a quem ele havia ajudado a mandar para o exílio em Londres e que terminaram se tornando seus amiguinhos, comprometeu-se em pagar seus cachês e desde então a coisa tem se repetido, seja quem for o governador ou o prefeito de Salvador. A politica do pão e circo levada à condição de política de estado. No fundo não é tão ruim porque são centenas de milhares de turistas que vêm e deixam uma graninha extra para a cidade e o estado. Vale a pena o investimento. Aí os artistas passam em cima de seus trios elétricos e sempre fazem reverências ao prefeito e ao governador, são os bobos da corte ajoelhando-se diante de seu mecenas. Ontem aconteceu algo engraçado por conta disso. O vocalista da banda Parangolés, em frente ao camarote do prefeito mandou um "alô para meu prefeito Imbassahy". Só que o prefeito é João Henrique e Imbassahy é um ex-prefeito e virtual adversário de João Henrique nas próximas eleições. Deve ter sido uma cena constrangedora para ambas as partes e hilariante para quem não tem nada a ver com a zona eleitoral soteropolitana.
- Quantos será que morreram ou morrerão nesses dias? Calma na estrada e no álcool, macacada!
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