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quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Abaixo a Pedofilia

inocenciaelyj3 

Desde o primeiro momento que li a chamada da Luma para esse post coletivo, me predispus a participar dele. Não contava, porém, com a dificuldade que seria desenvolver o tema. Poderia explorar a questão histórica, dos efebos que os nobres gregos tinham a seu dispor como brinquedinhos sexuais; poderia varar o caminhos das leis ocidentais ou dos casamentos arranjados entre meninas e rapazes promissores, prática comum nos Brasis de outrora; poderia falar da questão religiosa e da culpa judaico-cristã ou da permissividade de alguns cultos mais antigos em relação à questão; poderia divagar sobre comercialização via internet de fotos e vídeos que tarados, principalmente da Europa, fazem, o que fez com que o mundo tomasse conhecimento da pedofilia que sempre existiu, mas ficava nas conversas de especialistas ou nas famílias envergonhadas das vítimas; poderia escrachar o turismo sexual que se encontra principalmente nos países terceiromundistas, o Brasil entre os campeões e que esse turismo é, indiretamente, incentivado pelo governo através das propagandas de mulheres peladas nos países europeus, e da falta de uma política séria em educação e combate à pobreza... Enfim, muitos poderiam ser os enfoques, mas não sabia por onde começar e que caminho seguir. Perdido, até o título do post foi feito na base da lei do menor esforço, um clichê.

Saí, então, passeando pela internet, pesquisando atrás de uma luz. Eis que me deparo com o anúncio “Fotos de Pedofilia Grátis?”. Como não uso a internet para deleites libidinosos, levei um susto. O negócio é assim escancarado? Os malucos sequer se dão ao trabalho de tentar esconder? Não criaram um código para se intercomunicarem sem chamar a atenção como fazem as meninas com bulimia e anorexia que usam o “bia” e “ana”? Fui lá ver o que era aquilo.

Para minha surpresa, a intenção do dono do blog era justamente o contrário do que aparentava. Há algum tempo ele havia postado sobre a pedofilia e desde então centenas de pessoas passaram a cessá-lo por meio dos sites de busca e a palavra chave era justamente “pedofilia”. Indignado, ele insinuava que todos os que iam atrás dessa palavra mereciam ser denunciados. Os comentários de seu post dividiam-se: uns concordavam que deveria haver uma denúncia, outros diziam que foram parar ali por conta de uma pesquisa para a escola ou de temas possíveis para a redação do vestibular. Eu próprio caí no blog do rapaz em busca de material para esse post.

Imediatamente me veio à mente o caso da Escola Base, de São Paulo. Por conta de policiais que gostariam de posar de heróis e de uma imprensa sensacionalista, as vidas de Maria Aparecida Shimada e de seu marido Icushiro Shimada, donos da escola, viraram um inferno. Apareciam nos telejornais, jornais impressos e revistas como monstros molestadores de crianças. Tiveram que fechar a escola, foram torturados, ameaçados de morte e, no final das contas, num processo apressado, inocentados. O único condenado por danos morais foi o governo de São Paulo, que teve que pagar cem salários mínimos para cada um deles e a mesma quantia para um de seus funcionários também linchado moralmente. Nenhum jornalista sequer pediu desculpas, nenhum policial foi punido e os acusados injustamente hoje vivem de tirar xerox numa lojinha.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A pedofilia é um caso seriíssimo, drasticamente punido pelos bandidos quando se defrontam com os culpados, ou simplesmente acusados, numa cadeia ou num presídio, punição essa defendida por boa parte dos cidadãos comuns. A pena dada pelos presos é a pena que boa parte da sociedade defende que seja aplicada pelo estado: a morte.

A pedofilia não é apenas um desvio de comportamento, é uma doença. Em países, principalmente os localizados acima da linha do Equador, desenvolveram e desenvolvem incontáveis trabalhos sobre o tema. A psiquiatria forense o estuda mais e mais, ajudando a modificar leis e tratamentos para os doentes, além de penas que vão desde até prisão perpétua, ou à pena de morte. Em alguns países, quando o condenado volta à liberdade, fica em vigilância constante e terminantemente proibido de aproximar-se de locais normalmente freqüentados por crianças como play-grounds, escolas, parques de pic-nic... Isso porque, cientificamente comprovado, o desejo por praticar sexo com crianças nunca desaparece. O doente pode se ressocializar, mas se não estiver em constante auto-vigilância, pode voltar à prática nefasta a qualquer momento.

Uma das características mais cruéis da pedofilia é que os algozes da criança violentada, haja coito ou não, na maioria das vezes são pessoas próximas. Pais, padrastos, irmãos, babás, primos, justamente aqueles que deveriam dar segurança, carinho, educação e suporte, traem a confiança da criança e praticam seus atos imperdoáveis. Podem até ser compreensíveis à luz da ciência, mas não podem ser perdoados pela sociedade, o que é compreensível também.

A vigilância tem que ser constante. O preço a se pagar pelo descuido pode ser muito alto.

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