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quarta-feira, fevereiro 13, 2008

iotti

  • Voltando a um assunto que vocês já imaginavam encerrado: meu livro. A maioria eu vendi pessoalmente ou por e-mail, alguns deixei na secretaria da escola onde trabalho e outros deixei numa livraria. Hoje recebi de volta sete que se encontravam na livraria. Os que estavam comigo e os que estavam na escola esgotaram-se. A livraria justificou a devolução porque muita gente que procurava queria com a dedicatória, daí preferia me procurar ou à escola. Dos vinte, portanto, só conseguiram vender quatorze. Àqueles que têm m enviado e-maisl em busca do seu, comunico que tem essa rapa de tacho. Se houver interesse, é só me mandar um e-mail: pontes.mr@gmail.com

 

  • Até o pai do Ayrton Senna envolvido em trabalho escravo? bem que a sabedoria popular nos diz há séculos: quem mais tem, mais quer.

 

  • Pode-se falar o que quiser de Roberto Jeferson, a maioria será verdade, mas a decisão dele não aceitar a delação premiada para entregar os demais bandidos do mensalão é algo digno de aplauso. O cara tem coragem. provavelmente há uma segunda intenção nessa decisão dele, mas a primeira impressão é muito boa.

 

  • Piadinha do governo federal: a reforma tributária não deverá sair em 2008. E alguém acreditava que sairia? E a reforma política, alguém espera que saia algum dia? Ô, dó!

 

  • O Senado deu uma no cravo e outra na ferradura. ontem fiquei feliz ao saber que fora aprovada a medida de afastar os senadores de cargos em comissões e qualquer outra função de chefia depois que o Conselho de Ética acate denúncia contra o sujeito. Não é ótimo, mas é uma decisão acertada. Hoje, porém, os caras tornaram definitiva a decisão que um senador não pode ser investigado ou processado no Senado por algum crime, contravenção ou qualquer outra atitude ilegal realizada antes de assumir o mandato. Ou seja, depois de empossado, ladrão vira anjinho. Isso já acontecia de fato, agora acontecerá com respaldo de lei. Cambada de porcos!

 

  • E afirma o Estadão: 10% dos funcionários públicos federais respondem a processo. É um número muito alto e, mesmo assim, ficamos com a sensação que a maioria dos safados ainda não foi encontrada ou encontra-se escondidinho sob a saia de alguma autoridade.

 

  • O PSDB assumiu o compromisso de não investigar os familiares de Lula na CPIzza da Tapioca. O motivo é simples, para quem tem memória: o Filho de FHC esteve envolvido em falcatruas no mercado financeiro. Cá pra nós, o que vai se gastar com essa CPIzza deverá ser muito mais do que Lula e sua gang gastaram com o cartão corporativo e no final das contas ninguém será punido. Sou do tempo que crime era investigado pela polícia e não por outros bandidos.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Conivência

113 

Quando um cidadão comum, que trabalha oito horas de trabalho por dia, leva as crianças à escola, passeia com a família no final de semana, encara os contratempos cotidianos como fila de banco, repartição pública, maus pagadores, fornecedores impontuais e todo esse inferno cotidiano insiste em dizer que é um sujeito bem informado, muito provavelmente vai completar a conversa com uma notícia que viu ontem no Jornal Nacional.

Foi num grupo com alguns desses cidadãos que me encontrei dia desses. Era aniversário de um deles. Muita comida, muita bebida e a conversa rolando solta. Aos poucos o ambiente foi-se esvaziando, as mulheres levando os filhos para dormirem, aqueles que tinham compromisso na manhã seguinte se retiravam a contragosto, os velhos cansados com saudade de suas camas... Terminamos nós cinco ao redor da mesa resolvendo todos os problemas do mundo, como os bêbados costumam fazer.

Política, futebol, costumes, tudo fazia parte da conversa. Um assunto puxando outro. Chegamos, por fim, ao Tropa de Elite, sensação de qualquer bate-papo naqueles dias.

Um dos cidadãos bem informados, que havia assistido a uma cópia pirata do filme, assim como dois dos outros, tocou no ponto da trama que os jornais e revistas rebatiam, uns repetindo os outros: o consumidor de drogas mantinha os criminosos que, potencialmente, poderiam atentar contra a segurança dele próprio, de sua família e de toda a sociedade inocente.

Como não havia assistido ao filme, e ainda não assisti porque os cinemas da minha cidade viraram igrejas evangélicas e me recuso a consumir produto pirata, me reservava à posição de ouvinte. Ao tocarem, porém, nesse ponto em que crimes mais violentos eram financiados pelo consumidor classe média, me lembrei de discussões que levava com os colegas de escola lá em mil-novecentos-e-futebol-de-meia. Naquele tempo já havíamos chegado à mesma conclusão. Imagino que o diretor do filme esteja mais ou menos na mesma faixa etária que eu, não estranho que, com seus amigos, também tenham chegado a essa conclusão. Tão óbvia, por sinal, apenas repudiada por quem é cego para o problema ou tem interesses inconfessos.

O próprio governo federal, numa série de vídeos que faziam parte de uma campanha contra as drogas ilícitas, em um deles mostrava um rapaz tirando dinheiro da bolsa da mãe, ia até uma boca de fumo, repassava o dinheiro ao traficante que usava esse dinheiro para comprar uma arma e com essa arma, num assalto, atirava na mãe do viciado que a via morrer. Esse vídeo veiculou uns dois anos antes do filme de José Padilha.

Curiosamente, coisa rara entre bêbados, eu entre eles, não houve discussão. Falávamos e falávamos, cada um no seu volume mais alto, apenas para colocar suas impressões mais precisas. Estávamos todos de acordo com a tese.

No meio da conversa, um de nós retirou-se da mesa, voltando minutos depois com um cigarro de maconha. Choquei!

Caramba, aqueles caras sabiam que estavam dando dinheiro para bandidos que amanhã poderiam assaltar suas esposas, seqüestrar seus filhos, assaltar suas empresas e ainda assim continuavam consumindo a maldita marijuana!

Aceso o cigarro, eu e outro nos retiramos, com a desculpa que estava tarde e teríamos que acordar cedo. Os outros três ficaram com sua droga, sua droga de vida e com a minha total perda de respeito.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Rapidinhas

AUTO_cau

  • Chegará amanhã no Senado o Projeto de Lei que reza sobre a diminuição da maioridade pena. Está longe do que a população deseja, mas já é alguma coisa. Vai ficar um pouco mais difícil os bandidos transferirem a responsabilidade de seus crimes para os "dimenor" das gangs. Se tais mudanças forem aprovadas, vamos ver se o pessoal dos direitos humanos não se mete alegando que elas vão contra o que prega o Estatuto da Criança e do Adolescente. Vixe! Acho que dei idéia...

  • Minha modesta contribuição para o Código de Ética do PT, que deve ser lançado em março: "É anti-ético e sujeito à expulsão do partido roubar de companheiros e de amiguinhos aliados. Se quiserem roubar, façam-no contra os otários não filiados e que caem na besteira de pagar seus impostos em dia".

  • O relator da Medida Provisória da TV Brasil, popularmente conhecida como Tele Lula, disponibilizou, em seu texto, uma verba "própria" de R$ 300 milhões. De própria não tem nada, uma vez que essa TV não gerará renda, apenas sugará de canudinho uma dinheirama que seria muito mais útil se aplicada na saúde ou na educação, por exemplo. O argumento usado pelo gênio é que tal verba daria mais autonomia para a Tele Lula. Autonomia como, buana, se o dinheiro será repassado pelo governo federal? Esse povo acha que todo mundo é otário. Pra falar a verdade, estou começando a achar também. Incluindo a mim mesmo no rol.

  • Fica todo mundo espantado e penalizado com as mortes nas serras fluminenses depois da chuvarada da última semana. O que não vejo ninguém falar é que D. Pedro II já havia probido construções nas encostas devido aos riscos de desmoronamentos e de danos ao ambiente. Com o fim do Império, os republicanos resolveram desfazer tudo o que os imperadores haviam feito, inclusive as coisas boas. Agora choramos as chuvas derramadas.

domingo, fevereiro 10, 2008

mostra

Em outubro e novembro do ano passado, por conta do lançamento do meu livro, sites locais de notícias e blogs de amigos fizeram comentários a meus escritos, alguns aventuraram-se na tentativa de definir minha personalidade, que nem eu mesmo consigo traduzir em palavras, até porque não me dou ao trabalho da análise, a vida independe da vontade.

Na sexta-feira, dia 8, a Letícia me fez um afago que me surpreendeu. Li a meu respeito como se o texto falasse de outra pessoa. Não me acostumo com elogios, nunca sei como reagir a eles. Uma amiga uma vez me deu uma lição: não reaja, apenas ouça, ou leia, e agradeça. Quem elogia o faz por querer e não na esperança da retribuição. Então ta. Li e agradeço, à Letícia pela sua generosidade que se mostrou de duas maneiras: pelo elogio gratuito, sem qualquer motivo que o gerasse senão a admiração e por dar de seu tempo um pedaço a alguém que sequer conhece senão pelos textos lidos.

Obrigado, Letícia.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

propaganda_subliminar

 

Marizelda era filha única de um oficial da Marinha, o que lhe dava o direito a uma pensão vitalícia após a morte do pai, caso ela não se casasse. E isso aconteceu.

Portadora de uma timidez excessiva, a menina Marizelda só saía de casa para a escola. Não ia a parque, piquenique, igreja, praia, baile ou qualquer outro programinha típico das garotas de então.

Era o auge do rádio no Brasil. A garota pediu ao pai e ele lhe deu de presente de aniversário um rádio, um verdadeiro móvel de madeira e válvulas, os conhecidos rabos-quentes. O aparelho estava sempre ligado, tornou-se o amigo que Marizelda não tinha.

Seu amigo de fios e pilhas lhe cantava nas vozes de Noel Rosa, Marlene, Noite Ilustrada, dava-lhe notícias do Brasil e do mundo e, seu maior deleite, a fazia sonhar com as novelas.

Com o tempo passou a achar as tramas sempre iguais e foi-se encantando com os comerciais. Imaginava as cores, gostos e cheiros do mundo que não via, por meio dos reclames. A curiosidade foi aumentando e a voz agradável num português perfeito foi virando mania.

Pedia à mãe sabonetes Eucalol e água de cheiro Leite de Rosas. Mesmo adolescente, rendeu-se ao bê-a-bá-bê-é-bé-bê-i-Biotônico Fontoura, os paninhos para seus dias de incômodo foram substituídos pelo Modess. Ajudando a mãe na cozinha, exigiu panelas de pressão Rochedo e louça Nadir Figueiredo.

Veio a Bossa Nova e, paralelamente, a televisão. No rádio ouvia a novidade e o almirante se viu obrigado a comprar um aparelho Colorado RQ. Não era a maravilha que esperava. Ficava no ar apenas poucas horas por dia e não tinha tantos reclames, mesmo assim a fascinava por poder ver as maravilhas da vida moderna e não somente ouvir falar delas.

Fez o pai trocar o velho Aero Willis por um Gordini, passou a rejeitar o leite in natura que seu Fidélis entregava de porta em porta, agora só leite em pó Mococa, as buchas vegetais para lavar louça cederam lugar para o mil e uma utilidades Bom-Bril, que vinha numa linda caixinha de papelão vermelha. Até mesmo a Colorado RQ foi substituída por uma Telefunken. Os comerciais pautavam sua vida.

Os pais morreram e Marizelda, vivendo com a polpuda pensão herdada, usava o telefone para fazer suas compras. Ariosvaldo, filho da velha empregada, dona Jordélia, que acompanhava a família havia anos, levava suas cartas para as empresas das quais desejava informações sobre seus produtos, ia à banca comprar O Cruzeiro, ia ao banco pagar as contas e retirar os talões de cheque ou descontar algum.

A moda era a Jovem Guarda. Jerry Adriani, Roberto Carlos, Wanderléia e toda a turma invadiam sua casa em seus discos de vinil que rodavam na eletrola Radiolux quando a TV estava fora do ar.

Vieram os 70, os 80, a velha Telefunken foi substituída por uma Toshiba com garantia até a próxima Copa, as panelas Rochedo deram lugar às Tramontina, os sapatos Vulcabrás 752 e as botas 7 Léguas nunca foram usados, assim como as Botinhas da Xuxa, mas ainda ocupavam a sapateira juntos aos tênis Bamba e as chuteiras Topper.

Passou a alimentar-se de Nissim Miojo e Cup Noodles, na sobremesa aaaaaaabra booooooooca, é Royal, pudins Royal, ou lasanhas pré cozidas Sadia, preparadas no forno de microondas Brastemp, que fazia par com uma geladeira duplex, que substituíra a já idosa Gelomatic. A churrasqueira George Foreman, adquirida junto com AB Shaper, nunca fora usada, mas era tão bonita e versátil...

A cada semana trocava os xampus e as escovas de dentes por mais modernos e bonitos, assim como o dentifrício, que já fora Kolynos, Colgate, Signal, Close-Up... Procurava a ideal para retirar o amarelado dos dentes deixado pelo Hollywood, ao sucesso!, que depois se tornara uma raro prazer, Carlton.

Aos setenta descobriu que o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Os antiquados calefons se aposentaram e, em seu lugar, agora só usava Valisère.

Quando morreu, dormindo sobre seu colchão Ortobom forrado com lençóis Teka, foi um trabalhão para os bombeiros retirarem o cadáver do meio de tanta tralha, boa parte ainda dentro das caixas. Há cinco anos técnicos do Museu da Propaganda fazem um inventário dos achados arqueológicos.