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segunda-feira, novembro 08, 2010
Faltam Exemplos
domingo, novembro 07, 2010
CPMF, já pagamos
Naquele panavueiro dos anos 90, pouco depois da dupla Itamar/FHC aniquilar a hiperinflação, sem meter a mão em nossa poupança, seja no sentido literal, seja no jocoso, sem plano mirabolante colocando a população contra produtores e comerciantes, como fez Sarney, as contas públicas ficaram menos incompreensíveis.
Tirando a novela da Previdência Social, que economistas, analistas, autoridades, segurados e pensionistas, contribuintes ou a Santa Providência jamais conseguem entender, os governos passaram a ver com mais clareza onde entrava dinheiro, por onde saía, onde estavam os ralos e gargalos. Se não resolveram os problemas de “vazamento”, popularmente conhecidos como “desvios de verbas” ou “caixa dois”, ou seja lá que nome se dê, é outra história. Entre os ladrões sempre estão os amigos do governante de plantão e expor o malfeitor à execração pública é dar arma aos adversários, por isso ficam sempre caladinhos.
Isso acontece desde Deodoro até, já posso adiantar, o governo futuro da senhora Rousseff.
Voltando às contas públicas porque corrupção nacional não é assunto para uma página de Word, caberia numa enciclopédia.
Estabilizada a economia, percebeu-se o rombo na Saúde. Não sobram recursos para atender uma população que teima em crescer e adoecer. Coisa de gente subdesenvolvida. Onde se viu gente educada nas zoropa contrair dengue, tuberculose, febre amarela, piriri, ziquizrira? Mas esse povinho brasileiro não pode deixar os presidentes em paz e teimam em arrumar mazelas físicas para gastarem dinheiro público.
Aí o Doutor Jatene, grande figura da medicina nacional, teve a idéia genial de criar a CPMF. O presidente viu ali sua segunda galinha dos ovos de ouro, depois do próprio plano real. Tudo bem que os ovos dessa galinha eram amargos, mas a população acostumar-se-ia com o gosto. Era, temporário o remédio, tanto que o P da sigla significava Provisório. Duraria apenas o tempo para resolver as questões pendentes na área. Além do mais era um quantia tão insignificante, apenas 0,18% das operações financeira, ninguém chiaria.
Engano. Chiamos e chiamos muito.
Mas o governo ria. Vencido o prazo, o P virou “permanente”, deixou de ser dinheiro para a Saúde e tornou-se fonte para cobrir rombos do governo.
Mais uma vez o prazo de validade esgotou-se e, já no governo Lula, tentaram ressuscitar o imposto fantasiado de “contribuição”, como se fosse algo optativo. Dessa vez a grita foi geral e o governo, mesmo com maioria na Câmara, perdeu a parada para a vontade popular. Esse osso está engasgado até hoje na garganta do presidente que tudo pode e nada sabe.
Se essa coisa voltar, quem será o maior beneficiado? O pobre, dirão os governistas e o governo. O próprio governo, direi eu, que usará esse dinheiro para o que bem lhe convier, uma vez que a fiscalização é inexistente, o TCU é apenas um adorno sem utilidade pendurado na parede dos fundos, o Congresso, do rabo às tetas, é do próprio governo.
E quem será o maior prejudicado? Ora, resposta fácil, a classe média, como sempre. Os milionários, via de regra, como forma de dar um drible no Fisco, não têm renda. Suas empresas bancam as despesas pessoais e familiares, já o assalariado classe média, além de pagar todas as contribuições que o “leão” impõe, inclusive para que tenha Saúde decente, o que não ocorre, ainda paga plano de saúde privado e pagará pela famigerada CPMF. São três pagamentos pelo mesmo produto e, pior, recebendo-o com defeito, seja qual for a forma de pagamento, já que o atendimento médico, tirando Sírio Libanês, Fleury e outros hospitais usados pela gangue que detém o poder, seja de que cor for, é de qualidade duvidosa, Brasil a dentro.
Fiquemos alertas e prontos para cobrar dos parlamentares, a partir de 2 de janeiro, e dos governadores eleitos, a não aprovação desse imposto independentemente do nome que derem a ele para nos enganar.
©Marcos Pontes
quinta-feira, novembro 04, 2010
Guerra Norte-Sul
O separatismo de parte do Sul, principalmente de sul riograndenses, é uma constante na história brasileira. Não entro no mérito se a causa é justa, se seria deveras melhor para a região tornar-se um país, se outras regiões também deveriam ou não emancipar-se ou as causas passadas desse anseio.
Não vou entrar na seara fácil exaustivamente repetida que somos um só povo, uma só língua, uma só cultura e blá-blá-bá.
Muito menos perderei meu e seu tempo, caro leitor, discutindo que parte do país é melhor ou pior, mais bonito ou mais feio, de gente mais elegante ou menos elegante e esses conceitozinhos subjetivos. Mais me interessa e preocupa o maltrato atual entre os que, para a falsa definição aceita pela maioria, crêem sermos todos iguais e os desdobramentos que a descoberta das diferenças terão.
A inconsequente Mayara Petruso ficou famosa pela porta dos fundos, pelo caminho mais doloroso da fama, depois de suas tuitadas antinordestinas.
Logo a promulgação do resultado das eleições presidenciais fui mais um que tentava entender as causas da derrota oposicionista, não me aprofundei na busca e evitei especulações mirabolantes. Como faço exercício diário de evitar o maniqueísmo como modo de ver um mundo tão complexo, não creio que as causas sejam unas, mas um aglomerado de erros nossos, acertos alheios e outras ainda indefinidos. Uma dessas causas, que eu já alertava há meses e que ninguém me convenceu do contrário, foi a negativa de Aécio Neves, tão vingativo e vaidoso quanto Ciro Gomes, que fez o inverso do lado de lá, de participar efetivamente na campanha de Serra. Mas esse é outro papo.
A falta de análise, uma das características preponderantes na formação intelectual brasileira, não permite que mesmo pessoas minimante graduadas, como a menina Petruso, tomem como verdade absoluta sua primeira centelha de achismo e ela, assim como muitos, entraram na canoa de que os nordestinos são os culpados pela derrota tucana e todas as mazelas que o petismo continuará a nos deixar, mais e mais, a cada dia de seu governo.
Foto que os índices sócio-educacionais-econômicos do centro-sul e do sul do país são muito melhores que os do norte-nordeste, mas as causas são muito mais profundas do que a simples “vontade” popular de viver na miséria e dependendo das esmolas, ou melhor, assistencialismo oficial; é verdade que a quantidade de agraciados pelas tais bolsas é bem maior no nordeste do que no centro-sul e isto é nada menos que conseqüência justamente dos baixos índices educacionais-econômicos. Há aí um ciclo vicioso em que a miséria alimenta a ignorância e o assistencialismo, que, por sua vez, são alimentados, governo após governo, desde o Brasil Colônia, como forma de manter os currais eleitorais.
Mas a estagiária é apenas uma gota nesse oceano de xenofobia que andava reclusado e desaguou com a vitória petista, ou derrota oposicionista, como queira. No vídeo aí em cima vêem-se outros muitos Petrusos excretando sua ignorância letrada, seu preconceito desinformado, sua burrice acadêmica contra os nordestinos. Gente que não soube perder e, sem tomar conhecimento das análises dos números, como esta encontrada no G1, pegou uma região inteira como bode expiatório.
E a burrice é contagiosa.
Em sua defesa débil, nortistas e nordestinos tão imbecis e burros quanto os sulitas-sudestinos que o agridem, partiram para a agressão recíproca. Ambos utilizam-se da arma plantada por Lula, uma lição leninista, que a melhor forma de conquistar o inimigo é dividindo-o. E Lula soube, como poucos, dividir o país. E isso também eu já explorei em diversos textos. Jogou pobres contra ricos, letrados contra analfabetos, norte contra sul, brancos contra pretos, homens contra mulheres... Por oito anos ele plantou a cisão e colheu os frutos: conquistou o país três vezes seguidas.
Sua última cisão, dessa vez sem programar, apenas contando com mais uma burrice da oposição, foi a de tucanos do norte contra tucanos do sul. E nós, massa de manobra, caímos direitinho. Ao invés de nos unirmos para evitar um quarto mandato petista, preferimos nos agredir e deixar as feras vermelhas à solta.
©Marcos Pontes
terça-feira, novembro 02, 2010
Mea culpa
Eu sou um injusto que tenta se justo e no meu senso de justiça defeituoso, perco a mão. Por sorte, tenho bons leitores, poucos, mas bons, que me mostram que exagero nos meus comentários, que perco o peso da mão nas minhas críticas, que minhas ofensas são injuriosas.
Alguém, ou mais do que um alguém, uma multidão de escritores de auto-ajuda, já disseram que só os grandes de caráter dão a mão à palmatória, admitem a culpa e pedem desculpas. Pois bem, quero ser um dos grandes.
Peço desculpas por ter atentado incontáveis vezes contra os propósitos nobres do PT que nasceu democraticamente misturando metalúrgicos do ABC Paulista e intelectuais da PUC com o mais nobre propósito de reduzir as injustiças sociais, elevarem a moral depauperada dos brasileiros menos favorecidos economicamente e alavancarem o país à elite mundial - embora a palavra elite seja justamente repugnada pelo partido por conta dos riquinhos mimados que exploram a mão de obra barata e analfabeta para se locupletarem.
Peço desculpas por ter lançado farpas, ou melhor, lanças contra as lideranças esquerdistas do país, homens e mulheres valorosos que jamais labutaram em causa própria, mas sempre com os olhos voltados para o bem comum. Se alguns desses líderes socialistas amealharam fortuna, foi devidamente. Se seus filhos também conseguiram seus pés de meia milionários, mesmo tendo o mínimo de escolaridade em alguma faculdade particular de qualidade duvidosa (aliás, duvidosa apenas para a elite intelectualizada da USP) é porque são jovens esforçados no trabalho diário, inteligentes, sagazes e capazes de gerirem com sucesso seus empreendimentos particulares, longe de qualquer influência de seus pais nas negociações comerciais.
Peço desculpas por ter falado mal das coligações que em muito acrescentam para a melhoria das comunidades Brasil a dentro. O Rio de Janeiro, por exemplo, só vem vencendo a violência urbana, melhorando sensivelmente seus índices de criminalidade, graças à união firme do PT do nobilíssimo presidente Lula com o impoluto PMDB do magnânimo governador Sérgio Cabral, justamente reeleito em primeiro turno numa clara demonstração de reconhecimento da população fluminense à administração primorosa dos últimos quatro anos.
Peço desculpas pela minha ranzinzice preconceituosa contra os pobres brasileiros que pouco se informam não devido à preguiça intelectual ou à má qualidade do telejornalismo nacional, mas por culpa da elite – novamente ela, a elite, o câncer social que corroi os intestinos de nossa sociedade tão violentamente aviltada por essa burguesia podre – que, por meio de patrocínio, obriga os telejornais a usarem palavreado fora do vocabulário do brasileiro comum.
Peço desculpas pelo meu machismo imbecil que não poupou críticas abusivas contra a então candidata e hoje presidenta eleita Dilma Rousseff. Não tendo qualquer argumento que denegrisse sua tão apregoada e comprovada competência e honestidade no trato da coisa pública, resolvi agredi-la gratuitamente apenas pelo fato de ela ser mulher. Sou um troglodita ultrapassado com os ranços dos coronéis nordestinos do início do século vinte.
Mea culpa, mea máxima culpa por todas as tentativas de enlamear a moral, a probidade e o caráter irretocáveis de nossos administradores atuais e de todos os que nos governarão nos próximos quatro anos. Independentemente dos nomes que o excelentíssimo e imaculado senhor José Dirceu escolher para comporem o ministério de nossa excelentíssima presidenta Dilma Simpática Católica e Sorridente Rousseff, tenho certeza que nada teremos com que nos preocupar, nós, brasileiros comuns que nada temos que nos meter a criticar a administração pública regida por homens e mulheres experientes e honestos.
Porra nenhuma!
Não peço desculpas por nada e muito menos aos leitores insatisfeitos.
Lamento, amigos e amigas, mas este blog é escrito para expressar minhas idéias e não conteúdo programático de qualquer partido ou aula de etiqueta e boas maneiras.
Fui serrista? Não! Fui antilulista, antipetista e antidilmista, logicamente anti qualquer coisa ou pessoa ou coligação referente a essas coisas.
Não parti para a ofensa pessoal e nem esculachei a aparência física dos governantes, mas a aparência moral, a propaganda mentirosa, a incompetência gerencial e o caráter canhestro, esses eu não poupei e nem pouparei daqui por diante.
Lamento a dureza, mas a porta de saída para os insatisfeitos é aquela ali no canto, a com uma estrela vermelha.
©Marcos Pontes
segunda-feira, novembro 01, 2010
Eu golpista
Às vezes quase acredito que o Brasil é mesmo o país do futuro, como preconizou Stefan Zweig. Hoje, um dia depois da eleição que direcionou a senhora Rousseff à cadeira presidencial, sentindo um estranho vazio no oco do peito, percebo que a quase totalidade dos jornais fala do futuro governo, como se o atual não tivesse ainda 60 dias pela frente.
Olhando para o futuro, Lula falou há algumas semanas, ou dois meses, o passado não me cai bem, que ainda havia muito governo pela frente, que ele ainda tinha a caneta e que ainda faria muita miséria. Não é preciso ser pitonisa para saber que ele ainda tem muita miséria a fazer. Eles as faz diariamente à profusão.
Há um mês, de olho no futuro, Zé Dirceu – me sinto mal em falar ou escrever o nome desse senhor, ainda mais no diminutivo carinhoso. Só o uso para apressar em duas letras o final da referência a ele -, num discurso em Salvador mandou o aviso definitivo à senhora Rousseff: de acordo com o projeto DE PODER do PT, o partido governaria e não a presidente.
Ao ouvi-la proferir seu discurso da vitória, pensei na fala do Dirceu. Olhando seu discurso passado, me veio a insegurança futura. Se vai ser o partido o governante, em outras palavras, seria, ou será, um governo de muitas mãos e cabeças, predominantemente as do Dirceu e dos chefões petistas, o discurso da presidente eleita cai no vazio. ZD - - legal, economizei 8 letras na referência ao mal – avisou, não só a ela, mas também aos demais partidos da coligação, mormente o PMDB, “baixem a bola, quem manda agora sou eu e meus amiguinhos”.
Antecipando o futuro em quatro anos e contando com a amnésia coletiva brasileira, além de nossa facilidade em perdoar, Aécio Neves preocupou-se primeiro em eleger-se, depois em fazer seu sucessor e, só depois do champanhe secar – entrar na campanha do Serra. Mesmo com o candidato tucano ter avisado ser contrário à reeleição e, se eleito, teria 72 anos quando a próxima campanha estiver em curso, Aécio preferiu não esperar. Fez-se de morto para, na última semana de campanha, fazer um mise-em-scène de bom companheiro que ajuda o candidato comum. Não colou. Hoje vê-se mais gente furiosa com sua postura egoística do que triste com a derrota de Serra. O futuro dirá se Aécio jogou bem ao contar com nosso esquecimento.
De minha parte, o que posso adiantar é que o futuro próximo de quatro anos será igual ao passado imediato de sete anos (dei um ano de tolerÂncia ao Lula até partir rumo à sua jugular): oposição total. Nem sempre tão bem comportada, justa ou benevolente com o governo. Ou ele, o governo, mostra ser sério desde o discursos de posse em 1o de janeiro de 2010 ou, dia após dia, estarei em seu calcanhar, enviando e-mails, como fiz nos últimos anos, aos parlamentares, enchendo o saco dos jornalistas da grande mídia, me solidarizando com os blogueiros e tuiteiros opositores e sendo o golpista que os petistas acusam de ser cada opositor.
Não sou um golpista de fato, como o PIG espalhado pelo PHA também é fantasia, mas se é assim que os asseclas partidários ou os apenas eleitores desinformados vêem a mim e a cada um que se opõe aos ditames autoritários, usurpadores, maniqueístas e bolcheviques dos mandatários petistas, que assim seja. Sou um golpista!
©Marcos Pontes