A personalidade fuçadora e inquieta e a ascensão social de Lula podem ter sido motivo de orgulho de Dona Lindu, sua digníssima progenitora, mas seu caráter seria motivo de vergonha, disso ele deu exemplos mil durante esses seus trinta e poucos anos de notoriedade pública.
Este primeiro parágrafo não foi lá uma grande introdução ao tema, então reescrevo-o assim: Cachorro só cheira cu de cachorro. Ficou muito mais deselegante, mas está mais de acordo com a idéia a ser desenvolvida.
Como tenho quase que as mesmas origens pobres e nordestinas do presidente, sei bem que o máximo de convites que recebíamos era para o aniversário do filho da vizinha com bolinho feito em casa e Q-Suco. Se as posses fossem um pouquinho maiores, guaraná.
Como fui um adolescente irresponsável e cheio de rebeldia, com ou sem causa, como foi Lula, penetrei muita festa, fosse por autoafirmação típica da idade, fosse para superar o complexo de rejeição por não ter sido convidado, seja apenas para comer e beber de graça.
Já adulto, muito provavelmente Lula recebia mais convites para churrascão na laje de algum companheiro, casamento de alguém do bairro ou companheiro do sindicato do que para festa de posse da nova diretoria do Corínthians ou da inauguração de alguma galeria de arte e, também provavelmente, penetrou em várias festas com os amigos da 51.
Hoje recebi um e-mail do blogueiro, tuiteiro e amigo admirado, Ery Roberto (@eryroberto ) em que dizia que ele ouvira pela CBN que 200 pessoas haviam entrado via carteiradas na festa da CBF, no Teatro Municipal do Rio, em que foram premiados os melhores times, torcidas, jogadores, técnicos e árbitros do campeonato brasileiro, fazendo com que vários convidados fossem barrados.
Saí em busca de notícias a respeito e tudo o que encontrei foi um artigo no Terra. Mais uma vez a imprensa comprada falhou. Aliás, quem noticiou o tumulto, culpou a CBF e seu cerimonial.
Assisti a alguns trechos da solenidade e percebi a superlotação das galerias, mas não imaginava que o motivo fora a entrada dos amigos do rei. Gente do mesmo caráter defeituoso do líder que forçaram a entrada, deixando de fora, por motivo de segurança, convidados de fato. Até o capitão do Corinthians, time terceiro colocado, e que deveria receber o troféu de bronze, fora barrado e mandado de volta para casa.
Lula pode ter deixado a pobreza, mas a pobreza de espírito não o abandonou e, pelo visto, continua se fazendo acompanhar por seus iguais. Legalmente, o que ocorreu poderia ser classificado como tráfico de influência por parte de seus companheiros. E me pergunto que multidão seria essas, quais seriam os 200 que se convidaram, deixando de fora quem deveria estar dentro.
A imprensa, mais uma vez, falhou ao não procurar a origem da bagunça, sobrando para a CBF o ônus.
Se num simples evento futebolístico as portas são derrubadas por amigos de Lula, fico me perguntando quantas portas e leis não são derrubadas em eventos em que os participantes catam cargos, comissões e dinheiro público? Quanta dessa gente não trata o país como uma festinha de bolo caseiro e Q-Suco e se apossa dele sem licença e sem convite? Quão grande não deve ser a participação do presidente no arrombamento de festas, seja por omissão, seja por cumplicidade permitida?
©Marcos Pontes