Pesquisar neste blog e nos da lista

terça-feira, janeiro 31, 2006

"Para bom bebedor meia garrafa basta."




Tem texto meu na Gueixa hoje.


Pássaros brasileiros


História de Passarinho


Oi, eu sou a Thaisinha. A tia mandou nós escrevermos uma redação sobre a ecologia, nessa volta às aulas, aí eu resolvi falar de passarinhos.

O passarinho é um pássaro pequenininho.

O pássaro é um bicho de penas, como um cocar de índios.

O cocar tem penas, mas não voa.

Tem pássaro que também não voa, como a ema.

A ema é o primo pobre do avestruz. O avestruz é da Austrália, que é um país rico, por isso o avestruz é rico, até as penas do avestruz são caras. A ema é brasileira, por isso ela é pobre. Ninguém compra penas de emas. Além disso ema é uma palavra feminina, enquanto avestruz é masculina. No mundo todo os homens ganham mais dinheiro que as mulheres, talvez esse seja outro motivo da erma ser mais pobre que o avestruz.

Todo o mundo conhece o avestruz, mas nem os meninos brasileiros conhecem a ema, a não ser os meninos que conhecem o Palácio do Alvorada, onde mora o presidente do Brasil. Tem um monte de emas pelo gramado do Palácio do Alvorada.

Os passarinhos são bonitinhos. Tão bonitinhos que os ricos dos países ricos, como os países da Europa, gostam de comprar passarinhos.

Na Europa as pessoas ricas adoram o canto e as cores dos passarinhos brasileiros. Aí, uns homens maus do Brasil caçam um monte de passarinhos do Brasil para venderem para os ricos europeus.

Os homens ricos da Europa que compram os passarinhos brasileiros nunca são presos, mas os homens maus do Brasil que vendem os passarinhos brasileiros para os homens ricos da Europa, quando são descobertos pela polícia, são presos.

Mas eu conheço um policial brasileiro que tem um monte de passarinhos presos em gaiolas no sítio dele.

É ruim os homens ricos da Europa não serem presos, mas é bom os homens maus do Brasil serem presos. Quando os homens maus do Brasil são presos, eles ficam em gaiolas cheias de grades, como os passarinhos que eles prendem.

Seria bom também que os homens maus que derrubam árvores de madeira-de-lei do Brasil e mandam elas ilegalmente para homens ricos da Europa fossem serrados por moto-serras como as árvores que eles serram com moto-serras.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

"Política é a arte de arrancar dinheiro aos ricos e votos aos pobres, com o pretexto de protegê-los uns dos outros."


Calor da porra!

Haja...


Se existe um santo padroeiro das modernidades e do bem-estar, esse cara está de greve por aqui.

Primeiro vem um caminhãozão e arrebenta o fio do meu telefone, o que me deixa 72 horas incomunicável, mesmo após a promessa de reparo de ATÉ 48 horas, firmado pela Telemar.

O lado bom é que tive bastante tempo para colocar em dia a papelada para o primeiro dias de trabalho depois da volta das férias. O lado ruim nõa é preciso comentar para um viciado em net, mesmo estando esse viciado meu sem paciência para a coisa. Só que não fica só a internet sem poder ser acessada. Como ligar para os amigos e para a família ou para alguém mais com quem se deseje? Celular tá caro, mas foi o jeito.

Tudo bem, telefone não é lá o mais urgente e necessário nesses dias de calor dantesco. Por outro lado, não foi a única coisa que me deixou na mão. O ventilador queimou. Nem pensar em conserto! Primeiro que é quase tão caro quanto um aparelho novo; segundo, o reparo levaria alguns dias para ser feito e sabe-se lá quantos outros para que o aparelho fosse entregue e só em pensar em dormir nessa fornalha já me faz suar. Não há mais nada o que se ponderar. Vai-se à loja e compra-se um novo, que deverá durar, pelo menos, até o próximo verão. Lá se foi uma graninha que não estava no orçamento.

Banho! Solução barata e imediata. Seria se o chuveiro estivesse funcionando. Segundo o bombeiro hidráulico (o mesmo seu Alício que já vos apresentei meses atrás) "entrou ar no encanamento". E não adianta fazer respiração boca-a-cano que o maldito ar não sai. Tudo bem, seu Alício, enfie essa bomba aí e retire e esse que o lugar dele é do lado de fora do cano. Mas antes de encontrar seus Alício, foram dois dias tomando banho de canequinho. Sem querer e sem prazer tive que voltar aos meus seias anos de idade, quando morava num lugar que tinha canos, mas faltava água neles, mesmo sendo a cidade banhada por um dos rios mais caudalosos do país.

De repente percebo um descongelamento estranho na geladeira. Apenas a parte inferior direita do congelador estava degelando. Desligo a geladeira da tomada e religo. Adivinhem... Não aconteceu nada, muito menos o que eu esperava que acontecesse: o motor funcionasse. O trambolho não funcionou. Lá ia mais outra grana evaporando no calorão.

No momento em que escrevo isso comemorando a volta à vida da linha telefônica, estou aguardanado o técnico que vai tentar ressuscitar meu refrigerador.

Se aqui a temperatura ambiente e a da minha cabeça aumentam, no banco o termômetro já beira o vermelho.

Por favor, alguém aí que tenha amizade com os santos, faz minha média com ele, por favor.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

"Promessa é dúvida. Mas promissória é dívida."




Em pleno século 21, estou sem telefone há 24 horas porque um caminhão arrancou os fios... É mole ou quer molho?



Xilogravura e macaxeira, duas culturas
Macaxeira


Ói, dotô, pode comprá a macaxêra que é de premêra. O sin'ô num vai incontrá u'a macaxêra amarela mansa tão boa como essa nem aqui nem em Imperatriz. Essa macaxêra cuzidin'a com mantêga da terra e café preto num tem mió. O sin'ô come isso de mãiãzin'a e pega sustança pro dia todo. É essa macaxêra que me dêxa com sustança pa labutá na roça o dia todo, dotô, num preciso daquelas píulas de vitamina que o povo da cidade tá tumano que nem água pa pudê trabaiá e fazê ginásca. Ginásca pa mim e pa min'a muié é cabo de inxada, seu moço, e vitamina é macaxêra e jirimum que nóis mêmo prantamo na rocin'a que Deus dá. E a farin'a, afinal de conta nóis têmo um pôco de sangue índio tomém e índio num véve sem farin'a. E sabe de onde vem a farin'a, dotô? Dessa mêma macaxêra. Mai a macaxêra é que nem bamburrá no garimpo intrás de ôro. Demora muitcho até pudê cuiê. É una ano intêro de rega e cuidado com as largata pa pudê tê a raiz pa cumê. Purisso que carece fazê a farin'a, é p jitcho de tê macaxêra o ano todo. Mai mêmo sem tê macaxêra pa cumê, ainda ansim ela dá de cumê pa nóis. Sabe como, prefessô? As fôia! Num sabia, não? Apois num é? Nóis pega as fôia, um poquin'o de cada pranta pa mó de num matá ela, nóis pisa as fôia no pilão e cunzin'a sete dia e sete noite no calvão. Sabe pa quê? Pa cortá o veneno das fôia. O sin'ô sabia que o veneno das fôia da macaxêra mata inté boi? Apois nóis mata veneno cuziano as fôia. Adispois nóis tempera elas e põe uns pedaço de carne drento e cunzin'a mais inté a carne ficá mói. Sabe como é o nome disso, prefessô? Maniçoba, que nóis aprendeu com um povo lá do Pará. É bom dimais cumê cum farin'a. Intão, dotô, vai levá a macaxêra?

quarta-feira, janeiro 25, 2006

"Bebê é como um cachorrinho que você ensina a falar"

(Scrubs)




Tem texto meu no blog da Gueixa. O tema: relações familiares. Passa lá.


Não dá pra deixar barato


Gafe II


Desde que o Edvaldo me apresentou a Kátia, fiquei encantado por ela. Linda, inteligente, independente, trabalhadora... Mas não via nenhuma chance de ter qualquer coisa com a garota. Com todas essas qualidades e mais alguma impublicáveis, havia um canavial de machos sedentos a cercando com ofertas e insinuações. Nada coompetitivo como sou, me resignei a ficar de espectador.

Numa festa, porém, ela surpreendeu a mim e a toda aquela macharada. Me escolheu entre todos os demais me fazendo sentir-me um verdadaeiro Tom Cruise. A partir dali foram dois anos de namoro maravilhoso.

Aprendi, ainda guri, com o Vinícius de Moraes que quem tem "mulher pra mostrar ou pra exibir" é um babaca, mas não posso negar que ficava orgulhoso quando via todo mundo torcer o pescoço para nos ver passar.

Certo dia, levando-a para casa, passamos em frente a um bar onde estavam alguns desocupados, entre eles o Costinha (que não é nome próprio, mas apelido. Imaginem o tipo), um sujeito conhecido, mas de quem nunca gostara muito pelo seu pouco e defeituoso caráter.

Enquanto passávamos ouvi o comentário do calhorda para um de seus companheiros de copo:

- Como é que pode? Um mulherão desses com um sujeito feio como o Marcos...

Não sei se a Kátia ouviu e fiz de conta que eu também não ouvira. Deixei-a em casa, arrumei uma desculpa qualquer para ir embora e fui para o dito bar.

- Cícero, uma cerveja pra cada mesa por minha conta.

Os desocupados não entenderam nada, mas fizeram a festa.

Quando estavam todos servidos, propus um brinde:

- Às mulheres maravilhosas, aos feios sortudos que elas escolhem e aos babacas invejosos!

Paguei a conta e fui embora imaginando o quanto não deveriam estar me bombardeando pelas costas, mas satisfeito.

terça-feira, janeiro 24, 2006

O álcool é capaz de grandes metamorfoses. Ele faz você ir para a cama com a Malu Mader e acordar com a Marlene Matos.


Mico


Gafe I


Eu namorava com a Eliene, muito amiga da Lívia. Combinamos de nos encontrar para o happy-hour da sexta-feiranuma bazinho próximo à casa dessa amiga. Quando já estava saindo para o encontro, recebi um telefonema dela dizendo que estava na casa da Lívia num daqueles intermináveis bate-papos femininos e que me encontraria no bar.

Tudo certinho, fui ao bar e lá encontrei o Zé Carlos e o Mauro, velhos e bons amigos, que me convidaram para sentar com eles a uma mesa na calçada.

Um chopp para cada um e coversa vai, conversa vem, quando o Zé Carlos muda de assunto abruptamente:

- Ó Prali! Que mulher gostosa!

Eu e o Mauro nos viramos para ver quem era o alvo daquela baba toda. Na esquina, parada, olhando para o bar, estava a Eliene.

E o Zé Carlos continuou:

- É uma delícia! Hummm, tá olhando pra cá. Deve estar procurando alguém.

Eliene me viu e veio vindo, linda atravessando a rua.

- Tá vindo pra cá. Oba!, o Zé carlos se empolgando.

Chegando à mesa Eliene me deu um beijo com o indefectível "oi, amor".

Como se nada tivesse acontecido, na maior cara de pau, apresentei meus amigos.

- Esse é o Mauro e esse o Zé Carlos, que estava afim de te conhecer.

O Zé, crioulo quarentão, estava amarelo, sem saber onde colocar as mãos ou a cara desconcertada.

- Prazer. A senhora não que uma cadeira? Deseja beber alguma coisa? A senhora não quer um tira-gosto?

Eu e o Mauro caímos na gargalhada para aumentar o constrangimento do amigo e sob o olhar de quem não estava entendendo nada da Eliene.