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quinta-feira, maio 31, 2007

Mó Viagem



Não lembro de minha primeira viagem, era bebê ainda. Antes da minha primeira viagem de verdade, lembro de uma viagenzinha, atravessando o Rio Madeira-Mamoré, saindo de Guajará-Mirim numa voadeira e indo para Guayaramerim-Beny, na Bolívia, onde minha mãe faria consulta em um médico e me levou para passear.

Aos dez, minha primeira viagem de avião, num Caravelle da Cruzeiro do Sul, com conexões de alguns dias em Belém e em Fortaleza, rumo a Maceió, onde moraríamos por três anos.

Numas férias escolares um amigo de meu pai, que passou alguns dias em nossa casa, me convidou para passar uns dias com ele em João Pessoa, cidade que adorei.

Nessa época eu me admirava que coleguinhas da minha idade jamais tivessem saído de sua terra. Na minha curta vida já havia conhecido cidades em cinco estados e uma no exterior. Lógico que eu não tinha noção de quanto se gasta para viajar, não tinha a noção exata da pobreza nacional e muito menos noção do tamanho do mundo. Olhar um mapa mundi no atlas da escola nos dá a impressão que é tudo tão pertinho, a Terra é apenas uma bolinha planificada no papel. Além do mais, eu estava em Alagoas, onde o povo viaja pouco. Veja entre seus amigos e me corrija se estiver errado: raros são seus amigos alagoanos. Cearenses, gaúchos e mineiros você encontra em qualquer lugar do país, talvez sejam os que mais viagem, mas alagoanos são raros.

Por conta da profissão do meu pai, mudamos muito de cidades e estados. Mesmo tendo que me desfazer das amizades e dos lugares com que sempre me afeiçoei com facilidade, cada mudança era uma alegria, eram mais conhecimentos, mais cultura e mais abertura para meu universo.

Essas viagens de infância e adolescência criaram em mim um prazer enorme em conhecer sabores, costumes e sotaques. Adoro os linguajares locais, as comidas típicas e étnicas. Tenho lá meus preconceitos, óbvio, mas nenhum relativo a culturas locais e me irrito com quem os tem.

É comum encontrar alguém de visita a um lugar novo reclamar de tudo, do clima, da aparência física das pessoas, do modo de falar, das comidas... Como entender que você saia de seu lugar, atravesse fronteiras e tente encontrar, longe de casa, as mesmas coisas que tinha antes? Não gosta de coisas, pessoas e culturas novas? Fique em casa, oras bolas.

Já adulto, e sem medo de novidades, vim parar na Bahia, onde ninguém da família havia estado antes. Nem mesmo meu pai, que vivia sendo transferido. Fiz aqui o meu lugar. Daqui já rodei outros e outros lugares, dentro do estado ou em outros onde ainda não havia ido. Me faltam os três estados do Sul, mas como sou imorrível, ainda terei muito tempo para conhecer.

A melhor viagem? Sempre a última. E no meu caso foi ao Rio Grande do Norte, de Natal a Mossoró conheci praias, salinas, serras e sertão. Paisagens lindas, sotaque lindo, comidas deliciosas.

A segunda melhor viagem? A próxima. Para onde? Não sei. Só sei que só será a segunda melhor até eu ir, daí ela passará a ser a melhor.



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Esse post é minha colaboração ao post coletivo proposto pela Micha.

quarta-feira, maio 30, 2007



  • Diálogo entre dois moleques, hoje de manhã:

- Artur, como é mesmo o nome daquela cidade pra onde foi o Bruno?

- São João do Meretrício.

* Não se ofendam meritienses, foi apenas um ato falho do garoto.


  • O rabino fez um acordo com os promotores e terá de pagar 100 horas de serviços comunitários. Ótima medida, não resta dúvida. Paralelamente a isso, no inteior do Ceará, um predreiro desempregado roubou uma tilápia de R$ 3,50, foi preso e vai responder a processo. Definitivamente, no Brasil a Justiça é cega, burra, discriminatória, imbecil, calhorda, prepotente...

  • Não fico triste com a situação por que passa o Brasil, nem um pouquinho. Fico é muito puto!

  • A Academia que premia com o Oscar não conhece o Brasil. Se conhecesse, o Congresso Nacional já seria hors-concours na premiação de melhor ator e melhor ator coadjuvante.

  • E cantam elgres e serelepes, os ex-detidos na Operação Navalha:

Já raiou a liberdade

No horizonte do Brasil

Houve mãos mais poderosas

Zombou deles, o Brasil


  • Como funciona uma mente tacanha:

O novo diretor do posto de saúde, para fazer média com os funcionários antigos e quebrar o gelo, fez uma reforma geral na repartição. Pintura nova, troca do piso, reposição dos azulejos quebrados, limpeza no condicionador de ar, reforma geral nos banheiros...

Orgulhoso da obra feita, tomou pelo braço o mais antigo dos funcionários, aquele respeitado pelos demais colegas, e saiu posto a dentro, discutindo os detalhes. No banheiro, todo novinho, cheirando a tinta, ouviu do subordinado:

- Doutor, tem um probleminha. Os pedreiros esqueceram de colocar suporte para o papel higiênico. A zeladora colocou o rolo sobre a caixa da descarga, aí, quando dei descarga hoje de manhã, o rolo caiu dentro do vaso. Coisinha fácil de resolver.

Facílimo de resolver! E o diretor resolveu: proibiu a zeladora de colocar papel higiênico no banheiro.


  • Como funcionam duas mentes tacanhas:

Tomei um táxi e pedi para o motorista me levar ao Correio. Em frente ao Correio, e sem diminuir a velocidade, o motorista pergunta:

- É no Correio mesmo?

Eu:

- Não, eu queria ir pro puteiro, mas fiquei com vergonha de pedir.

terça-feira, maio 29, 2007



  • Como disse um estudante da USP: "Bem que um deputado poderia pegar febre aftosa, assim a gente poderia sacrificar todo o rebanho".

  • Estamos no tempo em que plágio virou "releitura".

  • E ACM falou: "Corrupto de 20 mil reais é otário", e olha que de corrupção ele entende.

  • Marmita é que nem Kinder Ovo, a gente nunca sabe o que vem dentro.

  • Ih, Calheiros, babou! Mas, não liga, não, Renanzinho, o Supremo Tribunal Federal está do seu lado e contra a Polícia Federal. Também, quem mandou a PF descobrir alguns juízes corruptos?

  • Chavez = mordaça + chibata + lavagem cerebral de boa parte da população.
  • Impressionante! Emoncionante! Surpreendente! Esse vídeo da National Geographic mexeu com meu nervos.

segunda-feira, maio 28, 2007

Continuando...


Imagem daqui.


Já diz o ditado popular: "quem nunca comeu mel, quando come se lambuaza". Os deportados, os prisioneiros, os cassados, os clandestinos e os espertalhões da ditadura, ao reconquistarem seus direitos políticos partiram para desfazer tudo o que estava em voga e prezar pela liberdade. Proteger os excluídos virou bandeira nacional. Muito justo!

O sertanejo que sofre de estiagem e sem empregos, os trabalhadores rurais sem crédito e perdendo suas terras para a grilagem e para os grandes empreendimentos, além das monoculturas como soja, no Centro-Oeste e em áreas do Sul, eucalipto em algumas áreas do Sul, de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia; os desalojados por lagos artificiais de hidrelétricas; os analfabetos; os sem moradia e desassistidos do falido sistema federal de habitação; os deficientes físicos; os negros... Enfim, aqueles esquecidos pela história, aos poucos foram recebendo atenção, recursos financeiros e técnicos, assistência previdenciária e voto.

O velho paternalismo que antes era visto como uma mazela política, maneira dos coronéis prenderem seus eleitores com cabrestos, foi tornando-se política oficial. Cristóvam Buarque estabeleceu a Bolsa Escola, quando governador do Distrito Federal e prefeituras do PT estabeleceram a Bolsa Família em cidades do ABC. FHC abraçou a causa e começou a política do assistencialismo oficial. Várias "bolsas" foram estabelecidas.

O PT, ao assumir o governo federal, juntou todas essas bolsas numa só. Dando seguimento à política tucana estuda a imposição legal de cotas para negros, índios, estudantes das redes públicas, estadual, municipal e federal, em concursos públicos. E, mais nova sugestão, a bolsa aprovação, ou seja lá qual for o nome que será dado a essa aberração. Os alunos contemplados com a bolsa escola que forem aprovados no final do ano, terão um prêmio em dinheiro. Aquilo que era obrigação do estudante, estudar para ser aprovado, agora é motivo para prêmio. Maneira que o Ministério da Educação terá de maquear a péssima qualidade do ensino público. Os professores poderão continuar mal treinados, faltosos e irresponsáveis, caberá ao aluno se esforçar, caso queira uma graninha para comprar alguma coisa para o Natal.

A autoridade passou a coniver com a incompetência. Diante das câmeras quer deixar claro que não é autoritário, é democrático. Mas há uma enorme diferença entre autoridade e autoritarismo, entre democracia e democratismo. Desde FHC os movimentos orquestrados mandam e desmandam sem serem importunados. Sem-terras invades e destoem órgãos públicos e ninguém é preso por mais de 24 horas, sem-tetos invadem imóveis públicos e privados e ninguém é preso, quadrilhas saqueiam o erário e ninguém é realmente preso, apenas respondem a infindáveis processos que jamais chegam a uma decisão final, apenas parciais que são prontamente derrubadas por habeas corpus e liminares.

A impressão que dá, é que os parlamentares que não se metem em falcatruas não o fazem não por não quererem, mas por não terem tido a oportunidade, não foram cooptados pelos lobistas certos.

O judiciário, encastelado e usando de liguagens rebuscadas, distante do cidadão comum e mesmo de muitos letrados sem intimidade com as terminologias legais, ficam sem entender nada. Mas isso não evita que se indignem. Mas de nada adianta se revoltarem, para eles existe justiça, cadeia e penas.

As "autoridades" (entre aspas, porque sua autoridade passa a ser questionada) eleitas, por princípio seriam representantes do povo. Mas não é assim, de fato. Elas não ouvem o povo, viram as costas para seus eleitores, legislam apenas sobre matérias que lhes interessem direta ou indiretamente. Os reclames das ruas não atravessam as paredes com tratamento acústico dos palácios. Elas, as "autoridades", assim como os empreiteiros, os médicos, os advogados, os capitães de empresas, os lobistas, os ruralistas, têm associações, sindicatos e cooperativas, são ouvidos por meio de seus representantes da classe, mas o cidadão comum, como eu e vossa senhoria, somos dispersos. Podemos falar em mil vozes as mesmas coisas, mostrarmos nosso descontentamento aos gritos, mas são gritos solitários, mesmo que falem as mesmas coisas. Nós estamos no mato sem cão, gato ou epingarda, enquanto eles estão armados até os dentes e blindados por uma legislação segregadora.

O foro privilegiado, as celas especiais e os tratamentos que recebem das diversas esferam judiciais, as diferenciam dos pobres palhaços pagadores da farra, nós.

sábado, maio 26, 2007

Pouco se me dá








Cada brasileiro vivente pertence a uma das três categorias: viveram ou são descendentes dos que apoiavam a ditadura militar de 64; viveram ou descendem dos que se opuseram; ou viveram ou são filhos dos que se alienavam, fosse por desinformação ou propositadamente para manterem-se distantes daqueles acontecimentos perigosos e traumáticos.


Como me disse uma psicóloga, a cada dia incorporamos novas ferramentas, mas as adquiridas na infância e na adolescência jamais são perdidas e são elas que nos ajudam a construir nosso dia a dia.


A história é contada pelos vencedores, sempre foi, e, por 21 anos, quem contava a história eram os militares e seus sustentáculos civis, tanto que o golpe militar foi chamado de revolução e ainda ganhou o pomposo apelido de a redentora. Quando a faixa presidencial foi passada a Sarney, em 1985, os revanchistas queriam uma reforma geral, militares na cadeia, fim da famigerada Lei de Segurança Nacional, pena de morte ou prisão perpétua para os torturadores. Mas o general Figueiredo, com toda sua cavalice, não era bobo. Antes de deixar a presidência aprovou a Lei da Anistia, ampla geral e irrestrita.


Alguns generais ainda tentaram evitar a volta do poder para os civis, mas a lenta redemocratização já se iniciara e, graças aos céus!, não havia mais volta.


Durante quatro anos Sarney encarregou-se de tentar vencer a monstruosa inflação, com o slogan Tudo Pelo Social, apagava as tentativas de incêndio que surgiam de um lado e de outro. Em nome de uma "reforma geral", foi convocada uma Assembléia Nacional Constituinte e surgiu esse monstrinho que nos rege, com mais da metade dos artigos ainda sem regulamentação legal, 18 anos depois. Substituindo a Carta Magna dos milicos, que proibia mais que permitia, a nova Constituição distribuiu direitos a torto e a direito, sem exigir as mesmas contra-partidas em deveres, crendo na consciência social dos cidadãos. Ledo engano.


Como sempre, por todos os milênios da história, quem detém o capital e a informação, manipula os demais. Com a voz enfim solta, o contribuinte fez-se fiscal da Sunab, fez greves, depôs presidente, exigiu e ganhou um Código de Defesa do Consumidor e muitos e muitos outros direitos naturais de volta ou acrescentados. O bipartidarismo virou uma sacola de siglas, a maioria, ou quase todas, sem sentido, partidos que nada acrescentam à vida republicana ou à democracia. Milhares de obras iniciadas e não terminadas nos governos militares apareciam diariamente nos jornais, uma demonstração de que as empreiteiras já metiam as mãos no erário, sem punição, sem leis que os enquadrássem, e saíam imaculados, com seus colarinhos branquinhos como quando entraram.


Roubar dinheiro público através de licitações viciadas é coisa antiga, isso já ocorria no Governo Vargas ou antes. Congressistas que costuram o Orçamento da União, e os que fazem os orçamentos estaduais e municipais, infiltram obras e conseguem manipular as verbas. Até os programas humorísticos pós-abertura, como Viva o Gordo, de Jô Soares, com seu Caçador de Corruptos, ou o exilado na França, criticavam as práticas das gangs de alto escalão. Foi nessa época que surgiu a expressão "crime de colarinho branco".


Pedro Collor, que perdeu a boquinha e não por ser um cidadão exemplar, dedurou o irmão presidente e seus asseclas; Ibsen Pinheiro comandou a CPI dos Anões do Orçamento, levando à queda de sete deles, e, no mandato seguinte, também foi cassado. Escândalos, antes encobertos pelo verde-oliva, se multiplicavam e poucos eram punidos, mas eram. Como Georgina e Escócia, que roubaram milhões da Previdência Social, foram presos, houve demissão do serviço público, no caso dela. Os mais fortes escapavam, como Maluf, que há mais de 20 anos aparece no noticiário policial e jamais foi punido, tirando alguns poucos dias na carceragem da Polícia Federal.


As grandes obras foram substituídas pela propaganda. Se a empresa ganhava a licitação para construir uma ponte, por exemplo, tinha que construí-la. Não o fazia, superfaturava a obra e depois deixava um esqueleto de concreto perdido no meio do nada. Com a propaganda não era necessário tanto e Collor descobriu a barbada. A propaganda é volátil. Hoje se vê um out-door, amanhã ele já não está mais lá; hoje você assiste a um comercial na tv, amanhã ele não veicula mais. Puft! Desapareceu. Assim caiu Duda Mendonça. Preso? Não, aí você está querendo de mais.


O governo FHC não saiu incólume desse mar fétido. Muitas foram as denúncias contra seus ministros, presidentes do Banco Central, empreiteiros, compra de votos de deputados para aprovarem a reeleição... O Congresso impedia as devidas apurações e a instalação de qualquer CPI que pudesse macular o Executivo. Muito lixo foi empurrado para debaixo dos tapetes de Brasília. Muitas denúncias e quase ninguém punido. Só as piabas, os tubarões saíram apenas com pequenos arranhões e muitos continuam nadando do enorme oceano de lama brasiliense.


A UDN virou PDS, partido de apoio e legitimização dos militares e maior partido político do Ocidente. Depois da Ditadura virou PFL e hoje é Democratas. Muda de nome, mas nãos seus quadros e suas práticas. As mesmas hienas de sempre e presente em quase todos os escândalos políticos e ou financeiros. Até o Partido Comunista, com o fim da Guerra Fria, tornou-se PPS e, antes um partido convicto de seus ideais, independentemente de se gostar ou não de sua ideologia, hoje lança Gretchen como candidata a prefeita, em Pernambuco, e Rita Cadilac, em São Paulo. Tudo bem, é direito delas, mas não é uma boa referência para uma agremiação que lutava pela seriedade na coisa pública e que tem em sua história figuras importantissimas na formação da moderna política do país.


Aqueles que nos anos 70 não confiavam "em ninguém com mais de trinta anos"; que fumavam maconha como forma de contestação; que pichavam muros com frases de cunho político; que achavam o país careta; que moravam em comunidades antes dessas virarem sinônimo de subúrbio e favela; que não chamavam seus pais de pai e mãe, mas de "meus velhos"; que pregavem que a escola era uma prisão e precisava tornar-se aberta; que pregavam o fim da mais valia; que diziam que casamento era um costume pequeno burguês ultrapassado; que fumavam e bebiam ainda adolescentes como uma forma eficaz de auto-afirmação; que chamavam gravata de "nó de forca" e aliança de "bambolê de otário", freqüentaram boas escolas, boas universidades, formaram-se, casaram-se, montaram suas empresas e passaram a viver do lucro, empregaram mão de obra menos qualificada que eles, compraram suas casas financiadas pelo BNH, tiveram filhos, anestesiaram-se diante das questões políticas, alienaram-se. Os que mantiveram seus ideais por serem verdadeiros ideais e não moda, foram afastados, chamados de ultrapassados ou loucos. O combate aos maus políticos se enfraquecia.


Do outro lado da corda, os que sempre "mamaram nas tetas da viúva", impunes, proliferaram, tiveram discípulos, não se envergonharam, era algo normal e legal e socialmente aceito. Cooptaram autoridas policias, judiciárias, legislativas e executivas. Bancam campanhas políticas em troco de venda nos olhos de quem os deveria fiscalizar. Cresceram em influência e fortunas.


Milhões de brasileiros se indignam diariamente diante das notícias de corrupção; de invasões de órgãos públicos por parte de grupos de "sem-alguma-coisa", de estudantes manobrados que em nome de reivindicações legais servem de trampolim político para alguns espertalhões que não mostram a cara para dizerem exatamente quais suas aspirações; dos milhões de reais desviados dos mais diversos serviços públicos. Outros milhões de brasileiros viram as costas como se não fossem problemas seus. Mais alguns milhões gostariam de estar no lugar dos ladrões ricos e tirarem também sua fatia do bolo.


Nossas crianças, em sua grande maioria, estão sendo educadas com maus exemplos, muitos dentro de suas próprias casas quando vêem o pai fazendo "gatos" de energia e água; quando o pai "molha" a mão do guarda, que também tem filhos, para evitar uma multa; quando o professor passa 50 minutos batendo papo, falando de novela ou do jogo de ontem, quando deveria estar lecionando; quando o pai lhe empresta o carro para passear com a namoradinha ou para ir para a balada encher a cara com Ice junto com outros coleguinhas, mesmo quando o filho é menor de idade; quando o pai dá uma bronca na diretora ou troca o filho de escola, inconformado por seu filho te sido repreendido colando na prova e tenta defendê-lo com a arrogante e nojenta pergunta "e foi só ele?".


Milhões de brasileiros inconformados com a roubalheira que grassa em todo canto, diminuem a importância de dezenas de ações da Polícia Federal que levam políticos e empresários desonestos para a cadeia dizendo que isso é "apenas para melhorar a imagem de Lula, é coisa política". Pouco se me dá se Lula vai ficar bonito na foto ou não! O que me importa é ver essa corja encarcerada. Pouco se me dá se o delegado vai tornar-se celebridade e virar deputado federal! O que me importa é que os bandidos sejam afastados do convívio social. Mas o que me dói, de verdade, é ver as leis de mais de meio século serem tão complacentes com esses marginais, sejam eles de que patente forem, seja lá qual for a cor de seu colarinho, se sem nódoa ou encardido. Me causa asco ter que reprimir os aplausos depois da prisão porque no dia seguinte os gângsters estarão soltos por ordem judicial.