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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

É Assim?

Riscos da gravidez na adolescencia

- Mãe, tô grávida.

- Tá.

- Mãe, você ouviu o que eu falei? Eu tô grá-vi-da.

- Ouvi e entendi. Agora vai tirar a farda e vem almoçar que teu pai já tá chegando.

- Então, é isso? “Tá”?

- Ué, o que tem de mais? Tá grávida, ta grávida, ponto.

- Mãe, eu tô falando de um bebê!

- Normalmente é isso o que uma gravidez significa: um bebê.

- Mas mãe, eu só tenho quinze anos!

- E eu não sei? Me lembro bem da noite em que você nasceu. Teu pai apavorado pra me levar pra maternidade, a bolsa estourando dentro do carro...

- E você já parou pra pensar que esse bebê não vai ter um pai por perto na hora de eu ser levada para a maternidade?

- A gente dá um jeito.

- Até parece que estamos falando de uma estante que você ganhou no bingo da quermesse. Não tem lugar em casa pra colocar, mas a gente dá um jeito.

- Se você quiser, a gente tira a estante e coloca o berço no lugar.

- Ah, entendi, a senhora está chocada, ainda não caiu a ficha.

- Não, filha, entendi muito bem. Você está grávida, é um risco que se corre quando se faz sexo.

- Você sabia que eu estava transando com o Biliardo?

- Como que eu ia saber? Você não me falou nada.

- E como que eu iria falar alguma coisa se você nunca me deu qualquer orientação sobre sexo? Aliás, nem sobre menstruação. Eu apavorada porque estava sangrando e a senhora nem aí. Se não fosse a professora pra me explicar...

- Ora, querida, a vida é sua, o corpo é seu, por que eu me meteria nas suas intimidades?

- Você já pensou que se tivesse se metido em minhas intimidades essa gravidez poderia ter sido evitada?

- Sempre ensinei você a não se meter na vida dos outros, por que eu iria me meter na sua?

- Você é minha mãe!

- E faço minha parte direitinho. Pago tua escola, tuas roupas, tua comida, tuas festinhas de aniversário, teus passeios ao shopping...

- E ser mãe é isso? Apenas uma mantenedora?

- Pra mim, é. Te carreguei nove meses aqui dentro, depois que você saiu e não sabia se virar, te banhei, te alimentei na boca... Mas agora você já é dona do seus nariz, filhinha, não tenho que me meter.

- E é assim que vou ter que me relacionar com meu filho? Amamentar, trocar as fraldas e largar no mundo?

- Aaahhh, filhinha, eu não te larguei no mundo. Você tem um teto, tem carinho e tudo do bom e do melhor que deseja.

- Mas não tenho orientação, mãe!

- Bobagem, a vida ensina mais que qualquer professor.

- A espécie humana evolui há milênios e eu, uma garota do século vinte e um, tenho que aprender levando porrada como aprendiam as mulheres há cinqüenta mil anos? Acabei de perceber que não estou progredindo como membro da espécie, mas regredindo.

- Não faça drama, filhinha, é só um bebê.

- Não quero esse bebê! Quero fazer um aborto!

- Nem pensar!

- Você não disse que é minha vida, meu corpo? Pois então, eu quero abortar.

- Meu amorzinho, entenda, aborto é ilegal. Você estaria infringindo a lei. Antes de pensar em aborto, você deveria ter pensado em preservativo, pílula anticoncepcional ou pílula do dia seguinte.

- Pensar como? Que orientação eu tive a respeito dessas coisas? Quem deveria me ensinar sobre isso não o fez. Queria que eu aprendesse como? Por osmose?

- Por que não me perguntou?

- Perguntar como, mãe, se eu nem sabia da existência dessas coisas? Ou melhor, saber eu sabia que existiam, mas sei lá como se usa, pra quê, de que maneira...

- Pois que pesquisasse. Nós pagamos a melhor escola da cidade pra quê se teus professores não te ensinam o que deve saber?

- Você está transferindo a responsabilidade natural que você tem, a de orientadora, para a escola. Lá eles me ensinam muito, sim, senhora, mas em outros campos, não no de minhas relações pessoais.

- Pois deveriam...

- Não deveriam, não. Certas coisas eu deveria aprender pelos meus pais, mas eles não se preocuparam em ensinar.

- Você sai por aí trepando com qualquer um e a responsabilidade é nossa, minha e do seu pai... Bonito, isso.

- Pelo visto, vou continuar sem orientação e sem apoio... Mais um motivo para eu abortar.

- Pense no seu pai, na carreira dele. Um homem com a importância dele, um dos baluartes da moral da sociedade, não pode ser constrangido se a notícia que a filha dele fez um aborto chegar aos jornais. Já pensou no escândalo?

- Você está preocupada com a carreira do papai e nem aí para esse bebê. Que ridículo!

- Essa criança vai precisar de roupas, alimentação, médicos, remédios, escolas e um monte de coisas mais, não vai?

- Vai, lógico.

- Para ter tudo isso é preciso dinheiro, certo?

- É.

- Você não trabalha , eu também não e, provavelmente, o moleque que te enxertou também não. Tô certa?

- É, tá.

- Pois é, filhinha, só podemos contar com a carreira do seu pai. Natural que nos preocupemos com ela.

- Oquei, então pense comigo: já pensou no escândalo que vai ser a digníssima filha do excelentíssimo senhor juiz de direito, de apenas quinze anos, grávida de um filho de motorista de táxi?

- Vixe, é mesmo. A gente vai ter que mandar você estudar fora.

- Como que vou estudar fora com um bebê pra cuidar?

- Eu e seu pai ficamos com a criança. Dizemos que a adotamos. Isso vai soar muito bem para a sociedade. Já pensou? “Doutor Libório e sua solidária esposa adotam criança órfã de mãe solteira”. Nossa! Íamos ganhar ainda mais respeito e notoriedade.

- Ao invés de adotar, por que não falam a verdade? Por que não dizem que estão criando seu neto, que vocês são os avós da criança?

- Avós? Ai, meu deus! Eu, avó? Tão jovem, tão bonita, tão elegante, avó? Jesus Cristo! Eu não quero ser avó! Vamos fazer o seguinte, não conta nada pro seu pai sobre a gravidez. Traz a lista telefônica, vamos tentar encontrar um médico que faça aborto.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Encontro com o Mestre

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Atendendo a uma meia dúzia de três pedidos, vou contar um pouquinho sobre meu encontro com o mestre.

Ariano Suassuna, advogado, filósofo, professor universitário, romancista, poeta, teatrólogo e atual secretário de cultura de Pernambuco, esteve por aqui para uma palestra para professores da rede Municipal de Ensino, que encontram-se numa semana de planejamento pedagógico.

Um dos amigos mais antigos que tenho na cidade é filho de uma prima de Ariano e eu não sabia disso. Chaguinhas, o sobrinho, havia comprado um exemplar do meu livro e, com a vinda do primo, lembrou-se de mim. Me ligou e perguntou se eu gostaria de ter um encontro com o mestre. Ou seja, perguntou se o macaco queria banana.

Marcamos para as dezenove horas de ontem, uma hora antes de começar a palestra, no hotel onde ele se encontrava hospedado com a esposa e seu secretário particular.

Respondedo à pergunta da Esyath, não fiquei apreensivo, temeroso, intimidado ou qualquer coisa assim, fiquei ansioso e honrado. Ao chegar ao hotel o vi sentado numa poltrona, no foyeur, ladeado pela esposa e o secretário, um rapaz sisudo, contrastando com o bom humor de Ariano. Como me policio para não ser um chato e imaginando que uma verdadeira celebridade como Ariano deve ser procurado por chatos todo o tempo, evitei me aproximar. Saí à procura do Chaguinhas. Sou pontual, mas a média dos brasileiros, incluindo meu amigo, não o é. Mas ele não me fez esperar muito. Cinco minutos depois ele chegou.

Sem delongas, me levou à presença do primo a quem me apresentou como "o escritor de que lhe falei". Ariano ensaiou levantar-se para me cumprimentar, mas eu pedi que permanecesse sentado. Apertei-lhe a mão, cumprimentei os demais e aceitei seu convite para sentar-me na poltrona ao lado.

Sentei-me e o presenteei com meu livro com a seguinte dedicatória (por favor não riam): "Ao mestre Ariano, com as reverências desse modesto admirador. Espero que o senhor se divirta lendo, tanto quanto me diverti escrevendo. Com a sua bênção, Marcos Pontes. Eunápolis, 26 de fevereiro de 2008". Ele recebeu o presente, agradeceu, leu a dedicatória e, com sua voz rouca, acentuada pelo maravilhoso sotaque pernambucano, disse: "Deus o abençoe".

Perguntou-me do que tratava o livro. Respondi que eram contos sem uma temática central, boa parte deles centrada no Norte e Nordeste, alguns urbanos, outros rurais e outros com algum teor filosófico, mas sem influência direta de alguma escola. Não sou nenhum grande leitor de filosofia, por isso não poderia ter a ousadia de me posicionar em qualquer corrente filosófica, embora me considere meio euclidiano.

Mas eu não queria falar, preferia ouvir e o deixei à vontade para falar o que quisesse. Por dez minutos o ouvi falar da satisfação que tinha ao encontrar escritores nos mais distantes lugares do país. Havia acabado de chegar da Amazônia e tivera contato com diversas manifestações culturais, não só literárias, coisas que faziam aumentar seu amor pelas culturas populares do país; que estava terminando, por esses dias, um novo romance (idiotamente não perguntei qual o título ou a temática, mas logo, logo poderemos saber). Perguntou se eu era um mentiroso. Pego de surpresa, saí com uma daquelas respostazinhas bobas do tipo "às vezes sou". Pombas! Eu sei que ele adora mentirosos, mas, como ele mesmo diz, não os mentirosos maldosos, mas "aqueles que mentem por amor à arte". Querendo ser um escritor ficcional, é lógico que sou um mentiroso. Por conta da minha resposta boba, acho que recebi um pito. "A mentira do autor é pecaminosa, gostosa é a mentira dos personagens. Dizem que tenho uma grande critividade, bobagem. Eu apenas sei observar, os meus personagens são mentirosos de verdade que encontro por aí e me divertem, apenas passo para o papel as mentiras que ouço".

Estava na hora de começar a palestra. O prefeito chegou, interrompendo nossa conversa, cumprimentou Ariano, sua esposa e o secretário. Como somos amigos de longa data, desde o tempo em que ele era pobre, o prefeito não me tratou com o desdém comum às autoridades diante do cidadão comum e na presença de alguém importante. "Pelo visto o senhor já conheceu nosso mais novo escritor" (ele mesmo não leu meu livro). Falou para Ariano ao mesmo tempo em que apertava minha mão. Nos falamos rapidamente. Percebi que estava na hora de me retirar, já não era mais ambiente para mim.

Agradeci ao mestre pela atenção, disse-lhe da honra que era para a cidade tê-lo por aqui e me despedi. Nos encontraríamos na palestra.

Chaguinha pediu minha câmera, que eu, envergonhadamente, não havia colocado para trabalhar, evitando a postura de tiete, e tirou duas fotografias nossas. A foto acima tirei no final da palestra. Aliás, não foi uma palestra, mas uma aula divertidísima sobre a importância da valorização da cultura nacional. Mas isso é outro papo.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

ronaldojc

  • O tempo está curto e minhapassagem será breve. Hoje estou me sentindo como uma adolescente que vai encontrar o primeiro namorado. Daqui a pouco terei um encontro com o grande mestre Ariano Suassuna. Mais ansioso que virgem em lua-de-mel.

 

  • Lula disse que "a condição de credor é um segundo grito de independência". Ok, vamos lá que seja, mas se ele deu uma lida na história (talvez esteja pedindo demais) vai descobrir que depois do primeiro grito veio a dívida externa. Tenho aqui em casa umas cédulas antigas, daquelas do tempo de Getúlio Vargas. No roda-pé, impresso em letras pequenininhas, está impressa a origem de sua impressão "Gráfica não-si-lá-das-quantas - London, England" (me deu preguiça de procurar). Ou seja, até nosso papel moeda era impresso na Europa. Uma cédula de um cruzeiro já chegava aqui valendo apenas setenta e cinco centavos. O pior é que, se não tomarmos cuidado, o caminho será quase o mesmo. O superavit externo anunciado na semana passada que se encontrava em U$ 4 bilhões, já baicou para U$ 180 milhões. Pobre é uma desgraça, basta sobrar uma graninha que já sai por aí se endividando...

 

  • A reforma tributária, que apenas começou a ser discutida, já está parecendo título de comédia de Shakespeare: "Muito Barulho por Nada".

 

  • E por falar em reforma tributária, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, já tirou o corpinho fora para o caso da coisa dar errada: "a palavra final sobre a reforma tributária é dos técnicos que elaboraram a proposta". Pela primeira vez, desde que sujei a fralda pela primeira vez, ouço um ministro sair de lado e responsabilizar o escalão técnico por medidas tomadas pelo governo. Então, cá pra nós, se são os técnicos que decidem, por que cargas d'água os governos brasileiros teimam em colocar políticos em pastas técnicas? Lógico que qualquer um sabe a resposta, mas não custa nada cutucar.

 

  • E o presidente diz que está cansado da imagem violenta do Rio de Janeiro. E por que não toma atitudes que resolvam além dos paliativos para jornalista ver? Se bem que nem jornalista tem visto qualquer medida. As fronteiras continuam mais furadas que queijo suíço, nos portos, aeroportos e rodovias entra e sai qualquer tipo de droga ou arma e ninguém vê (há quanto tempo não se houve falar de apreensões desse tipo no Rio? Quando ocorrem é nos morros, ponto final das mercadorias antes de chegar ao consumidor depois de ter passado por caminhos e becos mil). Que medidas efetivas e dignas de nota a Força Nacional de Segurança tomou na cidade ou no estado? Daqui a pouco os governos federal e estadual vão colocar a culpa da violência no cidadão pacato e trabalhador. Cidadão reclamar é direito e dever, mas goerno reclamar daquilo que deveria er feito e não faz, pra mim é populismo do tipo mais grosso e nojento.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

willy

  • Comentariozinho rápido sobre o post de ontem. Os comentários do Heber, embora lacônicos, devem ser levados em conta muito mais do meu próprio post. O cara sabe do que está falando, acreditem.

 

  • Fico admirado com os blogueiros que conseguem atualizar quatro, cinco ou mais blogs, como O Rayol e a Letícia. Dia desses perguntei a ela se seu dia tinha 25 horas. Mal dou conta desses e, esporadicamente do Pseudo-Poemas (Saramar! Anne! David! Cadê vocês?). Mas agora surgiu o convite para comentar notícias num site local. Como invejo aquelesque vivem de ler, pensar e escrever, não consegui dizer não. Nem que seja de madrugada, cumprirei o compromisso. Esse promete ser um ano bem prolífico. Pelo menos assim espero.

 

  • Disse FHC: "A briga entre o PT e o PSDB não é ideológica, é pelo poder". Aécio completou: "É natural uma eventual ligação entre PT e PSDB em 2010". Agora que os tucano resolveram escancarar, a gente pode entender melhor porque eles fingem ser oposição, quando, na verdade, o Brasil só tem um partido e meio como oposição: DEM e PSOL, respectivamente. Agora, me respondam, por que existe pluripartidarismo no país?

 

  • Volta e meia, quando as coisas apertam lá para os lados do Prata ou no Paraguai, nossos hermanos voltam a propor uma discussão sobre a posse da hidrelétrica de Itaipu. Agora o governo federal se propõem a constuir em conjunto com a Argentina mais três usinas e em parceria com a Bolívia, mais duas. Espero que não, mas o passado nos diz que isso ainda vai dar chabu. Talvez seja um ensaio para fazer proposta semelhante à Venezuela.

sábado, fevereiro 23, 2008

Será verdade?

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O episódio que mais me encanta na recente história brasileira é a Guerrilha do Araguaia. Quando ocorreu o primeiro confronto entre o Exército e os guerrilheiros, eu era um garoto, morava em Maceió. Um primo, bem mais velho que eu, cabeludo e barbudo, que morava no Ceará, havia se mudado para Marabá, no Pará, bem perto de onde aconteciam os embates armados, em busca de emprego. Um tio nosso, irmão de nossas mães, era prefeito daquela cidade e o Joaquim, meu primo, esperava encontrar alguma colocação por lá.

Por conta de sua aparência (cabeludo e barbudo, o que era moda entre os jovens) e por não ser da região, Joaquim foi preso pelos militares e interrogado. Me lembro de ter ouvido essa história por alto, minha mãe conversava com alguém que não me lembro quem. Não me interessava por política, mas tinha algum encanto pela caserna, coisa natural num filho de militar. A notícia de que estava havendo um embate armado dentro do Brasil foi uma daquelas coisas emocionantes que habitam as fantasias infantis.

Meu pai lia muito jornal e já estava viciando-se em telejornais. Nessa época tivemos nossa primeira televisão. Ele sentava-se numa cadeira de espaguete, eu deitava no chão quadriculado de pedras pretas e brancas, e assistíamos juntos. Confesso que pouca coisa conseguia entender, mas algumas me chamavam a atenção. Pouco se falava no que acontecia em São Félix do Xingu, Redenção, Marabá, Bico do Papagaio, a não ser quando algum guerrilheiro era morto.

Pouco tempo depois meu pai foi transferido para Porto Velho e depois para Belém. Em Belém, durante a Reunião Anual da SBPC, conheci o Zé Valdir e mais três agricultores que estavam em Redenção na época dos conflitos. Já falei dele mais de uma vez por aqui. Durante essa mesma semana de Reunião Anual, que acontecia no Campus da Universidade Federal do Pará, comprei o primeiro livro sobre a guerrilha publicado no Brasil. Infelizmente não lembro o título ou o nome do autor. Já eram anos 80, a Abertura já mostrava seus sinais, eu era um adolescente. Por três dias convivi com o Zé Valdir e o incitava a contar episódios do conflito, como os guerilheiros chegaram na região, de que viviam, como conversavam com as pessoas, se andavam armados...

Não vem ao caso tudo o que me lembro, mas duas coisas interessam para esse caso: 1. Ele me contou que helicópteros faziam vôos rasantes sobre a cidade com corpos de guerrilheiros pendurados em cordas muito compridas. Os militares diziam ao povo local que era aquilo que acontecia com os traidores da pátria, que aquele ou aquela era um bandido, assassino, que queria entregar o Brasil para os comunistas e coisas que tais. Numa dessas vezes Zé Valdir conseguiu identificar o Osvaldão, um negro enorme de quem se tornara amigo. Lá estava Osvaldão morto, pendurado pelos pés, dando voltas sobre Redenção; 2. José Genoíno era odiado em Redenção e em toda a região dos conflitos, até mesmo por aqueles que não aceitavam os guerrilheiros, por esses ainda mais. Que Genoíno era um traidor, que delatara os companheiros, era o responsável pela morte dos 69 companheiros. Nem os militares, que não o torturaram, o respeitavam, tinham nojo dele.

Eis que agora leio essa reportagem da Isto É. Incrível como as informações do Coronel Curió, um sujeito por quem sempre tive os piores sentimentos, casam-se certinho com as do agricultor Zé Valdir.