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domingo, março 30, 2008

AUTO_sinfronio

  • A Meiroca propõe uma blogagem coletiva, no dia 18 de abril, sobre o fim do analfabetismo no Brasil.

 

  • No supermercado, fui comprar saco de lixo. Pela primeira vez encontrei por aqui os sacos de plástico bio-degradável. "Legal, vou comprar esse", todo cheio de boas intenções. Uma embalagem com 20 sacos custa R$ 15,00. Pô, eu até quero ajudar a salvar o planeta, mas, por esse preço, prefiro comprar um mundo novo.

 

  • Engraçado o bicho-mulher-fêmea-do-sexo-feminino. Nós cortamos os cabelos todos os meses e elas não falam nada, mas se não elogiarmos quando elas apenas aparam as pontas dos seus, ficam furiosas.

 

  • Por falar em salvar o planeta, Lord Krebs, uma das maiores autoridades britânicas em alimentação, ex-diretor da Food Standers Agency, declarou que os alimentos orgânicos não trazem benefícios para a saúde. Por essas e outras que tô pouco me lixando para pesquisas do gênero. Continuo comendo o que bem entender, quando bem entender, quanto quiser e puder. Não estou nem um pouco preocupado em morrer cheio de saúde.

 

  • A Jet Blue começará a atuar no mercado brasileiro no início de 2009, o que pode ser muito bom. É inadmissível um país do tamanho do Brasil contar com apenas duas companhias aéreas. O proprietário da Blue Jet, David Neeleman, é brasileiro de nascimento, embora estadunidense. Na hora de comprar os aviões para a companhia, optou por jatos da Embraer. Mais uma vez me pergunto, se os nossos aviões são bons para os gringos, por que a presidência da república preferiu comprar um avião estrangeiro?

 

  • Acho que Lula lançará uma Medida Provisória proibindo os brasileiros de adoecer. Amanhã os medicamentos sofrerão aumento.

 

  • Por que será que o papa resolveu declarar que o mundo hoje tem mais mulçumanos que católicos? Alguma coisa aquele velho tá querendo...

sábado, março 29, 2008

AUTO_novaes

  • Não é interessante, cada vez que se fala em Petrobrás, a empresa anunciar a descoberta de um novo poço de petróleo? El paificador, El Loco, esteve por aqui anunciando que vai fazer uma refinaria junto com Lula e a empresa anuncia um novo poço na plataforma de Santos. Todo mundo sabe que de novo esses poços anunciados não tem nada, tudo não passa de manipulação de números para dar uma injetada econômica junto às bolsas de valores. Megalômanos como poucos, El Loco e El Borracho devem estar com planos de criar uma OPEP sul-americana. Aliás, o venezuelano já propôs uma OTAN (sic) por aqui. Fico imaginando um exército formado por mal nutridos, todos de estilingue nas mãos.

 

  • Dilma foi rebaixada de mãe do PAC par madrastado dossiê.Esse episódio do dossiê contra FHC mosta, mais uma vez, de que tipo de gente é feito o atual governo. Uma ex-guerrilheira, que se dizia combatente da ditadura e seus métodos espúrios, usa dos mesmos métodos espúrios em sua sede de poder. Aí vem a público algum engraçadinho sem graça dizer que a ministra não tem qualquer responsabilidade sobre o caso. Como bem disse aquele senador beiçola, ela poderia até não ter culpa, mas tem total responsabilidade, é ela quem tem que responder pelos atos de seus subordinados no exercício de suas funções oficiais ou oficiosas dentro do ministério. Alheio a tudo isso, o cidadão comum e desinformado ajuda a blindar o chefe da gang e lhe dá 75% de popularidade. Isso não quer dizer nada em se tratando de competência. Amado Batista vende disco à beça, mas não quer dizer que seja um ompositor de qualidade; Paulo Coelho vende livro como se fosse banana, mas não significa que seja um escritor de qualidade; o Flamengo tem uma torcida monstruosa, mas isso não significa que seja um exemplo de competência administrativa. Assim é Lula, seus apaniguados batem no peito, levantam bandeirinhas e esculacham aqueles que não aceitam o governo corrupto e incompetente que temos, mostrando os números do IBOPE, mas isso não significa que ele seja inocente nas cagadas mil ou competente na administração. Essa mania de nós brasileiros de torcermos contra ou favor de qualquer coisa como se estivéssemos na arquibancada de um estádio, não ajuda em nada a crescermos como país. Perde-se a objetividade e o senso crítico.

quinta-feira, março 27, 2008

amorim

AUTO_lute

  • "Vamos fazer o sucessor!", Lula é enfático. "Para o bem ou para o mal, eu sou a mãe do PAC", orgulha-se Dilma. Juntando os dois...

 

  • O arqueólogo Francesco D'Erico, da Universidade de Bordeaux, chegou à brilhante conclusão que os homens da caver s comunicavam. Isso vai mudar minha vida, ainda mais que eu sempre pessei que eles viviam em grupos apenas por coincidência.

 

  • McCain, o republicano candidato, propôs a inclusão do Brasil e da Índia no G8 e a saída da Rússia. O cara é um "herói de guerra", consevador até a medula, republicano, logicamente, odeia a Rússia (que também nunca foi lá grande coisa além do tamanho enorme e de um arsenal que não respeita os acordos internacionais) e já está querendo piorar um clima que já não anda bom entre o seu país e a Rússia. Em contrapartida, diz que retirará as tropas do Iraque. O que os caras não fazem para ganhar uma eleição?

 

  • O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que a inflação teve um momento de pico esperado (com tansos impostos, alguns majorados, tudo de uma porrada só, lógico que aumentaria a inflação. Até eu sabeia disso, até falei isso há algumas semanas), mas que agora voltará a cair. Esperamos que sim. O medo que rola é a crise estadunidense que tem tomado apenas analgésicos, ainda não foi ministrada qualquer dose de antibiótico para saná-la.

 

  • Francisco Dornelles, ex-ministro da área econômica, macaco velho nesse metier, não fez quando tinha esse poder, mas agora vem com propostas para a reforma tributária que, se aprovadas, elevarão a receita da União à estratosfera. O cara proões, por exemplo, um cadastro único de contribuintes (o que significa que qualquer um de nós estará na mira da União, Estados e municípios, evitando a sonegação em grande escala), além do cadastro de automóveis e bens (se no Brasil é mais difícil fechar uma empresa do que abri-la, o mesmo acontecerá com os contratos de gaveta nas transações de carros e imóveis. Quando seu carrinho ficar velhinho e imprestável, vai ser um deus-nos-acuda provar ao Detran que ele não existe mais; emissão eletrônica de notas fiscais com procedimento padrão em todo o país. A primeira coisa de que me lembrei foi daquele pessoal que viaja recebendo diária das empresas, chega no restaurante e pede uma nota fiscal supervalorizada para cobrar ressarcimento do patrão. Os donos dos restaurantes e de postos de gasolina, aceitam porque, na maioria das vezes, passam nostais fajutas. Com a cobrança eletrônica, além de aumentar o pagamento de impostos, diminuirá o dano às empresas que pagam; e um sistema integrado de informações fiscais, entre governo federal, estaduais e municipais. Todo mundo vai encher as burras, menos nós, palhaços pagadores.

 

  • Ex-presidente manda em alguma coisa? Pelo menos não deveria. Os jornais noticiaram a liberação dos gastos em cartões corporativos por FHC. Ele não tem que liberar nada! Os parlamentares, venais e fisiológicos, é deveriam ter peito, moral e honestidade para pedirem a quebra de todos os sigilos. E mais: esses gastos deveriam ser escancarados na internet 24 horas por dia. Que porra é essa? O dinheiro é nosso, mas temos que pedir por favor para saber como ele está sendo gasto? Isso não é democracia nem aqui, nem em lugar nenhum.

 

  • A televisão brasileira deverá ganhar 18 novas celebridades femininas nos próximos dias: a puta que derrubou o governador novairquino e mais dezessete coleguinhas de trabalho que foram presas na Espanha. Já exportamos bananas, café, cacau, frutas e agora putas. Somos grandes exportadores de gêneros comestíveis.

terça-feira, março 25, 2008

Oito anos

Família 004

 

A mais antiga memória é dele chegando do trabalho em sua bicicleta Caloi azul. Mas não é a mais tocante.

Quando faltava energia - e isso era comum naquele Brasil fronteiriço longínquo, mais longínquo há algumas décadas – ele pegava o violão, sentava-se na calçada e cantava por horas, para a lua, para si próprio e, sem saber, para minha memória eterna.

Não era chegado a afagos e nem conversas demoradas, mas tinha um zelo demonstrado com o olhar. O mesmo olhar que disciplinava. Muito diferente do último olhar que vi.

Era um olhar de adeus, lembrar dói.

Ainda guardo a camisa que meu e jamais vesti. Olhar para ela me ajuda a lembrar dele vestindo-a.

O amor é piegas, eu sei, mas quem ama não se importa.

Muito poderia falar desse amor e dos grandes momentos que tivemos juntos, principalmente nos seus últimos anos.

Não me apresentava aos amigos como filho, mas como “um amigão”. Em troca, conquistava meus amigos que tiveram o prazer de conhecê-lo.

Não dispensava uma cerveja gelada, um prato nordestino, um cigarro e uma roda de dança. Era um pé de valsa.

O orgulho era saber que os amigos, que ele sempre cultivou, defendeu e ajudou o quanto pôde, muitas vezes com o sacrifício do próprio bolso, sempre o tiveram como um homem honesto, íntegro e trabalhador.

Nunca o vi reclamar da vida ou de outra pessoa. Se não lhe agradava, se afastava e pronto.

Gostava de passear e viajar.

Adorava o jornal e a revista, além de muitos livros. Nunca nos deixou faltar comida e livros. Educava com o olhar e com o exemplo.

Uma vez me disse que não criara os filhos, criara galinhas; filhos ele educara. E tinha orgulho dos filhos que tinha.

A vida não é linear, talvez por isso as memórias sejam quebradas. Se ligam por um forte liame: o prazer de ter sido seu filho.

Na madrugada do dia em que ele deixou de sofrer, acordei com a impressão de que ouvia sua voz me dizendo “pára com isso... Não pense bobeira”. Acordei assustado, ele estava há dois mil quilômetros daqui, mas o ouvi. De manhã, recebi o pior dos telefonemas.

Ele me deixou no mesmo lugar em que nasci. A última pessoa de quem ele falou, foi de mim, em delírios. Perguntou à minha irmã se ela conhecia seu amigão da Bahia.

Lá se vão oito anos sem vê-lo, oito anos sem o abraço, oito anos desde aquele olhar triste de “adeus, não nos veremos mais”.

É, Chico, você me faz falta...

segunda-feira, março 24, 2008

Manutenção

ac-eletricidade 

De manhã, no início do expediente, eu passo na sala de expedição e pego minhas as ordens de serviço. Fora as manutenções já previstas, sempre havia uma ou outra ocorrência que furava a fila. Depois de privatizada, a companhia dispensou mais da metade dos técnicos, o que fez diminuir o número de equipes e nós tínhamos que fazer de tudo, da manutenção preventiva às chamadas de emergência e em diversos bairros, não ficávamos mais restritos a uma determinada zona da cidade.

Os novatos pegavam o mais pesado ou aqueles servicinhos chatos, como tirar gato de cima de postes ou atender ao chamado da velhinha que reclamava da escuridão, quando o problema era apenas o disjuntor desligado por algum moleque que passara pela rua.

Naquele dia encontrei três notas. Uma era ali perto, coisinha boba. Algum cidadão alegara que os fios do poste estavam soltando fagulhas. Um pequeno curto circuito que eu resolveria em cinco minutos. O segundo referia-se a um poste que se inclinara com a chuvarada de ontem à noite. Falei com o chefe para que ele mandasse na frente uma equipe de escavação, assim, quando eu chegasse lá, o novo poste já estaria plantado e aí era só transferir os cabos. Não fazia sentido eu ir na frente e ficar parado esperando os caras cavarem o buraco, colocarem o poste novo para, só então, começar a trabalhar. O terceiro vinha do centro da cidade. Um transformador havia explodido. Trabalho pesado, mas sem grandes complicações. O guincho já estava lá. Começaria por aí.

Chamei o Guedo, meu parceiro, pegamos a viatura e fomos pra lá.

Colocamos a escada, o Guedo subiria para fazer a desconexão dos cabos enquanto eu checava a fiação para ver se não estava trançada, se não havia algum fio rompido.

O Guedo desconectou tudo, amarrou o transformador defeituoso no guincho, desparafusou as cintas e deu a ordem para abaixar. O dia estava quente, mas a sombra dos edifícios davam uma amenizada.

Retirado o trafo, Guedo desceu e eu subi. Sempre fazíamos assim, um fazia a primeira parte do trabalho e o outro terminava. Tirávamos no par ou ímpar quem faria o quê. Cinto de segurança preso ao poste, as ferramentas necessárias presas no cinto de utilidades, dei a ordem para levantarem o equipamento novo. Tudo correndo na boa, dentro do gabarito.

Passei a cinta, fixei os parafusos, desamarrei o trafo e dei sinal para descerem o guincho. Tudo certinho como deveria ser. Agora era a parte burocrática: conectar os cabos de alta e os fios de distribuição. Trabalhinho cacete.

Puxando um fio daqui, outro dali, dei de olhos na janela aberta do primeiro andar, logo ali em frente. Sentada com as pernas cruzadas, cabelos pretos impecavelmente presos num rabo de cavalo, provavelmente esperando energia para poder trabalhar, ela olhava eu trabalhar. Por dois ou três segundos fiquei parado olhando aqueles olhos pretos, hipnotizado, só voltei a mim quando Guedo assoviou lá de baixo.

- Bora, caboco! Tomou choque? Anda com isso que ainda tem dois serviços pra fazer!

Despertado pelo companheiro, percebi o quanto deveria estar com cara de bobo, paradão, olhando para ela. Não era pra menos, beleza assim não se vê todos os dias.

Ela parecia se divertir com meu embaraço e me sorriu. Meio sem jeito, sorri de volta, sorriso de meia boca, quase um pedido de desculpas.

Um olho no alicate, outro nela. Um olho na chave de fenda, outro nela. Uma das mãos segurando o cabo e a outra querendo tocar nela. Diminuí o ritmo, não tinha mais nenhuma pressa de acabar aquele trabalho. Lá em baixo meu povo se impacientava.

- Borá, Tarê! Acaba logo com isso!

Dei por encerrado, peguei o rádio e autorizei a central a religar a corrente. Normalmente fazia isso do solo, uma maneira de evitar um acidente, caso algum erro tivesse sido cometido por mim, mas hoje o faria lá de cima. Ficaria mais um tempinho olhando aqueles olhos pretos que me sorriam.

- Pronto, moça, pode ligar o computador. Tenha um bom dia.

- Muito obrigada. Bom dia.

Que voz!

Tomei o cuidado de deixar a ponta de um fio meio solta para que provocasse novo curto circuito e eu pudesse voltar no dia seguinte.