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segunda-feira, novembro 29, 2010

Adeus, Dedo Duro

 

 

O conheci alguns meses antes do primeiro turno das eleições. Eu na oposição ao governo Lula e ele numa posição meio dúbia. Hoje entendo essa posição, era mais ou menos a que assumi no primeiro ano de mandato do Lula, apoio à distância, menos por crença no que ele poderia fazer, mais por querer que ele realmente fizesse algo melhor.

O Dedo pesquisava dados políticos, sociais, econômicos, fosse o que fosse, e os comparava com os mesmos números do governo FHC. Era um pesquisador. Por vezes pensei em deixar de segui-lo, até por não gostar muito de pseudônimos, sem falar que seu avatar não mostrava seu rosto. Era mais um anônimo sem face. Mas aí ele entrou em um entrevero com algum petista e eu fiquei do seu lado. Naquela hora ele tomou uma posição mais clara e não mais se afastou dela, pelo contrário, colocava-se cada dia mais à distância da situação, abraçava a précandidatura tucana e a abraçou com força depois. Não afastou-se um milímetro de suas convicções.

Suas pesquisas tonaram-se mais profundas e seu discurso mais contundente. Nos aproximamos mais, passamos a trocar idéias mais amiúde e links diariamente, mas nunca falávamos de nossas vidas. Não sabia seu nome ou a cidade de onde postava, sua idade, sua escolaridade ou profissão e ainda não sei quase nada disso, e nem vem ao caso. Este rapaz mostrou-se um verdadeiro brasileiro, de alma e coração, corajoso em sua postura e convicto em suas posições. Levava nas ações o vigor da juventude.

Passaram-se as eleições, perdemos todos, e ainda no dia 10 de novembro ele postou no Twitter ” E me desligo do twitter, minha missão terminou p hora! Obrigado aos amigos q fiz aqui e que continuarão comigo, de todas as vertentes. Um bj”. Como eu estava cansado, abatido e com uma tremenda ressaca eleitoral, não dei importância à segunda postagem depois dessa, que dizia “E me desligo do twitter, minha missão terminou p hora! Obrigado aos amigos q fiz aqui e que continuarão comigo, de todas as vertentes. Um bj”. Perdi a chance de dar-lhe uma força. Apenas me despedi desejando bom descanso e retorno breve, precisaríamos dele.

Mas ele não conseguiu ficar longe do front. Já no dia três ele voltava à carga. Parabenizou José Serra, de quem ele tornou-se interlocutor constante, além de cabo eleitoral atuante. Remontava-se como opositor de primeiro minuto ao governo que assumirá em janeiro. Voltava a mostrar-se o garoto forte, partia para a luta antecipada.

Poucos dias depois fiquei sabendo que estava hospitalizado e com leucemia. Foi um baque. Nunca pensamos ou esperamos que um jovem vigoroso seja vítima de doença tão cruel. Mostrei minha solidariedade e fiquei na torcida ansiosa como vários outros amigos virtuais. Na negativa da dor, o tratava como se tivesse apenas um dente inflamado ou uma caxumba que logo passa. Mandava-lhe uma ou outra mensagem de conforto. Ele jamais respondeu a qualquer delas. Ocupava seu tempo virtual com postagens ácidas e certeiras contra o governo atual.

Vejo agora o quanto ele amava deveras o país em que nascera. Não se queixava das dores, dos remédios ou dos prognósticos. Pouquíssimas vezes referia-se ao quarto do hospital e, em algumas delas, com mensagens simples, como “Saudade do café”. A doença era um detalhe, o bem estar do país era a bandeira. E ele lutou, sem dúvida, até o último suspiro.

Ainda sei muito pouco de sua vida, mas não importa mais. O exemplo que deixou é sua biografia, seu legado de convicções, fé e luta como poucos brasileiros podem repetir.

Sua última postagem foi uma piada para uma amiga: “@miaeloin hahahaha eu comilao? Comida de hospital e um misterio... Todas tem o mesmo sabor, nenhum!! Nos EUA no Brasil, Sao Paulo, Parana...”. É, para mim, o seu adeus.

A propósito, o vídeo do início do post é o que ele mantinha em seu perfil no Twitter. Mais uma prova de seu amor ao país e sua esperança de um Brasil melhor. Tomara que possamos dar esse presente a ele um dia.

Boa viagem, Raphael.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, novembro 23, 2010

“Ricos, mas capados”

trabalhadores em pintura

A frase reproduzida no título é do filósofo Olavo de Carvalho, o terror dos comunistas brasileiros, porta bandeira dos conservadores e um direitista incompreendido, ou até desconhecido, pela direita de botequim. Ela é uma referência aos empresários, mormente os de grande porte – significa fortuna – que bancam a esquerda por razões diversas.

O que levaria um grande capitalista como Abílio Diniz ou Guilherme Leal se juntar aos socialistas, bancar parte de suas campanhas e até candidatar-se com eles, como fez Leal? Ou o Paulo Skaf, ex-presidente da FIESP, a organização que reúne os maiores capitães da indústria nacional, se filiar ao Partido Socialista Brasileiro?

Para entender, há de se fazer vasta pesquisa antropológica, sociológica, econômica e psicológica, algo que não sou capaz de fazer em curto prazo e ninguém seria capaz de explicar em apenas uma lauda, espaço que me dou para que a leitura não seja tão cansativa. Mas, resumindo a análise profunda e muito bem embasada do Olavo de Carvalho, essas pessoas sofrem de “loucura revolucionária”.

Além desses senhores, intelectuais, artistas e intelectualóides, como Gabriel Garcia Márquez, Chico Buarque, Oscar Niemeyer ou Paulo Coelho, não necessariamente na ordem respectiva, tendem a romantizar as guerras contra qualquer regime institucionalizado, colocando seus atores como gente do povo, sujeitos comuns e injustiçados que “deram a volta” no regime opressor, para usar um jargão comum empregado por essa gente.

Seja na vida real, seja nas artes, esses “heróis populares” sempre foram vestidos com áurea coroa de paladinos dos injustiçados, de Robin Hood, o bom ladrão, que roubava dos ricos e dava aos pobres, passando por Lampião, Leonardo Pareja, a Che Guevara, um pequeno burguês, “paranoitizado” pelos muitos livros e armado de atrativos físicos e discurso engajado.

Roger Green Lancelyn, autor de Robin Hood, era um pesquisador de mitologia grega, do Egito antigo, tema sobre os quais escreveu, além da histórias do Rei Arthur, um monarca com espírito socialista. Inglês de posses e notoriedade nos meios acadêmicos, estudante e professor em Oxford, Lancelyn, muito provavelmente, não teve contato próximo com a miséria pecuniária se seus concidadãos, um pouco diferente de Buarque, Niemeyer e Coelho, ou mesmo de Márquez, homens de países miseráveis, cercados por favelas, crimes, tráfico de drogas, assassinatos e políticos corruptos. A semelhança está na romantização dos marginais.

A obra poética e literária do Chico está prenhe – palavra que aprendi com ele na letra de “Jorge Maravilha”, lá na minha infância – de heróis marginais ou o que passaram a chamar de antiherói, a partir de Macunaíma, do Mário de Andrade. “O Meu Guri”, o protagonista de Estorvo, os bichos de Saltimbancos, o Malandro da Ópera e até Lily Braun, uma mal amada cantora de cabaré, são alguns dos marginalizados envergando as vestes de heróis populares idealizados por Chico. Mas Chico, filho e sobrinho de intelectuais de alta cepa, não conhece mais de malandragem do que a dos jogadores do seu Politeama. E como ele, via de regra, artistas, escritores e intelectuais não conseguem ver o macro, tomam pequenos exemplos como exemplos prontos e acabados, empatizam-se com esses seres idealizados por criatividade ou visão distorcida, mas não conseguem ver todos os lados do ambiente em que se contextualizam. Inventam santos sobre a carcaça de pecadores.

A tudo se permite aos artistas e eles, em suas paranóias, crentes que suas invenções são reais, despejam sobre os incautos uma verdade mentirosa.

E os milionários empresários, onde se incluem? No exército dos covardes.

Por medo das retaliações que, historicamente, os esquerdistas aplicam contra seus opositores logo que conquistam o poder ou por negociarem seu sucesso futuro, entregam-se nos braços dos vermelhos.

Os bolcheviques soviéticos já ensinavam a usar do capital dos capitalistas para instaurarem suas ditaduras. Não existe comunismo sem capital e os grandes capitalistas, ricos, mas sem culhões, cedem às pressões para manterem seu status quo. Vendem-se em troca de nada, deixam-se manobrar e não conseguem coragem para enfrentar a fera socialista voraz e sedenta de fortuna. Acham-se seguros atrás de seu capital e a inviolabilidade – como se isso fosse possível num governo do qual faz parte Antonio Palocci – de seus negócios não conhecendo ou tentando não ver os exemplos dos muitos figurões dos negócios que foram mantidos atuantes e aumentando a fortuna em regimes ditatoriais como o socialista soviético e o nazista hitleriano apenas enquanto faziam o jogo dos ditadores.

Atualmente essa manipulação vem sendo feita pelo governo bolivariano de Hugo El Loco Chávez, que se apóia nos encagaçados milionários para aumentar seu poder destrutivo.

A massa proletária, desempregada, sem estudo e sem saúde não é formada de heróis, apenas é composta por manobráveis ignorantes pelos artistas, intelectuais e ditadores.

 

(Obrigado à @BeatrizMMoura pelo tema)

 

©Marcos Pontes

quarta-feira, novembro 17, 2010

Ditadura em slow motion

joao-franco-caricatura-01

 

A ditadura em slow motion foi o conceito que, se não me engano, Reinaldo Azevedo criou para definir o golpe pardo – porque branco, imaculado, é algo que me recuso a imaginar vindo do Hugo Chávez –que se aplica na Venezuela.

Este tipo de ditadura é o mais torpe de todos os tipos. Ele não se apresenta como propósito de ditadura como esperamos que uma ditadura se apresente. Ele não mostra sua face autocrática na figura estereotipada dos ditadores montados a cavalo, envergando um uniforme militar enfeitado de medalhas e bigodão a la Zapata. Ele não mostra a face áspera de um regime absolutista com tanques à mostra e paredões crivados de balas e manchados do sangue dos opositores.

A ditadura em slow motion, produto da mente doentia do mandatário venezuelano nasceu da urgência que o Foro de São Paulo tinha de montar um modelo para os países que enviaram signatários. Chávez, louco esquizofrênico e megalômano, uma espécie de Hitler iletrado, não podia, pelas suas características psicóticas, costurar planos elaborados, maquinar com intelectuais de sua estirpe. Meteu o pé na porta e partiu para o ataque.

Fantasiou sua ditadura de democracia e impôs plebiscitos e referendos, dando ao eleitor a falsa ilusão de que ele, o eleitor, quem decidia os rumos políticos da nação. Aproveitando o cacófato, aí danou-se.

Por plebiscito, por exemplo, deu-se um terceiro mandato. Por referendos anulou leis antigas e deu-se o poder de prender qualquer opositor sempre com o mesmo argumento paranóico de golpistas em maquinações. Fechou veículos de comunicação que sequer falassem mal de sua boina vermelha. Aloprou geral. E quando seus concidadãos perceberam o golpe, era tarde.

A fortuna pessoal estava garantida, assim como a autointitulação de representante direto do Divino. Breve tornar-se-á o Deus Sol redivivo.

A amiga tuiteira @anagrana_ me chamou a atenção para artigo no blog do Aluízio Amorim (@blogdoamorim) que nos traz a aprovação de parecer da Comissão de Constituição e Justiça do Senado da PEC 26, que reza a autorização de realização de plebiscitos e referendos populares. Assim nasce um grande problema.

Vivemos numa democracia representativa, por isso elegemos legisladores, para que nos representem. O uso de plebiscitos e referendos é maneira pseudodemocrática de dar ares leves a uma ditadura em slow motion também no Brasil.

Dar ao povaréu iletrado e venal o direito de decidir que leis devem ser anuladas e que mecanismos legais devem ser implementados, é tirar dos nossos representantes legais e eleitos o poder de legislar. É dar à massa manipulável o direito de aprovar os desejos de quem vende melhor a idéia em propagandas de conteúdo raso e apelação marqueteira profunda. É o primeiro tiro na democracia de fato.

O PT criou o mote do orçamento participativo, lá pelo final dos anos 80, quando ganhou as primeiras prefeituras. Lembram disso? Os que lembram podem nos dizer quando que o tal orçamento participativo deu certo ou foi deveras aplicado em algum município petista? Pois me adianto e respondo: Nunca! Foi apenas um engodo para passar ao populacho que ele mesmo, o populacho, havia reunido-se e decidido o que fazer com o dinheiro público.

A PEC 26 é o exemplo de Chávez sendo seguido por um grupo que, nos últimos oito anos, tentou, por várias vezes, impor seu absolutismo vermelho, sempre dando de cara no muro de alguns jornalistas, articulistas e intelectuais mais atentos às manobras comunistas. Se for aprovada no plenário, não resta dúvida, e podem escrever para me cobrar depois, a primeira consulta ao eleitor será sobre o controle público, ou externo, como eles gostam de dizer, dos veículos de comunicação.

Não me causa surpresa que enganadores fingidos de oposicionistas e bons caráteres, como o senador Álvaro Dias, assinem o parecer da CCJ. Esses covardes ajudam a entregar o bolo aos bolivarianos que nos governam e sonham ser enteados do casal Fidel Castro e Hugo Cháves.

Já preparo e-mail para mandar aos parlamentares sobre o assunto. Quando entrar em pauta de votação o enviarei e colocarei aqui. Enquanto isso, nos preparemos, os democratas e “golpistas”, a colocarmos pressão contra esses senhores.

 

©Marcos Pontes

terça-feira, novembro 16, 2010

Camarilha

Lula e Dirceu Chefoes

Espalham a verve incontida

Oceano de lama em profusão

Enodoam a pátria combalida

Promovendo a briga entre irmãos

 

Mentem e não se ruborizam

Agridem quem da mentira foge

Enganam em nome da moral em que pisam

Trazem sempre a traição no alforje

 

Leis, Constituição, Código Penal

São para eles inúteis resmas

Sabem da conivência do Tribunal

Que compram à mancheia e fazem lesmas

 

Elaboram, maldosos, a guerra sul-norte

Jogam negros contra brancos sem piedade

Lançam ricos contra pobres, vendem morte

Ao preço do seu poder e vaidade

 

Do erário fazem vítima e refém

Com propagandas do que não fizeram

Os números de menos viram além

Com os erros daqueles que não erram

 

Com balelas, favores e bolsas

Compram a permanência no poder

Com promessas e obras falsas

Corrompem até quem não os quer

 

Artistas, intelectuais, povaréu se vendem

Fazem-se piso para a malta passear

Imitam avestruzes, a consciência escondem

Sobra à nação a conta a pagar

 

Mafiosos urbanos, terroristas rurais,

Sindicalistas ineptos, juízes venais,

Escritores apócrifos, jornalistas e que tais

Incham a máquina. Bandidos boçais.

 

Não há governo, há quadrilha

Fantasiada de companheiros

Nos bastidores a camarilha

Rouba vidas e dinheiro

 

©Marcos Pontes

segunda-feira, novembro 15, 2010

Em defesa do Lobato

Nilma

"Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão".

"Não é à toa que os macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens".

Trechos de “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, obra de 1933

 

“Nega do cabelo duro

Qual é o pente eu te penteia”

Treco da música “Nega do Cabelo Duro”, de David Nasser e Rubens Soares

 

“Nega do cabelo duro
Que não gosta de pentear
Quando passa na baixa do tubo
O negão começa a gritar”

Treco da música “Fricote”, de Luís Caldas e Paulinho Camafeu

 

“Veja, veja, veja os cabelos dela
Parece bombril de ariar panela
Quando ela passa, me chama atenção
Mas seus cabelos não têm jeito não
A sua catinga quase me desmaiou”

Trecho de “Veja os cabelos dela”, de Tiririca

 

A heresia é minha em querer comparar Monteiro Lobato, a Tiririca, mas ao lembrar de um, não deixei de lembrar do outro. E o que Tiririca e Monteiro Lobato têm em comum? Uma visão culturalmente racista? Provavelmente, sim.

Vem a professora Nilma Lino Gomes, da UFMG, membro (ou seria “membra”, pela lógica sexista da “presidenta”?) do Conselho Nacional de Educação, esta negra linda que ilustra o post, sugerir ao ministro que vira manchete uma vez por ano, quando dá chabu nas provas do ENEM, Fernando Haddad, que não permita a distribuição do livro de Lobato pelo seu conteúdo racista. Sei não, a discussão não pode ser tão rasa, mas também não merece um maremoto.

Muitos anos depois das mortes de David Nasser e Rubens Soares, sua música, um clássico do cancioneiro popular há pouco desencavado por Marcelo D2, um negro de cabelo desgrenhado, também foi alvo da sanha furiosamente politicamente correta. Não me lembro quem e nem gostaria de lembrar, pediu a censura à música, sua exclusão dos anais brasileiros.

Tiririca, em 1996 foi apresentado ao Ministério Público e teve que se explicar. Por pouco não foi parar em cana por dizer que sua negra tem catinga e cabelo de bom bril. Ora, ora, ora, logo Tiririca, um caboclinho que esconde sua cabeleira crespa por baixo de uma peruca amarela? Um cearensezinho de Itapipoca, terra onde se misturam índios, negros e portugueses gerando um monte de mulatinhos engraçados, como seu Chico, meu pai, e branquinhas graciosas, como Luci, minha mãe.

Luís Caldas, pelo que me diz a memória e o conhecimento, passou incólume pela ira persecutória dos politicamente étnicos, mas só por citar uma “negra do cabelo duro” já corria o risco de ser empurrado para a Lei Afonso Arinos por alguma ONG ansiosa por notoriedade.

Nasser, Caldas e Francisco Everardo cometeram o pecado do mau gosto. Quiseram ser engraçadinhos e erraram a mão. Merecem crítica poética e musical das mais severas, sim. Mas talvez seja apenas elitismo meu querer que todo letrista brasileiro seja um Chico Buarque ou um Lupicínio Rodrigues, talvez por isso jamais comprasse um disco do Tiririca ou do Luís Caldas.

Monteiro Lobato, não por comparar a agilidade da Tia Nastácia à de um macaco em escalar árvores, ou de chamar os homens de macacos por termos cérebros defeituosos – talvez os cérebros dos macacos sejam mais bem acabados do que os nossos -, mas por não ter dito no mesmo livro, por exemplo, que Pedrinho corria mais rápido que um coelho, ou que o Marquês de Sabugosa era tão pensativo quanto uma coruja, merece um puxão de orelhas por não ter-se precavido contra os censores raivosos do seu futuro.

©Marcos Pontes