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segunda-feira, junho 20, 2011

Proibido proibir virou política de estado

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Gramática é difícil de se entender? Que se extinga o ensino da Gramática nas escolas, jogue-se a norma culta à lixeira e que cada um comunique-se da maneira que lhe convier, sem certo ou errado. A máxima de Camões “minha pátria é minha língua” passe a ser apenas uma licença poética condenada a jamais ser compreendida pelas novas e futuras gerações, afinal de contas, para que perder tempo com velharias?

Combater o plantio, tráfico e uso de drogas tem-se mostrado inócuo no passar das gerações e décadas? Que se legalizem o plantio, o tráfico e o consumo de drogas. Que se faça a vontade daqueles que alegam ser de seu livre arbítrio o consumo, mesmo que essa liberalização leve mais e mais jovens ao consumo e ao negócio, mesmo que mais e mais famílias sofram com seus adictos sem tratamento eficaz dado pelo poder público. Aliás, para que tratamento bancado pelo erário se o consumo foi de livre vontade do usuário?

Licitações públicas não evitam desvios de verbas, negociatas, comissões ou taxas de sucessos, seja lá qual seja o neologismo para essa tramóia, e a fiscalização é cara, trabalhosa e inócua? Que se abolam a obrigatoriedade das licitações ou “flexibilize-se” a obrigatoriedade. Para não afligir os pobres contribuintes, que se mantenham secretos os orçamentos, os contratos, as empresas contratadas. A população não tem que meter o bedelho nos negócios do Estado, para isso elegeu seus representantes, pois que a eles sejam dados os poderes ilimitados.

As prisões são frágeis, os carcereiros são despreparados, mal treinados, mal remunerados e mal equipados? As prisões estão superlotadas? O cidadão não pode oferecer provas que o autoincriminem? Ora, que se mantenha no Código Penal o direito dos custodiados pela polícia a fugirem sem que isso lhe acrescente agravante na eventual pena, que se permita ao bêbado motorista negar-se a fazer o teste do bafômetro.

O Estado não consegue julgar todos os réus dentro do prazo estabelecido em lei e não tem presídios para todos os condenados? Pois que se flexibilizem mais essas leis e criem-se penas alternativas, afinal de contas, assaltantes, estupradores, pedófilos, corruptos, assassinos e qualquer outro tipo de “suspeitos” não são gente má, apenas vítimas da sociedade, que tem, por obrigação moral, recompensá-los pelos males que fizeram às suas psiques.

Os alunos de Direito não conseguem aprovação nas provas da OAB? Ora, coitados, a culpa não é deles, mas das escolas em que cursaram. Que se acabem com os exames de admissão na Ordem, que todos os bacharéis tornem-se doutores-advogados e os potenciais clientes leigos (palavra que boa parte dos advogados gostam de usar quando querem defender-se numa discussão com algum cidadão que não seja da área jurídica) façam a seleção por competência.

Seguindo esta postura em relação aos bacharéis de Direito, baseado na máxima constitucional da isonomia, pode-se estudar também o fim da residência para os concludentes de Medicina. Depois de seis anos de faculdade o pobre jovem não teria sido suficientemente punido a ponto de merecer o título de doutor-médico?

Caetano tinha razão quando cantou, lá pelos 1967, que “é proibido proibir”. Os nossos consecutivos governos comuno/socialistas/inconseqüentes interpretaram à sua maneira a vontade do compositor e, desde a promulgação da maldita “constituição cidadã”, que a mesma esquerda recusou-se a assinar, interpretaram à sua maneira, abolindo, paulatinamente, todas as regras sociais, éticas, sociais e morais já estabelecidas, proibindo qualquer censura ao que antes era errado e decretando que só é permitido proibir atos, palavras e, quiçá, pensamentos daqueles que não aderiram às colunas vermelhas que avançam enquanto engrossam, sobre as massas dispersas de opositores. Ou melhor, golpistas, como eles, eternas vítimas, gostam de nos chamar.

 

©Marcos Pontes

11 comentários:

Ajuricaba disse...

Mas essa é tipicamente a posição da corja vermelha: quanto mais zoneada a coisa melhor prá eles.

Beatriz disse...

´Proibido proibir o proibido.
Marcos, essa ação de ir "legalizando " o crime é uma armadilha mesmo. Mudam os códigos, pequenas mudanças administrativas, afrontas à constituição...enfim, vão indo, avançam de forma que o estado passa a DEs- regular, regulando com mão de ferro a sociedade a seu arbítrio até que a mesma sociedade não consiga reagir mais. E todos somos tão bonzinhos, frágeis, cordatos e politicamente corretos. resilientes. não é esse o ideal do homem pós-moderno? Tudo é relativo, todos concordam...se não dá pra cumprir a lei...então legalize-se o erro. é um plano de desnaturalização da nação como um todo...conquistando corações e mentes em todas as frentes.
Muito bom seu texto.

Regina Brasilia disse...

Proibido proibir, para ela, a esquerda festiva, folclórica e carnavalesca destepaiz. Porque ao homem de bem, trabalhador, cristão, pai de família, pagador de impostos, esse, quase tudo é proibido. Menos, claro, pagar os impostos.

Anônimo disse...

É meu amigo, eles estão começando a abusar da paciência do Povo. Por isso, mesmo não tendo políticos perfeitos ou lá "essas coisas", deveríamos parar de malhar os que fazem oposição a essas indecências e começar a mudar com a eleição de 2012.Ou, mais um mandato "disso"e tudo irá para o Brejo. Abs. opcao_zili.

Maria Terezinha(TE) disse...

O Brasil está tomando um rumo perigoso e o povo não reage. Quando acordar, será tarde demais.

Pfuime disse...

Nivelar tudo por baixo, ao nível que elles conseguem alcançar, é a herança deixada por esta gente.
Parabéns pelo artigo!

Sergio Franzão disse...

Assisti um filme policial recentemente, no qual um policial arquiteta um plano, e ele mesmo sita para indicar a solução do crime um livro "Teoria do Caos", confesso que depois do post que li, tenho certeza de que no nosso pais esta se criando exatamente isso "o caos". Vou ate pesquisar se esse livro existe, pois deve interessante ler, a essa altura dos acontecimentos.

Beatriz disse...

O ideal dessa corja é que o partido revolucionário se torne, como diz Gramsci, “autoridade onipresente e invisível de um imperativo categórico de um mandamento divino”. Quer dizer, o partido está sendo obedecido por todo mundo e sem que o pessoal saiba a quem está obedecendo.

jefferson disse...

Ora, se algo nao afeta outra pessoa, quem sou eu para negar, nao mando na vida de ninguem, assim como nao vou em igrejas proclamar meu ateismo, nao quero religiosos se metendo na politica social. Totalmente a favor da liberaçao da maconha, do aborto, e do casamento entre mesmo sexo

sergio nogueira disse...

Todo cuidado é pouco, quando nos deparamos com a institucionalização do errado.

Fusca disse...

Em breve, depois do discurso do imoralista junto aos seus pares, esbravejando contra quem denunciou mensalão, aloprados, etc., com certeza virá MP do desgoverno proibindo chamar ladrão de ladrão.