Não sou nenhum letrado em filosofia e seus ramos, sequer saberia definir um filósofo sem antes ter que recorrer à Barsa (coisa de gente velha) ou à Wikipedia, da molecada modernosa que acha que todas as informações ali são confiáveis. Ultimamente, porém, tenho lido e ouvido mais filósofos contemporâneos, uns poucos com clareza e originalidade de idéias; uns tantos apenas defendendo uma posição político-ideológica com os argumentos mais “brilhantes” e as deturpações mais sutis dos fatos para convencerem os incautos que não conseguem mastigar com o cérebro e engolem inteiras as idéias que lhe são lançadas; alguns outros batendo cabeça em suas próprias contradições e perdendo o fio da meada que eles próprios traçaram sem antes terem conseguido concluir suas teses ou sequer sabendo aonde querem chegar.
No primeiro time me encantam Pondé, Reinaldo Carvalho e Olavo de Carvalho, mas não encantam o suficiente para que os engula sem questioná-los – não no sentido ordinário de discordar, mas no sentido rigoroso -, não que não discorde vez ou outra.
Opa! Reinaldo Azevedo é jornalista. Sim, é, mas tem a leitura e consegue a interpretação própria dos fatos inerente à condição dos filósofos. Nas suas interpretações dos fatos e na sua leitura pormenorizada, daquelas que não se prendem no texto, ao contrário, vai ao fundo do subtexto sem esquecer-se do pretexto, faz filosofia das mais ricas.
Não coincidentemente, os três foram da esquerda, Carvalho foi do Partido Comunista, Azevedo era trotskysta da Libelu, e ambos passaram pelo caminho do que chamo de evolução, para citar outro filósofo político sem formação filosófica clássica, Roberto Campos, que dizia que na juventude todos têm a obrigação de serem socialistas na juventude, depois ficam inteligentes e tornam-se capitalistas (não exatamente nessas palavras, mas com esse sentido, segundo minha livre interpretação). Digo não coincidentemente porque também tive idéias esquerdistas, achava que só o socialismo salvaria o mundo e essas baboseiras que os filósofos e falsos filósofos de esquerda, que ainda não amadureceram, defendem, cada um com sua própria argumentação canhestra, como um mantra revelado pelo próprio Deus Che Guevara ou pelo seus messias Lula.
Se amadureci o suficiente para deixar de ser chamado de imbecil, não sei, mas me arvoro na condição de ser em ascensão. Um dia chego lá, embora sem filosofar, mal mal me dando ao trabalho de interpretar o mundo político que me cerca, entre muitos erros e alguns tiros na mosca.
Não são raros os momentos, deixando a modéstia descansando na cadeira aqui ao lado, em que vejo um dos três interpretar algum episódio da mesma forma com que interpretei alguns dias antes.
Hoje, lendo este artigo do Azevedo, vejo ele dar sentido similar às diretrizes políticas e suas aspirações políticas que eu dei em julho, neste post. Sem falar que ele repete o que falei ontem em conversa no Twitter, corroborado hoje por uma fala da presidente. Disse ela: “A verdadeira faxina que o Brasil precisa é a faxina da miséria”, Ao ouvir isso, comentei aos amigos tuiteiros: “Se ela diz que a faxina que o país precisa é a faxina contra a miséria, então a faxina política foi apenas um acidente de percurso”. Eis que Azevedo fala o mesmo.
A presidente TEVE que faxinar, não por vontade própria ou por pressão e sua base de apoio político, mas porque a imprensa a pautou e ela, no afã de distanciar-se da práxis tolerante de seu antecessor com a roubalheira, os desmandos e as falcatruas contumazes de seus camaradas, assumiu a máscara de paladina da ética, da moral e da honestidade, algo que Lula tentara incorporar, mas se traíra ao fechar os olhos e assumir uma falsa ignorância dos roubos que aconteciam sob sua barba tratada a preço de dólares, depois das desgrenhadas de antes de tornar-se paz e amor.
De quebra, o artigo do Azevedo me traz um filosofozinho de esquerda defendendo a roubalheira como forma de manter a governabilidade, deixando escondidinho seu propósito de ver o ex voltar com força em 2014. Se a imagem de proba colar na presidente, algo que de fato ela não é, a fantasia de probo de Lula enlameia-se e ele perderá força na luta pela sucessão. Aguardemos que o pau está comendo no ninho vermelho.
©Marcos Pontes
6 comentários:
Estudando há um ano, e até hoje não aprendi nada de filosofia. E não sou, assim, uma comedora de capim. O trem é difícil mesmo. E pelo pouco que já pude absorver, só vejo por aí - exceto os expoentes de sempre, Pondé incluso (gosto muito dele) - só vejo a filosofia de botequim. Nazesquerda, então... puff!
Destaco a parte em seu texto, que parece nem teve essa pretensão, mas considerei bastante: nós, que lidamos nas redes sociais e ainda temos blog, escrevemos muito em um ou em outro, acabamos por reconhecer nossos pensamentos em escritos de outrem. O que seria, mesmo, isso? Gente que nos lê e é por nós influenciada ou apenas frequentamos timelines de quem pensa bem parecido conosco, ao ponto de acharmos que escrevem o que pensamos - e dizemos? Não sei, confesso. É o "dilema Tostines" da blogosfera....rsrs
Filósofos e filósofos de botequim,texto que mostra a realidade explicita e real dos caminhos da politica brasileira em lendas inventadas e compactuadas com a ignorancia popular. A verdade pura e cristalina o objetivo maior sempre foi a busca do poder por poder,nunca com ideaís de fazer uma nação melhor.
Filósofos e filósofos de botequim,texto que demosntra a realidade politica farsante dos tempos,onde o interesse maior sempre foi o poder pelo poder,nunca para melhorar a estima e condições de vida dos Brasileiros. Mitos criados na ignorancia popular que na verdade nunca passaram de politicos intencionados a benfícios e bem estar do poder.
A filosofia, ao mesmo tempo em que exerce um fascínio enorme sobre a minha pessoa, também me assusta e muito!
É, mineiramente falando, rs, um trem danado de complicado, sô!
Fico na concordância com a Regina, a maioria é realmente filósofo de botequim... mas a dúvida, agora, ficou bem mais forte: será que concordo com a Regina porque ela postou a resposta primeiro e me influenciou ou porque somos amigas e partilhamos a mesma linha de pensamento? E agora?
Esse texto merece ser compartilhado, tanto é que vou postar no meu blog, porque as pessoas que têm o mínimo apreço pela leitura precisam ser reconfortadas com a possibilidade de saber que ainda existem seres pensantes, em condições de construir roteiros de ideias que apontem caminhos para grandes possibilidades.
Não é para isso que serve o talento dos sábios?
A mediocridade pode facilitar o trabalho de muitos que apenas tapeiam nosso povo induzido a se contentar com pouco, principalmente os governantes, mas isso nos condena ao atraso, mesmo no processo natural da evolução.
José Serra propôs o Brasil que PODE MAIS, pena que o eleitor decidiu continuar vivendo o padrão "popular", ou seja, de baixa qualidade.
O pensar é um atributo humano, mas o pensar criticamente é um atributo filosófico, o texto é bom, embora discorde de alguns pontos, mas mesmo o discordar é filosófico, pois não fosse assim não haveria o movimento, seria como o moinho se entendendo com o vento, e os dois ali parados.
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