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segunda-feira, abril 14, 2008

bessinha

  • Uma CPI para apurar os gastos com os cartões corporativos já era palhaçada suficiente e gastos maiores do que os investigados e, pior, sem qualquer resultado prático esperado. Apenas pinimba eleitoreira. Agora, duas CPI já é um absurdo enorme. CPI nenhuma trás qualquer mudança efetiva na bandidagem oficial, estão querendo enganar quem? Até a imprensa acéfala já cansou-se dessa brincadeirinha de roto policiando o mal lavado.

 

  • Relatório da ONU afirma que biocombustível é crime contra a humanidade. Segundo a lógica dos cartolas, deixarão de ser plantados alimentos para serem plantados combustíveis. São os profetas do apocalipse se manifestando. Isso se todos os países do primeiro mundo resolverem plantar etanol, o que é muito pouco provável, primeiro porque seu clima não ajuda, e em segundo lugar, as terras agricultáveis se hipervalorizariam num momento em que a economia mundial encontra-se capengando para evitar a queda escada a baixo. Países africanos poderiam se tornar grandes produtores de etanol, ou, pelo menos, de matéria prima para, mas há interesse dos ricos incentivarem a produção africana para depois importarem o produto? Claro que não. Não foi à toa que Chávez manifestou-se contra  a produção de biocombustíveis pelo Brasil, seu país vive praticamente do petróleo que teria queda de preço se uma alternativa fosse lançada em grande escala no mercado. Voltando à África, o continente hoje é quem dá as cartas sobre o preço internacional do cacau, através da Costa do Marfim, da borracha natural e do café, produtos que antes tinham na América do Sul (leia-se Brasil) a maior produção mundial. Para eles plantarem cana ou milho para moverem o mundo, é só uma questão de permitirem. Talvez aí esteja a chave para a diminuição das diferenças sociais mundiais, mas os países ricos não quererão dividir suas riquezas, pregam para que os países em desenvolvimento o façam, desde que eles não precisem desembolsar qualquer centavo para isso. Discursinhos hipócritas que não são levados a sério por ninguém, nem por eles mesmos.Não é por acaso que a ONU não é maisrespeitada a não ser por povos em total desespero.

 

  • E a crise está chegando por aqui, fiquem espertas, crianças. O superávit da balança comercial vem caindo, resultado da retranca internacional. Nos EUA até a merenda escolar está mais cara, os europeus fecham as pernas com medo da naba... No Brasil ainflação está em crescimento e Lula acha bom (putaquemepariu! Não era ele que combatia a inflação há duas décadas? Não era ele quem se gabava de manter a inflação controlada? Que cara de pau!).

 

  • No Rio, Crivella; em São Paulo, Marta. Depois neguinho vem à rua reclamar como se Santo Antônio o tivesse enganado...

 

  • Tarso Genro, ontem à noite na Band, disse que Lula poderia apoiar dois candidatos à presidência no primeiro turno, para isso acontecer, basta Aécio sair do PSDB e se candidatar pelo PMDB. Eu venho cantando essa música há meses e tem gente me chamando de doido. Ao ser perguntado se isso não seria insólito, o presidente apoiar dois candidatos, a magnífica resposta de Genro foi "o Brasil é um país insólito". Em outras palavras, aqui vale tudo, até dançar homem com homem e mulher com mulher, até anta ser ministro é possível. Aliás, pode até jegue ser presidente.

 

  • Os Estados Unidos fizeram beicinho, bateram as tamancas e ameaçaram guerra por conta dos programas nucleares iraniano e norte coreano, mas acaba de assinar um acordo com Israel sobre um reator nuclear. E ainda aparecem defensores da política externa da besta Bush e seus asseclas.

domingo, abril 13, 2008

A cólera que ficou - Parte III

Mais un desafio literário. A idéia foi da Adriana, que também começou a narrativa. O David fez a segunda parte . Aqui está a terceira parte e a Thayse deverá encerrar essa primeira rodada. Se vamos dar o conto encerrado depois da participação da paraibaninha, não tenho idéia. Quem quiser entender o enredo e se divertir, siga a seqüência; Adriana, David e eu, depois a Thayse.

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charles_bukowski

A fuga do escritório lhe dava um alívio, a quinta-feira ficou com cara de sábado, dia em que só a peãozada trabalha, não um executivo como ele. Ora, cacete, fizera faculdade, ,mestrado, MBA pra quê? Escorar a bunda numa cadeira acolchoada, rodeado por beócios e diretores ególatras? Uma ova!

Em casa passara pelos esculachos desmedidos da mulher, no escritório, esporros dos chefes, chefes, aliás, que deveriam ser subalternos. Que dane-se tudo isso. Agora era só decidir que rumo tomar. Voltar para o apartamento e encher a cara o resto do dia com a vodka, ou sair zanzando pela cidade e seu tráfego barulhento e caótico?

O que precisava mesmo era de um afago, os braços quentes de uma mulher, o consolo de palavras ou do sexo... Onde encontrar isso numa quinta-feira de manhã se ela não perdoara aquela única traiçãozinha?

Saiu à toa, paletó em uma das mãos, a garrafa de bebida na outra, um gole de vez em quando, enquanto observava sem qualquer interesse a turba humana que o cercava, sempre apressada, caras sisudas, todos com um lugar para onde ir, alguém os esperando, um sorriso e uma trepada no final do dia. Ele, agora solitário, sem perspectiva, a conta no banco castrada pela metade, a casa vazia, entregue às baratas e ao cheiro do mofo nas fatias de pizza espalhadas sobre a mesa.

Qual é? Que sentimentozinho de auto-piedade era esse que se apresentava agora? Isso também é muita bichice! Homem que é homem não fica se lamentando e nem bebe para esquecer, isso é apenas desculpa. O álcool é apenas um catalisador para nova organização de sua vida.

Enquanto zanzava se perguntando para onde ir, decidiu-se seguir em linha reta, quarteirão após quarteirão, talagada após talagada no líquido branco que descia o nível na garrafa e subia pelas veias até o cérebro.

Nessa caminhada sem rumo sente a vibração no bolso da calça. Atende ao celular sem qualquer bom humor, apenas pelo hábito de atender a qualquer chamado a qualquer hora.

- Onde o senhor está? A reunião já começou, precisamos de seus relatórios.

- Vá à merda! Enfia essa porcaria de empresa no rabo!

Antes de receber o anúncio da demissão sumária, desligou o aparelho e o atirou no meio do asfalto. Cacos para todos os lados e um silêncio absurdo no cérebro. Sentia que acabara de tirar o pescoço de sob a lâmina de sua guilhotina particular. Continuaria andando até mudar de idéia ou até que o álcool lhe desse uma solução para a vidinha sem graça, que dava-se conta agora, que vinha vivendo.

quinta-feira, abril 10, 2008

Sem Compromisso

boate

 

Quinta-feira é o dia em que a casa ferve. Seus três ambientes superlotam.

No térreo o restaurante e suas mesas forradas de linho, decoração rica, garçons no mais nobre dos uniformes. As luzes indiretas dão um clima de romance muito bem aproveitado pelos comensais, casais das mais diversas formações. No lugar de cadeiras quadradas, poltronas em semicírculo, forradas de couro. Nos cantos vasos com plantas altas que encobrem das vistas curiosas os sofás confortáveis. Ambiente propício para os romances mais tórridos, mesmo que por apenas uma noite.

No segundo andar a boate. Os caçadores e candidatos a caça se aglomeram sob as luzes nervosas, o barulho de músicas ou apenas aglomerados de notas eletrônicas. Sem mesas, apenas alguns bancos altos próximo ao balcão e as camas separadas da pista de dança por cortinas translúcidas, daquelas que mostram as silhuetas dos casais entrelaçados sem permitir que sejam reconhecidos. A clientela é responsável pela excitação dela própria.

No terceiro piso, o restaurante íntimo. Músicas suaves, decoração oriental com biombos separando os boxes que admitiam até seis pessoas. Em cada boxe uma enorme mesa quadrada à altura dos joelhos de uma pessoa de estatura mediana. Ao seu redor, almofadas. Quem se internava naqueles boxes ia para comer, fosse o que fosse, do sashimi à carne crua. Naquele ambiente ajaponesado, a bebida mais consumida não era o saquê, mas energéticos e champagne.

O restaurante oriental era o ambiente preferido do garçom Adelino. Embora jovem e bem apessoado, Adelino não gostava de barulho, gente suada, e as luzes piscantes e coloridas o deixavam tonto. No restaurante, por ser mais caro e mais íntimo, as pessoas eram mais tranqüilas, o serviço menos acelerado e as gorjetas mais generosas.

Naquela quinta, casa lotada, a sala de espera pelos boxes estava grande. Na sala de espera, em sofás circulares, a clientela tomava seus drinques e se sociabilizava. Não raramente ali se formavam novos casais, um casal se desfazia e intercambiava-se com outras duplas. Liberado um boxe, os fregueses definiam se iam juntos ou algum cederia a vez para outro.

Duas e meia da manhã, apenas três pessoas aguardavam sua vez para a refeição. Há quem goste, e não são poucos, desse tipo de jantar. Um casal se beijava e uma mulher os acariciava, sem pudores, à vontade sob os olhares vidrados dos três garçons que se esforçavam para darem conta dos pedidos sem perderem muito da cena ardente.

Uma sineta toca e um dos garçons, passos apressados, já pensando no retorno nada discreto à sala de espera, some pelo corredor em penumbra proposital. Uma campainha toca e outro garçom dirige-se para a cozinha de onde sairá apressado carregando uma bandeja coberta por redoma de prata e um balde com gelo e uma garrafa de champagne.

Sozinho atrás do balcão, Adelino encabula-se, mas não consegue evitar os olhares para o trio cada vez mais ofegante. Seus olhos cruzaram-se rapidamente com os da mulher que velava os amassos do casal. Profissionalmente tímido, baixa o olhar, acidentalmente olha para sua calça estufada abaixo da fivela do cinto. Volta a olhar para o trio e recebe o olhar fixo da mulher.

Morena, sem pintura, sem jóias ou bijuterias, olhos grandes e pretos, ela descruza as pernas, deixando-as ligeiramente afastadas, permitindo que Adelino veja o fundo azul escuro de sua calcinha. Aquele convite mais explícito que se fosse de palavras não permitiu que ele desviasse novamente o olhar.

Ela afagava o cabelo do rapaz com a mão direita, enquanto a esquerda puxava ainda mais pra cima a saia curta mostrando as pernas douradas de sol e o que Adelino antes adivinhara: a calcinha pequena, apenas dois fios prendendo aquele triângulo minúsculo de lycra.

O primeiro garçom a ter saído, volta acompanhado por dois casais, entrega a pequena pasta para Adelino que confere a conta e o pagamento feito. Os quatro descabelados e sorridentes abrem a porta e desaparecem, mas ninguém percebeu. O garçom pede que o trio o acompanhe para o boxe livre. O casal levanta-se, mas a morena permanece onde está. Os dois olham rapidamente para ela, mas, pela direção dos olhos negros, percebem que o trio combinado se desfizera. Para os dois funcionários nada surpreendia mais. Somem na penumbra o garçom e o casal.

A morena faz um aceno chamando Adelino para sentar-se ao seu lado. Envergonhado com sua ereção, o garçom sai de trás do balcão com uma bandeja na mão. Envergonhado, sim, mas não o suficiente para recusar a tão incisivo convite.

Chegando à frente da moça, sem uma palavra, estica a mão livre. Ela lhe dá a sua. Com um leve puxão, ele a obriga a levantar-se. A leva para o fundo do corredor. Sabia que o último boxe estava sempre livre. Às vezes o patrão aparecia e queria jantar sossegadamente, mas nunca àquela hora. Nesses dias o boxe ficava livre para os garçons e suas eventualidades. Ela pegou uma pequena bolsinha que estava sobre o sofá e ele deixou a bandeja ali.

Já amanhecia quando o boxe abriu-se e os dois saíram. Ele sem gravata, camisa fora da calça, cabelos desgrenhados e marcas de unhas nas costas, no bolso uma calcinha azul. Ela tentando arrumar os cabelos, um sorriso de satisfação nos lábios.

- Nos vemos amanhã?, pergunta ele demonstrando implicitamente o prazer que sentira.

- Acho melhor não.

Abre a pequena bolsa, tira de dentro uma aliança, coloca-a no dedo anelar esquerdo, levantando-o para que Adelino compreenda a mensagem. Vira-se e dirige-se à porta deixando um rastro de perfume vencido e sexo.

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Há uma semana passei um dever de casa para a Thayse e para o David: escrever um conto cujo tema fosse um cara salvo do afogamento por uma boneca inflável. Hoje repetimos a dose, e o tema é uma transa fortuita, sem amor, a partir de um encontro de bar. Nenhum dos três já havia escrito um conto erótico, então, vejam vocês mesmos como cada um se saiu.

quarta-feira, abril 09, 2008

Política não é futebol

169 

Os defensores do governo Lula costumam argumentar, quando ouvem acusações de corrupção e desmandos na administração atual, que nunca houve tanta prisão de políticos como atualmente. Eles têm completa razão nessa argumentação. Há séculos se sabe dos desmandos e falcatruas de políticos e há séculos eles ficam impunes, mas nesses últimos seis anos, graças a mecanismos de fiscalização, melhor treinamento da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, administradores públicos têm perdido seus mandatos e sido levados às barras das cadeias e dos tribunais com uma freqüência assustadora.

Durante o governo FHC, a Anistia Internacional divulgou um relatório que dizia que a corrupção no Brasil é endêmica. Presidente, ministros e autoridades apareceram nos jornais dizendo que aquilo era uma afronta, uma mentira deslavada, tentando desacreditar o dito relatório e se dizendo ofendidos. Mas se estavam tão ofendidos, por que não procuraram os tribunais internacionais para pedirem reparação por danos morais? Porque, no íntimo, sabiam que o relatório era verdadeiro.

O primeiro presidente da Província de Porto Seguro mandou uma carta ao rei de Portugal pedindo verbas para a construção de um quebra-mar para que as caravelas portuguesas, que vinham aqui traficar madeira, pedras preciosas e gente, pudessem atracar em nossas costas sem riscos por conta das ondas bravias. O rei concedeu o dinheiro. Mal sabia sua majestade que havia um quebra-mar natural se estendendo de Ilhéus ao extremo sul de nosso litoral. Um dos casos mais antigos de corrupção em terras pindoramas.

Pero Vaz de Caminha, o escriba, na mesma carta que comunicava a descoberta das novas terras, pedia ao rei um cargo para seu genro que se encontrava desempregado em Lisboa. Era o primeiro caso de nepotismo de nossa história.

Nesses quinhentos e oito anos seguintes, a corrupção e o nepotismo fizeram-se acompanhar por muitos outros crimes por aqueles que dizem representar o povo e deveriam dar o exemplo.

Nos países orientais, quando um político é pego fazendo alguma falcatrua, lhe restam duas alternativas: ou pratica o suicídio, o que tem acontecido com alguma freqüência, mas pouco divulgado pela imprensa ocidental, ou vem a público pedir desculpas aos seus concidadãos por sua falha de caráter. Na China as punições são severíssimas, podendo levar o corrupto à prisão perpétua, à pena de trabalhos forçados ou à pena de morte.

Por aqui o que vemos, quando um cacique, seja lá de que porte for, flagrado com a mão na botija, seu primeiro passo é acusar os opositores de perseguição política. Culpam a imprensa, culpam o governador, o presidente ou o bispo, mas jamais pedem perdão. Flagrados pelas câmeras, dão sorrisos mais cínicos que marido traidor, numa expressa demonstração de galhofa com os imbecis que os elegeram. Se condenados, somente anos depois de processados, pegam penas leves e, na maioria das vezes, não devolvem aos cofres públicos aquilo que roubaram. Talvez seja esse o motivo de seus sorrisos. A certeza da impunidade e que não precisarão ressarcir ao povo aquilo que dele tiraram.

Pior, quando são condenados, têm sempre direito a dezenas de recursos que levam anos e anos para serem julgados e, nesse período, podem candidatar-se quantas vezes forem possíveis, cumprirem seus novos mandatos sem incômodo e poderem desviar mais e mais dinheiro, como se nada existisse para impedi-los.

Enquanto isso, seus correligionários, uns beneficiados com parte dos recursos desviados, outros apenas por imbecilidade, fazem claque cegos pelo sectarismo político ou por interesses escusos, não percebendo ou pouco ligando que esse apoio aos ladrões é um aval para que continuem roubando.

terça-feira, abril 08, 2008

Comparação, mãe da discórdia

yin_an2 

Quando um pai diz ao filho “você faz tudo errado! Por que não faz como o seu irmão?”, ou quando o professor repreende um aluno que não respondeu corretamente uma questão, sugerindo que ele faça como um dos colegas que têm notas melhores, sua intenção pode até ser boa, mas o método, definitivamente, não o é.

O simplismo nos leva a fazermos comparações absurdas, daquelas que não fazem qualquer sentido. Os amantes do futebol, por exemplo, costumam comparar Pelé e Garrincha. Existe um “futebolômetro” para medir qual dos dois foi o melhor? É como comparar Ayrton Senna e Piquet. Baseado em quê se faz esse tipo de comparação? Elas são feitas, na maioria das vezes, baseadas em gostos pessoais e não numa avaliação técnica, algo que poucos de nós são capazes de fazer, embora todos achemos que sabemos tudo de futebol ou de Fórmula-1.

Quando a coisa fica apenas no campo dos gostos e das paixões pessoais, menos mal, mas quando entra pelos campos mais sérios do convívio social ou quando os debatedores não têm bom senso ou civilidade suficientes para aceitar o ponto de vista alheio, aí a coisa pode descambar para a agressão, duelos físicos longe da boa convivência social.

Quando os jornais noticiaram que um apresentador de televisão havia perdido seu relógio Rolex, de milhares de reais, num assalto e que colocara nos jornais uma carta aberta protestando contra a violência urbana, muita gente se manifestou com desdém, do tipo “mas ninguém fala nada dos trabalhadores que perdem a carteira num assalto de ônibus”. Não é bem assim. Os jornais estão muito mais recheados de violências contra os cidadãos comuns do que contra celebridades. Além do mais, não é porque um pai de família pobre foi assaltado que o assalto ao apresentador é menos grave. Ambos são cidadãos e devem ter sua segurança garantida pelo Estado.

Há dias o assunto mais comentado em quase todos os meios de comunicação do país é a morte da garotinha que foi atirada do sexto andar do prédio onde morava seu pai. O caso é sério? Claro que sim. E deve ser investigado a fundo e seus algozes devem ser presos e pagar pela monstruosidade cometida. Dois dias depois do assassinato dessa criança, em Vila Velha, Espírito Santo, uma outra garotinha foi atirada do quarto andar pelo pai bêbado e desequilibrado. Numa discussão entre adolescentes, um deles disse que o primeiro caso só teve repercussão porque a menina era rica. Opa! Devagar com o andor. Primeiro, a garotinha morta não era rica, seu pai é um incompetente profissional que vive às custas do pai. No primeiro caso, o assassino é um desconhecido, há um mistério novelesco e uma grande exploração da desgraça alheia por parte da mídia que quer vender jornais e revistas, além de audiência nas tevês, enquanto que no caso da menininha de Vila Velha, o pai criminoso foi preso imediatamente, fazendo com que o mistério desaparecesse e o interesse por tragédias que o público nutre fosse junto. Não cabe comparação. Cada caso é um caso e deve ter tratamento diferenciado por parte da imprensa, da polícia e da compreensão do público.

Nos casos do apresentador e no das meninas, o que se ouve são comentários com um fundo preocupante de discriminação social, não por só parte da mídia, mas também do próprio público.

Diferenças sociais sempre existiram e sempre geraram conflitos. Muito se discute em diminuí-las e pouco é feito de efetivo nesse sentido. Sem querer entrar no mérito da questão, o que levaria a uma discussão sem fim e, inevitavelmente, alguns debatedores partiriam para a emotividade e a torcida intempestiva, o atual governo federal tem alimentado essas discriminações, só que no sentido inverso do que era feito antes.

Ricos discriminarem pobres virou uma imoralidade, enquanto pobres discriminarem ricos, há quem afirme que é justiça histórica. Não se corrige um erro com outro e nem se justifica uma agressão com outra.

A ministra das igualdades sociais, aquela que perdeu o cargo por mau uso de seu cartão corporativo, cometeu o absurdo de falar que um negro discriminar um branco não é racismo, apenas um direito histórico conquistado. A pobre mulher estava na pasta errada, sua afirmação não pregava a igualdade racial, mas o contrário. Incitava a um levante de negros contra brancos. Aliás, comparar brancos e negros é outra burrice sem tamanho, ainda mais quando se faz usando a falácia de raças: não existem raças branca, preta, vermelha ou amarela, apenas a raça humana. Essa é uma das mais absurdas comparações que os humanos podem fazer.