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domingo, dezembro 21, 2008




Salve, gente!


Sei que ando sumido, dois meses sem mostrar a cara por esses lados, mas é que a vida deus guinadas fantásticas e muito boas. Veio o livro, o casamento, algumas viagens, reforma de apartamento, mudança... Agora as coisas voltam a se acomodar aos pouquinhos e consegui aparecer para matar a saudade.


Ainda não vou poder visitar todo mundo e reassumir a freqüência de antes, isso acontecerá aos pouquinhos.


Aos que passaram por aqui e deixaram seu recado, muito obrigado pelo acompanhamento; aos que fizeram crobranças, eis-me de volta; aos que não deixaram recado, mas se fizeram presentes, um abraço.


Vamos ao que interessa. Hoje, lendo o Editorial de Folha de São Paulo, dei de cara com o texto que transcrevo abaixo. Acho que os autores foram muito eufêmicos, bonzinhos ou covardes (talvez previdentes, o que é muito recomendável numa ditadura). Se fosse eu o autor, diria que houve mesmo corrupção da grossa, compra de pareceres, corrupção fedorenta, toma-lá-da-cá e outras coisinhas que são política de estado desde que Cabral por aqui pisou:
Negócio Fechado

O Governo Lula fez o que já se esperava. Atendeu aos interesses de uma das empresas que mais doaram recursos para a campanha presidencial de 2006, a Andrade Gutierrez, e criou um virtual oligopólio no serviço de telefonia em todos os Estados do país, com exceção de São Paulo.

Não foi fácil. Muita “vontade política”, para falar com o presidente, se fez necessária para impor aos consumidores brasileiros a compra da operadora Brasil Telecom pela Oi, que tem a Andrade Gutierrez como uma das suas principais controladoras.

Havia a lei. Foi alterada. Era preciso dinheiro público. Foi concedido. Surgiram focos de resistência entre os membros da agência que regula o setor, a Anatel. Nomeou-se uma personalidade sem experiência na área para aprovar a fusão. O Tribunal de Contas da União estranhou o negócio. Opiniões foram mudadas – em questão de 24 horas.

Os interessados tinham pressa. Se a compra não fosse aprovada até hoje, a Oi teria de pagar uma multa contratual de R$ 490 milhões à Brasil Telecom. O ministro da Comunicações, Hélio Costa, resolveu então levar ao pé da letra as suas atribuições. Comunicou-se. E foi assim que, depois de uma conversa com o ministro do TCU que resistia à operação, dificuldades de última hora foram superadas.

A Oi se livrou assim do incômodo de pagar R$ 490 milhões e pode celebrar o que, mesmo a olho nu, parece ter constituído um excelente negócio.

Já o contribuinte brasileiro não recebe maiores satisfações pelo fato de que muito mais dinheiro foi injetado pelo BNDES e pelo Banco do Brasil para possibilitar a transação. Do BNDES vieram R$ 2,6 bilhões. Do Banco do Brasil, R$ 4,3 bilhões. Fundos de pensão também foram convocados a participar da transação, cujo valor total se estima em R$ 12,5 bilhões.

Isso tudo ocorre num momento de aguda necessidade de crédito nos mais variados setores produtivos. O novo conglomerado não criará novos empregos, pelo que consta. Ao contrário, nessa área, tudo se resume a seu compromisso de não realizar demissões até abril de 2011.

Qual a justificativa do governo Lula para se envolver escancaradamente no negócio? Argumentou-se que, num mercado onde predominam empresas estrangeiras, seria estratégica a presença de uma grande operadora nacional de telecomunicações.

Todavia, uma surpresa estava reservada para esse último capítulo. Descobre-se agora que não existem mais impedimentos a que a nova empresa seja vendida a grupos estrangeiros.

Fecha-se, assim, o ciclo de uma espetacular sucessão de casuísmos, acomodações de interesses e jogadas clandestinas – na qual, diga-se de passagem, também a oposição parlamentar participou, quando chamada a intervir.

O negócio está feito. Apesar da complexidade dos detalhes, não é difícil resumi-lo ao essencial. É um caso de compra e venda. Nada mais que isso.

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