Três momentos da presidente no Rio, ontem: 1. Seu desfile por uma rua,entre as centenas destruídas, o ar sério, ladeada pelo governador, dezenove seguranças e da Presidência, policiais, papagaios de pirata, jornalistas... Uma multidão; 2. A chegada alegre ao campo do Fluminense, sorriso largo, foto posada com a camisa do clube, acenos para a insignificante patuléia das arquibancadas ao lado do governador, 19 seguranças, policiais, jornalistas, como se estivesse chegando de um chá com as amigas onde haviam discutido banalidades cotidianas; 3. Novamente a máscara séria de pessoa preocupada durante a entrevista coletiva, o esforço para tirar do aliado Cabral a culpa por qualquer falta de ação que resultaram em mais de 500 mortes, as promessas de reconstruir os Rio e aquela fanfarronice típica de qualquer dirigente desse país.
Aliás, seu antecessor havia prometido reconstruir Santa Catarina, mas, um ano depois da tragédia das enchentes, ainda existem famílias morando em abrigos temporários que já tendem a tornarem-se permanentes.
O mesmo presidente prometeu reconstruir as áreas destruídas nas enxurradas de Alagoas, mas, ao que tudo indica, a ajuda de roupas e comidas arrecadadas por entidades civis foi mais significativa do que a ajuda oficial do governo federal. Nada foi reconstruído, as verbas ainda não chegaram ao destino e a miséria continua no seu rumo à perpetuação.
Quantos morreram há um ano no desmoronamento do Morro do Bumba, em Niterói? Quantos foram retirados, receberam moradia decente em locais seguros? Qual é o montante, por família, para o tal aluguel social ou ajuda aluguel ou sei lá que nome tem? Um miserê que não permite que se alugue um imóvel decente.
Em poucas horas a presidente mostrou suas três caras, de consternação, de satisfação com o puxassaquismo e de técnica estóica. Essa técnica estóica mostrou-se também boa companheira ao isentar o estado e município das responsabilidades numa clara egolatria, uma vez que a Constituição Federal alega que o uso do solo urbano é atribuição dos municípios. Ao tomar para o governo federal a responsabilidade, mostra, além do desconhecimento das leis, algo que seu antecessor mostrou dominar como um craque de quatro patas, que anseia pela aura de heroína nacional.
Do governador fluminense nada falo. Como diria no populesco, não vale a pena gastar vela com defunto ruim. Esse senhor nada mais é do que um populista de palácio. Cada vez que brinda seus concidadãos com sua presença, tirando férias das férias parisienses permanentes, é para falar bobagens, assumir uma empostação de voz típica de vendedores de Bíblia; falar o que o populacho gostaria de ouvir; vomitar razões que sua própria razão desconhece com soluções para todos os problemas de seu estado, sem nada resolver. Ano após ano as desgraças de verão se repetem; durante todo o ano o flagelo do tráfico de drogas se fortalece; emprega toxicômanos contumazes, como Carlos Minc, enquanto defende a legalização das drogas. Nada acrescenta à qualificação dos políticos nacionais.
A presidente, porém, que já demonstrou não ser tão fantoche do seu mentor político e antecessor, mostra ter alguns mesmos defeitos de personalidade dele, a empáfia, a destreza da desfaçatez, mudando de pele, cara e discurso de acordo com a platéia para quem fala.
©Marcos Pontes
3 comentários:
Nesse seu último paragráfo você fez um auto-exame de consciencia perfeito.
Tudo o que voce falou de Dilma, me lembrou você mesmo.
Mudam os atores, mas o espetáculo é o mesmo, cada vez maior a desfaçatez e desrespeito ao cidadão.
Até que desgraça maior me atinja, não me sinto responsável e fico indignado com a atitude desses brasileiros do RJ.
Sei que a tragédia que se abateu, e todos os anos tem visitado o RJ, nenhuma atitude politica poderia resolver. O que deveria ter sido evitado era a ocupação. Isto não foi feito, foi o contrário, foi incentivado, legalizado, urbanizado e se fez campanha politica nos locais atingidos.
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