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sábado, julho 23, 2011

Educação é a saída. E daí?

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Educação, esta é a saída e todos sabem disso desde tempos imemoriais. Sempre se soube que quem detém o conhecimento tem o poder, talvez e provavelmente por isso ela jamais foi prioritária, a não ser nos discursos de campanha.

Para doenças crônicas, remédios amargos. No governo FHC criou-se o PDV, Programa de Demissão Voluntária, que visava desinchar a máquina, a começar pelo Banco do Brasil e estendido a outras estatais e empresas de economia mista. Retiravam-se da ativa funcionários descontentes, ineptos, cansados pela repetição da rotina (desculpem, mas a redundância aqui se aplica). Através de prêmios pecuniários, afastavam-se quem não mais produzia e a informática ajudava a cobrir a diminuição dos quadros. Bom, funcionou até o governo assumir a presidência e os cargos foram preenchidos “emergencialmente” por “companheiros” despreparados, mas aí é outra novela de quinhentos capítulos.

Programa semelhante ao PDV seria minha proposta para a educação pública. Estados, municípios e União poderiam oferecer prêmios, como um ano de salário e mais todos os direitos trabalhistas para quem desejasse se afastar das salas de aula. Aqueles desestimulados que persistissem, por insegurança ou pela facilidade de ganhar sem trabalhar, que fossem afastados das salas de aula e colocados em serviços burocráticos, cantina, secretaria, biblioteca, zeladoria, o que fosse, mas longe da educação formada das crianças e adolescentes.

O segundo passo seria ir às portas das universidades contratar, com salários maiores e melhores condições de trabalho, jovens cheios de gás, dispostos a trabalhar de verdade e sem a terrível estabilidade. Ao fim de cada ano os professores seriam avaliados e aqueles que não cumprissem metas seriam enviados a recapacitação, teriam uma segunda chance. Na terceira reprovação, seriam definitivamente afastados.

Seria um programa caro, demorado e controverso? Sim, seria, e talvez nem tivesse o resultado que eu e os pais e cidadãos preocupados com a má formação dos nossos jovens desejamos que fosse alcançado, mas seria uma chacoalhada na mesmice, na inoperância e na falsificação de índices oficiais.

Japão e Coréia são exemplos citados à exaustão no que se trata de investimento em educação e lá também não foi fácil e nem barato, mas o resultado todo o mundo conhece, os dois países tornaram-se referencial em educação e potências econômicas que tremem de vez em quando, mas não quebram.

Os jovens professores seriam a garantia de melhoria na qualidade? Talvez não. Há poucos dias tive uma discussão com um professor de história (ah, sempre os vermelhinhos...) que alegava que não se pode aprender história através de vídeos. Um outro nega a Bíblia não apenas como guia religioso, algo que respeito, é um direito dele, mas também como documento histórico. Um sujeito que não reconhece todas as referências a costumes, personagens, geografia, organização política e tudo o mais a que a Bíblia se refere jamais daria aula a um filho meu. E, como disse antes, nem são senhores velhos e desestimulados, mas dois jovens com menos de trinta anos. Num programa como o que proponho corriam o risco de serem jubilados, mas não invalidam a idéia da proposta. A jubilação de professores levaria, ou deveria levar, à reestruturação também do ensino de terceiro grau e formação de professores. A partir do ensino fundamental a reforma qualitativa poderia chegar à pós-graduação.

Chega de casuísmos populistas, como a proposta inconstitucional de Cristóvam Buarque de obrigar homens públicos a matricularem seus filhos em escolas públicas. Não conheço a família do Buarque, mas fica a pergunta: se ele tem filhos, esses filhos estudaram em escolas públicas? Hummm...

Chega de cotas, de ENEM ideológico, de ENADE desrespeitado e todos os artifícios e artimanhas que a esquerda vem experimentando sobre nossos jovens sem resultados palpáveis. Chega de currículos politicamente corretos e escolas sucateadas. Chega de professores faltosos, diretores coniventes e fiscalização capenga. Chega de educação politizada em favor de prefeitos, governadores, deputados e presidentes. Procure nos jornais ou na memória nomes de homens e mulheres eu tornaram-se boas referências em suas áreas, seja política, científica ou empresarial, faça uma pesquisa e veja em que tipo de escola estudaram. Aposto dez contra um que a maioria vem de escolas conteudistas e tradicionais, sem essas invenções experimentais construtivistas, Nova Escola e sabe-se lá quantas outras mais. A vida não vive de modas e o sucesso está diretamente relacionado ao conhecimento e não à habilidade em tocar tambor, trançar drads nos cabelos, tatuagens, peladas em campo do bairro, endeusamento de personalidades duvidosas e politicismo correto.

 

©Marcos Pontes

12 comentários:

Tuca/Marilda disse...

Sim, a EDUCAÇÃO é a saída para a ventura da VIDA. Ela está sempre nos preparando para um passo além, uma descoberta inusitada da alma e uma formação interna e forte do espírito humano. Não é só na ESCOLA o ambiente próprio para que ela se desenrole; é dinâmica, indutiva e faz claras ressalvas no que vem como errado,parecendo certo. A EDUCAÇÃO começa pela família, espalha pelos relacionamentos, avança na escola e termina na família. Um CÍRCULO MOTIVADOR E CONTÍNUO para todos que desejam abarcar o que a sabedoria tem aos que a buscam com ânsia da alma.

abelheira disse...

Sou professor.
Recordo-me bem, ainda criança, de encontrar pela primeira vez um professor meu em um mercado. Parecia que eu via um ET. Fui preenchido por um misto de supresa, admiração e uma pequena dose e medo. Isso tudo 'apenas' por ter visto um ser humano na rua.
Acontece que não era um ser humano qualquer. Era um professor.
Igualmente, memória viva, lembro-me de ter encontrado pela primeira vez uma aluna em uma papelaria. Ela mirou-me com o mesmo olhar que votei ao meu professor, 15 anos antes. Fiquei feliz por não ter percebido medo naquele brilho que seu sorriso emanava.
Foi naquele instante que entendi. Como pude ter medo de um professor?
Com todo respeito ao meu mestre, o que ele lecionava era inútil. Reservo-me o direito de não revelar a disciplina (garantindo que não é História, nem Biologia nem Inglês), mas seus ensinamentos não tinham a menor praticidade no meu cotidiano.
Somos reféns de um currículo francês que tem a pretensão de cobrir tudo e que, ao cabo, ensina nada. Concordo com quase todo o texto, adicionando que sem uma reforma curricular que anteceda tudo isso não vejo um horizonte distante onde possamos confiar nossos filhos e netos a jovens e motivados educadores.

Geraldo Morais disse...

Mario Pontes, coloca o dedo na ferida, nossas escolas estão em estado de coma, com professores desmotivados, estressados e muitos doentes, é preciso urgentemente uma ação revigorante no corpo docente que com certeza vai se refletir na motivação dos nossos jovens de irem a escola, coisa que hoje eles fazem a duras penas. parabens pela analise lucida e inteligente da realidade da nossa escola.

Aparecido disse...

Esse seu artigo deveria ser encaminhado à Dª Dilma( http://www.brasil.gov.br/fale-com-o-governo). Talvez ela desistisse da idéia de criar o bolsa turismo, para que estudantes fossem se formar no exterior, nas 30 melhores universidades do mundo. Imagino eu que ela esteja olhando para o mundo Cubano e Chinês, mas isso é outra estória.

Angela disse...

A educação é um processo sistêmico, que envolve diversos fatores como disse a amiga Marilda. Mas hoje cabe principalmente à escola, a formação dos aspectos sociais, psicológicos, cognitivos, afetivos e agora até ideológicos e políticos...pois os pais não têm tempo ou preparação para isso.
Mas com o atual descaso com a educação pelo (des)governo petralha, vemos cada vez mais os jovens se encaminhando para uma pseudo-realidade onde o foco tornou-se o circo (pois o pão o governo dá, sem esforço)...as cotas estão garantidas e ai de quem queira pensar diferente.
A educação só vai melhorar quando dissermos BASTA! Chega de tanta manipulação e tanta usura.
Chega de criar eleitores para um governo populista.
Chega de professores desestimulados e despreparados.
Chega de conivência! Chega! Quero meu país de volta.

@Jotape1944 disse...

Sem dúvidas, a Educação precisa de uma chacoalhada. Do jeito que está o "E" maiúsculo perde o sentido. Entre outras, é na área do ensino que, no Brasil, é grande o índice de corrupção. E mais: quanto mais o estabelecimento de ensino se afaste dos grandes centros, maior é o desastre.

Fusca disse...

Concordo com a brilhante e oportuna análise, professor Marcos. Infelizmente a coisa está piorando, a lavagem cerebral esquerdopata dominando de forma intolerante o "pensamento oficial, politicamente correto, dominante e total" da classe governante e dos acadêmicos auto-intitulados "intelectuais", "progressistas", etc. - eufemismos para verdadeiros zumbis.
Presenciei cena dantesca (ou kafkiana) de intolerância ontem na USP: a simples menção das tentativas de censura ou desaprovação do livro 'Caçadas de Pedrinho' por uma participante da ANPUH na USP levou a uma saraivada de 'pedras' de professor enfurecido que chamou Monteiro Lobato de racista, etc. e frisou - como se alguém tivesse questionado - que Monteiro Lobato não foi censurado pelo governo petista. Fechando o tempo, quem não reza pela cartilha protocomunista ou galo-marxista (ouviu o galo cantar mas assume o marxismo sem nunca ter lido O Capital), é coberto de pedradas e chamado de imbecil. Nem no regime militar vi tamanha intolerância. Hegemonia mao-stalinista total no meio acadêmico. E ai de quem ousar questionar 'historiadores' e 'educadores' oficiais...

Mhhffddf disse...

Na atual conjuntura, essas propostas se aplicariam de maneira ideal para tentar devolver a dignidade na Educação brasileira, entretanto com esses nossos governantes que não querem a população instruída, me parece mais um sonho. Mas não vamos nos deixar manipular, expor um ponto de vista como o do Sr. Mario já um passo a dá nos muitos outro que deveremos ter daqui pra frente para tentar ajudar na educação do Brasil. Parabéns!

Rose disse...

Os atuais governantes e seus aliados confundem Educação com doutrina, estão fazendo do ensino público um instrumento de louvação aos seus líderes e destruição da imagem e da honra de seus opositores.
Preocupação com qualidade é zero, o que importa é a idolatria.
Nem religião gera tanto fanatismo.

Beatriz disse...

Parabéns! Chega, chega ..chega!

Temos, pelo menos, umas 5 gerações perdidas! Desde os anos 60 - summerhill - e outros absurdos que a educação mundial foi tomada pela esquerda.

Educação e cultura. Hoje ninguém mais tem educação. Vivemos a barbárie. Nos palcos , nas igrejas, nos jornais, nas tvs ..no cinema...é um festival de lixo cuultural. artes plásticas , então, uma lástima.
E assim vão se formando hordas , tribos de pessoas sem um pingo de valores, de moral. E , dessa forma, tudo ficará muito pior. Os paspalhos de hoje serão o poder de amanhã como vemos os terroristas de ontem serem os governantes de hoje.
Cutcou a ferida, Marcos, é bom. assim que se purga, se expreme esse veneno. não vamos desistir de criticar, mostrar que há saídas diferentes dessa mesmice aterrorizante. Ninguém mais tem polidez. vivemos cercados por quase animais.

APACONT.org.br ligue para 021-3472-1785 ou 3455-6554 disse...

Com certeza a Educação não é ato privativo da escola, mas esta é sim essencial à formação humana. Defesa do Consumidor é www.apacont.org.br http://goo.gl/jsZMK

opcao_zili disse...

Nada a acrescentar ao seu estupendo artigo.Você disse tudo o que eu gostaria de dizer como professora que já fui, de escola pública.
Parabéns meu amigo!