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segunda-feira, junho 19, 2006

Vivemos uma época de celebridades tão fugazes quanto um espirro.


Deu na Veja: As companhias telefônicas estão boicotando as ligações via Skype. Quando os equipamentos das companhias detectam uma ligação desse tipo para um aparelho fixo, criam pequenas interferências dificultando a ligação e diminuindo sua qualidade, como chiados, diminuição no volume das vozes, queda de linha etc. Claro que seria mais barato diminuirem os custos das ligações normais, mas... Coisas do capitalismo. Se a Anatel funcionasse para dar suporte aos consumidores, como deveria ser, e não às empresas, como de fato o é, valeria a reclamaçãoo.
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Voltando à Veja.
O eixo Itabuna-Ilhéus, ficou conhecido no Brasil e em boa parte do exterior, por conta das obras de Jorge Amado e por ser o maior produtor de cacau do mundo. Por décadas a região foi o maior gerador de impostos do estado e manteve a corte em Salvador nadando em dinheiro. Tornou-se um grande pólo turístico, um dos maiores do país.
Os fazendeiros de cacau compravam apartamentos em zonas nobres do Rio de Janeiro e Salvador, mandavam os filhos estudarem na Europa, só andavam de carros novos que eram trocados a cada ano, geravam centenas de milhares de empregos e, como parte do pacote, mandavam e desmandavam nas políticas regional e boa parte da estadual. Elegiam parlamentares e prefeitos, além de serem consultados sobre as indicações e eleições de governadores. Eram os verdadeiros coronéis de que Jorge Amado falava, não havia exagero do escritor nesse tópico.
Em 1987, quatro técnicos da Ceplac, o órgão federal que cuida do cacau, miliantes do PT e do PDT, resolveram minar esse império. Foram a Rondônia - o cacau é de origem amazônica, caso não saibam - e contrabanderaram para o sul da Bahia galhos contaminados com a "vassoura de bruxa", uma doença virótica endêmica da Amazônia, mas que é combatida pelo frutos locais, e disseminaram por grandes fazendas cacaueiras sul-baianas.
O objetivo desses senhores era minar o poderia econômico dos coronéis. Quebrando suas fazendas, diminuiriam seu poder e os combateriam com mais facilidade no campo político. Pode parecer algo heróico do ponto de vista ideológico, só que as consequências foram desastrosas.
Realmente quebraram os grandes cacauicultores, mas geraram a perda de 200.000 empregos na lavoura, fizeram com que milhares de hectares de Mata Atlântica - os cacaueiros precisam da sombra das árvores nativas para se desenvolverem - fossem derrubados para a criação de pastos, geraram bolsões de miséria em diversas cidades, principalmente Camacã, que emigrou em massa para Porto Seguro, gerando um enorme bairro de favelados, criminosos, prostitutas, desempregados, subempregados e subnutridos.
Com o peso na consciência por dezessete anos, um dos autores da façanha veio a público agora e revelou suas ações. Os outros três negam conhecê-lo, o senador César Borges, cacauicultor, foi procurado pelo criminoso arrependido, mas nada fez; o governador Paulo Souto também tomou conhecimento dos fatos e se manteve quieto, mesmo tendo sua família altamente prejudicada, uma vez que é formada por ex-cacauicultores da cidade de Canavieiras e perdeu tudo o que tinha.
Um dos agentes da ação de sabotagem, Geraldo Simões, foi eleito prefeito de Itabuna por duas vezes, sinal de que realmente conseguiu destruir, ou pelo menos diminuir consideravelmente, o poder político os coronéis do cacau. E agora nega conhecer o criminoso arrependido.
O Brasil, antes maior produtor mundial de cacau, hoje importa as amêndoas da Costa do Marfim e os criminosos, ao que tudo indica, ficarão impunes, como é prática no Brasil.

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