Sobrou para alguém: o delegado Protógenes. Ah! O delegado tinha que fazer um curso obrigatório... Está explicado.
Não, não está!
Prosopopéia flácida para bovino adormecer.
Se não havia crise, como fizeram questão de falar o ministro Genro e o ministro-juiz Mendes, por que cargas d’água tiveram que apelar para Lula? O que o presidente tem a ver com os problemas do Judiciário? Ah! O presidente assume o cargo de “magistrado-mor”, segundo a Constituição... está explicado.
Não, não está!
A mesma Constituição prega a independência dos Poderes, o que não ocorre na prática. O que há, de fato, é a interdependência dos Poderes. Eles, os Poderes, negociam entre si constantemente, seja de maneira legal, seja com ameaças, chantagens ou “verbas extras”, o que significa propina oficializada.
Com a prática do cala-boca, práxis histórica, ou se compra o silêncio ou arrebenta-se a corda do lado mais fraco. O delegado Protógenes foi o lado mais fraco da corda momento. Lamento por ele. Esse delegado, independentemente de sua competência, sua honestidade e seus bons propósitos, será colocado na geladeira, enviado para um local distante,como a fronteira com a guiana, por exemplo, e ninguém mais falará seu nome por toda a vida. Em nome da moralidade, do direito amplo de defesa e outros preceitos legais, Daniel Dantas e sua gang continuarão livres e os processos a que respondem no momento, serão zerados, todas as investigações recomeçarão do zero e se arrastarão até que consigam a prescrição dos crimes por ventura cometidos.
Num país sério, Naji Nahas estaria definitivamente banido do mercado financeiro desde a primeira vez em que quebrou a bolsa de valores, época em que pegava dinheiro emprestado de bancos oficiais e aplicava essa grana em ações de suas próprias empresas ou em empresas de amigos, fazendo com que essas ações se supervalorizassem. Daí ele as vendia, pagava os empréstimos feitos e ficava com a fortuna acumulada com a venda dessas ações podres que não valiam nada. Qual o quê! Continuou livre e cada vez mais poderoso.
O que Grenhalg fez foi legal? Procurar o assessor direto da presidência para investigar se seu cliente, o santinho Braz, estava sendo perseguido pela Polícia Federal, pode ser considerado legal? A meu ver, isso é, no mínimo, tráfico de influência e obstrução da justiça. Ou será que qualquer advogado pode apelar para o mesmo expediente? Qualquer advogado pode ter acesso às investigações secretas da Polícia Federal para livrarem a cara de seus constituintes? Advogados comuns sequer têm acesso ao secretário do presidente, Grenhalg consegue isso por ter influência, por ser amiguinho do chefe. Isso é tráfico de influência!
Como aceitar como normal o protesto do presidente do STF momentos depois da prisão dos bandidos? Ou alguém, além de Mendes, têm dúvida que eles são bandidos? E o mesmo Mendes, que já havia protestado contra a operação, julgar os habeas corpus dos presos. Não há aí conflito de interesses? Houve abuso de autoridade? Passar algemas é bandidos é abuso de autoridades? Para que servem as algemas? Para pobres donas de casa que roubam leite no supermercado?
Protestam contra a espetacularização das ações da Polícia Federal. Pois eu acho essa espetacularização essencial no atual momento político-judiciário. Se não fosse essa espetacularização, capaz de sequer sabermos das prisões. Sequer saberíamos que o pobre delegado foi punido com uma promoção (parece piada, mas é muito sério); sequer saberíamos que os juízes rezam por cartilhas diferentes e os ministros do Supremo tratam os juízes de primeira e segunda instâncias como débeis mentais despreparados. Se não fosse a espetacularização seríamos mais desinformados do que já somos por uma imprensa medrosa, mais comprometida com seu status quo do que com a verdade da informação.
Denial Dantas, Naji Nahas, Pitta, Verônica e todos os demais componentes da quadrilha devem estar rindo da cara do pobre Protógenes, do juiz De Sanctis e dos outros dois delegados afastados. Diga Mendes o que disser, mas, para nós, otários pagadores de impostos, a impunidade está definitivamente institucionalizada.
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