
Já que o papo de ontem rendeu, vamos a alguns esclarecimentos e outros nem tanto, mas que servirão apenas para colocar mais lenha na fogueira, porém, com a responsabilidade da melhor informação que eu puder dar.
Vamos por partes:
1. A professora copiou meu artigo do Overmundo, isso a fez se sentir tanquila e amparada pela tal License Creative Commons, uma vez a CC, que veio parar no Brasil por conta da ingerência de alguns interessados “promotores de cultura” brasileiros em conluio com a matriz estadunidense junto ao Ministério da Cultura comandado pelo mau informado ou ingênuo Gilberto Gil.
Colocaram na cabeça de Gil que a Creative Commons era uma coisa moderna e democrática, quando na verdade é uma ferramenta que permite a qualquer um copiar qualquer coisa de qualquer um. A CC é aceita pela legislação estadunidense, mas choca-se frontalmente com as leis brasileiras que defendem a propriedade intelectual. Não é, portanto, porque o Overmundo está sendo administrado dentro da política da CC que os autores têm que aceitar a pirataria gratuita.
Depois falo mais nisso, voltemos ao caso da professora.
Qualquer acadêmico, de qualquer academia e, ainda por cima, alguém de uma das maiores universidades brasileiras e com um tremendo currículo de produção intelectual, tem a obrigação de saber que quando usa qualquer obra tem a obrigação de citar autor e fonte. É inadmissível que a dita professora consiga cometer esse deslize. O irônico é que em textos de autores conhecidos ela cita seus nomes, mas não no meu, um Zé Mané qualquer.
Pior, no blog dela, logo abaixo do título do artigo, estava escrito “Escrito por... (o nome dela)”. Ora, pois, ela não escreveu, copiou. Depois da nossa discussão de ontem, curiosamente, seus posts começam com “Postado por... (o nome dela)”. Com Creative Commons ou sem, isso é inadmissível! Por isso mandei o e-mail para a administração do site
Stoa, de acadêmicos da USP, exigindo a retirada do post.
Por diversas vezes, leitores pediram para usar algo que eu escrevi e em momento algum me recusei a permitir. O próprio post sobre o acordo ortográfico foi solicitado por professores nos comentários e por amigos pessoalmente e a autorização foi dada, desde que citado o autor. A nobilíssima professora não solicitou, copiou e não se referiu a mim em qualquer momento.
Já à noite, trocamos e-mails nos quais ela insistia em manter e colocaria meu nome e a fonte, mas me recusei e exigi que apagasse, o que ela fez. Recebi conselhos para processá-la, mas já estava satisfeito com a retirada do post e dado por encerrado o problema. Mas eis que aparecem dois cavalheiros para defenderem a professora;
2. O senhor Luiz Armesto vem, indubitavelmente em nome do
Overmundo. Pois permitam-me falar um pouco sobre este site.
É uma idéia muito boa que terminou se transformando num quintal de petistas que recebem pro-labore pago pela Petrobrás – ou seja, dinheiro público – para administrar com mão de ferro (um deles, em discussão com os colaboradores, afirmou literalmente “este site não é uma democracia”, deixando a entender que era um feudo deles).
Aliás, a professora tem
um perfil no site, sob pseudônimo, desde 8 de junho de 2007 e não tem sequer um trabalho postado. Me pergunto, por que alguém tem uma página num site literário se não tem interesse em publicar?
Eu, que entrei em 22 de março de 2008 tenho 94 colaborações publicadas. Só para terem uma idéia.
Para quem tiver paciência e quer ter uma idéia do que se passa no Overmundo, vão três links para algumas discussões sérias que rolaram por lá (muitos dos comentários foram apagados pelos filhotes de déspotas):
aqui,
aqui e
aqui.
Foram muitas as discussões sobre o Creative Commons e muita gente abandonou o site por se sentir lesado ou ofendido. Publicações são sumariamente excluídas pelos administradores (ditadura!), colaboradores são expulsos sem direito a defesa (ditadura!) e downloads das publicações são feitos a torto e a direito sem que o autor possa ter conhecimento de quem acessou e com que propósito copiou (transparência zero). Ainda mais, se o autor quiser excluir seus escritos seja por que motivo for (não concorda mais com o que escreveu, deseja aprimorar o conteúdo ou a forma, pretende usar o escrito em outro meio...) não pode fazê-lo. Para isso tem que solicitar aos administradores que o façam e esperar que eles concordem em fazê-lo. Ou seja, o site passa a usar e abusar do seu escrito como lhe convier sem consultar o autor. Isso é Creative Commons e inconstitucional, segundo a legislação brasileira.
O senhor Luiz Armesto, antes de me dar conselhos, deveria pesquisar sobre a minha participação no Overmundo e as polêmicas levantadas pela ditadura imposta e seus desdobramentos. Só uma curiosidadezinha: o senhor Luiz Armesto defende o site, mas não tem perfil por lá, o que significa que é um laranja de alguém.
Já o senhor Ewout ter Haar é uspiano e amigo da professora na sua rede social do Stoa. Muito justo aparecer aqui para defender a amiga, mesmo depois dos administradores do Stoa terem se solidarizado comigo, me mandado um e-mail confirmando o alerta dado à professora para que ela corrigisse a falha. Numa coisa, porém, o senhor Ewout tem razão e o agradeço por isso. Havia um selo do Creative Commons nesse blog, colocado pela minha mulher e já devidamente retirado. Aqui é Copyright e ponto final. Quem quiser usar algo, é só pedir, pegar na mão grande, nem pensar.
No mais, desculpem a extensão do post e muitíssimo obrigado a todos que se solidarizaram comigo por comentários ou por e-mail.
©Marcos Pontes