É sempre assim, quando a gente tem que escrever sobre um tema pré-determinado fica na dúvida sobre que enfoque dar para evitar que caia no lugar comum e, no final das contas, aparecem vários posts com, praticamente, o mesmo texto.
Com a proposta da Esther de se falar sobre inclusão social numa blogagem coletiva, a dúvida persistiu até agora, poucas horas antes da meia noite, mas eis que vem a luz. Já que hoje é dia internacional da mulher, por que não falar de ambas as coisas? Afinal de contas, por séculos seculorum a posição social da mulher foi de pura subserviência.
É mais que conhecida a história que deu origem à data de 8 de março como Dia Internacional da Mulher, a tragédia numa indústria têxtil em Nova Iorque e tudo o mais. As mulheres já estavam no mercado de trabalho, muitas já eram arrimos de família, mas tinham condições laborais inferiores às dos homens – alguém já viu isso em algum lugar? – e foi num protesto contra essa desigualdade que mais de cem delas foram mortas num incêndio. Oficialmente, jamais foi provado o dolo, mas, pelo relatos da época, não resta dúvida que as mulheres assassinadas foram trancafiadas no interior da fábrica incendiada sabe-se lá por quem.
Hoje, nos tempos politicamente corretos, discute-se a inclusão dos pobres aumentando-lhes o poder de compra; dos negros, dando-lhes cotas para o ensino superior e instituindo-se várias ditas “políticas afirmativas”; das minorias étnicas, dando-lhes reconhecimento legal e tome-lhe cotas e coisas que tais. A mulher, urbana e rural, já incluída na sociedade, perdeu a condição de minoria (são maioria na população, nas universidades, no eleitorado e em algumas profissões), mas ainda não são reconhecidas como tão capazes e eficientes (quando não são mais) que os homens.
A queima de sutiãs em praça pública (na verdade, no primeiro protesto das feministas contra a condição de mulher-objeto não houve queima de sutiãs, a prefeitura de Atlantic City não permitiu o uso de fogo), foi um protesto simbólico que teve desdobramentos que se prolongam à sociedade atual. As próprias feministas tomaram caminhos diferentes. Atualmente já não pedem mais igualdade com os homens (graças a Deus!), mas respeito. Querem e merecem ser respeitadas tanto pelos homens quanto pelas mulheres conservadoras que, por medo ou comodismo, não lutam por esse reconhecimento. Empresas já não ousam discriminar abertamente por conta do sexo, afinal isso dá processos judiciais milionários, mas não é raro encontrar mulheres tendo salários menores que seus pares masculinos que exercem as mesmas funções.
Por outro lado, porém, torna-se cada vez mais comum encontrar mulheres como CEO de grandes companhias. Lógico, assim como no movimento dos sem terra ou na briga entre arrozeiros e índios em Roraima, tem gente que se aproveita para levar vantagens pessoais no meio de uma pendenga coletiva. Uma grande apresentadora de tevê, por exemplo, diz que quer um homem que permita que “o que é dele seja nosso, mas o que é meu, é meu”. Uma das vertentes do novo feminismo – como algumas lideranças negras – já não querem mais a igualdade, mas, em nome do maldito “resgate histórico”, querem vantagens, superioridade reconhecida por lei, indenizações pelos anos de inferiorização imposta... A continuarmos nessa política de indenizações absurdas inaugurada no atual governo petista, brevemente cada mulher terá direito a uma pensão vitalícia por terem suas avós proibidas de votar.
A inclusão social, seja de negros, índios, deficientes físicos, mulheres, transexuais, seja lá que minoria for, merece acontecer pela simples condição de serem todos humanos, mas a ascensão deve respeitar o mérito, a capacidade do indivíduo e não os decretos que seus padrinhos eventuais têm o poder de outorgar.
©Marcos Pontes
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