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terça-feira, setembro 01, 2009

Passeata pela paz

passeata 2

Há poucos dias fiz um post sobre o assassinato de um ex-aluno e um protesto por causa da violência que toma conta do país, inclusive do interior. Nem a zona rural, antes sinônimo de inocência e paz, está sendo invadido pelas hordas criminosas.

Dias depois escrevi o artigo abaixo no site local Radar 64. O retorno foi imediato.

Com quase 200 comentários de apoio, o artigo levou os clubes de serviço, entidades de classe, sindicatos e escolas se unirem num tempo recorde e formar a passeata mostrada aqui em algumas fotos que fiz com meu celular.

passeata 4

Me colocaram em cima de um carro de som discursando durante o trajeto. Com tantos políticos presentes, preferi tomar conta do microfone do que deixar que imbecis tentassem capitalizar politicamente sua parca e oportunista participação.

A imprensa local, mais a Record News e a sucursal da Globo em Itabuna estiveram cobrindo a manifestação e logo poderei mostrar mais fotos e notas. Por enquanto fica a torcida para que nossas reivindicações cheguem aos ouvidos do governador e atitudes positivas sejam tomadas pelo sindicalista incompetente que nos governa em Salvador.

Chego em casa à meia noite, mas não posso entrar. Tenho que fica dentro do táxi esperando que os quatro adolescentes terminem de cheirar sua cocaína e desobstruir o portão. Ainda dentro do táxi telefono para a polícia. Um policial sonolento diz que não pode mandar uma viatura porque a corporação só conta com dois carros e que ambos estão em diligência.


No quarteirão onde moro, no centro iluminado da cidade, um bar dá festa. Uma pequena multidão se concentra ao redor das mesas. Álcool legalizado e drogas ilegais juntos são potenciais pavios para a explosão de violência, mas não há um policial sequer por perto. Aliás, há um, mas este está se embriagando em sua hora de folga.

passeata 6


De manhã abro os sites de notícias locais e o sangue escorre pelo monitor do computador. Um técnico químico é assassinado, traficantes são assassinados, estudante dá tiro dentro de ginásio de esportes, empresária é morta na estrada, ônibus urbano é assaltado mesmo tendo câmara de segurança, balconista de livraria é assaltada, criança é assaltada e tem o celular furtado às dez horas da manhã, as viaturas da Polícia Militar estão sem combustível, grupo de bandidos de Sergipe é preso no perímetro da cidade... Os jornais tornaram-se páginas policiais. O crime é o que acontece de novo a cada dia na cidade e ficamos presos em casa, calados, sem nos manifestar, sem cobrar das autoridades.
Passou a hora dos clubes de serviço (maçonaria, Lions, Rotary...), das entidades de classe (CDL, OAB, CREA, CRM, CUT, CGT...), dos veículos de comunicação (rádios, jornais, sites, revistas...), Conselho Municipal de Segurança, partidos políticos, Câmara de Vereadores, escolas, igrejas (Católica, Batista, Presbiteriana, Adventista, Messiânica,...), faculdades, Ministério Público, enfim, toda a população fazer alguma coisa em conjunto e parar de reclamar à boca pequena, de falar mal em pequenas rodas. É necessário gritar, nos fazermos ouvir.


Peço, encarecidamente, como cidadão e educador, que os clubes de serviço se reúnam e organizem um abaixo assinado a ser enviado ao secretário de segurança pública do Estado da Bahia, César Nunes, exigindo mais policiais civis e militares, mais viaturas, mais combustível, mais armas e mais treinamento para os policiais da cidade e da região. Que este abaixo assinado seja levado aos bairros, às empresas, em praça pública.


A entidade Cidadania em Ação, que em 1997 recenseou toda a cidade num trabalho voluntário que durou semanas e depois caiu num viés político-partidário o que a levou ao ostracismo, está na hora de voltar à ativa. Pode ser uma voz importante a ser ouvida. Com sua experiência de mobilização, poderia dividir-se em equipes e cobrir toda a cidade num tempo curto e conseguir assinaturas em massa para pressionarmos o governo estadual que esquece que Eunápolis existe quando não são tempos de eleições.

passeata 7


Há dois anos as autoridades apareceram nos jornais para alardear a entrega de motos para os policiais fazerem as rondas. Onde estão essas motos? Onde estão essas autoridades? Que fim levou o curso de formação de soldados? Onde estão os deputados, senadores e governadores que em tempos de campanha apareceram aos montes pedindo votos e desapareceram depois de eleitos? Onde está o prefeito que não se manifesta publicamente, nem ao menos com uma declaração sobre o momento assustador pelo que a cidade passa? Onde estão os pais que trancam os filhos em casa cercados de pavor, mas que não se manifestam exigindo o direito à segurança que nossos impostos nos dão?


Termos segurança, policiais que a garantam, condições para que eles executem essa nobre missão a contento, não é presente de nenhum governo, é direito que a Constituição Federal nos dá e o dinheiro que botamos nos cofres públicos compra. Nós pagamos para termos esse direito assegurado, por isso podemos cobrar por ele. Pois cobremos! Não fiquemos reféns da vontade ou falta de por parte do senhor Jaques Wagner ou do secretário César Nunes, exijamos que eles nos devolvam nossos impostos em forma de serviço.


Senhor prefeito, senhores conselheiros, mexam-se! Coloquem o bloco na rua! Mobilizem a cidade como elemento de pressão contra a pasmaceira do governo estadual! Senhora secretária da Educação e senhora gerente da Direc, coloquem estudantes e professores reunidos num bloco uníssono, grande e barulhento gritando pelo respeito às nossas vidas e nosso direito de ir e vir sem o perigo de termos nossos caminhos interrompidos pela vontade de algum bandido! Senhores padres e pastores, chacoalhem o ânimo de suas ovelhas, levem-nas em procissão rumo ao palácio, ao Fórum, aos governantes!


Cidadãos, não somos empregados e nem subservientes ao Estado; ele, o Estado, é que tem que estar aparelhado para nos servir naquilo de que precisamos e que as leis determinam ser obrigação dele. Não podemos nos deixar capitanear por autoridades inoperantes e bandidos sanguinários.


Reunamo-nos, pois!


Os que lideram alguma coisa, telefonem-se, proponham-se um encontro e juntemos toda a cidade em volta de uma bandeira branca de paz e um estandarte de reivindicações urgentes e justas.


É só marcar data e local que eu serei dos primeiros a me apresentar.

passeata 1

Atualização:

A Marcha Pela Paz já aconteceu e pode ser vista nos sites abaixo:

G1

Jornal A Tarde

Radar 64

Site Popular

Atlântica News

Eunanotícias.com

O Xarope

Agência O Globo

Blog do Zé Simpatia

Geovane Viana

Bahia Notícias

Imprensa Livre

 

©Marcos Pontes

6 comentários:

Carlos Emerson Junior disse...

Mandou bem, Marcos. E se as "autoridades municipais" forem espertas, vão tomar alguma providência, nem que seja só para encher o saco do governador.
Aliás, é bom lembrar ao governador que ano que vem tem eleição...
Um abração.

Blog de um Brasileiro disse...

Vc conseguiu amigo. Parabéns pelo empenho. Conseguiu fazer com que o povo tirasse a bunda do sofá.
Parabéns

Luma Rosa disse...

Marcos, estou muito orgulhosa de você! Pois é um dos que falam e faz! E somente o povo se unindo para se fortalecer! Parabéns!! Beijus

Joe_Brazuca disse...

é isso que digo : ação !

"...eu quero botar, meu povo na rua...", como diz o refrão...

meus parabéns, Pontes !

um abraço à família !

Joe

Ronaldo disse...

Parabéns, mano. Que você continue sempre completando suas palavras com suas ações. Um abraço.

Cachorro Louco disse...

Marcão : Parabens cara!
Você fez o que não estou conseguindo aqui em São Paulo,juntar gente para exigir mais policiamento no meu bairro ,que já foi um lugar tranquilo mas está se deteriorando.Vamos continuar na luta ,pois não tem outro jeito .Abraços