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segunda-feira, janeiro 29, 2007

Atendendo à convocação do Lino Resende:

30 de janeiro, Dia Mundial da Não Violência


Violência


Quem escreveu a Bíblia já sabia, uma história, para ser boa, tem que ser maniqueísta, o bem contra o mal, o ruim contra o bonzinho, o feio contra o bonito, o branco contra o preto... Shekespeare também sabia e, juntando isso ao seu imensurável talento, tornou-se eterno, como a Bíblia.

Mas a violência não está exclusivamente ligada à maldade, como costumamos achar numa análise superficial. Voltando è Bíblia, Jesus Cristo foi violento quando expulsou os vendilhões do templo a chicotadas, e ele não era mau, apenas teve seu dia de fúria e usou da violência para defender seus ideais. Parece heresia? Pode até parecer, mas assim que vejo a coisa.

Ah!, então usar da violência para defender aquilo em que acredita é correto? Não diria isso. Stalin e Hitler usaram desse expediente e ninguém, carregado de culpas judaico-romano-ocidentais diria que eles estavam corretos.

Dia desses, assistindo a um documentário no National Geographic Channel vi uma assustadora cena de um chimpanzé assassinando outro a pancadas. Os animais costumam defender seus territórios tentando expulsar os intrusos, mas raramente um mata outro da mesma espécie nessas contendas. O mais fraco se rende e se afasta. Nessa embate a que assisti, o mais forte matou o fracote, chamou os companheiros que o ajudaram a surrar o cadáver e o arrastaram, jogando-o de um lado para outro, como a um tapete velho.

Essas cenas serviram para enraizar ainda mais minha crença de que a maldade e a bondade são inerentes à condição humana, sendo o chimpanzé nosso parente mais próximo na escala evolutiva. É, sou evolucionista.

Bom, pensando assim, a violência humana seria biologicamente justificável? Nã, nã, nim, nã, não. Não somos chimpanzés, temos consciência, livre arbítrio e bom senso. A educação e as normas sociais foram criadas pela nossa racionalidade em busca do bem comum, justamente para que a convivência entre iguais e diferentes se faça de maneira pacífica e ordeira.

A violência pode ser explicável, mas jamais justificável.

Fora as guerras e latrocínios, há a violência familiar que gera seres também violentos pelo exemplo dado por quem os educa , a violência no trânsito - quando o lado animal irracional, nosso lado chimpanzé, suplanta a racionalidade -, a violência comportamental - nossos ancestrais tribais afloram para mostrar que nossa tribo é superior à adversária.

É esse nosso lado animalesco não domesticado pela educação e pelos bons exemplos que os permite sermos racistas, anti-semitas, contra evangélicos, homofóbicos, ofendermos os gordos, os pagodeiros ou qualquer outro que não pertença à nossa própria tribo. Explicável, mas não justificável.

A anti-violência começa ou acaba no espaço entre nossas orelhas.

A violência nem sempre surge por maldade, como no caso de Jesus, mas também por desvio de comportamento, como a praticada por um viciado em drogas que nos assalta para sustentar seu vício ou pelos governos que declaram guerras pela vontade de seus comandantes para afirmarem sua superioridade testosterônica, cultural ou econômica sobre povos que não lêem na sua cartilha, como Bush e os republicanos têm feito em nome da superioridade ianque sobre o resto do mundo.

Somos violentos e temos que ter consciência disso para podermos vencer nossa violência, nem que seja no tapa.

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